sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

"RIVIERA" DE TRUMP E DE NETANYAHU SOBRE CADÁVERES DO GENOCÍDIO. ONU REJEITA*

ONU repudia plano de Trump para esvaziar Gaza

NAÇÕES UNIDAS – Autoridades das Nações Unidas r ejeitaram com veemência a proposta do presidente Donald Trump de retirar os palestinos da Faixa de Gaza e colocar a região sob controle dos Estados Unidos, conforme declarações desta quarta-feira (5).

Forum 21 | # Publicado em português do Brasil

“Qualquer transferência forçada ou deportação de pessoas de território ocupado é proibida. O direito internacional é claro: a autodeterminação é um princípio fundamental que deve ser protegida por todos os países”, afirmou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.

O plano de Trump para Gaza “é um absurdo que, mesmo assim, precisa ser levado muito a sério”, alertou Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados. Trump “basicamente anunciou que pretende cometer o crime internacional de deslocamento forçado e usar força ilegal contra o povo palestino e seu direito de decidir seu próprio destino, violando a Carta das Nações Unidas, o que configura uma agressão”, disse.

“Os 191 membros da ONU (que tem 193, contando Estados Unidos e Israel) que ainda querem se proteger dessa loucura precisam sair da paralisia e se manter unidos contra essa anarquia imperialista”, escreveu Albanese em sua conta no X.

Durante visita do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a Washington nesta terça-feira (4), Trump que os Estados Unidos assumam o controle da Faixa de Gaza para criar ali uma “riviera do Oriente Médio”.

Gaza, uma faixa de 365 quilômetros quadrados com 2,3 milhões de habitantes, na costa do Mediterrâneo oriental, é desde outubro de 2023 palco de uma guerra entre Israel e o grupo Hamas que já matou mais de 47 mil pessoas e destruiu a maior parte das construções do território.

Trump comentou que a faixa está praticamente destruída e disse que seu país apoiaria a transferência dos palestinos de Gaza – mais de dois milhões de pessoas – para outro território árabe, como áreas do Egito ou Jordânia.

Após a saída da população palestina, “os Estados Unidos vão assumir o controle da Faixa de Gaza e fazer um grande trabalho ali”, disse Trump em entrevista coletiva ao lado de Netanyahu. “Será nossa responsabilidade desarmar todas as bombas não detonadas, aplainar o terreno, remover os prédios destruídos e preparar a área para um desenvolvimento econômico que vai gerar empregos e moradias sem limite”, completou o republicano, que foi empresário do setor imobiliário antes de entrar na política.

A proposta ignora a solução defendida há décadas pela ONU e sempre rejeitada por Israel: criar dois Estados no Oriente Médio, um israelense e outro palestino, este último incluindo Gaza e Cisjordânia, que também está sob ocupação israelense. Os países árabes, incluindo a potência regional Arábia Saudita, rejeitaram totalmente a proposta de  Trump e mantiveram a defesa da ideia dos dois Estados como saída para o longo conflito entre Israel e Palestina.

A Turquia considerou a proposta “inaceitável”, enquanto a França alertou para o risco de desestabilização no Oriente Médio; países como Alemanha, China, Espanha, Irlanda, Reino Unido e Rússia rapidamente a rejeitaram, defendendo a solução dos “dois Estados”.

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Sami Abu Zuhri, porta-voz do Hamas, disse de Istambul que “os comentários de Trump sobre querer controlar Gaza são ridículos e absurdos”, e que “qualquer ideia assim pode incendiar a região”.

Türk afirmou que “o sofrimento das pessoas no Território Palestino Ocupado e em Israel tem sido insuportável. Precisamos entrar em uma nova fase para garantir a paz e a segurança de palestinos e israelenses baseada na dignidade e na igualdade”.

*Imagem em destaque: Vista do norte da Faixa de Gaza, à beira do Mediterrâneo, mostrando prédios e casas destruídos pelos bombardeios de Israel na guerra contra o Hamas (Unrwa)

*Título PG

*Publicado originalmente em IPS – Inter Press Service | Tradução e revisão: Marcos Diniz

Ver em F21:  Ameaças de Trump controlam agenda política global e redesenham zona de influência dos EUA na América Latina 

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