Artur Queiroz*, Luanda
As cabras estavam a comer capim novo e de repente o rebanho espantou-se. O Velho Tuma disse que andava ali a cobra cuspideira. Tomou as medidas necessárias e tudo voltou ao normal. E eu perguntei donde vinha mais perigo, da surukuku ou da cobra rasteira que comia os pássaros novos nos ninhos? Ele respondeu inquieto: Estás a ficar burro, ambas são perigosas e nos matam. Foge das duas!
Angola aderiu oficialmente à
Organização Internacional da Francofonia (OIF) durante a 19ª cimeira dos países
membros
A Embaixada de Angola em França emitiu um comunicado sobre este acontecimento onde afirma: “Esta candidatura reflecte o compromisso de Angola com o reforço da cooperação internacional e o desejo de participar mais activamente nas iniciativas de promoção da língua e da cultura francesa, fundamentais para o desenvolvimento global da educação e da diplomacia cultural”. Se pudesse entrevistar a embaixadora Guilhermina Prata fazia-lhe esta pergunta: Qual é mais venenosa, a francofonia ou a lusofonia? Só um burro recalcitrante faz tal pergunta. A senhora embaixadora não dá entrevistas a burros.
O comunicado da Embaixada em
França é redigido segundo as regras do Acordo Ortográfico que Angola não
aceitou, pelo menos que se saiba. Isso quer dizer que já começámos a demolir a
Língua Portuguesa, oficialmente. Até agora era apenas de forma oficiosa, nos
comunicados governamentais, nas declarações do ministro da Comunicação Social e
nos ecrãs da TPA. Coisas sem importância. Importante é que em África a
francofonia está a ser posta
O Mali abandonou o francês como língua oficial. O mesmo aconteceu com o Burkina Faso que também escorraçou os franceses das minas de ouro. O Níger segue o mesmo caminho. Angola substitui os contestatários ao colonialismo francês. Faz o mesmo com o estado terrorista mais perigoso do nundo. Neste momento Luanda é a única base segura do poder da Casa dos Brancos em África.
A lusofonia está em vias de facto. Um tal André Ventura arregimentou umas centenas de neonazis e foi para as ruas de Lisboa berrar desalmadamente que Portugal é nosso! Em 1961, os mesmos esclavagistas e colonialistas andavam pelas ruas de Luanda gritando: Angola é nossa. Angola é nossa. Se um negro gritasse assim levava logo porrada e emendava: É vossa, é vossa! É carne e sangue da vossa grei. O Montenegro faz de supremacista branco e grita contra os emigrantes. Temos de acabar com esta política de portas escancaradas! O melífluo fascista Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, também quer fechar as portas aos que escolhem Portugal para viver e trabalhar.
Eles não sabem mas convém lembrar-lhes que entraram nos territórios que hoje constituem o mapa de Angola sem visto, sem convite e quase sempre pela força das armas. Também não sabem que a população portuguesa hoje tem uma elevada percentagem de cidadãos originários de África, Ásia, América, Oceânia. Daqui a 20 anos, mais de metade da população portuguesa é de origem negra. Se os emigrantes e portugueses filhos de emigrantes ou refugiados forem embora e levarem o seu dinheiro, Ventura, Montenegro, Moedas e outros que tais nem merda têm para comer. Até as cabras ficam sem capim!
Hoje a grande maioria das crianças que nascem em Portugal tem pais estrangeiros. O Ventura, o Montenegro, o Moedas e seus apoiantes correm o risco de serem expulsos desse Portugal multirracial que diziam existir, para justificarem o colonialismo e a guerra colonial. Não se cansavam de repetir, na ONU e noutros areópagos internacionais que Portugal era um país multirracial. Adivinharam. Agora é, quer queiram ou não.
Jovens profissionais das minhas relações querem saber por que razão nos anos 70 o Sindicato dos Jornalistas exigia uma declaração a quem queria uma Carteira Profissional, assumindo sob palavra de honra, que não desenvolvia actividades incompatíveis com o Jornalismo, nomeadamente Publicidade e Relações Públicas. É muito fácil perceber.
Até finais dos anos 60 os jornalistas faziam publicidade redigida e recebiam uma percentagem do valor da facturação. Os redactores rápidos faziam mais um salário só nessa atividade, que era muito bem paga. Isto estava a matar o Jornalismo porque destruía a credibilidade dos jornalistas. As reportagens e notícias eram mesmo verdade ou publicidade redigida? Ninguém sabia. Só o autor e o chefe de Redacção, que na época era verdadeiramente o patrão dos jornais. Os consumidores não podiam ter dúvidas.
Aas novas regras acabaram com esse cancro que estava a matar o Jornalismo. Os jornalistas habilitados com Carteira Profissional ficaram impedidos de produzir publicidade redigida. Os patrões tiveram de recorrer a outros profissionais da comunicação para essas tarefas. E passou a ser obrigatório colocar nas peças de publicidade redigida, junto ao título, a indicação “PUB” ou “PUBLICIDADE”.
Para evitar abusos, foram criados, com força de Lei, os Conselhos de Redacção. Os jornalistas reuniam em plenário e escolhiam três colegas. O Conselho de Redacção era presidido pelos directores dos Media. O poder dos jornalistas aumentou. Os abusos acabaram. Ninguém mais se atreveu a obrigar um jornalista a fazer publicidade redigida. As administrações das empresas jornalísticas só podiam nomear ou demitir um director com o parecer do Conselho de Redacção. E era vinculativo!
Isto ainda está em vigor mas os Conselhos de Redacção desapareceram! Agora há as mãos autorizadas do Big Brother para espremerem a esponja que absorve a informação em circulação nas grandes autoestradas da comunicação. Os jornalistas foram escorraçados dos Media. Os profissionais que ficaram são sujeitos a todos os abusos. É fácil acabar com os massacres nos Media. Basta reunir os jornalistas num plenário e eleger três representantes para o Conselho de Redacção. Mas convém que não façam publicidade redigida e se dediquem à comunicação e imagem. Relações Públicas e Jornalismo são incompatíveis.
Patrões e comissários políticos até tremiam frente aos Conselhos de Redacção! Os jornalistas que restam não querem lutar. Aceitam que os Media não sejam espaços de liberdade. Para dar força ao engano, os sindicatos soltam gritinhos de protesto contra a compressão da Liberdade de Imprensa. Tudo muito triste, muito decadente, muito trágico para o Jornalismo. E eu continuo sem saber qual é a cobra mas venenosa, a surukuku cuspideira ou a rasteira que come os passarinhos novos nos ninhos das mwanzas!
Hoje faz um ano que começou o genocídio na Faixa de Gaza e Cisjordânia. O estado terrorista mais perigoso do mundo diz que Israel ”tem o direito e a obrigação de se defender”. Os empregados de balcão que vendem notícias repetem a aldrabice. Mesmo sabendo que Israel ocupa ilegalmente a Palestina e os ocupantes não têm o direito à defesa. Os povos ocupados, sim, têm o direito de lutar contra os ocupantes por todos os meios. Assim exige o amor à liberdade. Assim fizeram os angolanos sob a bandeira do MPLA.
Os nazis de Telavive mataram num ano 41.000 palestinos civis dos quais mil eram trabalhadores sanitários e 103 jornalistas. No Líbano, em cinco dias, os nazis de Telavive mataram dois mil libaneses civis entre os quais 104 crianças.
Os nazis de Telavive estão a destruir Beirute como destruíram Gaza. Nesta tragédia humana não há inocentes. O governo nazi de Israel continua a cometer gravíssimos crimes contra a Humanidade, impunemente. Se o Conselho de Segurança da ONU quisesse, cumprisse o seu dever, o genocídio acabava num minuto.
O estado terrorista mais perigoso do mundo quer e comanda o genocídio. Aposta tudo nestes crimes. Mas os outros Estados-membros do Conselho de Segurança podem contrariar. Não é a primeira vez que se actua contra um país, sem mandato da ONU. Se o genocídio continua, é porque a maioria da população mundial quer. Ou é indiferente. Só minorias são contra. Isto vai acabar mal para todos. Particularmente para os judeus. Já existem casos em que se confundem os nazis de Telavive com os seguidores do judaísmo.
* Jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário