domingo, 22 de junho de 2025

UM BANHO DE MULTIDÃO -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda >

Londres é sede, desde o início da destruição da Síria, do Observatório Sírio dos Direitos Humanos. A instituição tem óbvias ligações aos serviços secretos britânicos e até agora dava informações sobre a guerra em primeira mão, às quais mais ninguém tinha acesso. Numa “notícia” fez uma revelação que vou transcrever para que ninguém tenha dúvidas quanto ao “novo regime” de Damasco:

“Morreram pelo menos 9.842 pessoas desde que a coligação internacional contra os jihadistas deu início aos ataques aéreos, em Setembro de 2014, na Síria. Entre as vítimas contam-se mais de 2.300 civis, entre as quais 551 crianças. Os números revelam ainda que morreram 398 mulheres durante dois anos de bombardeamentos da coligação dirigida pelos Estados Unidos da América. As províncias afectadas por estes bombardeamentos foram Hasakah, Raqa, Alepo, Idleb e Deir Ezzor.”

Cada um que tire as suas conclusões. Uma instituição “amiga” viu-se forçada a revelar que uma coligação liderada pelos EUA matou 551 crianças e 398 mulheres em apenas dois anos de guerra. Tenho números mais chocantes, mas estes chegam. Entre os bombardeadores estão países como França ou Reino Unido. Uma “guerra preventiva” não declarada, sem regras, sem ética, sem piedade. Acabou com os cortadores de cabeças do ISIS (Estado Islâmico) instalados no poder em Damasco. Grande vitória de Trump.  Como somos todos vítimas potenciais do terrorismo global, talvez seja hora de exigir dos Estados terroristas do ocidente alargado, o fim das matanças de seres humanos indefesos. 

A Coreia do Norte está em guerra com a Coreia do Sul e os EUA, desde 1959. As batalhas no terreno acabaram nesse ano, mas sem que tenha sido assinado um tratado de paz. Existe uma zona desmilitarizada e todos os anos há jogos de guerra na península.

EUA, Coreia do Sul e Japão fazem anualmente manobras militares para provocarem Pyongyang. A comunidade internacional acha normal que dois países tecnicamente em guerra contra a Coreia do Norte se dediquem a estes jogos bélicos. A ONU nem dá um pio. Os pacifistas de todo o mundo assobiam para o lado. Mas quando os norte-coreanos ensaiam mísseis e bombas nucleares é uma gritaria. 

As manobras militares dos EUA, Coreia do Sul e Japão são a favor da paz. Os testes da Coreia do Norte põem a paz mundial em risco. A comunidade internacional, se preza a paz e o diálogo, não pode ter duas medidas para avaliar o mesmo problema. Todos os implicados nestes jogos perigosos são belicistas. E esperam ansiosamente o dia em que podem recomeçar a guerra que está parada desde 1959. O mesmo se passa no Médio Oriente. Israel tem o direito de se defender. Os outros todos têm o dever de aceitar as suas agressões sem resmungar. Parece que o Irão discorda e está a reagir. Telavive tem zonas que se parecem muito com a Faixa de Gaza. Ruínas e morte.

O Presidente Trump, chefe da Internacional Fascista, é um bagre. Diz que isso das alterações climáticas são tretas. Por isso retirou os EUA do Tratado de Paris Sobre Mudanças do Clima. Um erro propositado. Imaginem se tem a mesma margem de erro quando olhar para os botões das armas nucleares. Furacões, inundações, tornados e outras fúrias da natureza não são nada comparados com o dedo do presidente dos EUA nos botões atómicos. 

Trump foi democraticamente eleito. Hitler também. Em Portugal, o panorama não é diferente. O bom povo português elegeu, sem pestanejar, 60 deputados fascistas que semeiam o ódio. Cometem crime gravíssimos como são o racismo e a xenofobia. Crimes contra a Humanidade. 

Se os fascistas do partido Chega tivessem acesso a botões de armas nucleares já tinham reduzido os democratas a cinzas. Nesse aspecto os nazis de Telavive são mais civilizados. No genocídio da Faixa de Gaza apostam no extermínio de crianças e Mamãs mas sem bombas nucleares, como fizeram os chefes do estado terrorista mais perigoso do mundo (EUA) sobre as cidades de Nagasaki e Hiroxima. Mas Israel tem leis de apartheid, como tinha a África do Sul que os angolanos derrotaram no Triângulo do Tumpo e outras frentes de combate no solo sagrado da Pátria Angolana. Em Telavive mora um regime racista e colonialista (genocida). Tem alcunha de democrático na Casa dos Brancos, em Bruxelas, Paris Londres e Berlim. 

A União Europeia vai mandar para os nazis de Kiev, de agora até 2027, o ano das nossas eleições, 50 mil milhões de euros. Bruxelas investiu 600 milhões de euros no Corredor do Lobito porque “é uma infraestrutura crucial”. Mas a representante da União Europeia em Angola, Rosário Bento Pais, foi clarinha como uma branca de primeira: “Dos 600 milhões de euros destinados ao Corredor do Lobito, apenas 173 milhões serão canalizados diretamente para Angola”. Os colonialistas não têm juízo nem vergonha. Continuam a tratar-nos como se andássemos de galho em galho. E gostamos! 

A esmola venha a nós. E o resto vai para onde? Ninguém manda a senhora meter a esmola pela cloaca acima! Um especialista em números e alta finança fez contas por alto, a meu pedido, e garante que o Governo Angolano já investiu no Corredor do Lobito dois mil milhões de euros! 

A vice-presidente do MPLA, Mara Quiosa, teve ontem um merecido banho de multidão no Bié. Espero que o empregado do povo não lhe faça o mesmo que fez a outros dirigentes do partido que brilham. Quando o povo começou a ser o seu patrão, o empregado com sorte era “faplinha” no Esquadrão de Artilharia em Cabinda. Corria o ano de 1974. Hoje, segundo Manuel Rui, continua tão pobre como nesse tempo. Sempre à rasca para o rancho de cada dia. Mas o patrão entregou-lhe as chaves do cofre! Tem patrão que é bem burro.

A administração da Empresa Edições Novembro até hoje não pagou nem me disse como e quando vai pagar, os salários e subsídios que me deve, há dez anos. Drumond Jaime (ainda presidente do Conselho de Administração da Empresa Edições Novembro), Cândido Bessa, António Samuel Eduardo, Joaquim Pedro Zua Quicuca, Eunice Carla Teixeira Moreno (ainda administradores executivos), Guilhermino Alberto e Victória Quintas (ainda administradores não executivos) fazem figura de caloteiros e ladrões do pão de uma criança, o Nataniel Queiroz. A tutela é conivente com o calote e o roubo. O Titular do Poder Executivo igualmente.

Drumond Jaime, Cândido Bessa, Guilhermino Alberto e Vitória Quintas são jornalistas. Essa condição obriga que em cada fracção de segundo das suas vidas, sejam capazes de viver entre as fronteiras da honra e da dignidade. Não há ordem superior que se sobreponha à honra e à dignidade dos jornalistas.

A condição de caloteiros e ladrões do pão de crianças é incompatível com a profissão de jornalista. Não roubem o pão das crianças do Lar Kuzola. Não roubem o pão da criança Nataniel Queiroz. Não me coloquem, com o vosso calote, na condição de falhar nos deveres de garantir a uma criança, todos os seus direitos, nomeadamente o de comer. Kinga ainda!

* Jornalista

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