quinta-feira, 5 de maio de 2016

Angola. “CANDANDO” DE CÁ À MODA DO “CONTINENTE”…. DE LÁ!



O primeiro hipermercado “Candando”, projecto de retalho da empresária filha do rei de Angola, Isabel dos Santos, que envolve um investimento de 400 milhões de dólares em cinco anos, abre portas no próximo dia 10, em Luanda.

Ogrupo Contidis, que vai operar sob a marca “Candando” (abraço), foi apresentado em Setembro passado em Luanda, por Miguel Osório, ex-quadro superior da Sonae e agora administrador do projecto angolano, depois do fim da parceria de Isabel dos Santos com aquele grupo português do retalho.

Anteriormente tinha sido anunciada uma parceria entre a empresária angolana e o grupo Sonae para a introdução de uma rede de hipermercados em Angola.

Esta primeira loja terá uma área de 10.000 metros quadrados, inserindo-se no Shopping Avenida, em Talatona, nos arredores de Luanda, e cumprindo assim a previsão de abertura no primeiro semestre de 2016.

O grupo Contidis, detido a 100% por Isabel dos Santos, prevê abrir um total de dez lojas ao longo de cinco anos, num investimento de 400 milhões de dólares (348 milhões de euros), conforme anunciou anteriormente Miguel Osório. A meta, disse, passa por transformar esta rede no maior grupo de retalho de Angola.

Sobre os hipermercados “Candando”, o director executivo apontou a estimativa de criarem 750 empregos directos em Luanda.

A logística, com a instalação de uma base própria em Luanda, e o apoio e dinamização de uma rede de produtores nacionais são outros objectivos definidos.

As lojas do grupo serão “ancoradas” na venda dos produtos frescos e assim voltadas para a produção nacional, “aliando a distribuição moderna aos mercados tradicionais de Angola”, enfatizou o responsável.

A crise financeira, económica e cambial que afecta o país, fruto da forte quebra da cotação internacional do petróleo, “não abrandou” o projecto, sublinhou em Setembro Miguel Osório, garantindo que “há mercado” em Angola para a entrada desta nova marca.

Quem dá mais… compra tudo

Tal como o Folha 8 profusamente noticiou, Isabel dos Santos consumou o divórcio com o grupo Sonae. Mau grado ser a accionista maioritária, Isabel dos Santos comportava-se como única dona da empresa, exigindo que este negócio fosse desenvolvido à imagem e semelhança dos ditames do regime. Isto é, ao estilo “quero, posso e mando”.

Como a Sonae, apesar de várias tentativas, não conseguiu digerir as regras peculiares a quem, com a cobertura do seu pai, não olha a meios para atingir os (seus) fins, Isabel dos Santos chamou a si a criação de mais uma empresa exclusivamente sua e assim nasce a cadeia de hipermercados “Candando”.

Para a dirigir foi buscar Miguel Osório que, indiferente às regras éticas de reserva perante a entidade patronal em que trabalhava, a Sonae, abriu o jogo a Isabel dos Santos. A empresária agradeceu. E como nos negócios em geral, e nos com Angola em particular, não há ética nem reserva, ai está mais uma vitória para o clã Eduardo dos Santos.

Em Março de 2015, o presidente executivo da Sonae, Paulo Azevedo, disse nada ter a avançar sobre o projecto de retalho em Angola por aguardar ainda “qualquer confirmação ou desmentido formal” sobre a alegada saída de dois altos quadros para uma sociedade de Isabel dos Santos.

“Sobre Angola temos muito pouco para dizer porque não conseguimos, até agora, obter qualquer confirmação ou desmentido formal e não vamos estar a elaborar cenários sem o nosso parceiro nos dizer se assim é ou não”, afirmou Paulo Azevedo durante a apresentação das contas de 2014 da empresa, que decorreu no Porto.

Em causa estava o alegado mau estar criado na parceria entre a Sonae e a rainha Santa (Isabel dos Santos) para a construção de uma rede de hipermercados Continente no nosso país, na sequência da saída de dois quadros de topo da empresa portuguesa para trabalharem num grupo de retalho angolano daquela empresária.

“Para fazer os próximos passos que estavam combinados é preciso uma resposta. Não vou comentar cenários nem especular sobre o que não sabemos”, acrescentou Paulo Azevedo, escusando-se a avançar mais pormenores.

Já relativamente ao eventual impacto deste episódio na parceria entre a Sonae e Isabel dos Santos em Portugal, onde repartem o controlo da empresa de telecomunicações portuguesa Nos, o administrador executivo da Sonae, Ângelo Paupério, disse não ver “razões” para que esta ”não venha a continuar a funcionar”.

“A Nos é uma empresa cotada que tem todos os seus órgãos a funcionar. Já houve reuniões do Conselho de Administração depois deste problema ter vindo a público e não vejo razões para que, aí, a parceria não venha a continuar a funcionar”, sustentou quando questionado pelos jornalistas.

No dia 25 de Fevereiro de 2015 o jornal português Público noticiou que dois altos quadros da Sonae – Miguel Osório e João Seara – iriam trabalhar numa sociedade de Isabel dos Santos, mas desde então a Sonae vem afirmando não ter qualquer “confirmação ou desmentido formal” sobre o efectivo destino daqueles profissionais.

O diário citava uma nota interna enviada pela Sonae a um círculo restrito de colaboradores do segmento da distribuição a informar que ia encetar “todas as medidas legais possíveis” contra os dois quadros de topo “com acesso a informações internas relevantes”, em particular sobre o projecto de investimento da cadeia de hipermercados Continente em Angola.

Determinando que Miguel Osório e João Seara foram “suspensos ou demitidos”, o grupo português acusa-os de terem tomado “decisões de extrema gravidade e deslealdade” depois de se terem “comprometido a assumir funções noutro projecto em Angola”, num quadro de «ruptura com a Sonae e com os contratos e acordos em vigência”.

Folha 8

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Angola. Atrasos nos salários da função pública são “claro risco” de agitação social



Em Fevereiro, o Ministério das Finanças reconheceu que apenas 73 por cento dos salários foram pagos a tempo.

Os peritos de análise económica da Economist Intelligence Unit (EIU) consideraram hoje que o atraso nos pagamentos dos salários dos funcionários públicos constitui um “claro risco” de agitação social se os atrasos se tornarem norma e não excepção.

“Os atrasos nos pagamentos dos salários não são inéditos em Angola, mas há um claro risco de agitação social se a incapacidade de pagar os salários a tempo se tornar um tema regular”, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.

Na análise enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas da EIU lembram que já em Fevereiro o Ministério das Finanças reconheceu que apenas 73 por cento dos salários foram pagos a tempo.

“A hiper-sensibilidade a quaisquer potenciais ameaças à estabilidade ou à sua hegemonia deve levar o MPLA, através dos serviços de segurança, a aumentar a repressão e as detenções preventivas de activistas e a imposição de pesadas sentenças a críticos mediáticos – como se viu na detenção de 17 jovens activistas em Março”, acrescentam os analistas.

Na nota de análise, que considera que “existe o perigo de aumento dos protestos devido às continuadas dificuldades orçamentais no contexto do petróleo barato”, a EIU diz que o aumento da repressão sobre a contestação social “pode ter um efeito contrário, já que a crescente repressão sobre vozes dissidentes pode agir como um catalisador para mais instabilidade sustentada”.

Enfrentando uma crise orçamental motivada pela descida dos preços do petróleo e consequente quebras das receitas fiscais, que levou à desvalorização do kwanza e à imposição de um conjunto de políticas de austeridade, Angola deverá aprofundar a diversificação das fontes de financiamento.

Para além de ter recorrido ao Fundo Monetário Internacional, o país “vai continuar a procurar consolidar as suas relações com os parceiros estratégicos”, que são os EUA, Portugal e o Brasil, escreve a EIU, considerando que, ainda assim, Angola “deve continuar a dar prioridade ao pagamento da dívida à China para garantir a continuação do crédito”.

A importância desta relação é evidenciada pelo anúncio, em Fevereiro, de que cerca de USD 5,3 mil milhões vão ser usados para financiar 155 projectos de investimento público no país”, lembram os analistas da EIU.

Sobre o Programa de Financiamento Ampliado pedido ao FMI, os peritos da EIU dizem que o reequilíbrio da economia será o objectivo geral e deverá ter “um forte foco nas reformas estruturais”.

As prioridades iniciais do Programa, antecipa a EIU, serão “a restauração dos desequilíbrios macroeconómicos, a construção de reservas financeiras, a redução do défice orçamental não petrolífero e a redução da diferença entre a taxa de câmbio oficial e a paralela”.

A EIU prevê que a economia cresça 1,1 por cento, o valor mais baixo de todas as instituições e organismos internacionais, incluindo a do governo, que antevê um crescimento de 3,3 por cento.

Lusa, em Rede Angola

Angola. “HÁ UM SONHO EM PORTUGAL DE DOMÍNIO NEOCOLONIALISTA” - entrevista



Pereira Dinis – Jornal de Angola

Com obras sobre investigação criminal e violência e experiência laboral sobre a matéria, autor de várias séries televisivas e de romances, tem a sua obra traduzida em várias línguas e dispersa a sua actividade como conferencista e formador por vários países. Encontra-se em Luanda, dirigindo uma acção de formação para Magistrados do Ministério Público.

Jornal de Angola - Como surgiu esta oportunidade para estar entre nós?

Francisco Moita Flores - Não é a primeira vez que aqui estou. Em Outubro do ano passado, fui convidado pelo senhor Procurador-Geral da República para dirigir uma formação destinada a Magistrados do Ministério Público com o objectivo de melhorar a articulação entre a investigação criminal e a instrução dos processos-crime. O senhor Procurador-Geral sentia esta necessidade nos serviços que dirige e, deve dizer-se, que é a dificuldade maior em qualquer país do mundo no que respeita à construção de um processo-crime bem fundamentado para produzir boas acusações e melhores decisões judiciárias. Estive aqui no final do ano passado, numa acção teórica intensiva sobre a importância das ciências forenses ao serviço dos Tribunais e, agora, conclui-se esta primeira formação com acções práticas sobre casos concretos e abordagens metodológicas à investigação/instrução de crimes.

Jornal de Angola - São muitos os Magistrados em formação?

Francisco Moita Flores - Perto de 80 a que, agora, foram somados outros 80 que ainda são auditores, ou seja futuros Procuradores, sendo que com eles vou ter um contacto mais episódico por falta de tempo.

Jornal de Angola - Já pode fazer balanços do trabalho desenvolvido ou ainda é cedo?

Francisco Moita Flores - Devo dizer que o primeiro balanço é uma boa surpresa. Encontrei gente com fome de saber, qualidade fundamental para quem se dedica a esta área da Justiça. Gente abnegada, que trabalha como nunca vi. Só para ter uma ideia  do que lhe digo, basta saber que Portugal, para dez milhões de pessoas, tem cerca de 1.700 Procuradores e, aqui, em Angola, o número ainda não chegou aos 400, com cerca de 26 milhões de habitantes. É necessário um grande espírito de sacrifício, de entrega à causa pública para responder à grande demanda processual. O senhor Procurador-Geral João Maria de Sousa e a sua equipa merecem este reconhecimento público pela enorme batalha que travam pela realização da Justiça.

Jornal de Angola - Justiça angolana que, no seu país, é muito maltratada com críticas constantes ao nosso sistema judicial.

Francisco Moita Flores - Não se pode confundir a árvore com a floresta. Nem a ignorância com formas mais elaboradas de análise. Essas críticas de que fala são filhas de falsos moralismos e de uma grande hipocrisia. Não me revejo nesses discursos demagógicos que escolhem problemas externos para omitir os problemas internos. Dou-lhe um exemplo: Portugal tem neste momento o maior registo de presos da sua história recente. São cerca de 15 mil. Sabe que em Angola são perto de 24 mil detidos, tendo o país mais do dobro da população portuguesa? Temos as cadeias superlotadas. A capacidade é para cerca de 11 mil e estamos nesta situação. Ouviu essas vozes portuguesas críticas da Justiça angolana levantar a voz para defender os direitos humanos dos nossos detidos? Ouviu essas vozes protestar contra a situação dos nossos tribunais, atulhados de processos, alguns deles à espera de decisão há mais de dez anos? Ouviu essas vozes rebelarem-se contra a sistemática violação do segredo de justiça no nosso país? Não. Quando falam da Justiça portuguesa recorrem ao lugar comum, à política o que é da política, à justiça o que é da justiça. Não os leve a sério. Gostam de fazer política “gira”, populista, indiferentes aos graves problemas que assolam o país, nomeadamente a desertificação, a baixa natalidade, a crise endémica em que vivemos há séculos.

Jornal de Angola - E no que respeita a Angola e àquilo que já conhece?

Francisco Moita Flores - Tem as fragilidades próprias de um país com um Estado em construção. Angola tem uma Procuradoria-Geral da República jovem. Teve de ser reconstruída e ainda não tem 40 anos. Tem uma nova Constituição há seis anos. Saiu de uma guerra prolongada há cerca de 14 anos. Não é possível erguer o edifício do Estado da noite para o dia. Formar quadros, identificar problemas, promover redes de administração pública eficazes são desafios para décadas. O Estado republicano português, que herdou as estruturas do antigo Estado liberal, demorou décadas para ter o seu desenho mais completo cinquenta anos depois. Para lhe dar uma ideia do que afirmo, o regime republicano instituiu em 1910, quando tomou o poder, o Registo Civil e a obrigatoriedade do Bilhete de Identidade, documento decisivo para reconhecimento da cidadania e controlo do Estado. Só nos inícios dos anos sessenta do século passado este desafio foi concluído. Tenho,neste processo de formação em que estou engajado, trocado as mais diversas impressões com os formadores e os seus relatos demonstram as melhores práticas judiciárias, a respeito da investigação e instrução de processos sobre crimes, desde o branqueamento de capitais a homicídios. É certo que nalguns casos fazem denotar fragilidades próprias da falta de amadurecimento. De memória profissional, pois ela é determinante na eficácia das instituições. Só osanospoderão consolidaresteexercício judicial, porque nesta área da investigação criminal e instrução não existe limite para o aperfeiçoamento. A título de exemplo, lembro a profunda revolução cibernética que está a transformar os nossos dias. As práticas criminosas tornam-se mais complexas e exigem reacções judiciais mais elaboradas. É um processo dinâmico sempre a precisar de ajustamentos.

Jornal de Angola - O que pensa da violação do segredo de justiça?

Francisco Moita Flores - É crime. Quer em Portugal, quer em Angola. Mas é pior do que um crime. É a constatação de que os funcionários que têm o dever de proteger os direitos de cidadania daqueles que são investigados não têm rigor ético, nem elevação moral para cumprir a Constituição que juraram cumprir.

Jornal de Angola - Que prejuízos concretos pode trazer para o processo a violação do segredo de justiça?

Francisco Moita Flores - Objectivamente, a violação do segredo de justiça pode destruir uma investigação que custou dinheiro dos contribuintes e muito tempo gasto para averiguar se houve ou não determinado crime, permitindo a destruição de prova e, até, a fuga dos investigados, liquidando a hipótese de se fazer Justiça no único palco onde é reconhecida. Num tribunal e na presença de um juiz. Mas existe uma outra dimensão bem mais grave deste justicialismo de franco-atirador. Manchar a honra, o carácter, o prestígio do investigado sem lhe dar hipótese de se defender. É uma violação brutal de direitos humanos que condena na praça pública e não permite a nobreza do Tribunal. Têm sido muitas vidas destruídas graças à intervenção obscena dos violadores do segredo de justiça. Dou um exemplo: Carmona Rodrigues foi presidente da Câmara de Lisboa há cerca de uma década. Houve um caso na autarquia que estava a ser investigado e a coisa saltou para a opinião pública. Foi uma vergonha. Durante dias, semanas, televisões e imprensa instalaram-se na Câmara e o oportunismo político falou mais alto. Carmona Rodrigues acabou por se demitir, embora protestasse a sua inocência que ninguém queria ouvir. Passados anos, foi julgado. Logo no primeiro julgamento o juiz não queria iniciá-lo porque achava a acusação indecorosa e sem fundamento. Acabou por ser absolvido por total ausência de provas. Ninguém deu notícia desta absolvição e a sua vida ficou feita em estilhaços durante bastante tempo.

Jornal de Angola - É visível, em Portugal, que particularmente o Ministério Público viola flagrantemente o segredo de justiça, pois são os jornalistas nas suas publicações que indicam as fontes. Qual é a sua visão sobre isto?

Francisco Moita Flores - Em Portugal a violação do segredo de justiça tornou-se num verdadeiro prostíbulo há muitos anos. Tenho escrito muito contra esta tolerância imoral. Porém, é uma cultura cada vez mais instalada em alguns sectores judiciários, sedentos por julgamentos antecipados à medida dos seus interesses estratégicos.

Jornal de Angola - Sabe-se que em tempos idos, tanto o Ministério Público quanto elementos da Polícia Judiciária portuguesa instauraram processos contra jornalistas por violarem o segredo de justiça. Porquê esta viragem, já que, ao que consta, são os próprios operadores da Justiça que municiam os jornalistas, violando direitos fundamentais das pessoas visadas?

Francisco Moita Flores - Essa é a parte cínica do sistema. Instauram-se processos-crime que acabam invariavelmente no fundo das gavetas. Não conheço um único PGR que não tenha declarado guerra à violação do segredo de justiça. Apenas conheço um único caso julgado e condenado. Já assistimos a buscas filmadas em directo.Nomeadamente a escritórios de advogados. A notificações em directo. Até um deputado foi notificado por um juiz e lá estava uma televisão. Detenções em directo na televisão. Como é possível? Diligências a que só alguns podem ter acesso? No final, não há consequências. Nem penais, nem disciplinares.

Jornal de Angola - Como diferenciar o direito de informar e ser informado e a violação do segredo de justiça?

Francisco Moita Flores - São territórios com fronteiras difusas que, geralmente, vivem em grande tensão. O direito à liberdade de expressão e informação é um bem constitucional. Sou um defensor intransigente destes direitos. A censura mata a alma e sei o que custa. Faço parte de uma geração que foi submetida ao vexame da censura utilizada pela Ditadura. Porém, no que respeita ao direito criminal tem de haver limites, que a própria lei impõe, para que um suspeito ou um arguido tenha os seus direitos e garantias constitucionais protegidos. Claro que os jornais têm todo o direito a investigar casos e divulgá-los com verdade e objectividade, sem penetrar na vida privada das pessoas. Por outro lado, há que admitir que no que respeita à violação do segredo de justiça não é o jornalista o visado. Só pode violar um segredo quem o detém. Portanto, é um problema da Justiça. Em Portugal, temos dezenas ou centenas de pessoas que foram constituídas arguidos há seis, sete, oito anos que viram as suas vidas expostas e achincalhadas e, no final, nem uma acusação e muito menos um julgamento.

Jornal de Angola - O que pensa das relações de amor/ódio entre Portugal e Angola consubstanciadas na constante interferência de políticos e da comunicação social portuguesa na vida pública da República de Angola, particularmente relacionadas com decisões judiciais e políticas?

Francisco Moita Flores - Por aquilo que vejo e oiço no dia a dia, quer em Portugal quer em Angola, a relação é mais de amor do que de ódio. Muitos dos críticos das decisões das autoridades angolanas estão armados de um paternalismo moral, por vezes a rondar a beatice, considerando-se os juízes absolutos do caminho, da verdade e da vida. São deuses com pés de barro e estrábicos. Vivem empanturrados com as suas próprias verdades, muitas vezes sem correspondência com a realidade. Muitos deles sonham com um certo domínio neocolonialista cultural, do género “vá lá, governem-se mas de acordo com a minha norma moral e política”. Na maioria, são ignorantes das realidades que criticam. A maior parte nunca viu um processo-crime, muitos nem conhecem Angola e os seus desafios. Vivem de pontos de vista pré-concebidos pelos seus próprios traumas e desejos. Não vale a pena valorizar. Jamais tirará da cabeça de um ressabiado a ideia pré-formada que tem sobre determinado assunto por mais que lhe tente mostrar o outro lado da verdade. A verdade é que o princípio  da autodeterminação de cada povo, da liberdade de escolher o seu destino, de tomar os seus destinos nas próprias mãos é assunto de cada país. Por outro lado, julgo que as relações de amizade/amor são bem mais importantes. Basta passear pelas ruas de Luanda para perceber a importância da presença portuguesa, através dos painéis de publicidade das empresas que aqui trabalham. São milhares de portugueses que aqui encontraram o pão que a sua terra lhes recusou quando rebentou a crise. São milhares de portugueses que aqui vivem há gerações, constituindo famílias, tendo os seus filhos e educando-os no respeito pelos dois países-irmãos. E bem se sabe a importância de Angola e dos angolanos na economia portuguesa. Foi Angola e Espanha que nos salvaram de maiores dificuldades nos anos da brasa quando a “troyka” esteve em Portugal. Temos história comum, temos afectos comuns, temos marcadores culturais comuns, uma Língua comum. Temos todas as condições para trabalhar em cooperação, na base do respeito recíproco. Há quem não aposte nisto e prefira o conflito, porém, é apenas um problema de cães e de caravanas. A força daquilo que nos une, enquanto povos, é muito maior do que os protestos de meia dúzia de sonhadores de novas formas de domínio.

Jornal de Angola - Como está a criminalidade em Angola?

Francisco Moita Flores - Angola é um país pacífico, com baixa criminalidade, um lugar seguro, sem conflitos regionais, sem terrorismo, sem nenhuma das ameaças que hoje pairam sobre a Europa. A excepção é Luanda. Tornou-se uma grande metrópole com todos os problemas e grandezas das grandes metrópoles. Actualmente, por todo o lado, as grandes concentrações metropolitanas são responsáveis pela maior parte da actividade criminosa. As cinquenta cidades mais violentas do mundo são metrópoles. Quarenta delas são na América latina e, em África, só a cidade do Cabo (África do Sul) integra este triste “ranking”.A Região Metropolitana de Lisboa é o palco de mais de metade da criminalidade de todo o país. Daí que esteja a chegar a hora da política olhar as metrópoles com outros olhar de ver, que não seja entender estes espaços como as tradicionais cidades que herdámos da revolução industrial-

Foto: Mota Ambrósio

Angola. LIVRO DE PEPETELA SOBRE GUERRA E PAZ



Roque Silva – Jornal de Angola

“Se o passado tivesse asas” é o título do livro de Pepetela a ser apresentado hoje, a partir das 18h30, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, no qual propõe uma reflexão sobre os problemas causados pela guerra e a consolidação da paz.

O romance assenta numa narrativa que alterna dois períodos distintos da vida dos angolanos, a começar em 1995, numa situação de guerra, passando para 2012, em que o país alcançou a paz e registou um crescimento económico. O livro descreve personagens, que o autor considera heróis anónimos da guerra passada, mas também sobreviventes das múltiplas contradições que caracterizam a sociedade actual do país.

Pepetela faz uma incursão em temas que recordam um passado tenebroso, ainda muito fresco na memória colectiva, e outros que marcam a actualidade. A narrativa é, por vezes, chocante, algumas vezes cruel, mas profundamente comovente. Os meninos de rua e os órfãos de guerra ganham destaque neste livro de 400 páginas, com a chancela conjunta da Leya e Texto Editores. 

Pepetela assumiu um lugar de destaque na literatura lusófona após receber, em 1997, o Prémio Camões. A sua vasta bibliografia compreende romances, crónicas, fábulas e novelas, entre os quais  se destacam “Mayombe” (Prémio Nacional de Literatura), publicado em 1980, “As Aventuras de Ngunda” (1972), “Muana Pwó” (1978), “O Cão e os Caluandas”, “Yaka” (1985), “ Lueji, o Nascimento de um Império” (1990) e “Geração da Utopia” (1992).


Foto: JAimagens

COMEÇOU A III GUERRA MUNDIAL



Paul Craig Roberts

A Terceira Guerra Mundial já está a ser travada. Quanto tempo demorará até chegar à etapa quente?

Washington está agora a efectuar uma guerra económica e de propaganda contra quatro membros do bloco de cinco países conhecidos como BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O Brasil e a África do Sul estão a ser desestabilizados com escândalos políticos fabricados. Ambos os países estão pejados de políticos e Organizações Não Governamentais (ONGs) financiadas por Washington. Washington cozinha um escândalo, põe os seus agentes políticos em acção exigindo actuação contra o governo e põe suas ONGs nas ruas em protestos.

Washington tentou isto contra a China com o orquestrado "protestos estudantil" de Hong Kong. Washington esperava que os protestos se propagassem dentro da China, mas o esquema fracassou. Washington tentou isto contra a Rússia com os protestos orquestrados contra a reeleição de Putin e fracassou outra vez.

Para desestabilizar a Rússia, Washington precisa um apoio mais firme lá dentro. A fim de obter um apoio mais firme, Washington operou junto a mega bancos de Nova York e junto aos sauditas para deitar abaixo o preço do petróleo, de mais de US$100 por barril para cerca de US$30. Isto pressionou as finanças russas e o rublo. Em resposta às necessidades orçamentais da Rússia, aliados de Washington dentro da Rússia estão a pressionar o presidente Putin a privatizar importantes sectores económicos russos a fim de levantar capital estrangeiro para cobrir o défice orçamental e suportar o rublo. Se Putin ceder, importantes activos russos sairão do controle russo para o controle de Washington.

Na minha opinião, aqueles que estão a pressionar pela privatização são ou traidores ou completamente estúpidos. Seja o que forem, eles são um perigo para a independência russa.

Eric Draitser apresenta alguns pormenores do assalto de Washington à Rússia do ataque de Washington à África do Sul essnews.com/brics-attack-empires-destabilizing-hand-reaches-south-africa/215126/ e do ataque de Washington ao Brasil Quanto ao meu artigo sobre o ataque de Washington à independência latino-americana, verwww.paulcraigroberts.org/...

Como tenho destacado muitas vezes, os neoconservadores tornaram-se insanos pela sua arrogância e orgulho. Na sua busca da hegemonia americana sobre o mundo eles puseram de lado toda a cautela na sua determinação para desestabilizar a Rússia e a China.

Ao implementarem as políticas económicas neoliberais que foram incutidas pelos seus economistas neoliberais treinados na tradição neoliberal ocidental, os governos russo e chinês preparam o caminho para Washington. Ao engolirem a linha do "globalismo", utilizando o US dólar, participarem do sistema de pagamentos ocidental, abrem-se para a desestabilização por entradas e saída de capital estrangeiro, hospedando bancos americanos e permitindo a propriedade estrangeira, os governos russo e chinês tornaram-se maduro para a desestabilização.

Se a Rússia e China não se desligarem do sistema ocidental e exilarem seus economistas neoliberais, eles terão de ir à guerra a fim de defender sua soberania. 


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

Brasil. É GOLPE, SIM!



Roberto Amaral, em seu blog*

A quais razões terá atendido o ministro Celso de Mello quando decidiu ingressar de mala e cuia no grupo dos colegas boquirrotos, pronunciando-se sobre o mérito de matéria que brevemente, sabe ele e sabe todo o mundo, deverá julgar?

Pois o ministro procurou as câmeras de tevê do complexo golpista para, reforçando-o, declarar que o golpe parlamentar, que atinge a presidente Dilma Rousseff na plenitude de seu mandato, não era golpe, e por isso ganhou as manchetes que os jornais careciam para gritar a favor do impeachment sabidamente ilegal, escandalosamente à míngua de fundamentação constitucional: a inexistência, cobrada pelo art. 85 da Constituição Federal, de crime de responsabilidade.

E o ministro sabe disso. Mas o STF é servidor do formalismo (e do poder) com tal convicção religiosa que, aos tempos da ditadura, da qual foi parceiro, não tremia em suas bases jurídicas ao negar sistematicamente habeas corpus a perseguidos políticos, invocando a vigência dos atos institucionais.

De todos os modos, sua declaração deixou ainda mais exposta a participação do STF na conspiração golpista de nossos dias. Diz o decano e alguns colegas de baixa nomeada, antecipando voto em provável demanda no STF, que o golpe foi formalmente legal, o que atestaria a inexistência de golpe. Um sofisma. Ora, a forma não é o conteúdo e o golpe não está na forma, mas na sua essência.

O ministro não explica, porém, porque o STF não julga o mérito da liminar esdrúxula de seu colega Gilmar Mendes, que proíbe a presidente da República de nomear ministros e igualmente não explica porque não julga o pedido de afastamento do presidente da Câmara Federal, o réu Eduardo Cunha, peça essencial do golpe e por isso preservada de julgamento até aqui.

Seu pedido de afastamento da presidência da Câmara, que conspurca, foi apresentado pelo procurador-geral da República no dia 16 de dezembro de 2015 e consta de 183 páginas e nove anexos e seu objetivo, está lá escrito, é “proteger a Lava Jato e a dignidade do Parlamento”.

O correntista suíço, ainda deputado, é acusado, na mesma peça, de “destruir provas, pressionar e intimidar vítimas” razões que têm levado muitos acusados às grades da PF em Curitiba. Mas ele permanece livre e poderoso porque o STF não julga o pedido do procurador.

Estimam observadores que o STF “lavou as mãos para não intervir na domesticidade do Legislativo”. Ora, esperar pela ação da Câmara, controlada pelo réu, é contribuir para a impunidade. Não julgar, é uma forma de julgar. Toda e qualquer demora do STF será registrada pela História como conivência, pois se sabe que há um acordo visando a proteger Cunha: PMDB/PSDB/DEM e penduricalhos têm dívida de gratidão com quem lhes deu o poder negado nas urnas.

O parlamentarismo e o presidencialismo conhecem fórmulas distintas de substituição do chefe do governo. Nos regimes de gabinete há o voto de desconfiança que destitui o primeiro-ministro (e o gabinete) sempre que este se encontre em minoria parlamentar. É ato tipicamente político.

No parlamentarismo, o presidente é geralmente eleito pelo voto popular (França, Portugal, Itália, por exemplo) e cabe-lhe simplesmente as funções de chefe de Estado e em alguns casos o comando da política externa. Nas monarquias parlamentares (Inglaterra, por exemplo), o “rei reina, mas não governa”. As funções de governo e de Chefe de Estado são atribuições do primeiro-ministro, eleito pelo Parlamento, expressão do poder popular.

No presidencialismo há apenas duas formas de mudança do presidente, a clássica, do golpe de estado clássico (com violência ou não) e a constitucional, via impeachment, nas hipóteses previstas pela constituição. Quando esse se processa sem o atendimento à prescrição constitucional, volta-se para a primeira hipótese e para a classificação de golpe de Estado. É o caso atual.

Dilma é vítima de golpe de Estado e é irrelevante a afirmativa de que a figura do impeachment está prevista na Constituição Federal e é igualmente irrelevante o fato de o STF haver disciplinado o rito de seu julgamento nas duas casas do Congresso. O que se discute não é a forma. Mas a inaplicabilidade do remédio extremo na ausência de crime de responsabilidade, nos termos, repito, do art. 85 da Constituição Federal.

A acusação à presidente – na peça vestibular, na Comissão, no Plenário da Câmara, na Comissão do Senado – não conseguiu indicar uma só hipótese de crime de responsabilidade, e não foi por deslize administrativo que ela está sendo punida, mas por haver perdido maioria no Congresso e isso é uma violência inominável no leito do presidencialismo.

Trata-se, pois, de ato político, estritamente político-partidário, aliás revelado à saciedade nos votos esdrúxulos do 17 de abril, um infindável desenrolar de queixas, queixumes e mágoas ao lado de um vazio de acusações objetivas. Eis o golpe e, para essa configuração, é irrelevante se o agente foi o Congresso ou um destacamento militar.

Os parlamentos e os judiciários cumprem o papel que antes era atribuído às Forças Amadas, no caso vertente animados pela coalizão formada pela mídia, o grande capital, os partidos conservadores e o complexo Judiciário-Ministério Público-Polícia Federal.

Foi assim com Manuel Zelaya (Honduras, 2009), cassado pelo Judiciário; com Fernando Lugo (Paraguai, 2012), cassado pelo Congresso. Nada de novo mesmo entre nós. Esse golpismo soft, que os alemães chamam de kalter Putsch (golpe frio) é conhecido de nossa história política, desde o Império.

Registra-se o contragolpe de Lott no 11 de novembro de 1955, quando o Congresso Nacional, em uma assentada, declarou o presidente (Café Filho) e o vice-presidente (Carlos Luz) incapazes de exercer a presidência da República, depondo-os. Golpe que posteriormente seria sancionado pelo STF.

Foi nosso Congresso que, sem vícios formais, implantou o parlamentarismo em 1961, um efetivo golpe contra os poderes de João Goulart, eleito para um mandato presidencialista. Foi o presidente do Congresso Nacional, Auro de Moura Andrade, que declarou vaga a presidência da República, quando o presidente João Goulart estava em território nacional, e assim e por isso deu posse na presidência ao deputado Ranieri Mazzili, presidente da Câmara dos Deputados.

Era a forma de dar passagem legal ao golpe militar de 1964. Esse mesmo Congresso pouco depois elegeria o primeiro ditador, o general Castello Branco, e a seguir todos os generais-presidentes-ditadores previamente eleitos pelo generalato para a chancela de um Congresso de cócoras, mas funcionando, porque de seu funcionamento precisava a ditadura para dizer que formalmente vivíamos num Estado formalmente constitucional!

As instituições sempre a serviço do príncipe do momento.

O fruto do golpe contra Dilma será um governo sem respaldo na soberania popular, mácula incurável. Um governo derivado de um esbulho; carente, de toda e qualquer sorte de legitimidade, à míngua de qualquer respaldo ético, pois arquitetado na traição e operado por um deputado-réu, senhor de baraço e cutelo de um colegiado sobre o qual pesam acusações as mais graves.

O fruto desse golpe será um governo unilateralmente pró-mercado, pró-negócios, chefiado por um político menor, sem respaldo popular. Seu “vice”, objeto de inumeráveis inquéritos no STF responde a processo no Conselho de Ética da Câmara.

A História terminou?

Independentemente do desfecho imediato da crise política, permanecerá intocada a fratura exposta da crise de legitimidade que corrói os poderes da República, e ameaça a democracia representativa, qual a praticamos, reclamando a reorganização política do País. O Estado de hoje não mais atende às necessidades de nosso desenvolvimento e da complexidade que caracteriza a mudança social em andamento.

A crise política é o anúncio de um fim de ciclo e indica, no horizonte, o novo ciclo que se está costurando nos escaninhos insondáveis do processo histórico. Aos movimentos sociais cabe preparar-se para uma longa e dura jornada de lutas em defesa dos direitos trabalhistas e sociais e da soberania nacional. Afinal, o que está em jogo é o Brasil das próximas décadas.

* Em Carta Maior - Créditos da foto: Reprodução

Eduardo Cunha. Supremo Tribunal Federal afasta presidente da câmara dos deputados do Brasil



O juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki determinou o afastamento do presidente da câmara dos deputados do Brasil, Eduardo Cunha, do seu cargo de deputado federal, divulgou hoje a imprensa brasileira.

De acordo com o portal de notícias G1, a decisão do juiz do STF é uma liminar provisória.

Assim, Eduardo Cunha também fica afastado do seu cargo de presidente da câmara dos deputados.

Teori Zavascki aceitou a providência cautelar pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O procurador-geral argumentou que o presidente da câmara dos deputados estava a atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato -- que investiga um esquema de branqueamento de capitais, fraude e evasão fiscal, num processo que envolve também a empresa estatal Petrobras, empresários e políticos -, na qual o deputado é réu numa ação e investigado em várias outras.

CSR // APN - Lusa

NOVOS TEMPOS PARA O CONDOR



 Martinho Júnior, Luanda

– O desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez significou um ponto de viragem e de partida para a retomada duma ofensiva generalizada à escala global por parte dos que sustentam a hegemonia unipolar.

Enquanto em vida ele havia-se tornado num símbolo de luta em benefício de toda a humanidade, pelo que se havia tornado numa afronta e num obstáculo a eliminar, até por que a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do globo e por isso continua a ser um alvo privilegiado para os interesses e as conveniências da aristocracia financeira mundial…

A jornalista Eva Golinger que foi assessora do Comandante Hugo Chavez durante dez anos, é das pessoas que mais informação tem vindo a recolher sobre a possibilidade de ele ter sido assassinado.

Diz ela em conclusão duma entrevista recente que concedeu à revista “Counterpunch” sobre esse assunto:

…”Su inesperada muerte ha tenido un trágico impacto en Venezuela. Lamentablemente, el país está pasando por tiempos extremadamente difíciles. Una combinación de  corrupción interna y sabotaje externo por fuerzas de oposición (con apoyo extranjero), junto con la fuerte caída de los precios del petróleo, han paralizado la economía. Agencias de Estados Unidos y sus aliados en Venezuela han aprovechado la oportunidad para desestabilizar aún más y destruir todos los restos que quedan de chavismo. Ahora están tratando de arruinar y borrar el legado de Chávez, pero creo que esto es una tarea imposible”…
  
– O carácter do exercício da hegemonia unipolar formulado e trabalhado desde 1992 não foi fruto do acaso.

Desde os tempos do colapso do Bloco Socialista do Leste da Europa, do Pacto de Varsóvia e da URSS, que a globalização sob os auspícios da hegemonia unipolar recorreu às filosofias que tornavam possível o domínio de 1% sobre o resto da humanidade, produzidas em Escolas integrantes de Universidades como a de Chicago, ou de Harvard, elas mesmas fundadas pelas elites globais…

Desde a doutrina económica neoliberal de acordo com Milton Friedman, ao caos conforme Leo Strauss, ao “golpe suave” como recomenda Gene Sharp e aos relacionamentos internacionais formulados pelo neoliberal Joseph S. Nye Jr., o manancial de filosofias e doutrinas tem sido enriquecido em reforço dum poder cada vez mais despótico, alienante e avassalador.

A combinação das doutrinas de recurso, proporciona ementas variáveis, com estratégias adequadas às conjunturas no terreno, elas próprias de geometria varável, que determinam onde, como e quando se devem empregar as doses de “hard power” e de “soft power” ou seus termos de persuasão e guerra psicológica, mantendo como manancial subjacente a disseminação do caos por via do jihadismo salafista financiado pelas alianças com as monarquias arábicas e a Turquia.

Os planos de acção conjugam-se no âmbito do exercício da hegemonia unipolar e concorrem para o reforço do carácter do seu exercício.

– A influência de Joseph S. Nye nos relacionamentos internacionais segundo o ponto de vista neoliberal é relevante.

Segundo ele (em “Soft Power: the meaning to success in World politics”):

“Coined by Nye in the late 1980s, the term "soft power" -- the ability of a country to persuade others to do what it wants without force or coercion -- is now widely invoked in foreign policy debates. This short book reintroduces the idea and argues for its relevance in forming post-September 11 U.S. foreign policy.

Nye argues that successful states need both hard and soft power -- the ability to coerce others as well as the ability to shape their long-term attitudes and preferences.

The United States can dominate others, but it has also excelled in projecting soft power, with the help of its companies, foundations, universities, churches, and other institutions of civil society; U.S. culture, ideals, and values have been extraordinarily important in helping Washington attract partners and supporters.

Nye acknowledges the limits of soft power: it tends to have diffuse effects on the outside world and is not easily wielded to achieve specific outcomes. Indeed, societies often embrace American values and culture but resist U.S. foreign policies. But overall, Nye's message is that U.S. security hinges as much on winning hearts and minds as it does on winning wars.”

Nas relações internacionais para Joseph S. Nye Jr há três tabuleiros de xadrez a níveis distintos que por vezes são utilizados sincronizadamente sobre um mesmo alvo:

No de primeiro nível joga-se o “hard power” em termos de capacidade militar;

No de segundo nível joga-se o inter-relacionamento económico que inclui as tendências multipolares;

No de terceiro nível, “o poder torna-se volátil e caoticamente organizado entre actores estatais e não estatais”.

– O reinventado Condor enquadra-se pois nesse jogo, pelo que visto segundo o prisma de Joseph S. Nye Jr. o poder da hegemonia unipolar mantém-se determinante.

Essa é uma das razões que me leva a fundamentar do desenrolar da IIIª Guerra Mundial em curso, pois à escala planetária é possível descortinar onde se concentra a força militar da hegemonia, o “hard power”, onde se exerce o “soft power” (com que instrumentos e por que vias) e onde os relacionamentos caóticos se têm vindo a disseminar.

O xadrez de primeiro nível com recurso ao “hard power” está a ser jogado na Europa por via da NATO e contra a Rússia (do Báltico ao Mar Negro sobretudo), assim como no Mar da China Meridional contra a República Popular da China.

O xadrez de segundo nível com abrangência económica, financeira e sócio-política, distende-se por todos os continentes, possibilitando na América Latina o surgimento do novo Condor, que também se vai aplicando a África.

O xadrez de terceiro nível abrange vastas regiões do Médio Oriente e África, com extensões a outros continentes (Europa e América), depois do 11 de Setembro de 2001 com o derrube das torres gémeas de Nova York…
  
– A observação crítica às evidências da aplicação neoliberal segundo Joseph S. Nye Jr nos relacionamentos internacionais, estão a conduzir outras correntes à conclusão de que a IIIª Guerra Mundial está em curso.

Eu próprio tinha chegado a essa conclusão tendo em conta apenas a disseminação do caos terrorista, que se estende a quatro continentes à excepção da Oceânia.

Outros analistas, inclusive de correntes conservadoras, sustentam e reforçam contudo que a IIIª Guerra Mundial é já uma evidência, tendo em conta o uso combinado do “hard power” e do “soft power” à escala global, por parte da hegemonia unipolar, tendo como subjacente“ultra-periférica” a expansão do caos.

Os BRICS estão debaixo de ataque com recurso a “hard power” (Rússia e China como alvos), como a “soft power” (Brasil e África do Sul como alvos), mantendo-se a Índia  atraída à “cenoura” persuasiva de molde a procurar incrementar tensões internas aos BRICS.

Por tabela a baixa de preços de petróleo, obedecendo a uma estratégia conjunta entre Washington e Ryad, possibilita a utilização de “soft power” sobre os produtores, qualquer que seja o seu nível, dentro ou for a da OPEP e permitindo desencadear outras medidas de carácter económico, financeiro e sócio-político sobre os alvos, como Venezuela na América Latina, ou a Nigéria e Angola em África…

Fotos: 
Milton Fredman.
Leo Strauss
Joseph D. Nye Jr.

Consultas diversas:
- “Las claves del asesinato de Hugo Chávez” – https://actualidad.rt.com/opinion/eva_golinger/205421-claves-asesinato-hugo-chavez 
- Para compreender o neoliberalismo além dos clichets – http://outraspalavras.net/capa/para-compreender-o-neoliberalismo-alem-dos-cliches/ 
- Noble lies and perpetual war: Leo Strauss, the neo-cons, and Iraq – http://www.informationclearinghouse.info/article5010.htm 
- Depois de 42 anos, Andy Marshall deixa o Pentágono – http://www.voltairenet.org/article186560.html 
- Sátira política – manual para el golpe blando – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=211568 
- “Soft Power: the meaning to success in World politics” – https://www.foreignaffairs.com/reviews/capsule-review/2004-05-01/soft-power-means-success-world-politics 
- “Soft power by Joseph S. Nye Jr” – http://www.futurecasts.com/book%20review%206-4.htm 
- A NATO e o caos planeado no mundo – http://resistir.info/europa/caos_planeado_11set14.html 
- BRICS Under Attack: Western Banks, Governments Launch Full-Spectrum Assault On Russia (Part I) –http://www.mintpressnews.com/brics-attack-western-banks-governments-launch-full-spectrum-assault-russia-part/215761/ 
- BRICS Under Attack: The Empire’s Destabilizing Hand Reaches Into South Africa – http://www.mintpressnews.com/brics-attack-empires-destabilizing-hand-reaches-south-africa/215126/    
- BRICS Under Attack: The Empire Strikes Back In Brazil – http://www.mintpressnews.com/brics-attack-empire-strikes-back-brazil/214943/

RAZÃO NEOLIBERAL, DISSOLUÇÃO DA DEMOCRACIA E ALTERNATIVAS



Texto de Tatina Roque em Outras Palavras. Aparentemente parece ser só uma abordagem ao que está acontecendo no Brasil, mas só aparentemente. 

Vários são os processos do chamado neoliberalismo (é o fascismo ainda em forma aparentemente branda) para se sobrepor e ganhar o mundo em modo homogéneo. E avança em velocidade de cruzeiro. Por isso, o que está descrito enquanto Brasil e seus acontecimentos, deverá ser interpretado como o mundo, outros países, cada um com o seu figurino adaptado pelo tal neoliberalismo, ou fascismo e sua antecâmara. 

A alternativa do neoliberalismo é exatamente o fascismo global sob a capa de falsa democracia. É o que vimos por todo o mundo, foi o que vimos em Portugal na vigência da presidência de Cavaco Silva, Passos Coelho e Paulo Portas. Exemplo a não esquecer e a não repetir. Resistir é a solução. Desarmar estes novos “hitlers” é a tarefa primordial. (MM / PG)

Razão neoliberal, dissolução da democracia e alternativas

Hoje, evitar o impeachment. Mas em seguida, inventar lógicas que recuperem a política como projeto coletivo, resgatem a esfera pública e reabilitem a potência da ação coletiva

Tatiana Roque

Defender a democracia. Esse é o mote que tem reunido ações de diferentes correntes político-partidárias. Há um sentimento de que há algo em risco, algo bem maior que o governo. Mas parece exagero pensar, por outro lado, que uma ditadura nos espreita, nem mesmo um projeto coordenado de usar meios autoritários que ameacem a liberdade do cidadão comum. A percepção de que a democracia está fragilizada é real, mas, ao invés de representar um retorno ao passado, pode ser explicada por uma compreensão aguda da atual fase do capitalismo neoliberal. Lembremos que, no pedido de impeachment, o suposto crime de responsabilidade seria um desrespeito à austeridade fiscal. Ou seja, se julgado procedente, representará uma criminalização da política econômica.

O neoliberalismo está muito além, contudo, de uma orientação da economia. Trata-se de uma racionalidade política que envolve um tipo preciso de organização social, um modelo de Estado e mecanismos eficazes de produção de subjetividade. Práticas de governança, nos termos de Foucault, que se traduzem como uma razão política normativa que abarca muitos campos para além daqueles ligados ao mercado.

Entendido desse modo, o neoliberalismo implica uma desativação de diversos princípios que regem a democracia liberal. Só para dar alguns exemplos de fenômenos em curso:

- suspensão da separação entre esfera pública e esfera privada;

- tratamento de opções políticas como ofertas concorrentes que o cidadão-consumidor deve escolher;

- conformação da ação pública aos critérios da produtividade e da rentabilidade;

- exacerbação dos poderes de polícia, que deixa de estar submetida a qualquer controle;

- desvalorização simbólica da lei, considerada mais tática do que princípio, com consequente fragilização do sistema jurídico;

- confusão entre as esferas política e econômica;

- centralidade dos temas da gestão para a avaliação da boa governança.

A democracia liberal, diante desse quadro, segue operando como esfera política ideal, mas perde sua face normativa. Wendy Brown1 chega a denominar des-democratização a desativação atual de fundamentos como: igualdade, universalidade, laicidade, autonomia política, liberdades civis, cidadania, regras ditadas pela lei e imprensa livre. Pierre Dardot e Christian Laval2 ressaltam que o neoliberalismo é distinto do liberalismo clássico justamente pela função proeminente do Estado que deve, ao mesmo tempo, construir o mercado e se construir segundo as normas do mercado. As leis do mercado deixam de ser concebidas, portanto, como leis naturais e cabe ao Estado garantir o bom funcionamento da concorrência. Seu papel é deslocado, assim, da esfera da justiça e das garantias ao cidadão para a esfera da gestão, cuja função é gerar um ambiente propício para a ação das empresas. A partir dessa lógica, podemos entender que seja mais importante respeitar a meta fiscal do que garantir o pagamento dos programas sociais, ou o financiamento da universidade pública. A lei adquire um papel tático que pode ser flexibilizado em prol da performance: uma legalidade de resultados.

Essas mudanças impõem-se gradativamente em um ambiente social degradado, em um mundo no qual a participação política é percebida como inócua: só nos resta cuidar de nossas vidas, pois a ação coletiva não tem consequência e não dá retorno algum. O indivíduo deve ser empresário de si, ficando responsável pela sua sorte, pelo investimento em si mesmo, como um capital que deve render frutos, mantendo-se produtivo e empregável. Além disso, a racionalidade liberal responsabiliza o indivíduo pela solução de problemas tipicamente sociais, como educação e saúde. Como consequência, os direitos do cidadão seguem cada vez uma lógica de direitos do consumidor.

Compreende-se, assim, o esvaziamento da política: o desinteresse do cidadão pela esfera pública, a desvalorização do bem público e da ordem jurídica. No momento em que vivemos, a dissolução da democracia corresponde ao esgotamento desses pressupostos. Mais do que o risco de qualquer regime autoritário, estamos diante de uma indiferenciação dos regimes políticos: não importam os partidos, não importam os governos, as práticas de gestão e as políticas de austeridade serão as mesmas.

Diante da dificuldade desse quadro, a esquerda se vê frequentemente na posição desconfortável de defender um regime em declínio. Defender a democracia liberal é o que temos para hoje, mas depois de amanhã precisaremos de diagnósticos mais eficazes. O desafio é inventar racionalidades políticas à altura do que o neoliberalismo tem de inédito e, sobretudo, do que tem de operacional em todas as esferas da existência.
1 Wendy Brown, “American Nightmare: Neoliberalism, Neoconservatism, and De-Democratization”. Political Theory, Vol. 34, No. 6, 2006, pp. 690-714.

2 Christian Laval e Pierre Dardot, A nova razão do mundo: Ensaios sobre a sociedade neoliberal. Boitempo Editorial, Coleção Estado de Sítio, 2016.

KRUGMAN TEM DE IR MAIS FUNDO



Bom dia. O Expresso Curto, por Pedro Santos Guerreiro, traz Paul Krugman e o “desastre completo” que diz não ser exatamente isso mas sim muito mau. Qual quê? Foi (é) a tempestade perfeita arquitetada por 1% dos mais ricos a nível global a fim de roubarem os outros 99%.

Isto, "a crise", foi e é uma guerra contra a humanidade; mas nisso a ONU não interfere, só em guerrinhas aqui e ali se o patrão EUA permitir – mesmo assim tem de lhe convir. Se acaso não existissem políticos suínos a nível global, que não defendem os interesses das populações que deviam representar, as grandes potências que põem e dispõem na ONU não teriam a primazia de decidir por todos e contra os interesses de 99% da população mundial. Mas não. O chiqueiro na ONU é a gamela principal onde arquitetam como tornar este mundo pior querendo dar a aparência de que combatem exatamente o contrário e torná-lo melhor. Uma ova. Os offshores, por exemplo, é caso mais que justificável para ser abordado na ONU e acabar com eles… Qual quê!

Krugman vem responsabilizar a União Europeia e a austeridade que impôs. Sim, tiveram e têm muita responsabilidade a nível da Europa, mas isso só por agirem de acordo com os interesses dos tais 1% que detêm as riquezas produzidas a nível mundial. A guerra tem de ser virada contra esses e não contra as populações manipuladas pelos governos dos países onde políticos chafurdam também nos chiqueiros da ganância e se conluiam nos roubos às populações. Eleitos ou não eleitos, em regimes ditatorias, esses subvertem a democracia, a justiça, as liberdades, os direitos e oferecem impunidades aos que cometem os crimes económicos e financeiros contra a humanidade. 

Este caos é mais profundo que aquilo que querem demonstrar e parece que não há quem se disponha a combatê-lo. Nem ao menos denunciar e organizar uma frente de combate a esses tais 1% que põem e dispõem, nem às franjas desses tais 1%. Impera a ganância, impera o ao menos ficar com algumas migalhas que são distribuídas aos políticos suínos dos países que levam os seus povos e países à submissão. 

A responsabilidade disso na União Europeia é enorme mas esta realidade e guerra económica-financeira é global e a ONU devia tomar a sua posição e agir em defesa de todos que neste planeta estão a ser roubados, inclusive nas suas vidas. Krugman tem de ir muito mais fundo e olhar para os EUA como o principal mentor e criminoso global, o verdadeiro Império do Mal que nos domina.

Tenham um bom dia. Se conseguirem. (MM / PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Pedro Santos Guerreiro – Expresso

“Não é um desastre completo, é só muito mau”

Paul Krugman is in the house, veio a Portugal e deu entrevistas em que, em coerência com posições anteriores, criticou a política europeia de austeridade e pediu margem para o nosso país. O que aconteceu em Portugal “não é um desastre completo, é só muito mau”, diz em entrevista ao Negócios e à Renascença.

"O debate sobre os resultados da austeridade acabou. A austeridade esmagou o crescimento económico. As provas são hoje claras”, diz. “Foi como se estivessem a bater com o martelo na cabeça das pessoas”, afirmara já ontem o economista.

Bom, mas “Portugal não tem muito espaço orçamental”, pelo que “não pode ter um programa de estímulo orçamental”, mas o espaço que há é para usar. “É preciso dar a este governo a oportunidade para ver se consegue melhorar um bocadinho a situação, dentro das regras”, afirma Krugman em entrevista à SIC.

Repetindo otimismos de ministros da Economia passados, Caldeira Cabral diz, citado pelo no Negócios, que "já se notam sinais de retoma". No Diário de Notícias, João César das Neves atira-se ao ar: “Portugal estagnou. Investimento e poupança em mínimos históricos, banca em momentos aflitivos, crescimento anémico. Em certas dimensões estamos pior do que em 2008 ou 2011. O mais espantoso é como dirigentes e analistas parecem ignorar o desastre em progresso”

mesmo jornal titula que “só os ricos é que poupam”, a partir de dados do Banco de Portugal. Os portugueses poupam cada vez menos mas 80% da poupança é gerada pelos 20% de famílias com rendimentos mais elevados.

OUTRAS NOTÍCIAS

Marcelo afirma-se “filho devotado” de Moçambique, sua “segunda pátria”, onde está em visita oficial. Ontem, apoiou o governo de Filipe Nyusi, no conflito que o opõem à Renamo, condenando “inequivocamente” a violência política. “Boas-vindas De Sousa, nós estamos bem de saúde”, cantaram-lhe (o que não é exatamente verdade, nota o Filipe Santos Costa). Doadores internacionais suspenderam as ajudas ao país para “esclarecimento de situações".

Pedro Nuno Santos serenou na RTP 3 a reação à moção de estratégia em que o Bloco de Esquerda pede uma "nova estratégia para o país", dizendo que se o governo não mudar a sua a maioria parlamentar pode estar em risco. "O Governo está tranquilo”, disse o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares”.

Não há qualquer processo para afastar Carlos Costa, repetiu o secretário de Estado do Tesouro, mas Ricardo Mourinho Félix mantém: "houve falha grave" na transmissão de informação pelo governador do Banco de Portugal sobre a questão de liquidez do Banif .

A abertura da ADSE aos cônjuges dos funcionários públicos só será decidida quando arrancar o novo modelo da ADSE, noticia o Negócios. A decisão será dos beneficiários.

Em Inglaterra é a meio da semana: as eleições locais e regionais decorrem hoje, num dia em que o homem-sensação poderá ser o trabalhista Sadiq Khan. “Vai Londres eleger o seu primeiro presidente da Câmara muçulmano?”, questiona a Atlantic. Estas eleições são o primeiro grande teste para a liderança de Jeremy Corbyn, como nota o New York Times. Há muito em jogo, até porque não é uma eleição, são muitas: cargos municipais, para a polícia, na Escócia, no País de Gales… a BBC explica em detalhe aqui. Mas, sobretudo, porque depois de cortes nos serviços públicos e nos subsídios, e com a luta política pelo referendo do Brexit, estas eleições são vistas como um teste para o Labour poder ou não derrotar os “tories” nas eleições gerais. A acompanhar com atenção. Muita.

Declarado o estado de emergência em Alberta, no Canadá. Um incêndio de proporções gigantescas obrigou à evacuação de mais de 80 mil residentes de Fort McMurray, onde 1600 edifícios foram destruídos, conta o The Guardian.

A venda de carnes processadas diminuiu 30% em Portugal nos últimos seis meses, ou seja, desde que a OMS as incluiu na categoria de substâncias cancerígenas, revela o Jornal de Notícias.

Os adeptos do Benfica fizeram uma fila de centenas de metros para comprar bilhetes para o último jogo do campeonato de futebol, que lideram a duas jornadas do fim (reportagem da SIC). Se vencer os jogos que lhe faltam, contra o Marítimo e o Nacional, o Benfica não só será campeão como alcançará 12 vitórias consecutivas na Liga, com que Rui Vitória superará a melhor série da vigência de Jesus na Luz, explica A Bola. Já o Sporting está a quatro golos de fazer história: desde 73/74 (quando Yazalde marcava que se fartava) que o clube não ultrapassa a barreira dos 105 numa época. As contas são do Record, que hoje publica também uma reportagem sobre treinadores no desemprego.

Morreu Paulo Paraty, vítima de doença cancerígena. O ex-árbitro tinha 53 anos. “Apanhaste-me desprevenido. Apanhaste-nos a todos”, escreve Duarte Gomes, num testemunho emocionado. “Somos assim. Tão humanamente estúpidos. Tão estupidamente humanos.”

A Champions League vai para Madrid. Ou para o Atlético ou para o Real. O clube de Ronaldo ganhou ao Manchester City e está na final da Liga dos Campeões, em que vai defrontar o Atlético de Madrid, repetindo o jogo de 2014, de Lisboa. “Tu sabes que um jogo é mau quando acaba 1-0 e o golo foi um autogolo”,escreve o Pedro Candeias, sobre o encontro de ontem.

As notas de 500 euros têm os dias contados, deixarão de ser produzidas a partir de 2018. Porque facilitam atividades ilícitas. Ou seja, pagamentos não declarados.

Burocracia e lentidão na justiça? Sim, na Índia. Há mais de 27 milhões de processos judiciais pendentes nos tribunais,relata o The Guardian.

Dilma Rousseff vai "continuar a lutar para voltar ao governo se o pedido de destituição for aceite", afirma ementrevista à BBC. "Sim, eu acredito, de facto, que sou uma vítima.”

“Os ingleses levaram o nosso filho”. É a capa da Visão de hoje, sobre casais portugueses que tentam recuperar os filhos retirados pela segurança social britânica: 47 crianças em 16 meses. Pode ver aqui o vídeo.

Os salários reais estagnaram em 2015, explica o Negócios. Mesmo se o salário mínimo aumentou e a Função Pública viu parte dos cortes devolvidos.

O assessor mais bem pago do governo ganha quase 7000 euros, relata a Visão, numa análise ao pessoal dos gabinetes ministeriais.

Em quatro meses, o Governo de António Costa nomeou 273 dirigentes em regime de substituição, mecanismo que permite preencher temporariamente cargos públicos que estejam vagos, conta o Público.

revista Sábado faz 12 anos.

O alojamento para turistas está a fazer disparar as rendas,avisa a associação dos mediadores imobiliários APEMIP, no Negócios.

As esplanadas de Lisboa vão passar a fechar à meia-noite,anunciou a Câmara (na SIC). A regra terá exceções. Pelo o direito ao descanso. Os empresários da restauração estão contra.

É agora que esmagamos o Daesh?, pergunta e responde o Hugo Franco no 2:59 de hoje.

Quatro depoimentos recolhidos pelo Observador mostram a rutura de abastecimento de comida, eletricidade, água ou remédios naVenezuela, “o país onde é mais difícil encontrar açúcar do que ouro”.

Harvard e MIT são as universidades mais prestigiadas do mundo. Das cem instituições da lista da Times Higher Education, 47 são americanas, 10 inglesas, 18 são asiáticas. Portugal não está na lista.

Quer saber como apagar Malware (“software” malicioso) do seu computador? A Exame Informática explica.

FRASES

“A União Bancária é um aborto”. João Salgueiro, na RTP, citado pelo Observador.

"Acredito que para Frankfurt seja mais simples e dê mais segurança ver os bancos portugueses num contexto ibérico - parece haver vontade de passar o centro estratégico de decisão de Lisboa para Madrid", Carlos Silva, presidente do Millennium Atlântico, no DN.

“Se o país não crescer, ou se crescer o mesmo do que em 2015 mas com mais despesa pública (…), onde está essa espetacular mudança de estratégia económica e política que António Costa trazia consigo?” João Miguel Tavares, no Público.

“Chamaram-me vigarista e talibã. Recuso-me descer a este nível”,José Rodrigues dos Santos, sobre as críticas vindas do PS à sua explicação da subida da dívida pública. No i.

O QUE EU ANDO A LER

"Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo", diz a deusa Juno a Jupiter, seu marido, na Eneida, poema épico de Virgílio. Numa tradução não literal, a frase significa: "Se não posso dobrar o Céu, então moverei o Inferno."

Falhando convencer Júpiter a deixar Eneias casar com Dido, Juno convoca o uma espécie de monstro do submundo, que desperta uma fúria sexual e de agressão militar entre o exército dos companheiros de Eneias.

A frase é também conhecida como um marco fundador da Psicanálise, por ser citada a abrir o livro "A Interpretação dos Sonhos", de Freud.

Usarei esta frase também num texto que será publicado amanhã no Expresso Diário. É que amanhã o Expresso Diário completa dois anos, com edições de segunda a sexta às 18 horas e com coletânea de melhores textos ao sábado.

Enquanto fechamos essa edição de amanhã, e a de sábado do semanário, continue com o Expresso no site e hoje às 18.

Tenha um dia bom.

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