O secretário-geral do PS anunciou que vai propor à Comissão Política Nacional a viabilização do OE para 2025 através da abstenção, decisão que Montenegro saudou "democraticamente".
Após semanas de incerteza, o secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, anunciou a sua intenção em relação ao Orçamento do Estado (OE) para 2025, revelando que vai propor à Comissão Política Nacional a viabilização através da abstenção. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, saudou o "sentido de responsabilidade", mas os restantes partidos da oposição tiveram opinião diferente.
Foi em conferência de imprensa que Pedro Nuno Santos revelou que decidiu "propor à Comissão Política Nacional do PS a viabilização do Orçamento do Estado para 2025", mas alertou que o Governo "está isolado" e "absolutamente dependente do maior partido da oposição".
De acordo com o líder do PS, há dois aspetos que não se podem ignorar, o primeiro dos quais "que passaram apenas sete meses sobre as últimas eleições legislativas" e "um eventual chumbo do Orçamento poderia conduzir o país e os portugueses para as terceiras eleições legislativas em menos de três anos, sem que se perspetive que delas resultasse uma maioria estável".
Após o anúncio, Luís Montenegro saudou "democraticamente" Pedro Nuno Santos, destacando o "sentido de responsabilidade" do partido da Oposição. "Aquilo que posso dizer, do ponto de vista democrático, é saudar o sentido de responsabilidade e de prevalência do interesse nacional que o PS expressa ao viabilizar este importante instrumento que pode contribuir para a execução do programa de Governo", declarou Luís Montenegro aos jornalistas no final do Conselho Europeu, em Bruxelas.
Luís Montenegro vincou ainda o "esforço muito significativo de aproximação às preocupações essenciais do PS", dada a "humildade" do Governo em reconhecer que não tem maioria absoluta. "Vejo com esperança a decisão do PS, de respeito pela vontade do povo e de não contribuir para acrescentar incertezas", adiantou.
"Cheque em branco", "ganha Portugal" ou "enorme fragilidade" do PS? As reações dos partidos
À semelhança do presidente do seu partido, também Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, considerou que a decisão de Pedro Nuno Santos "é responsável" e revela que o "interesse nacional prevaleceu".
"Este é um bom Orçamento para os jovens, para os trabalhadores, para os pensionistas e para as empresas. Uma certeza: ganha Portugal", escreveu na rede social X.
Por seu turno, o PCP, através da líder parlamentar, Paula Santos, considerou que a decisão confirma a convergência dos socialistas com o Executivo "no sentido do favorecimento dos grupos económicos".
Já Paulo Muacho, deputado do Livre, disse esperar que a viabilização da proposta não signifique "um cheque em branco" ao Governo e quer que o documento seja melhorado na especialidade.
A deputada única do PAN, Inês Sousa Real, indicou que a abstenção do PS pode constituir uma oportunidade para "corrigir os retrocessos" que o documento tem em áreas como a proteção animal e do ambiente, assim como "em matéria de direitos sociais e humanos".
À Direita, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, considerou que a decisão de Pedro Nuno Santos revela fragilidade, derrota e cedência à pressão interna por parte da liderança socialista, que acusou de ter "mergulhado o país num drama" ao longo de meses.
Por sua vez, o presidente do Chega, André Ventura, afirmou que "hoje ficou claro que o regime se une quando mais precisa de agarrar lugares", através da rede social X.
De sublinhar que, com a atual composição do Parlamento, no qual PSD e CDS não têm maioria absoluta, o OE2025 pode ser aprovado à Esquerda, com a abstenção do PS, ou à Direita, 'à boleia' do Chega.
Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Image
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