Artur Queiroz*, Luanda
Por causa da chifuta muita pancada levei. Na loja Esteves & Machado estavam a vender botins mexicanos. Dei cabo da cabeça à minha Mamã para me comprar um par. Ela resistiu mas depois cedeu. Passava os dias pedinchando as botas de meio cano, muito estilosas. O calfe era genuíno e fininho, macio. Um bálsamo para os meus pés descalços, permanentemente roídos por vorazes matacanhas que os brancos finos chamavam de bitacaias.
No Negage existiam dois senhores chamados Bicho, um era camionista e veio do Lucala. O outro era sapateiro e foi importado de Portugal. Este fazia alpercatas de pneu, sandálias e sapatos à medida. Trabalhava com umas facas bem afiadas e dava-me restos de cabedal para eu fazer chifutas. Mas era muito grosseiro e eu precisava de material mais fino. Um dia pedi-lhe uma das suas facas afiadas e ele ofereceu-me uma que já não tinha fio. Com ela cortei os canos dos meus botins mexicanos e fiz várias carneiras em forma elíptica, as câmaras de munições das chifutas.
Os elásticos da chifuta eram tiras de câmara-de-ar (camara dagem) que já não aguentavam mais remendos. Os paus em “Y” vinham das árvores “pau-ferro”. Com os canos das minhas botas mexicanas fiz 12 carneiras, onde se punham as pedras-munições. Trocava cada arma por uma laranjada “mission” que tinha laranjas criadas ao sol dourado da Califórnia. Os meus botins sem canos ficaram muito originais mas a Mamã não gostou nada da intervenção.
João Lourenço Gaspar Chifuta
Malheiro e Esteves Hilário Malheiro Chifuta Gaspar insultaram e caluniaram
selvaticamente o General Higino Carneiro. Como sempre recorrem à mentira nas
suas diatribes. Desta vez não destoaram. Num exercício repugnante de baixeza
mortal, os dois autores afirmam que o alvo das aldrabices “é dono da cadeia de
hotéis Ritz construídos com o dinheiro desviado da construção dos estádios do
CAN de
Mentira. Muito antes do CAN 2010 fui ao Huambo dar formação aos meus colegas da Redacção Provincial. O director Fernando Cunha instalou-me no Hotel Ritz. Um ano depois juntámos os jornalistas do Centro e Sul de Angola no Waku Kungo e ficámos todos no Hotel Ritz. A gerência cedeu-nos uma sala onde montámos a Redacção das simulações. Dormíamos e comíamos naquela unidade hoteleira de grande categoria. Alguns anos antes do CAN! João Lourenço Gaspar Chifuta Malheiro e Esteves Hilário Malheiro Chifuta Gaspar não olham a meios para deitarem abaixo dirigentes e militantes do MPLA! Não vão longe.
Os dois autores acabam de lançar nas redes sociais a candidatura de Fernando Garcia Miala à liderança do MPLA. Palavra de ordem “O Renascimento e o Candidato Esperado Pelos Militantes, Amigos e Simpatizantes Fernando Garcia Miala a Esperança Vitoriosa dos Angolanos”. É muito! O chefe Miala já era o presidente sombra agora querem que seja o presidente à sombra!
A loucura anda à solta lá no Palácio da Cidade Alta. João Lourenço levou para o Comité Central e o Bureau Político quem nem sabia onde era a sede do MPLA. Agora quer levar para líder um básico que nunca pertenceu à direcção do partido. O presidente do MPLA quer mesmo fazer do partido uma cantina de bairro sem eira nem beira. Um sem-abrigo da política angolana.
Aos que dizem que hoje a UNITA mudou, já não é um braço armado das tropas portuguesas contra a Independência Nacional nem uma unidade especial da África do Sul racista na guerra contra a existência de Angola, eu digo que é muito pior. Ontem eram bandidos a soldo. Hoje contratam e armam bandidos para com eles fazerem política. Paulo Lukamba Gato é um bom exemplo do piorio. No dia 17 de Setembro de 2024 ele escreveu isto sobre Agostinho Neto:
“Em Novembro de 1975, por ocasião da proclamação da independência nacional, Agostinho Neto declarou a dado momento do seu discurso que pelo seu protagonismo na luta de Libertação Nacional, o seu partido tinha ‘conquistado’ o estatuto de ÚNICO E LEGÍTIMO REPRESENTANTE DO POVO ANGOLANO. Ele excluiu os outros dois momentos, incluindo a FNLA de Holden Roberto que foi sem dúvidas, quem desencadeou a luta armada aos 15 de Março de 1961, na província do Zaire. O resultado desta exclusão foi a longa e catastrófica guerra civil fratricida, com efeitos ainda hoje visíveis”.
Mentiras, sempre as mentiras como arma política. Em primeiro lugar convém corrigir o falsário. O 15 de Março de 1961 não foi apenas “na província do Zaire” como ele escreve. O epicentro da Grande Insurreição foi no então distrito e hoje província do Uíje. Mas também em parte do Cuanza Norte e na província (distrito) de Luanda entre o Ambriz e os Dembos. No Zaire até foi a intervenção menor.
Agostinho Neto afirmou na Proclamação da Independência Nacional que o MPLA conquistou o estatuto de “único e legítimo representante do Povo Angolano” porque a FNLA e a UNITA abandonaram o Governo de Transição, por ordem da Casa dos Brancos e de Kinshasa, sua filial em África. Porque a FNLA serviu de capa à invasão e ocupação do Norte de Angola por exércitos estrangeiros e tropas mercenárias. Porque a UNITA lutou ao lado dos colonialistas. Em 1975 alinhou com os independentistas brancos e depois com os racistas de Pretória, contra a Soberania Nacional e a Integridade Territorial.
Nesta altura do campeonato, um alto dirigente da UNITA, general das FAA reformado, antigo deputado, ainda esconde esse passado ignominioso. Enquanto a direcção da UNITA não assumir integralmente o seu passado, vai continuar a ser uma associação de malfeitores, assustada com a Lei do Vandalismo. Não serve para nada, nem para justificar a liderança fracassada e desastrosa de João Lourenço, que é hoje o grande inimigo do MPLA.
Senhor Paulo Lukamba Gato, o Presidente Agostinho Neto não excluiu a FNLA e a UNITA. Holden Roberto e Jonas Savimbi é que excluíram os seus movimentos da Independência Nacional. Venderam Angola à Casa dos Brancos e seus capangas de Pretória.
Paulo Lukamba Gato atribui a Agostinho Neto responsabilidades no golpe de estado militar de 27 de Maio de 1977. Ele mente, falsifica, manipula, engana. A responsabilidade do golpe é inteiramente dos golpistas. Da sua direcção política e militar. Foram eles os responsáveis pela morte de todos, golpistas ou não.
Este falsário diz que “Há quem compare, em termos de impacto, (e não do número de vítimas) os efeitos do movimento fraccionista aos da chamada Revolução Cultural de 1964 na China de Mao Tse-Tung” . Eis a UNITA igual a si própria na mentira e na falsificação.
Mas nisto do 27 de Maio está bem acompanhado por João Lourenço,a Primeira-Dama, o chefe Miala e outros actores e actrizes menores que pensam como Paulo Lukamba Gato.
Ontem fiz referência aos Comandantes signatários da Proclamação das FAPLA ainda vivos. Hoje reli o texto e bati de frente com o esquecimento de dois que além do mais muito me honram com a sua amizade: Comandante José Condesse de Carvalho (Toka) e Comandante João Luís Neto (Xiyetu). Um amigo também me informou que ainda está vivo o Comandante Ouro de Angola. E ficaram de fora todos os que, por estarem a cumprir outras missões, não assinaram a Proclamação. Aqui deixo a minha homenagem a todos, sobretudo aos que esqueci.
* Jornalista
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