< Artur Queiroz*, Luanda >
Gare do Norte
Donald Trump, o chefe da Internacional Fascista, despejou a mãe de todas as bombas numa montanha fantasmagórica do Irão. Nas explosões foram torrados milhões de dólares. Uns iranianos, daqueles que odeiam o aiatola Khamenei, atacaram a maior base militar norte-americana no Médio Oriente e destroçaram, ao longo de 13 dias, bairros em Telavive e Haifa. Até o coração financeiro de Israel foi à vida.
Trump diz que salvou a vida do
líder espiritual do Irão e os iranianos levaram uma surra. Só se esqueceu de
dizer que impôs ao governo do Irão uma rendição incondicional mas em vez de
rendição houve um cessar-fogo. Para agradar aos fascistas de todo o mundo e
particularmente aos nazis de Telavive que estavam a ver a guerra mal parada.
Sabem que mais? Os milionários israelitas já compraram tudo quanto é terreno e
habitações
As notícias dos bombardeamentos do Irão a Israel foram breves, difusas e propositadamente desvalorizadas. Os papagaios dos telejornais desta vez não exultaram. Os maus, são maus, mesmo que sejam melhores que os patrões e pais de todas as guerras, senhores do Ocidente, suseranos do Oriente, polícias do Leste e construtores de crises financeiras planetárias.
As televisões dão uma notícia sensacionalíssima: Há manifestações em Caracas contra o Presidente Maduro! Os mesmos canais informaram que há um milhão de portugueses na Venezuela. O ministro Matraquilho, perito em negócios com os estrangeiros, disse a uma televisão portuguesa, com um sorriso maroto, que Portugal está preparado para retirar da Venezuela o milhão de emigrantes portugueses que lá vive. Temos actor!Portugal nem consegue tirar da fome milhares de crianças portuguesas, que vivem no continente e nas regiões autónomas. É incapaz de garantir emprego a milhões de jovens altamente qualificados. Não consegue garantir salários iguais para homens e mulheres. Mas vai tirar da Venezuela os portugueses que escolheram aquele país para se furtarem à fome e à miséria.
Conclusão: os donos dos canais de televisão deram ordens aos seus criados para tratarem a Venezuela como um país inimigo. Um dia destes o Paulo Portas exige que Montenegro e o Tio Celito comprem ao Trump a mãe de todas as bombas e aí vai ele, a cavalo de um avião de guerra, despejar bombardas em cima de Caracas. Cuidado com o cão!
Desde que José Sócrates saiu do Governo, Lisboa trata mal todos os países amigos fora da União Europeia. Angola é martirizada pelas elites políticas portuguesas, dos defuntos Bloco de Esquerda ao CDS. Dos que têm representação parlamentar, só os comunistas e o PAN não tratam mal o Governo Angolano e os titulares dos seus órgãos de soberania. Esperem pelo troco. Os governos da Venezuela e da Federação Russa são tratados como inimigos a abater. Estão-se nas tintas para os cidadãos portugueses e sobretudo para os que em Portugal todos os dias apagam a luz da esperança.
No século XX, Portugal viveu 50 anos de ditadura e menos de dois anos de liberdade plena. Desde 1976 até hoje, os portugueses vivem um simulacro de democracia parlamentar. A liberdade de imprensa foi confiscada pelos banqueiros mais ou menos falidos e pelo barqueiro da TVI/CNN. A Comunicação Social está nas mãos de gente sem ofício nem oficina. A opinião pública é manipulada, os cidadãos aldrabados por políticos sem escrúpulos, os trabalhadores são tratados pior do que os servos da gleba, os ricos estão cada vez mais ricos, porque tiveram artes de colocar no poder os seus mafukas e outro pessoal menor.
Nesta república das bananas onde
só a Madeira produz o fruto, ninguém está em condições de dar lições de
democracia, muito menos aos políticos no poder
José Carlos Domingos, Bastonário da Ordem dos Advogados, diz que “é preciso melhorar o nosso sistema eleitoral, democratizar mais a eleição do cargo de presidente da CNE, porquanto, pensamos que já não se justifica que seja um monopólio dos juízes; repor o candidato independente nas eleições presidenciais, que hoje é monopólio dos partidos políticos; adoptar um modelo de eleição que permita uma melhor repartição do poder, em vez do modelo ‘quem ganha, ganha tudo e quem perde fica sem nada’, ou seja, o modelo que permita a coabitação de várias forças políticas no poder em vez do tradicional modelo, partido no poder e oposição”.
Coisa estranha. O Bastonário da Ordem do Advogados não quer um magistrado judicial a presidir à Comissão Nacional Eleitoral. Escolhido por concurso público. Confirmado pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial. Há mais democrático e mais fiável? Mais de acordo com o Estado Democrático e de Direito? José Carlos Domingos não diz.
O senhor Bastonário da Ordem do Advogados não quer o modelo que temos porque “quem ganha, ganha tudo e quem perde fica sem nada”. Está muito enganado. Quem ganha governa e quem perde faz Oposição. Que em democracia é muitíssimo. Sem uma Oposição democrática, activa e esclarecida, todos os governos estão condenados ao fracasso. O senhor Bastonário da Ordem dos Advogados faltou às aulas de Ciência Política para frequentar as “leituras” do Hitler, do Nito Alves e do Luaty Beirão (Brigadeiro Mata Frakus). Os advogados angolanos mereciam um nadinha melhor.
Senhor Bastonário, se não existirem maiorias absolutas nas eleições, só são possíveis governos de coligação. Sabia? E essa de estar contra o “monopólio dos partidos” derrubou-me. As democracias são sempre, mesmo em Angola, monopólios dos partidos. Sempre. Quer substituí-los pelos sicários da UNITA (associação de malfeitores) e os dependentes do MUDEI? Não faça isso. Não se metam na droga até perderem o juízo.
A Administração da Empresa Edições Novembro continua sem dizer como e quando vai pagar o que me deve há dez anos. Caloteiros e ladrões. O capataz do Povo está lixado. Kinga ainda!
* Jornalista
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