< Artur Queiroz*, Luanda >
O campeão da paz dm África está de volta mas com um prémio mais modesto. João Lourenço venceu a edição deste ano do "Africa Road Builders", que distingue os líderes africanos que desenvolvem infra-estruturas nos seus países. Vou investigar a fundo para vos dizer se o galardão foi comprado com os lucros da fazenda Mato Grosso ou com fundos dos cofres do Estado. Em Angola há dinheiro para tudo menos para pôr o país a funcionar decentemente. Nada que Nossa Senhora da Muxima não resolva.
O deputado da UNITA Monteiro Renaldo Eliseu entrou no Hospital Geral do Huambo, disse ao pessoal da segurança que ia inspeccionar os serviços e não precisava de autorização de ninguém porque é savimbista. Segundo apurei, o parlamentar do Galo Negro queria começar a inspecção pelo bloco operatório, onde um maninho estava a ser reimplantado porque há muitos anos foi castrado na Jamba, segundo a técnica do Morgado. Foi barrado. Grande maka. Causou sérias perturbações na unidade hospitalar e hoje foi ouvido no âmbito de um inquérito da Comissão de Mandatos, Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Nacional.
Juristas próximos da direcção da Ordem dos Advogados Já sentenciaram: Isto é uma interpretação excessivamente burocrática do Código de Ética Parlamentar. Quem manda são os direitos constitucionais dos deputados. O Artigo 162.º da Constituição da República diz que os parlamentares têm o direito de fiscalizar a atividade do Executivo. O Renaldo foi visitar o hospital para fiscalizar. Sem autorização de ninguém. Só do Savimbi e do Morgado.
O Presidente da União Africana (João Lourenço) avisa “os promotores de tensões e conflitos em África que vão ser responsabilizados e penalizados com sanções pesadas". A seguir mostrou que é muito homem e sentenciou: “Devíamos sentir-nos envergonhados como o facto de instituições externas a África, como a União Europeia ou o Conselho de Segurança das Nações Unidas, serem, às vezes, mais rigorosas, exigentes e contundentes nas suas posições do que nós próprios no tratamento de conflitos que se desenrolam no nosso continente”.
Senhor presidente, com o devido respeito lembro que os países da União Europeia estão todos, sem excepção, na base dos conflitos em África. Quando ao Conselho de Segurança da ONU atrevo-me a dizer-lhe que um dos membros, o estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) está em todos os conflitos africanos. Comandou a coligação que entre 1975 e 2002 destruiu Angola, matou milhares de angolanos, fez milhões de deslocados e refugiados. No Conselho de Segurança da ONU, genocidas de Londres e Paris são colonialistas. Reino Unido e França ainda têm colónias! Agridem com o Franco CFA e a Commonwealth.
Na União Africana peritos
concluíram que África precisa, para a Agenda 2063, de três triliões de euros.
Eu não percebo nada de finanças, tal como Dona Vera Daves. Mas se os líderes
africanos impedirem que os EUA e a União Europeia roubem África, milhares de
triliões ficam
Com grande pena minha vou ter de falar um nadinha de Portugal. O xenófobo e racista André Ventura tem espasmos vaginais repetidos e é acometido por dores de parto. Fica todo torcido e contorcido. Desconfio que o pai das cenas seja um negro enorme, tipo armário, seu guarda pessoal. Por estas e por outras, adoro o bom Povo Português.
O Bolsonaro transformou uma doença intestinal crónica em facada para ganhar as eleições. O líder da internacional fascista, Donald Trump, para ganhar as eleições nos EUA inventou um tiro de canhangulo na orelha. O portuguesinho suburbano inventou uma gravidez atópica no esófago. Como ainda não implantou um útero, ficou grávido da garganta. O feto deve ser do tamanho do guarda-costas. Até a mim me doem aqueles espasmos vaginais.
Agora a outra. O canal público português RTP emitiu uma reportagem falsa que pôs em causa a soberania e a integridade de Angola. Falso jornalismo ao serviço da UNITA. O Executivo protestou. A direcção do órgão de informação que publicou a matéria falsa ficou em silêncio.
Uma equipa da RTP foi ao palácio da Cidade Alta fazer a cobertura da audiência que o Presidente João Lourenço concedeu a Adalberto da Costa Júnior. Dado o episódio da falsidade e manipulação que pôs em causa a soberania e a integridade de Angola, os profissionais foram convidados a retirar-se. Para evitar nova falsidade. Nova agressão a um Estado Soberano. Novo abuso de liberdade de imprensa. Lembro que esses abusos são crimes graves contra o Jornalismo e contra os jornalistas.
Os directores de Informação da RTP, António José Teixeira, Mário Galego da RDP e Isabel Silva Costa, da RTP África, manifestaram “profunda preocupação e veemente repúdio pela expulsão arbitrária da equipa da emissora pública portuguesa RTP, destacada no Palácio da Cidade Alta para a cobertura de um encontro oficial da Presidência”. O acontecimento no Palácio da Cidade Alto, dizem os directores, “revela uma tentativa inaceitável de silenciar a liberdade de expressão num país que se diz comprometido com os valores democráticos”.
Emitir uma reportagem com factos falsos, inventados ou manipulados sim, é um atentado gravíssimo à Liberdade de Imprensa. Abusar da Liberdade de Imprensa é forma grave de enfraquecer o Jornalismo no regime democrático. Combater os abusos de liberdade de imprensa e as notícias falsas é o melhor serviço que se pode prestar à Democracia.
Para o caso dos protestantes e da protestante ainda não terem percebido, no Palácio da Cidade Alta já não mora o governador-geral. Angola é independente há 50 anos. E a Independência Nacional não foi a mera mudança do hino e da bandeira. Foi conseguida graças a longos anos de Luta Armada de Libertação Nacional. Os combatentes angolanos derrotaram a OTAN (ou NATO) e puseram fim ao império colonial português.
Se a RTP decide colocar-se ao serviço da UNITA ou da UNITA B, se os seus profissionais decidem publicar uma reportagem que espezinha o Acordo de Alvor, assinado por Portugal, MPLA, FNLA e UNITA, se a direcção da RTP decide alimentar o terrorismo contra Angola, então têm de estar preparados para sofrer as consequências.
A peça publicada pela RTP no programa Bom Dia Portugal sobre Cabinda é um atentado gravíssimo à liberdade de imprensa. É um atentado gravíssimo aos valores da democracia. É justa causa para Angola impedir um órgão de informação de prosseguir os seus atentados contra o Jornalismo, os jornalistas e a democracia. E para o corte total de relações.
* Jornalista
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