J. Bazeza, Luanda
A vitória da Selecção da Sanzala diante do resto de África teve destaque em três páginas do Jornal Desportivo do Muceque, onde são destacadas as intervenções do defesa central, do médio volante e do ponta à esquerda. Do treinador ninguém fala e o árbitro está desculpado.
O cronista xindou que ganhar ou perder é desporto. O próprio Mantorras foi campeão, ganhou mas também perdeu. Um desportista do nosso musseque.
No futebol há os mantorras, os messis, os eusébios e depois os coitados. Durante os 90 minutos todos andam ao pontapé mas no fim quem ri melhor são os que recebem mais. Ninguém está à espera de golos a crédito, empréstimos de penaltis ou frangos do guardião das redes.
O Mafioso foi convidado para uma conferência sobre a mentira comprada no futebol, à luz do Progresso made in Washington do Sambizanga e tendo em conta o eclipse do D’Agosto. Aquilo é que foi falar. O Boca Azul nunca se admirou, nem com a paz no Leste da República Democrática do Congo conseguida com muito esforço pelo nosso campeão. Mas com o desempenho do amigo ficou com a boca na nuca.
Nada surpreende o amigão do Mafioso. Mas na conferência ele rendeu-se. O Mafioso falou que falou! Há jornalistas falsos. Jornalistas analfabetos. Jornalistas acomodados. Jornalistas comissários políticos. Jornalistas aparentados com cães polícias. Jornalistas com antiguidade. Jornalistas desgraçados que só sabem fazer notícias, reportagens e entrevistas.
Um jornalista com antiguidade registada apresentou queixa ao ministro. Queixou mesmo dos chefes, sub chefes e contra chefes. Logo outros falaram com a Tia Clementina para xingar os que só sabem fazer notícias, reportagens e entrevistas. E além dessas porcarias sabem ancoragem, paginação e gerir equipas de trabalho. São capazes e pôr o jornal na rua. Foram mesmo muito xingados.
Gente desta não faz falta nos jornais da Sanzala. Só mesmo quem não percebe a sociedade pós verdade ou nunca cheirou a mentira comparada acha que os jornais se fazem com jornalistas.
Ninguém sabe se o ministro da Tia Clementina pegou no telefone para saber junto do chefe da administração o que se passa. É mesmo verdade que um jornalista cheio de antiguidade mas analfabeto não é bem pago? Injustiça! É verdade que andam a exigir aos acomodados que aprendam a fazer uma notícia? Desaforo. É verdade que a subversão já chegou aos jornais do Estado? Tragédia.
Mafioso conhece os corredores do poder e sabe que há um diquelengo: As condições sociais e remuneratórias dos jornalistas não praticantes vão melhorar. Grande lábia de quem quer agradar ao chefão. Prometeu apoio aos órgãos privados. É mesmo um fala só.
Boca Azul apercebendo-se da proximidade do ministro com a Tia Clementina anunciou que a seguir o Mafioso vai falar dos oligarcas das tecnologias de informação e a sua propensão para as saudações nazis. Uma conferência que promete sucesso!
Os repórteres do Muceque recordaram as insistentes palavras de um velhote consultor. Para fazermos um jornal é necessário, antes de tudo, lealdade. O que se passa na Redacção é sagrado. Reservado. Fica entre nós. Só é conhecido o que sai nas páginas do jornal. Todos têm de cumprir a hora de fecho. Já agora façam uns títulos atraentes. Às quatro da manhã o jornal tem de estar na rua e apanhar os transportes para as províncias.
O Boca Azul meteu a viola num saco.. Tia Clementina foi combater a cólera e o Mafioso prepara uma conferência sobre as deportações de Donald Trump.
Ninguém escapa à mentira comparada. Nem a verdade!
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