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Imagem ilustrativa |
< Artur Queiroz*, Luanda >
Luanda era uma cidade baixinha. Nos anos 50 tinha dois prédios altíssimos, um com quatro andares (Quintas & Irmão). Outro com três (Alfredo de Matos) e na mesma rua. Depois eram os palácios assobradados construídos com os lucros da escravatura. Um deles albergou o Colégio das Beiras, vizinho do casarão de Alfredo Troni, criador do celebérrimo jornal “Mukuarimi”. Fundador da Biblioteca Municipal de Luanda, que guardava todos os jornais da Imprensa Livre do Século XIX. Os palacetes estão todo em ruínas ou foram demolidos. Só está em bom estado, o de Dona Ana Joaquina, a mulher mais poderosa de Angola na sua época.
No final dos anos 50 começou a
construção em altura com as “unidades de vizinhança” do Prenda, de um
empreiteiro espanhol. Depois as avenidas novas, Brasil e Combatentes, só
prédios
No alto do edifício, as letras garrafais “BCA” que os colonos mais broncos traduziam como “Bai Continuar Ainda”. Faziam excursões para ver o prédio e ficavam horas a olhar para o topo do arranha-céus. As grandes empresas da época, inclusive a Cabinda Gulf, instalaram-se naquele espaço. Manoel Vinhas fez a cervejeira Cuca, primeiro em Luada e depois a fábrica do Huambo. Até fez uma fazenda na área do latifundiário e agronegociante João Lourenço. (Pensavam que o negócio dele é só ossadas e medalhas?). Vinhas também ficou dono e senhor da Neográfica, proprietária da revista “Notícia” que o promovia até ao endeusamento. Era igualmente o chefe do concurso Miss Angola.
O endeusamento de Manoel Vinhas chegou ao ponto das “força vivas”, genocidas, proporem que desse nome a uma rua ou mesmo a um bairro de Luanda. Desconseguiram. Em 1974 o seu império ruiu, com o fim do colonialismo. Ficou a Cuca e o arranha-céus “Bai Continuar Ainda”, onde depois de 1992 o José Leitão, já não esquálido como quando desembarcou em Luanda no início de 1975, criou um “clube de empresários”. Estou a falar da turma que chegou, viu, ocupou, sacou mundos e fundos, fez fortunas colossais à sombra da bananeira e depois definhou. Alguns ressuscitaram à boleia de João Lourenço. Que sejam felizes!
Um angolano que nunca saiu de Angola, estudou cá, licenciou-se cá e teve cá o seu primeiro emprego, criou riqueza e milhares de postos de trabalho. Ganhou muito dinheiro quando descobriu que era uma temeridade irracional e uma tremenda irresponsabilidade despachar milhares de milhões de dólares em barris de petróleo, sem seguros. E se os piratas roubassem a mercadoria? E se houvesse um acidente com os petroleiros? Assim nasceu a AAA Seguros.
O criador da empresa chama-se Carlos São Vicente, filho da minha amiga Ilda e do meu mestre, jornalista Acácio Barradas, que transformou a confusão bric-à-brac que era a “Notícia” numa revista de altíssimo nível. Tinha repórteres fotográficos de categoria superior: Bernardo, Lucas, Baião, entre outros.
Carlos São Vicente deu muito dinheiro a ganhar à Sonangol e meteu muitos milhões nos cofres do Estado, fruto dos impostos. Partilhou os resseguros com todas as seguradoras angolanas da época. Criou milhares de postos de trabalho. Face à debilidade da Segurança Social criou na AAA Seguros um Fundo de Pensões. A Sonangol acompanhou. Na hora de pagar a sua parte do investimento, a petrolífera nacional desistiu. Não pagou. Matou o Fundo de Penões. Estava em marcha uma operação para matar a AAA Seguros. A Sonangol deixou de acompanhar os aumentos de capital e ficou com uma posição accionista residual. Depois o Presidente José Eduardo retirou à empresa o exclusivo dos seguros no sector petrolífero.
Carlos São Vicente, presidente do Conselho de Administração, convocou uma assembleia de accionistas e ficou decidido extinguir a empresa, pagando primeiro todas as dívidas. Fez esse penoso trabalho com honestidade e eficiência. Mas a sua vida continuou. Através da AAA Activos, o empresário voltou ao sector financeiro entrando no capital do Standard Bank. E virou-se para a indústria da paz (Turismo) como nunca ninguém tinha feito em África.
Carlos São Vicente construiu grandes unidades hoteleiras onde antes apenas existia uma “pensão logo existo” ou nada. Hotéis de muitas estrelas. Trabalhadores angolanos formados pela empresa. Um sucesso retumbante.
A UNITA usou a sigla “FLEC-FAC” para anunciar um “cessar-fogo” na província de Cabinda. A golpada tem a mão do padre excomungado Raul Tati, primeiro-ministro à sombra do Galo Negro. O único fogo que existe na província é o da churrasqueira do excomungado e as churrasqueiras dos seus amigos, que sempre viveram à custa do terrorismo. Espremem a mama até deitar a última gota de dinheiro!
A UNITA exige “a resolução pacífica do conflito e reiteramos a nossa abertura ao diálogo, no respeito pelo direito à autodeterminação do povo de Cabinda”. Quem assina o comunicado é o tenente-general João Cruz Mavinga Lúcifer. Mas este galináceo é analfabeto. O padre excomungado e primeiro-ministro da UNITA esse sabe assinar e assassinar. O verdadeiro lúcifer com corninhos e tudo.
O Galo Negro colocou a “notícia” na RTP o que motivou um protesto do Executivo. O Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, diz que “a informação da RTP está desprovida de veracidade e eivada de malícia, com imagens de guerra forjadas, revelando um conflito armado inexistente”. Não é “informação”. É desinformação. Manipulação. Aldrabice. O costume com a UNITA. Que continua a vender Angola por um punhado de votos. Impunemente.
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