segunda-feira, 10 de março de 2025

PORTUGAL TEM UM PRIMEIRO-MINISTRO E UM GOVERNO QUE NÃO SÃO DE CONFIANÇA

Bom dia, se conseguirem. Vem aí o Expresso (curto) por Rui Gustavo, jornalista do Expresso. O nosso comentário vai ser também curto porque com tanto para dizer sobre a política nacional e a crise política causada por um primeiro-ministro casmurro, ganancioso, opaco, com culpas no cartório e temente à transparência, que só diz o que lhe convém e deixa-nos muito desconfiados acerca das imoralidades cometidas e muito prováveis ilegalidades. Um primeiro-ministro da família do feijão frade, com duas caras, cínico e talvez criminoso se acaso o Ministério Público investigasse tim-tim por tim-tim as suas eventuais atividades de negócios escuros acumulados com o desempenho de chefe do governo. Vamos novamente a eleições no espaço de cerca de um ano com custos na ordem dos 25 milhões de euros. Claro, o dinheiro é nosso, não é dele. Mas usa-o displicentemente, gravosamente, porque tudo faz para provavelmente ocultar evidências que estão por debaixo dos panos. Assim, não há como confiar em Luís Montenegro e na trupe que o apoia no esconde-esconde, PSD/CDSzinho.

Dizer mais o quê sobre toda esta crise que Montenegro provocou por falta de transparência e de algumas pistas descobertas de abuso e imoralidades. Só por isso Montenegro cheira a esturro e é caso de desconfiança. Sim, existem portugueses eleitores estúpidos mas só o saberemos depois das eleições que dizem ser em Maio próximo. Até pode ser que afinal não sejam tão estúpidos e eleitoralmente impossibilitem Montenegro e parceiros de continuar nos poderes, nas negociatas, a governar-se em vez de governarem o país. Agora temos um primeiro-ministro que é um traste de baralhações e falcatruas, que come na gamela dos privados que o avençam e sabemos lá o que mais...

Não. Ele não é de confiar. Antes pelo contrário. Investiguem a fundo e mais que provavelmente descobre-se que o que o move é a ganância, para si e para os seus apaniguados. O país e o povo que se lixe. Que traste, que descarado. Que vergonhoso. Que trapalhão e jogador propagandista dedicado à opacidade e engano.

Bom dia. O Curto do Expresso está aqui - a seguir - e estamos todos convidados a atualizarmo-nos. Fiquem atentos e, desta vez, não nos deixemos enganar por manganões de colarinhos brancos equipados com propaganda e abominável falsidade.

Afinal não fomos tão curtos nas nossas considerações como esperávamos e expressámos acima. Desculpem.

Leiam o Curto já a seguir e mantenham os olhos bem abertos. A desconfiança é terrível, preocupante. Massacra o país e povo que isso não merece. Fora com os trapalhões vigaristas que querem extinguir a nossa inteligência e a democracia transparente e justa de Portugal. 

Fiquem o melhor possível apesar da inexistência da proteção à saúde, ao ensino, à habitação, ao bem-estar e cumprimento das regras, das leis e da seriedade intelectual. Da Constituição da República Portuguesa.

Mário Motta | Redação PG

No fim, só pode haver um

Rui Gustavo, jornalista | Expresso (curto)

Bom dia,

“Duelo Imortal” é um excelente filme mau que explodiu nas bilheteiras nos anos 80. É protagonizado pelo cabotino Christopher Lambert, um americano educado na Suíça que fazia de Connor MacLeod, um guerreiro imortal escocês; e por Sean Connery, ator escocês que interpretava o espanhol de origem egípcia Juan Sanchez Villa-Lobos Ramirez sem disfarçar o sotaque das terras altas britânicas.

A música era dos Queen e o filme foi um sucesso inesperado que até catapultou Connery para uma segunda fase da carreira que lhe valeu um Óscar em “Os Intocáveis”, de Brian de Palma e o papel de protagonista no excelente “O Nome da Rosa”, de Annaud.

A premissa desta saga era a de que os vários imortais espalhados pelo planeta teriam de se enfrentar num “duelo imortal” e no fim só podia haver um. Ninguém queria ver uma luta entre Ramirez e MacLeod, os dois heróis imortais da fita. O vilão era Kurgan, o único que teria alguma coisa a ganhar com esse duelo.

Faz hoje um ano que a AD liderada pelo PSD ganhou com surpresa as eleições legislativas mais renhidas da história da democracia portuguesa. Na altura, poucos auguravam uma vida longa a um Governo minoritário acossado à direita pelo Chega que elegeu uns impensáveis 50 deputados e pressionado à esquerda por um PS ansioso de voltar ao poder.

Mas o Governo aguentou-se sem dramas ou escândalos de maior. Agora, parece estar à beira do fim por causa de um caso que envolve apenas o seu líder, Luís Montenegro. O presidente do PSD decidiu apresentar uma moção de confiança no Parlamento depois de o Expresso ter publicado que uma empresa da sua família próxima recebia uma avença da Solverde e de outros grupos privados. O chumbo desta moção está mais ou menos garantido e se perder as eleições que parece estar a forçar, dificilmente sobreviverá na liderança do partido que levou ao poder.

O PS, que avançou com uma Comissão Parlamentar de Inquérito a este caso e já chumbou as duas moções de censura apresentadas pelo Chega e pelo PCP, anunciou que votará contra a moção de confiança, precipitando assim novas eleições. Se perder pela segunda vez contra Montenegro, só muito dificilmente a cabeça de Pedro Nuno Santos não rolará (esta era a única maneira de matar um imortal).

Os dois líderes partidários acusam-se mutuamente de provocar eleições que ambos dizem não desejar e já atiraram acusações de “lama” um ao outro, fazendo antever uma campanha eleitoral crispada e que parte empatada nas primeiras sondagens.

Hoje de manhã, há um conselho de ministros que tanto servirá para aprovar novas medidas do Governo ainda em funções como para sufragar a estratégia do líder. O ministro Castro Almeida admitiu recuar com a moção de confiança se o PS recuasse com a Comissão Parlamentar de Inquérito, mas esta hipótese foi imediatamente descartada pelos colegas de Governo Pinto Luz e Leitão Amaro, dois pesos-pesados do executivo da Aliança.

Hoje à noite, a comissão política do PS reúne-se para, em princípio, aprovar a estratégia a adotar na discussão da moção de confiança que se vai discutir e votar amanhã, terça-feira, no Parlamento.

Só há duas maneiras de evitar as eleições: o Governo retira a moção de confiança, ou o PS ou mesmo o Chega abstém-se na votação. Tão improvável como um Óscar de melhor ator para Lambert. Mas não impossível.

Se houver eleições legislativas – as terceiras em três anos – os portugueses serão chamados às urnas em maio, como já anunciou um muito contrariado Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Duelo Imortal” foi um sucesso tão grande que teve direito a uma segunda parte. O realizador, o argumentista e as estrelas do elenco eram os mesmos. Mas o filme era tão péssimo que ficará para a história do cinema como uma das piores sequelas de sempre. Ninguém percebeu nada da história. Um pouco como agora.

OUTRAS NOTÍCAS

Barbárie. Mais de mil pessoas, incluindo 745 civis, foram mortas em dois dias de confrontos entre as forças de segurança sírias e combatentes fieis e do mesmo grupo étnico do líder do antigo regime, Assad.

Despedimentos. Termina hoje o prazo para os trabalhadores e credores da Tupperware reclamarem os seus créditos. A empresa com as caixas coloridas que eram o mote para reuniões nos anos 80 foi declarada insolvente no dia 10 de fevereiro, deixando 200 trabalhadores no desemprego. A casa mãe americana faliu e cancelou as licenças na Europa para utilização do nome da marca.

Prémio. O compositor, professor e divulgador musical Luís Tinoco recebe hoje o Prémio Pessoa, uma iniciativa do Expresso e da Caixa. Nesta entrevista, o premiado critica a ausência de espírito crítico do público.

Guerra. Volodymyr Zelensky, chega hoje à Arábia Saudita para um encontro com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman. A equipa do Presidente ucraniano permanecerá no país para conversações com funcionários norte-americanos sobre o fim da guerra com a Rússia. No terreno, os russos lançaram uma contraofensiva em Kursk obrigando os generais ucranianos à terrível decisão de ordenarem a retirada ou verem as tropas cercadas.

Justiça. Os generais angolanos Helder “Kopelipa” Vieira Dias e Leopoldino “Dino” do Nascimento, e outros cinco arguidos, incluindo três empresas, começam a ser julgados hoje em Luanda pelos crimes de tráfico de influências e branqueamento de capitais, num processo que envolve também a filial angolana da China International Fund. Ambos foram investigados em Portugal mas as suspeitas de branqueamento foram arquivadas.

Tribunais. As alegações finais no julgamento do estudante da Greve Climática Estudantil que atirou tinta contra o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, realizam-se hoje em Lisboa. O líder do executivo pede 1.750 euros pelos danos causados no fato que vestia na altura.

Desporto. Salomé Afonso conquistou a medalha de bronze dos 3 mil metros no último dia dos Europeus de pista coberta que se realizaram nos Países Baixos. A atleta já tinha conquistado a prata nos 1.500 e é a primeira portuguesa a conseguir uma dobradinha nestes campeonatos. Auriol Dongmo e Isaac Nader também conseguiram o bronze na mesma competição.

Futebol. A equipa feminina do Benfica ganhou pela quinta vez a Taça da Liga de futebol. As águias derrotaram o Sporting por 2-1 com o golo decisivo a ser apontado por Carole Costa, a mulher que não treme no momento dos penalties.

Bola. O Sporting isolou-se na liderança do campeonato depois de vencer o Casa Pia por 3-1 com mais um bis do incrível Gyokeres. O Benfica está a três pontos, mas tem um jogo a menos.

O Boavista perdeu em casa com o Vitória por 1-2. O jogo esteve interrompido largos minutos por causa de insultos racistas contra Bruno Varela, guarda-redes vimaranense.

Frases especial “Duelo de Imortais”

“O Governo quer eleições para fugir ao escrutínio e, por isso, merece que os socialistas o mantenham em funções”

Paulo Baldaia esperando uma possível mudança de posição de Pedro Nuno Santos

“há uma coisa que está a acontecer que é a doutrina Trump. A ideia que todas as irregularidades e ilegalidades — e estou a falar em abstrato de Trump — possam ser lavadas pelas eleições se aquela pessoa se sujeitar a eleições e ganhar.”

Alexandra Leitão, candidata do PS à Câmara de Lisboa e, talvez, num futuro mais ou menos próximo, a número um do partido

"É penoso o que está a acontecer Receio que os dirigentes do PSD não tenham percebido o verdadeiro impacto desta crise na relação com os eleitores e no futuro próximo do PSD"

Jorge Moreira da Silva, candidato derrotado por Luís Montenegro nas últimas eleições internas do PSD e uma das poucas vozes dissonantes no universo laranja.

"Os portugueses não desejam eleições”

Aguiar Branco, Presidente da Assembleia da República. esperando que a moção de confiança do Governo passe no Parlamento

“Ninguém quer eleições”

Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa e, segundo os especialistas, possível candidato a líder do PSD

“Deixem-nos trabalhar”

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas, a citar a frase imortal de Aníbal Cavaco Silva só comparável à também imorredoira “deixem jogar o Mantorras”

“Todos querem transparência e seriedade, mas quando chega a eles e quando chega ao seu próprio escrutínio, o melhor é fazer à venezuelana e enviar tudo para eleições a ver se a coisa se resolve”

André Ventura, líder do Chega, a garantir que não irá viabilizar a moção de confiança do Governo, o que mergulhará o pais em novas eleições

“Primeiro as malas, agora esta cena. Saímos de uma bronca para entrar noutra, isto nunca mais acaba”

Tony Carreira, cantor popular, num momento de análise política

O que eu ando a ler

Boris Vian nasceu em França neste dia, há 105 anos. Era engenheiro, inventor, trompetista de jazz, escritor e poeta. Escreveu “A Espuma dos Dias” e “Outono em Pequim” que não se passa em Pequim nem é no outono. Foi amigo de Sartre e do movimento anarquista e teve mais sucesso como músico e poeta do que como romancista. Morreu novo, do coração, durante a projeção privada do escandaloso “Irei Cuspir-vos no Túmulo”, baseado no seu livro com o mesmo nome. Deve ter sido um tipo divertido.

Conselhos a um Amigo

Boris Vian

Amigo se queres
Ser poeta
Sobretudo não armes
Em imbecil
Não
escrevas
Canções demasiado estúpidas
Mesmo que as grunhas
Gostem

Não ponhas
O acessório idiota
Nem o sombrero
do México
Não ponhas
O perfume escaldante
Nem o alcatraz
Exótico

Põe flores
E alguns beijos
Ternamente depostos
Nos seus lábios
Põe notas
Em bonito ramo
E depois canta-as
No teu coração

Por hoje é tudo, despeço-me em beleza com três recomendações:

Podcasts

Expresso da Manhã. É demasiado óbvio que o Governo prefere ir para eleições, provoca-as exigindo à oposição uma manifestação de apoio, mas não desiste de tentar responsabilizar os socialistas pela crise política. Porquê?

O Animal Que Ri. O médico e humorista Carlos Vidal conversa com Jorge Braz, selecionador nacional de futsal, que reconhece ter “mau feitio” e defende a ideia de que o humor tem estar no desporto porque é um método capaz de desconstruir qualquer momento de maior tensão.

Isto é Gozar com quem Trabalha. Ricardo Araújo Pereira ri-se do suicídio de Luís Montenegro e entrevista Pedro Santana Lopes.

Ler o Expresso

Sem comentários:

Mais lidas da semana