Bom dia. A seguir deixamos à vossa disposição a leitura do Curto do Expresso que há quase três meses não trazíamos aqui. Pode sempre ler (e muito) diretamente no Expresso vários temas e notícias de interesse. Por aqui, no Curto, trazemos o aperitivo – desta feita com a pertinência da autora, jornalista da chafarica do tio Balsemão Inpresa e Associados. Vão lá.
Pronto, não pomos mais na escrita do PG sobre isso. Aperitivem-se
antes de invadirem o prato forte que mora no Expresso Online ou ainda mais na Edição
Vão ao Expresso. Boas leituras e atualizações.
Redação PG
Procura-se: um país que tenha casas e que seja uma casa
Lia Pereira, jornalista | Expresso (curto)
Bom dia.
É uma das medidas do programa Construir Portugal, dirigida aos jovens até
35 anos: para facilitar a compra de habitação, o Governo avançou este ano com a isenção de IMT (Imposto
Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis) e IS (Imposto do Selo) nas
casas até cerca de €316 mil. Entre esse valor e os €633 mil, a componente até
cerca de €316 mil fica isenta e a parte sobrante paga o IMT respetivo; nas
aquisições acima de €633 mil, não há isenção ou desconto.
Apresentadas em maio pelo executivo de Luís Montenegro, as medidas do Construir
Portugal encontravam-se, em agosto, em variados níveis de implementação. Mas, no que toca à
isenção ou redução fiscal, o Expresso fez as contas e concluiu que, em dois
grandes portais de imobiliário, menos de metade dos anúncios de venda de
casas em Portugal daria direito a isenção total do IMT e do IS. Os números (de casas) e os valores por elas pedidos estão aqui,
discriminados por região. Pista: é na Guarda que há mais casas até €316 mil, é
na Madeira que há menos.
Antes de comprar, muitos jovens que saem de casa para estudar procuram, nas
cidades de acolhimento, um quarto que possam pagar – e também no alojamento
para estudantes universitários a carência se tem feito sentir, com lacunas no
investimento público. Até julho, das residências previstas no Programa Nacional
de Alojamento do Ensino Superior (PNAES), com financiamento do Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR), apenas 6% estavam concluídas. Para 175 mil
alunos deslocados, a oferta é de 15 mil camas nas instituições de ensino
superior público.
É neste contexto, avançou o Expresso este domingo, que o investimento privado em residências universitárias privadas
em Portugal ganha peso, com mais de 9600 camas previstas para Lisboa,
Porto, Coimbra e Covilhã, nos próximos quatro anos. O projeto está nas mãos de
mais de 20 operadores, a maioria internacionais, e deverá beneficiar sobretudo
as duas maiores cidades do país.
Ainda a casa como bem essencial: em setembro, as prestações do crédito à
habitação vão descer em todos os prazos da Euribor, se tiver a sua revisão
neste mês ou nos próximos, explica-lhe Pedro Andersson no podcast Contas Poupança.
Para alguns, a casa é um sonho, disfarçado de tenda em estações como
a Gare do Oriente,
Sobre o país como casa para uns, e não para outros: há duas manifestações
anti-imigração previstas para as próximas semanas,
Agora o país como casa, para todos: nos próximos dias, e devido às temperaturas elevadas, Portugal está sob alerta para o risco de incêndio rural. Proibido será, até
quarta-feira, permanecer em espaços florestais, realizar queimadas ou lançar
fogo de artifício.
E como o mar é a segunda casa de Portugal, chamamos ainda a sua atenção
para o elucidativo trabalho de Luís Francisco (texto) e Jaime Figueiredo
(infografia) sobre a erosão costeira no nosso país, publicado na Revista
do Expresso desta semana.
OUTRAS NOTÍCIAS
Trump Ouviram-se tiros nas imediações do campo de golfe do candidato
republicano à Presidência dos Estados Unidos, na Flórida. O suspeito terá
fugido de automóvel e acabou por ser detido; Donald Trump encontra-se
Jiadistas A Polícia Judiciária investigou a passagem de dois jiadistas de Cabo Delgado por Portugal. Os
dois suspeitos usaram contas em bancos portugueses para branquearem capitais
que financiaram atividades terroristas no norte de Moçambique, apurou o
Expresso.
Vale de Judeus Em 2019, quando se encontrava preso em Monsanto, o
argentino Rodolfo “El Ruso” Lohrmann, cérebro da fuga dos prisioneiros de Vale dos Judeus, escreveu
uma carta com várias revelações ao jornal do seu país, “Clarín”.
Combustíveis A partir desta segunda-feira, os portugueses vão passar
a pagar mais dois cêntimos de impostos em cada litro de combustível: o valor
mais alto dos últimos dois anos e meio. Saiba porquê.
40 anos BLITZ Em dezembro, a BLITZ – que começou por ser jornal, passou a
revista e vive hoje em várias plataformas – celebra 40 anos de vida com um grande espetáculo na Meo Arena,
em Lisboa. Xutos & Pontapés e Capitão Fausto, Gisela João e MARO farão
a festa.
Mais Xutos A histórica banda portuguesa celebrou 45 anos de música com um
concerto no Queimódromo do Porto, para 22 mil fãs. Mais do que um simples encontro, uma missa do rock em dia santo,
escreveu Hélio Carvalho, com fotos atentas de Rui Duarte Silva.
Emmys "Shogun", a série sobre o Japão em que os portugueses têm
um papel importante, fez história ao vencer o prémio de Melhor Série Dramática na 76ª edição dos Emmys, que
destacam o que de melhor se faz em televisão e também distinguiu "Baby
Reindeer" e “Hacks”.
FRASES
“Nos últimos anos tem-se valorizado a ideia de que o político com coragem é
aquele que diz umas verdades como se estivesse no café. Isso não é coragem”, Rui
Tavares, líder do Livre, no encerramento da rentrée do partido
"Antigamente, os ‘diáconos remédios’ da sociedade estavam bem definidos.
Hoje, temos várias culturas woke”, Herman José no Alta Definição, SIC
“O problema não é a gravidez das procuradoras. Lucília Gago fez uma
demonstração de misoginia insuportável”, Ana Gomes, na SIC Notícias
OS NOSSOS PODCASTS
“É importante que o Estado israelita promova eleições e pergunte aos israelitas
o que querem”, Nuno Rogeiro no podcast Leste Oeste
“A fuga de Vale de Judeus foi um acontecimento grave que não deve ser
desvalorizado, mas também não deve ser dramatizado”, Luís Marques Mendes na SIC Notícias, defendendo que a Ministra da Justiça
reagiu “tarde, mas bem”
“Quando acordei, na manhã do meu 50º aniversário, tinha uma mensagem assim:
‘até a terra tremeu’. Não percebi”, Fernando Ribeiro (Moonspell) no podcast Posto Emissor
O QUE ANDO A LER
“A Morte de uma Cidade”, João Rosas (em exibição no Cinema City, na Avenida de
Roma, em Lisboa - imagem no início deste texto)
Porque há filmes que se leem, e o documentário “A Morte de uma Cidade”, de João
Rosas, ainda pode ser visto no cinema em Lisboa, sugerimos-lhe que guarde cerca
de duas horas para mergulhar neste trabalho altamente pessoal e transmissível.
Ao regressar de Inglaterra, onde viveu durante alguns anos, o cineasta da
capital encontrou a sua cidade a lamber as feridas da crise financeira de 2008
e a namorar a explosão imobiliária e turística que se seguiria. A convite de um
empresário francês, começou a filmar a demolição de uma antiga tipografia no
Bairro Alto e acabou por se interessar pelo quotidiano dos trabalhadores a quem
cabia apagar estes “vestígios de estranha civilização” (citando Chico Buarque,
autor desse outro clássico, ‘Construção’) para edificação, no mesmo local, de
um condomínio de luxo.
Maioritariamente de origem africana, a viver nos subúrbios da nova cidade que
ajudam a erguer, os pedreiros e pintores são tratados por João Rosas com a
dignidade que merecem as suas histórias de vida, distintas como as de todos os
trabalhadores. “Ali, todos têm as suas razões”, resumiu o realizador na
antestreia do filme, em meados deste mês. Vale a pena conhecê-las, neste diário
de bordo, ou de estaleiro, escrito (e filmado) com toda a humanidade e sem
demagogia.
Tenha uma excelente semana, neste longo adeus ao verão, e continue a
acompanhar-nos, também, na Tribuna, na Blitz e no Boa Cama Boa Mesa.
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