domingo, 13 de outubro de 2024

Flagelados da Publicidade Comparativa -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A concorrência contribui para uma sociedade justa e um mercado onde as oportunidades são para todos. Isto é conversa para burros dormirem. Porque depois vem a publicidade e desequilibra tudo. Quem tem dinheiro para a propaganda ganha muito quem não tem aguenta-se com os restos. Se a publicidade for comparativa a pedrada dói mais. Face ao descalabro, entrou em acção a auto-regulação. O travão veio dos EUA. Se faço publicidade dizendo que os meus bagres fumados são os melhores do mundo, vendo mais do que os outros. Aí a entidade reguladora exige que prove. 

Quem não conseguia provar levava multas milionárias e muitas empresas desapareceram do mercado. Num instante acabou a publicidade comparativa. Ninguém mais disse que fazia os melhores carros do mundo, as melhores roupas do mundo, os melhores sapatos do mundo. Porque tinha de provar e essa era uma missão impossível. Dava multas pesadíssimas. Hoje fazem-se umas aldrabices na mensagem publicitária, investe-se na “marca” e um qualquer vigarista  consegue dizer que o seu produto é o melhor do mercado. Vivemos tempos em que o sistema já não sobrevive sem vigarices, sacanices e aldrabices. É o fim da linha. Quanto mais depressa acabar, menos sofrimento para a Humanidade.

Em Angola temos um problema mais grave do que a publicidade comparativa. É a falsificação da História Contemporânea e actos de alta traição contra valores essenciais da Nação Angolana. Se ninguém travar falsários e traidores este país vai desmoronar-se fragorosamente. 

As autoridades têm de exigir aos falsários que provem as suas afirmações que põem em causa os factos históricos. Se não provarem, levam pesadas multas mas também têm de pagar com a liberdade como acontece com os autores de crimes graves. Porque falsificar deliberadamente a História de um país é crime gravíssimo e sem perdão. Se as falsificações vierem de pessoas ou instituições de alguma forma ligadas ao Estado Angolano as multas e penas são agravadas. 

A Assembleia Nacional aprovou a Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos porque organizações políticas estavam a atirar marginais contra a democracia. Destroem bens públicos como forma de intervenção política e isso é pior do que pegar em armas contra o Estado Democrático e de Direito. Por isso, as pesadas penas previstas no diploma legal estão amplamente justificadas. Agora é necessária muita coragem política para fazer o mesmo com pessoas e instituições que falsificam a História Contemporânea de Angola a soldo, para os donos colherem ganhos políticos e financeiros.

Paulo Lukamba Gato e Abílio Camalata Numa publicaram nos últimos dias textos que são falsificações dos factos históricos. Se existisse uma lei em vigor como a que existe para punir crimes de vandalismo contra bens e serviços públicos, os dois já estavam a contas com a Justiça. E como ao mesmo tempo cometeram o crime de alta traição aos valores essenciais da Nação Angolana, não podem continuar a viver à custa do Estado, que atacam nos seus fundamentos. Há que retirar-lhes todas as mordomias e prestações pecuniárias de generais e antigos deputados. Nem mais uma ligação com o Estado Angolano, que querem demolir à custa de falsificações e traições. Perda para sempre dos direitos políticos.

 Um exemplo de agora. Corre um texto nas redes sociais que começa assim: “Tirando Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade, o MPLA nunca mais teve um líder. Agostinho Neto, depois de receber a direcção do Partido de bandeja, começou a caça às ‘bruxas’ que não lhe diziam amém. Apareceram vários grupos com vozes contrárias que foram devidamente manietadas ou mesmo eliminadas como Matias Miguéis”.

A autora desta enormidade, Laura Macedo, é apresentada como “activista”. Dizem-me que é insignificante, não merece atenção. Nada mais errado. Nem que convença uma pessoa das falsificações e mentiras que propalou, já é crime grave. Alta Traição aos Valores Fundadores da Nação Angolana. Para esse crime, pena máxima. E a família é que paga as despesas da prisão!

Vamos aos factos. A alta traidora aos valores essenciais da Nação Angolana escreve que “tirando Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade, o MPLA nunca mais teve um líder”. Ao escrever isto está a atirar para o lixo 12 anos de luta armada de libertação nacional, liderados por Agostinho Neto. O MPLA era uma organização clandestina que defendia a luta armada como via para a libertação do Povo Angolano. Aderir ao movimento era um acto de coragem inigualável. Aderir e pegar em armas contra o colonialismo era muito mais do que isso. Só mulheres e homens excepcionais foram tão alto. A tal Laura Macedo está a cuspir na cara dos nossos Heróis Nacionais e a urinar nos seus túmulos.

Ao escrever que “tirando Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade, o MPLA nunca mais teve um líder” a traidora dos valores essenciais da Nação Angolana está a ignorar a Guerra da Transição ou II Guerra de Libertação Nacional. Está a excrementar milhares de jovens que voluntariamente deram as suas vidas pela independência. Eu vi jovens adolescentes mortos nas ruas de Luanda, nos Libongos, no Lucala, na Ponte Freitas Morna, na Damba. Morreram de armas na mão pela Liberdade. Ninguém os obrigou. Defenderam a Pátria Angolana por amor ao Povo Angolano. O seu líder foi Agostinho Neto, que na época proclamou a Resistência Popular Generalizada. 

Ao escrever que “tirando Viriato da Cruz e Mário Pinto de Andrade, o MPLA nunca mais teve um líder” a alta traidora dos valores essenciais da Nação Angolana está a cuspir na tumba de milhares de combatentes das FAPLA que em todas as frentes se bateram contra as tropas invasoras. Os Heróis do Ntó, Kifangondo, Luena, Cangamba, Ebo, Catenge e outros campos de batalha. O líder era Agostinho Neto.

O Parlamento tem de aprovar uma lei que puna exemplarmente quem cometa o Crime de Alta Traição aos Valores Essenciais da Nação Angolana e o Crime de Falsificação da História Contemporânea de Angola. Urgentemente! Pena máxima para traidores e falsificadores!

A insignificante Laura Macedo escreve que “José Eduardo dos Santos foi dos homens mais maquiavélicos que nos passaram”. Isto não é opinião. Isto nada tem a ver com liberdade de expressão. Isto é crime de alta traição aos valores essenciais da Nação Angolana. Está a excrementar o líder que ganhou a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial. O líder que libertou a Humanidade do regime racista de Pretória e perdoou aos seus ajudantes da UNITA em nome da paz e da unidade nacional. Basta de traições e falsificações.

* Jornalista

Sem comentários:

Mais lidas da semana