Bom dia, se conseguirem. Vem aí o
Expresso (curto) por Rui Gustavo, jornalista do Expresso. O nosso comentário
vai ser também curto porque com tanto para dizer sobre a política nacional e a
crise política causada por um primeiro-ministro casmurro, ganancioso,
opaco, com culpas no cartório e temente à transparência, que só diz o que lhe
convém e deixa-nos muito desconfiados acerca das imoralidades cometidas e muito
prováveis ilegalidades. Um primeiro-ministro da família do feijão frade, com
duas caras, cínico e talvez criminoso se acaso o Ministério Público
investigasse tim-tim por tim-tim as suas eventuais atividades de negócios
escuros acumulados com o desempenho de chefe do governo. Vamos novamente a
eleições no espaço de cerca de um ano com custos na ordem dos 25 milhões de
euros. Claro, o dinheiro é nosso, não é dele. Mas usa-o displicentemente,
gravosamente, porque tudo faz para provavelmente ocultar evidências que estão
por debaixo dos panos. Assim, não há como confiar
Dizer mais o quê sobre toda esta crise que Montenegro provocou por falta de transparência e de algumas pistas descobertas de abuso e imoralidades. Só por isso Montenegro cheira a esturro e é caso de desconfiança. Sim, existem portugueses eleitores estúpidos mas só o saberemos depois das eleições que dizem ser em Maio próximo. Até pode ser que afinal não sejam tão estúpidos e eleitoralmente impossibilitem Montenegro e parceiros de continuar nos poderes, nas negociatas, a governar-se em vez de governarem o país. Agora temos um primeiro-ministro que é um traste de baralhações e falcatruas, que come na gamela dos privados que o avençam e sabemos lá o que mais...
Não. Ele não é de confiar. Antes pelo contrário. Investiguem a fundo e mais que provavelmente descobre-se que o que o move é a ganância, para si e para os seus apaniguados. O país e o povo que se lixe. Que traste, que descarado. Que vergonhoso. Que trapalhão e jogador propagandista dedicado à opacidade e engano.
Bom dia. O Curto do Expresso está aqui - a seguir - e estamos todos convidados a atualizarmo-nos. Fiquem atentos e, desta vez, não nos deixemos enganar por manganões de colarinhos brancos equipados com propaganda e abominável falsidade.
Afinal não fomos tão curtos nas nossas considerações como esperávamos e expressámos acima. Desculpem.
Leiam o Curto já a seguir e mantenham os olhos bem abertos. A desconfiança é terrível, preocupante. Massacra o país e povo que isso não merece. Fora com os trapalhões vigaristas que querem extinguir a nossa inteligência e a democracia transparente e justa de Portugal.
Fiquem o melhor possível apesar da inexistência da proteção à saúde, ao ensino, à habitação, ao bem-estar e cumprimento das regras, das leis e da seriedade intelectual. Da Constituição da República Portuguesa.
Mário Motta | Redação PG
No fim, só pode haver um
Rui Gustavo, jornalista | Expresso (curto)
Bom dia,
“Duelo Imortal” é um excelente filme mau que explodiu
nas bilheteiras nos anos 80. É protagonizado pelo cabotino Christopher
Lambert, um americano educado na Suíça que fazia de Connor MacLeod, um
guerreiro imortal escocês; e por Sean Connery, ator escocês que
interpretava o espanhol de origem egípcia Juan Sanchez Villa-Lobos Ramirez sem disfarçar
o sotaque das terras altas britânicas.
A música era dos Queen e o filme foi um sucesso
inesperado que até catapultou Connery para uma segunda fase da carreira
que lhe valeu um Óscar em “Os Intocáveis”, de Brian de Palma e o papel de
protagonista no excelente “O Nome da Rosa”, de Annaud.
A premissa desta saga era a de que os vários imortais espalhados pelo
planeta teriam de se enfrentar num “duelo imortal” e no fim só podia haver um.
Ninguém queria ver uma luta entre Ramirez e MacLeod, os dois heróis imortais da
fita. O vilão era Kurgan, o único que teria alguma coisa a ganhar com esse
duelo.
Faz hoje um ano que a AD liderada pelo PSD ganhou com surpresa as eleições
legislativas mais renhidas da história da democracia portuguesa. Na altura,
poucos auguravam uma vida longa a um Governo minoritário acossado à direita
pelo Chega que elegeu uns impensáveis 50 deputados e
pressionado à esquerda por um PS ansioso de voltar ao poder.
Mas o Governo aguentou-se sem dramas ou escândalos de maior. Agora, parece
estar à beira do fim por causa de um caso que envolve apenas o seu líder, Luís
Montenegro. O presidente do PSD decidiu apresentar uma moção de confiança no
Parlamento depois de o Expresso ter publicado que uma empresa da sua família
próxima recebia uma avença da Solverde e de outros grupos privados. O
chumbo desta moção está mais ou menos garantido e se perder as eleições
que parece estar a forçar, dificilmente sobreviverá na liderança do partido que
levou ao poder.
O PS, que avançou com uma Comissão Parlamentar de Inquérito a este caso e já chumbou as duas moções de censura apresentadas pelo Chega e
pelo PCP, anunciou que votará contra a moção de confiança, precipitando assim novas
eleições. Se perder pela segunda vez contra Montenegro, só muito
dificilmente a cabeça de Pedro Nuno Santos não rolará (esta era a única
maneira de matar um imortal).
Os dois líderes partidários acusam-se mutuamente de provocar eleições que ambos
dizem não desejar e já atiraram acusações de “lama” um ao outro, fazendo
antever uma campanha eleitoral crispada e que parte empatada nas primeiras sondagens.
Hoje de manhã, há um conselho de ministros que tanto servirá para aprovar
novas medidas do Governo ainda em funções como para sufragar a estratégia do
líder. O ministro Castro Almeida admitiu recuar com a moção de confiança
se o PS recuasse com a Comissão Parlamentar de Inquérito, mas esta
hipótese foi imediatamente descartada pelos colegas de Governo Pinto Luz e Leitão Amaro, dois
pesos-pesados do executivo da Aliança.
Hoje à noite, a comissão política do PS reúne-se para, em princípio, aprovar a
estratégia a adotar na discussão da moção de confiança que se vai discutir
e votar amanhã, terça-feira, no Parlamento.
Só há duas maneiras de evitar as eleições: o Governo retira a moção de
confiança, ou o PS ou mesmo o Chega abstém-se na votação. Tão improvável
como um Óscar de melhor ator para Lambert. Mas não impossível.
Se houver eleições legislativas – as terceiras em três anos – os
portugueses serão chamados às urnas em maio, como já anunciou um muito
contrariado Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Duelo Imortal” foi um sucesso tão grande que teve direito a uma segunda parte.
O realizador, o argumentista e as estrelas do elenco eram os mesmos. Mas o
filme era tão péssimo que ficará para a história do cinema como uma das piores
sequelas de sempre. Ninguém percebeu nada da história. Um pouco como agora.
OUTRAS NOTÍCAS
Barbárie. Mais de mil pessoas, incluindo 745 civis, foram mortas em dois dias de confrontos entre as forças de
segurança sírias e combatentes fieis e do mesmo grupo étnico do líder
do antigo regime, Assad.
Despedimentos. Termina hoje o prazo para os trabalhadores e credores da
Tupperware reclamarem os seus créditos. A empresa com as caixas coloridas que
eram o mote para reuniões nos anos 80 foi declarada insolvente no dia 10 de fevereiro, deixando 200
trabalhadores no desemprego. A casa mãe americana faliu e cancelou as
licenças na Europa para utilização do nome da marca.
Prémio. O compositor, professor e divulgador musical Luís Tinoco recebe
hoje o Prémio Pessoa, uma iniciativa do Expresso e da Caixa. Nesta entrevista, o premiado critica a ausência de espírito
crítico do público.
Guerra. Volodymyr Zelensky, chega hoje à Arábia Saudita para um encontro
com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman. A equipa do Presidente ucraniano
permanecerá no país para conversações com funcionários norte-americanos sobre o
fim da guerra com a Rússia. No terreno, os russos lançaram uma contraofensiva em Kursk obrigando
os generais ucranianos à terrível decisão de ordenarem a retirada ou verem as
tropas cercadas.
Justiça. Os generais angolanos Helder “Kopelipa” Vieira Dias e Leopoldino
“Dino” do Nascimento, e outros cinco arguidos, incluindo três empresas, começam
a ser julgados hoje em Luanda pelos crimes de tráfico de influências e branqueamento de
capitais, num processo que envolve também a filial angolana da China
International Fund. Ambos foram investigados em Portugal mas as suspeitas de
branqueamento foram arquivadas.
Tribunais. As alegações finais no julgamento do estudante da Greve
Climática Estudantil que atirou tinta contra o atual primeiro-ministro,
Luís Montenegro, realizam-se hoje em Lisboa. O líder do executivo pede 1.750 euros pelos danos causados no
fato que vestia na altura.
Desporto. Salomé Afonso conquistou a medalha de bronze dos 3 mil
metros no último dia dos Europeus de pista coberta que se realizaram nos Países
Baixos. A atleta já tinha conquistado a prata nos 1.500 e é a primeira portuguesa a conseguir uma dobradinha nestes
campeonatos. Auriol Dongmo e Isaac Nader também conseguiram o
bronze na mesma competição.
Futebol. A equipa feminina do Benfica ganhou pela quinta vez a Taça da Liga de
futebol. As águias derrotaram o Sporting por 2-1 com o golo decisivo a ser apontado por Carole Costa, a mulher que
não treme no momento dos penalties.
Bola. O Sporting isolou-se na liderança do campeonato depois de
vencer o Casa Pia por 3-1 com mais um bis do incrível Gyokeres. O
Benfica está a três pontos, mas tem um jogo a menos.
O Boavista perdeu em casa com o Vitória por 1-2. O jogo esteve interrompido largos minutos por causa de insultos
racistas contra Bruno Varela, guarda-redes vimaranense.
Frases especial “Duelo de Imortais”
“O Governo quer eleições para fugir ao escrutínio e, por isso, merece que os
socialistas o mantenham em funções”
Paulo Baldaia esperando uma
possível mudança de posição de Pedro Nuno Santos
“há uma coisa que está a acontecer que é a doutrina Trump. A ideia que todas as
irregularidades e ilegalidades — e estou a falar em abstrato de Trump — possam
ser lavadas pelas eleições se aquela pessoa se sujeitar a eleições e ganhar.”
Alexandra Leitão, candidata do PS
à Câmara de Lisboa e, talvez, num futuro mais ou menos próximo, a número um do
partido
"É penoso o que está a acontecer Receio que os dirigentes do PSD não
tenham percebido o verdadeiro impacto desta crise na relação com os eleitores e
no futuro próximo do PSD"
Jorge Moreira da Silva, candidato
derrotado por Luís Montenegro nas últimas eleições internas do PSD e uma das
poucas vozes dissonantes no universo laranja.
"Os portugueses não desejam eleições”
Aguiar Branco, Presidente da
Assembleia da República. esperando que a moção de confiança do Governo passe no
Parlamento
“Ninguém quer eleições”
Carlos Moedas, presidente da
Câmara de Lisboa e, segundo os especialistas, possível candidato a líder do PSD
“Deixem-nos trabalhar”
Miguel Pinto Luz, ministro das
Infraestruturas, a citar a frase imortal de Aníbal Cavaco Silva só comparável à
também imorredoira “deixem jogar o Mantorras”
“Todos querem transparência e seriedade, mas quando chega a eles e quando chega
ao seu próprio escrutínio, o melhor é fazer à venezuelana e enviar tudo para
eleições a ver se a coisa se resolve”
André Ventura, líder do Chega, a
garantir que não irá viabilizar a moção de confiança do Governo, o que
mergulhará o pais em novas eleições
“Primeiro as malas, agora esta cena. Saímos de uma bronca para entrar noutra,
isto nunca mais acaba”
Tony Carreira, cantor popular, num momento de análise política
O que eu ando a ler
Boris Vian nasceu em França neste dia, há 105 anos. Era engenheiro, inventor,
trompetista de jazz, escritor e poeta. Escreveu “A Espuma dos Dias” e “Outono
em Pequim” que não se passa em Pequim nem é no outono. Foi amigo de Sartre e do
movimento anarquista e teve mais sucesso como músico e poeta do que como
romancista. Morreu novo, do coração, durante a projeção privada do escandaloso
“Irei Cuspir-vos no Túmulo”, baseado no seu livro com o mesmo nome. Deve ter
sido um tipo divertido.
Conselhos a um Amigo
Boris Vian
Amigo se queres
Ser poeta
Sobretudo não armes
Não
Canções demasiado estúpidas
Mesmo que as grunhas
Gostem
Não ponhas
O acessório idiota
Nem o sombrero
do México
Não ponhas
O perfume escaldante
Nem o alcatraz
Exótico
Põe flores
E alguns beijos
Ternamente depostos
Nos seus lábios
Põe notas
Em bonito ramo
E depois canta-as
No teu coração
Por hoje é tudo, despeço-me em beleza com três recomendações:
Podcasts
Expresso da Manhã. É demasiado óbvio que
o Governo prefere ir para eleições, provoca-as exigindo à oposição uma
manifestação de apoio, mas não desiste de tentar responsabilizar os socialistas
pela crise política. Porquê?
O Animal Que Ri. O médico e
humorista Carlos Vidal conversa com Jorge Braz, selecionador nacional de
futsal, que reconhece ter “mau feitio” e defende a ideia de que o humor tem
estar no desporto porque é um método capaz de desconstruir qualquer momento de
maior tensão.
Isto é Gozar com quem
Trabalha. Ricardo Araújo Pereira ri-se do suicídio de Luís Montenegro e entrevista
Pedro Santana Lopes.
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