sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

PRISIONEIROS E FUZILADOS -- Artur Queiroz

<> Artur Queiroz*, Luanda

Israel tem leis em vigor iguais às da África do Sul racista. O regime vigente é de apartheid. Seja qual for a maioria parlamentar e o governo de Telavive, essas leis não são revogadas. Com Hitler os arianos eram os puros, os senhores do mundo. Os judeus tinham de ser exterminados porque estavam a conspurcar os germânicos, lídimos representantes da raça ariana. Em Israel os puros são judeus. Todos os outros são candidatos ao extermínio. Enquanto não morrem,  são enclausurados em campos de concentração baptizados de centros prisionais. EUA e União Europeia apoiam este regime até onde for preciso: O genocídio dos palestinos.

Por muito que custe a Bruxelas e à Casa do Brancos, os cidadãos do mundo que prezam a decência, estão contra o extermínio dos palestinos. Estão contra os nazis de Telavive. Estão contra o regime de apartheid que vigora em Israel, seja qual for a maioria partidária. É certo que com a extrema-direita comandada por Benjamin Netanyahu a situação piora e muito.

O mundo sabe que em Israel vigora o “Procedimento Aníbal”, uma doutrina que consiste em matar os militares israelitas que caiam nas mãos da Resistência Palestina. Israelitas matam israelitas para o governo não ter que negociar a libertação desses prisioneiros. No dia 7 de Outubro de 2023 isso aconteceu. Comandantes militares israelitas recorreram a tanques e helicópteros Apache para matarem os seus colegas soldados antes de serem levados para o cativeiro de Gaza. Assim não eram trocados por prisioneiros palestinos. Civis israelitas tiveram a mesma sorte.

Israel tem em vigor a “Doutrina Daniyeh”, uma estratégia militar que recomenda o uso da força desproporcional para causar o máximo dano aos palestinos, libaneses e outros “inimigos” dos nazis de Telavive. A Faixa de Gaza foi assim destruída em combinação com o “Procedimento Aníbal” porque os bombardeamentos mataram 33 prisioneiros israelitas na Faixa de Gaza. Se os palestinos enclausurados nas masmorras e campos de concentração de Israel são prisioneiros, os israelitas nas mãos da Resistência Palestina também são prisioneiros. Reféns são os governos que apoiam os nazis de Telavive e da Casa dos Brancos.

Netanyahu apareceu nos canais de televisão zangadíssimo porque uma jovem militar israelita foi libertada junto às ruínas da casa do falecido líder do HAMAS e passou entre os civis palestinos que assistiam ao acto. Que horror! Uma israelita pura, passando no meio dos impuros palestinos. Os comentadores dos Media ocidentais receberam ordens dos donos para condenarem a exibição. Os nazis de Telavive até atrasaram a libertação dos prisioneiros palestinos durante algumas horas.

Alguém acredita? O mesmo dirigente político que desde Outubro de 2023 até ao início de Janeiro de 2025 mandou bombardear a Faixa de Gaza, ficou preocupado com a segurança da jovem militar libertada! Mas não se preocupou com os bombardeamentos a um território onde sabia que estavam dezenas de prisioneiros israelitas. Os bombardeamentos dos nazis de Telavive mataram 33 desgraçados. O objectivo do governo era matá-lo todos.

Todas e todos os prisioneiros libertados pelo Governo do HAMAS estavam com excelente aspecto. Limpinhos e bem nutridos. Com ar feliz por estarem às portas da liberdade. Se nos dissessem que estiveram hospedados num hotel com cinco estrela, ninguém duvidava. Ninguém tem dúvidas de que os prisioneiros israelitas foram bem tratados.

Os prisioneiros palestinos libertados pelos nazis de Telavive saem magrinhos, macilentos, cabelo rapado. Sabem quem rapava o cabelo aos judeus enviados para os campos de extermínio? Os nazis de Hitler. Os de Telavive são bons alunos e bons imitadores. É o fim do mundo! 

Mas há dois aspectos muito mais graves e que os Media omitem deliberadamente. Na primeira leva de prisioneiros palestinos, a maioria eram mulheres e crianças. Dezenas de crianças que apodreciam nos campos de concentração israelitas! Ontem entre os prisioneiros libertados estavam mais 30 crianças! Tomem nota: Há milhares de crianças palestinas nos campos de concentração dos nazis de Telavive. São todos nossos filhos. Tanta dor. O mundo político ocidental nem pia. Não presta. Não merece respeito. Se é legítimo ter milhares de crianças palestinas nas prisões de Israel, então é tudo permitido. Preparem-se para o que aí vem.

Outro aspecto deliberadamente escondido pelos Media tem a ver com os combatentes da Resistência Palestina. Bom aspecto. Bem fardados. Bem armados. Determinados. Afinal, ao fim de tanto tempo de guerra, não conseguiram derrotar o HAMAS, legítimo governo na Faixa de Gaza.  Ainda cai primeiro o Trump e sua camarilha nazi de Telavive.

Em Portugal estão a incubar um Venâncio Mondlane qualquer para nos soltarem aos calcanhares nas eleições de 2027. Os sinais são mesmo muito evidentes. Um tal António Costa e Silva foi ministro da Economia do governo de António Costa. Publicou um livro onde defende que Angola desconseguiu. O sujeito agora é angolano. Antes era português e criado da Casa dos Brancos. Está magoado com os horrores da “guerra civil”. E diz que em Dezembro de 1977 foi preso. Ficou meses a fio na cadeia de São Paulo e era todos os dias torturado. O novo herói da luta contra Angola remata: “Só não fui fuzilado por um triz”.

Estes aldrabões não têm mesmo limites. O sujeito diz que era dos Comités Amílcar Cabral (CAC) e por isso foi preso no final de 1977. Acontece que nessa altura já não existiam tais comités. Muito antes, viraram Organização Comunista de Angola (OCA). Achavam que num país em guerra contra invasores estrangeiros, o Zaire (RDC) e os racistas de Pretória, havia espaço para derrubar o governo, porque era constituído por uma cambada de burgueses. 

Tantos anos depois, o tal Costa e Silva da Catabola, ainda acha que a Guerra pela Soberania Nacional e a Integridade Territorial foi uma “guerra civil”. Cuidado com o banditismo político que sopra de Portugal!

Já viram quem tomou a cidade de Goma no Leste da República Democrática do Congo? Mercenários franceses, polacos, romenos, e de outros países do Leste Europeu. A mesma tropa que faz a guerra contra a Federação Russa por procuração passada à Ucrânia, que já não tem mais carne para canhão. Agora já abem a quem interessa a guerra na RDC. A Casa dos Brancos pode virar o bico ao prego e definir Luanda como um alvo legítimo.

* Jornalista

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