sexta-feira, 31 de outubro de 2025

ESTE É O FIM DO PÁGINA GLOBAL (THE END).

Tudo tem um fim e é isso exatamente que aqui anunciamos: O FIM DO PÁGINA GLOBAL!

Aos que connosco colaboraram na sustentação do PG e aos que nos visitaram durante anos como fieis companheiros(as) deixamos os agradecimentos merecidíssimos. Foi uma jornada por todo o mundo e por imensos continentes dos que colaboraram e dos que nos visitaram fielmente e que também nos deram força com as suas presenças e com as suas missivas e partilhas de textos e informações.

UM GRANDE ATÉ PARA SEMPRE A TODOS VÓS. UM GRANDE MUITO OBRIGADO E AS NOSSAS DESCULPAS POR ESTE 'THE END', MAS O QUE TEM DE ACONTECER TEM MUITA FORÇA E É INADIAVEL. A FALTA DE SAÚDE E MAIS ALÉM ASSIM OBRIGA INEXORAVELMENTE...

AVANTE| A VIDA É LUTA POR HUMANIDADE E JUSTIÇA!

Redação PG

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Portugal | Debate parlamentar. Como vai ser a nossa vida com o OE2026

Há um facto inédito no documento para o próximo ano, o Orçamento do Estado (OE) deixa de fora as medidas e os gastos nas áreas da Segurança Social, Saúde, Educação e Fiscalidade. Uma exigência do PS para se abster na votação na generalidade e assim permitir a aprovação do OE na generalidade.

Cristina Santos - RTP

O descongelamento das propinas que o Governo pretendia ter feito no ano passado é uma das medidas previstas na proposta de OE.

Quanto às pensões, o ministro das Finanças afasta um aumento permanente como defende o PS, mas acena com novas descidas de IRS até 2029, à razão de 500 milhões de euros ao ano.

Está prevista a atualização dos escalões do IRS em 3,51 por cento, como também a redução das taxas em 0,3 pontos percentuais entre o 2.º e o 5.º escalões, tal como acordado com o Chega.

Contas vão mexer com os bolsos dos contribuintes

A poupança de IRS para 2026, em comparação com este ano, começa nos 37 euros por ano e pode chegar a quase 900, dependendo dos rendimentos.

Num agregado familiar com dois contribuintes e dois filhos, se o valor total mensal for de 2300 euros a poupança será de 75 euros no fim do ano.

Se os salários dos dois chegarem aos cinco mil euros, a poupança pode chegar a 485 euros.

No caso de um contribuinte solteiro, sem filhos, com um salário de 1150 euros vai poupar 37 euros em IRS, no próximo ano.

Um valor que sobe para 82 euros num vencimento de 1500 euros, e aumenta para 243 euros por ano, se o salário for de 2500 euros.

Também o montante até ao qual se isenta pagamento de IRS é atualizado para 12.880 euros, o que corresponde a um salário mensal de 920 euros, a proposta para o valor do salário mínimo.

(Mais) Exemplos:

IRS 2026 - Solteiro, sem dependentes

Salário      poupança anual
1150€        37€
1500€        82€
2500€        243€

Fonte: Deloitte

IRS 2026 - Casados, dois titulares, dois dependentes

Salário      poupança anual
2300€         75€
3000€         163€
5000€         485€

Fonte: Deloitte

As previsões do Governo

O Governo prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça dois por cento este ano e 2,3 por cento em 2026 e pretende alcançar excedentes de 0,3 por cento do PIB em 2025 e de 0,1 por cento em 2026.

Na quinta-feira, 23 de outubro, o Conselho das Finanças Públicas (CFP) questionou a sustentabilidade e concretização do excedente de 0,1 por cento previsto no OE2026.

O CFP alerta que esse excedente tem por base medidas pontuais e receitas de caráter extraordinário.

Quanto ao rácio da dívida, estima a redução para 90,2 por cento do PIB em 2025 e 87,8 por cento em 2026.

O calendário para aprovar o OE 2026

O debate na generalidade começa esta segunda-feira, a partir das 15h00 e prossegue amanhã, terça-feira, com rondas de pedidos de esclarecimento dos partidos e termina com a votação na generalidade.

A aprovação do Orçamento do Estado para 2026 na generalidade está garantida com os votos a favor de PSD e CDS e as anunciadas abstenções do PS e do PAN. O PCP e Bloco de Esquerda vão votar contra.

Chega, Livre e Iniciativa Liberal ainda não anunciaram o sentido de voto.

Depois de votado na generalidade, arranca na quarta-feira a apreciação na especialidade, na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), com audições de todos os ministros e também de algumas instituições e organismos como o Tribunal de Contas, o Conselho Económico e Social e o CFP.

A votação final global está marcada para dia 27 de novembro.

Depois de votado na generalidade, arranca na quarta-feira a apreciação na especialidade, na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

A votação final global está marcada para dia 27 ou 28 de novembro.

Portugal | A política do governo Montenegro é dar aos ricos o que tira aos pobres

Milhões de benefícios aos muito mais ricos e, às vezes, migalhas para os mais pobres, cada vez mais pobres. Cortes e tragédias na saúde, na habitação, na educação, no funcionalismo público dos serviços reduzidos e tantas vezes inoperantes. Aumento da carestia de vida, inflação sistemática e em crescendo (que se lixem as estatísticas afastadas da realidade dos que são constantemente assediados pelas desigualdades), de trabalho indigno, de salário indigno, de autêntica miséria e esclavagismo, etc. etc. ...

Vendo bem Montenegro é um dos muito ricos e defende denodadamente, descaradamente, a sua classe social e política. Tem telhados de vidro que tardam em se quebrarem - como nas trafulhices Spinumviva e o mais que possa ser imaginado pelos plebeus, pelos explorados e oprimidos da atualidade e do costume...

Por muito menos já se justificaria uma greve geral de protesto em Portugal.

Porque não?!


Redação PG

Eleições do Benfica. Rui Costa vence primeira volta e vai de novo a votos com Noronha Lopes

Segunda volta entre os dois mais votados será no dia 8 de novembro.

Rui Costa venceu a primeira volta das eleições do Benfica com 42.13% dos votos, o que significa que não houve maioria absoluta e que terá de haver uma segunda volta, com João Noronha Lopes, o segundo candidato mais votado, com 30,26%.

Luís Filipe Vieira (13,86%), anterior presidente, João Diogo Manteigas (11,48%), Martim Mayer (2,10%) e Cristóvão Carvalho (0,18%) eram os restantes candidatos à liderança, naquele que foi o ato eleitoral mais concorrido da história do emblema lisboeta, com 85.422 votantes (correspondentes a um total de 1.767.676 votos), mais do dobro dos 40.085 do anterior, em 2021, em que Rui Costa derrotou Francisco Benitez.

Rui Costa reage à vitória e aponta à segunda volta: "Só quero mostrar quem sou e o que quero fazer"

Rui Costa reuniu 42,23 % dos votos e mostrou-se "muito orgulhoso por ser benfiquista”, referiu, antes de deixar uma primeira “farpa” a João Noronha Lopes, com quem irá disputar a segunda volta das eleições do Benfica. “Com tantos candidatos era quase inevitável haver uma segunda volta. Não posso estar mais orgulhoso com esta votação, pela mobilização de todas as pessoas que foram votar. Ouvi dizer agora que 58% não acredita em mim mas também posso dizer que há 70% que não acredita no outro lado [Noronha Lopes]", disse o candidato da Lista G, a mais votada nestas eleições.

A segunda volta é no dia 8 de novembro, mas além da campanha, Rui Costa diz que terá de "privilegiar o facto de ser presidente" e o Benfica estar "numa parte importante do campeonato e da Liga dos Campeões".

Sobre os possíveis apoios, disse que conta com o apoio de todos os benfiquistas: "Não estou a contar com os outros candidatos. Só quero mostrar quem sou e o que quero fazer."

Sofia Fonseca, Isaura Almeida | Diário de Notícias

Ler completo em Diário de Notícias 

Portugal - Benfica | VOLTA TRIUNFAL


Henrique Monteiro | HenriCartoon

VENCE QUEM TEM PULMÃO

50 anos da tragédia de Balibó: o sacrifício moldou jornalismo de coragem e serviço ao povo

50 anos - TIMOR-LESTE, OS MASSACRES INDONÉSIOS

Antónia Martins | Diligente

Os seis jornalistas — os Balibó 5 e Roger East — morreram à procura da verdade: por que foi invadido Timor-Leste e o que aconteceu aos cinco repórteres desaparecidos? Meio século depois, continuam por responder as perguntas que moveram a sua coragem.

No dia 16 de outubro, assinalaram-se os 50 anos da tragédia de Balibó e os três anos desde que a data foi instituída como Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.

Os cinco jornalistas conhecidos como Balibó 5 — Greg Shackleton, repórter australiano; Tony Stewart, técnico de som australiano; Gary Cunningham, cameraman neozelandês; Malcolm Rennie, repórter britânico; e Brian Peters, cameraman britânico — viajaram até Timor-Leste para testemunhar em primeira mão o que estava a acontecer no país. Foram massacrados.

Cerca de dois meses depois, o também jornalista australiano Roger East veio investigar o paradeiro dos cinco colegas e as circunstâncias das suas mortes. Na altura, a informação era confusa: primeiro dizia-se que os jornalistas tinham desaparecido, depois que tinham sido mortos.

“Em vez de confiar nas palavras das autoridades, vieram cá diretamente para saber o que realmente aconteceu”, afirmou o provedor dos Direitos Humanos e Justiça, Virgílio Guterres. Para ele, os jornalistas deram voz às perguntas do povo: “Por que é que a Indonésia nos invadiu?”, “Por que é que a Austrália não nos apoiou?”, “Por que é que Portugal não nos ajudou?”. Essas eram as perguntas da resistência.

“Greg Shackleton sabia que o governo australiano não iria enviar tropas para apoiar Timor-Leste. Por isso, pediu que a causa do país fosse levada às Nações Unidas. Mas isso nunca aconteceu — a Austrália acabou por ser o primeiro país a reconhecer a integração de Timor-Leste na Indonésia”, sublinhou.

Os profissionais mostraram o verdadeiro valor do jornalismo: cobrir a realidade com coragem — e pagaram com a vida o preço dessa coragem.

Para Virgílio Guterres, os jornalistas internacionais fizeram as perguntas certas no tempo do conflito. Agora, diz, é preciso fazer as perguntas certas na era do desenvolvimento. “Por que é que ainda não há água suficiente para as populações? Por que é que faltam cadeiras nas escolas? Por que é que não há professores suficientes? Por que é que o hospital de referência de Maliana, que recebe pacientes de outros municípios, tem apenas uma ambulância, enquanto os líderes têm cinco ou seis carros?”

As vozes de Balibó: a esperança e os desafios do jornalismo local

Os Balibó 5 continuam a ser uma fonte de inspiração para os jornalistas que lutam por uma boa causa.

Matthew Carney, jornalista sénior da Corporação Australiana de Radiodifusão – Desenvolvimento Internacional (ABC-ID), afirmou que, desde cedo, se inspirou nestes repórteres que “fizeram o sacrifício máximo, lutando por uma causa justa contra algo que estava errado”.

Tinha apenas 10 anos quando ouviu a reportagem de Greg Shackleton, que ainda hoje ecoa na sua memória. “Eles tomaram uma posição, com coragem e convicção. Merecem a nossa lembrança hoje e todos os dias no futuro.”

Com os cinco jornalistas no coração, Carney superou o medo e a incerteza ao fazer coberturas em zonas de conflito na Ásia, Papua, Sri Lanka, Mianmar, Coreia do Norte, Médio Oriente, Iraque, Líbia, Irão, Síria, Gaza e África.

O jornalista australiano apelou aos profissionais de comunicação para que continuem a ser testemunhas do seu tempo e contem as histórias “de forma precisa, factual e rigorosa”. “A imparcialidade da vítima é um símbolo simples e poderoso da luta por um jornalismo que confronte a autoridade com precisão e enfrente as ameaças. O que está em jogo é a verdade e a responsabilidade”.

Balibó, o lugar onde morreram os cinco jornalistas — e que meses depois levaria também à morte de Roger East, em Díli —, é hoje considerado a cidade da Liberdade. Antes, era apenas uma vila sem nome, como recordava Greg Shackleton. Hoje, representa a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa.

Nas cerimónias comemorativas, Celina da Silva Cruz, de 54 anos, abriu novamente as portas da sua casa, situada perto do campo onde se realizam as celebrações. Todos os anos, recebe jornalistas que visitam Balibó para prestar homenagem.

Para esta veterana, os jornalistas são “muito importantes”, mas lamenta a falta de cobertura mediática no dia a dia da sua aldeia. “Quando vieram os jornalistas nos dias da tragédia de Balibó, ficámos contentes porque vieram fazer a cobertura. E este ano até nos convidaram para os eventos”, contou.

A sua esperança é simples e direta: que os jornalistas continuem a dar voz à falta de acesso à água na sua comunidade e em todo o município. Apesar de já ter dado várias entrevistas sobre o problema, a situação mantém-se inalterada. Ainda assim, Celina não desiste de falar e de confiar na força do jornalismo.

Os jornalistas que participaram no evento disseram-se inspirados pelos Balibó 5 e comprometeram-se a melhorar o seu trabalho na procura da verdade e na divulgação de informação.

Madalena Reis Silva, de 24 anos, trabalha há três anos na TVE e afirmou ter aprendido “a importância da coragem” na recolha de informação em contextos difíceis. Já David da Costa Gusmão, de 30 anos, destacou que os cinco jornalistas “sacrificaram as suas vidas pela verdade” — uma verdade que, diz, “não está morta”. Quer aprender mais sobre os Balibó 5 para poder investigar com rigor temas sociais como abuso sexual e abuso de poder.

Os jornalistas timorenses reconheceram que o trabalho da imprensa local ainda se baseia sobretudo nos programas do Governo. “Precisamos de mudar essa mentalidade para sermos independentes e usarmos as informações para investigar”, defendeu Madalena Silva. David Gusmão acrescentou um apelo: “Os jornalistas devem capacitar-se e tornar-se profissionais de qualidade.”

Entre os principais desafios, apontam a falta de fontes dispostas a falar, a ausência de autorização para filmar e a escassez de transporte para chegar às zonas remotas.

Mesmo assim, Cândido Alves, jornalista da RTTL desde 2004, afirma que a paixão pelo jornalismo investigativo supera todos os obstáculos. Antes de entrar na televisão pública, trabalhou na Suara Timur Timur e recorda que foi ao ver uma reportagem de Gregory Shackleton que nasceu o seu amor pelo jornalismo de investigação. “O princípio que aprendi com ele é simples: dizer a verdade”, afirmou.

Cândido contou que chegou a deslocar-se ao suco de Fatuk Makerek, em Laclubar, uma área sem estrada, onde encontrou uma idosa a viver sozinha, sem filhos, sem apoio e com o marido já falecido. “Escrevi a história daquela viúva, mas ninguém lhe deu atenção. Então falei com o chefe do suco, que me fez uma carta a indicar-me como representante da família da avó Marciana.”

Com essa carta, Cândido escreveu à Provedoria dos Direitos Humanos e Justiça, ao Ministério da Solidariedade Social e Inclusão e ao Banco Nacional de Comércio de Timor-Leste, questionando porque é que a senhora não recebia o apoio a que tinha direito. “Por fim, ela conseguiu aceder ao seu direito como beneficiária da terceira idade”, contou, emocionado.

Liberdade de Imprensa em Timor-Leste: entre avanços, desafios e a urgência de recuperar o espírito crítico

A liberdade de imprensa em Timor-Leste tem sido historicamente uma das mais elevadas da região asiática, mas desceu exponencialmente em 2025, do 20º para 39º lugar no Índice Mundial da Liberdade de Imprensa.

Para Francisco Belo, ex-conselheiro do Conselho de Imprensa, a situação não melhorou em relação ao passado. O antigo jornalista considera que muitos profissionais perderam o sentido crítico e investigativo. “Muitos não fazem investigações sobre temas que o público merece conhecer. O foco está nos dramas políticos, em vez de nas dificuldades que o povo enfrenta”, criticou, referindo-se à falta de água, às mortes nos hospitais, à escassez de medicamentos e às estradas sem condições, entre outros problemas.

Segundo Francisco Belo, as investigações atuais não são verdadeiramente aprofundadas, e há uma tendência para seguir temas virais em detrimento de dar voz a quem mais precisa. “Já passaram mais de 20 anos. Mais de 20 anos como jornalistas. Mais de 20 anos a criar os media. Mas, em mais de 20 anos, também demos as costas a quem sofre”, lamentou.

A qualidade jornalística, sublinhou, está diretamente ligada à liberdade de imprensa. Uma fonte anónima reforçou essa ideia, referindo que as limitações nem sempre vêm de fora, mas também das próprias redações. “Quando um jornalista sugere um tema de interesse público, muitas vezes ele não é aceite por diversas razões, o que limita a liberdade de informar o povo”, observou.

Para Constâncio Vieira, da Associação de Jornalistas de Timor-Leste (AJTL), a qualidade do jornalismo depende dos próprios profissionais, que devem produzir reportagens com rigor e respeito pelo código de ética. “Temos de escrever sobre as preocupações do povo, não sobre a viagem do Presidente da República”, exemplificou o jornalista da RTTL.

A AJTL tem vindo a reforçar a formação dos jornalistas, oferecendo cursos especializados nas áreas da saúde, mudanças climáticas, agricultura e empoderamento dos jovens criativos.

Por ocasião do cinquentenário da tragédia de Balibó, a ABC-ID assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com o Conselho de Imprensa para promover formações conjuntas e preparar formadores timorenses para futuras capacitações na área.

Acácio Pinto, também da AJTL, chamou a atenção para as pressões e ameaças enfrentadas pelos donos dos media, que podem perder apoios quando os seus jornalistas publicam reportagens críticas.

O jornalista da Lafaek News lamentou ainda que, nas cerimónias do cinquentenário da morte dos Balibó 5, não tenha sido dado espaço aos jornalistas locais para partilharem as suas dificuldades. “Em vez de se dar palco aos profissionais da imprensa, destacaram-se apenas os líderes para falarem aos jornalistas”, criticou.

Perante as críticas, o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tenente-General Domingos Raul “Falur Rate Laek”, comprometeu-se a defender a liberdade de imprensa como valor fundamental de um país independente.

Na sessão de reflexão — em que participaram apenas o Tenente-General e o provedor dos Direitos Humanos e Justiça —, Falur destacou reconhecimento e responsabilidade como palavras-chave para o jornalismo timorense.

“Os jornalistas timorenses são herdeiros do legado dos Balibó 5 e de Roger East — da missão de procurar e partilhar a verdade, e de promover a justiça através da informação”, afirmou. “Que os jornalistas internacionais sejam exemplos que nos inspirem a criar um Timor-Leste onde a verdade vença a mentira, a justiça vença a impunidade e a liberdade vença a opressão”, acrescentou.

O Tenente-General apelou ainda para que os profissionais não se deixem intimidar pelo poder, não cedam ao sensacionalismo e honrem o sacrifício daqueles que deram a vida pela verdade.

As suas palavras foram, contudo, confrontadas pelo jornalista Cândido Alves, que aproveitou a oportunidade para o questionar durante a sessão. Cândido recordou que o próprio chefe militar já havia feito comentários depreciativos sobre jornalistas, chamando-lhes “pretos” e “baixinhos”, entre outros termos.

Perante a acusação, Falur Rate Laek justificou que se tratou de “uma brincadeira” com o diretor do SMNews, Mariano da Costa, a quem considerou “um bom amigo”, e defendeu-se como “uma pessoa aberta a críticas”.

O provedor dos Direitos Humanos e Justiça encerrou a reflexão reafirmando a importância da liberdade de imprensa para a democracia. “Como disse Kofi Annan: Não podemos falar de democracia se não respeitarmos a liberdade de expressão. Não podemos sonhar com uma sociedade democrática se não respeitarmos a liberdade de imprensa. A liberdade de expressão é o coração da democracia; a liberdade de imprensa, o seu pulmão.”

Cinco décadas depois, a justiça pelos Balibó 5 continua por cumprir

Ao recordar a tragédia dos Balibó 5, é impossível não falar da ausência de justiça para os jornalistas internacionais que perderam a vida naquele momento trágico.

A Associação de Jornalistas de Timor-Leste (AJTL) manifestou a sua solidariedade às famílias das vítimas, reiterando o pedido de justiça para os profissionais assassinados em 1975. Sublinhou ainda que a morte dos jornalistas internacionais — cuja coragem e trabalho contribuíram para a luta pela independência de Timor-Leste — continua a ser uma ferida aberta.

“Mesmo depois de 50 anos, os responsáveis pelos assassinatos nunca foram presos, nomeadamente os militares indonésios envolvidos”, refere o comunicado da AJTL.

A organização apelou ainda aos governos da Austrália e de Timor-Leste para que, através da via diplomática, insistam na responsabilização pelos crimes. “A independência de Timor-Leste ainda não é completa enquanto as famílias enlutadas não virem feita justiça”, defendeu a AJTL.

Fernando de Carvalho, residente em Balibó, recorda o dia em que tudo aconteceu. Na altura, fugiu, como tantos outros cidadãos, para as montanhas e para a Indonésia. O seu irmão, que trabalhava então para as forças indonésias, tornou-se testemunha direta do massacre.

Quando regressou a Balibó, Fernando ouviu do irmão o relato que nunca esqueceu. “Os jornalistas foram alvejados e os corpos queimados numa casa de um comerciante chinês, do outro lado da rua da Casa da Austrália, conhecida como Flag House, onde eles tinham pintado a bandeira australiana na esperança de proteção.” Fernando diz ainda recordar os nomes de alguns dos homens que o irmão acreditava serem os responsáveis.

Do outro lado do mundo, Evan Shackleton, filho de Greg Shackleton, continua à espera de justiça. O australiano lamenta a inação do seu próprio governo e o silêncio dos responsáveis. “Sinto tristeza por ver o meu país não fazer nada. Depois de tantos anos, o mínimo seria um pedido de desculpa aos familiares do meu pai e dos outros jornalistas assassinados”, afirmou.

Cinco décadas depois, as perguntas que moveram os Balibó 5 continuam em aberto — e a busca pela verdade permanece viva nas novas gerações de jornalistas que veem, no seu sacrifício, o símbolo maior da coragem e da integridade jornalística.

Enquanto a justiça tarda, a memória mantém-se como um compromisso coletivo: o de não deixar que o silêncio apague as vozes que morreram por contar a verdade. Meio século depois, a memória dos Balibó 5 e de Roger East continua a lembrar-nos que o jornalismo não é apenas profissão — é coragem, é serviço e é memória.

Ler/Ver em Diligente:

Agressão a jornalistas e denúncias de assédio sexual abalam a Universidade de Díli -- Lourdes do Rêgo

Três dias de protestos estudantis em Díli: vitória histórica, violência policial e ameaças à democracia -- Rilijanto Viana

Situação da mulher no sistema capitalista: Análise crítica sobre a filosofia social -- Nelia Prisca (Editor: Akau Xicava)

Timor-Leste torna-se o 11.º membro da ASEAN após década e meia de espera

“Hoje, faz-se história”, disse Xanana Gusmão

Timor-Leste é oficialmente o 11.º Estado-Membro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), marcando um momento histórico para a nação mais jovem do Sudeste Asiático. A decisão foi formalizada durante a 47.ª Cimeira da ASEAN, que decorre em Kuala Lumpur, na Malásia, 14 anos depois de o país ter apresentado o seu pedido de adesão.

“Hoje, faz-se história. Timor-Leste foi admitido como o 11.º Estado-Membro da ASEAN. Para o povo de Timor-Leste, isto representa não apenas a realização de um sonho, mas uma afirmação da nossa caminhada, marcada pela resiliência, determinação e esperança”, declarou o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, na cerimónia, ladeado pelo Presidente da República, José Ramos-Horta, e pelo secretário-geral da ASEAN, Kao Kim Hourn.

Xanana sublinhou que o processo foi “longo e intencional”, refletindo anos de diplomacia e preparação institucional. “Juntamo-nos à ASEAN com humildade e orgulho, comprometidos com os valores fundamentais da organização: respeito mútuo, cooperação pacífica, unidade na diversidade e solidariedade regional”, afirmou, acrescentando que a adesão é “uma afiliação natural, enraizada na nossa cultura, geografia e visão estratégica”.

A integração representa uma oportunidade para fortalecer a economia timorense, atualmente avaliada em cerca de 2 mil milhões de dólares, muito inferior ao PIB conjunto da ASEAN, que ascende a 3,8 biliões. Entre as áreas prioritárias, o Governo destaca o comércio, investimento, educação e economia digital. 

Novas oportunidades

“Estamos prontos para aprender, inovar e promover a boa governação, fortalecendo as nossas instituições rumo ao desenvolvimento sustentável”, afirmou o primeiro-ministro. Entre as áreas prioritárias, Xanana destacou o comércio, o investimento, a educação e a economia digital, defendendo que Timor-Leste está pronto para fortalecer as suas instituições e promover a boa governação. “Este novo começo traz imensas oportunidades. Estamos prontos para aprender, inovar e crescer juntos”, frisou

Para Ramos-Horta, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 1996, a entrada na ASEAN concretiza uma visão nascida nos anos 1970, ainda durante a administração portuguesa e que persistiu ao longo da ocupação indonésia. A independência plena só foi alcançada em 2002, com Xanana Gusmão e Ramos-Horta como figuras centrais da luta nacional.

A ASEAN, criada em 1967, passa agora a reunir 11 países - Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Singapura, Tailândia, Vietname e, agora, Timor-Leste - e cerca de 680 milhões de habitantes, sendo uma das regiões de maior relevância económica e geopolítica do mundo. Com esta adesão, Timor-Leste deverá reforçar a sua presença diplomática e ampliar as suas parcerias externas no Sudeste Asiático.

Xanana concluiu com um compromisso de futuro: “A adesão não é o fim de uma jornada, mas o início de um novo e inspirador capítulo. Timor-Leste será um participante ativo na construção de uma ASEAN pacífica, próspera e centrada nas pessoas.”

Expresso | Lusa

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domingo, 26 de outubro de 2025

Nazismo, o grande capital e a classe trabalhadora: Experiência histórica e lições políticas

WSWS.org

Em 16 de outubro de 2025, o World Socialist Web Site (WSWS) organizou um webinário para examinar a relação histórica entre o nazismo, o grande capital e a classe trabalhadora — uma discussão com urgente relevância contemporânea. 

A discussão foi moderada por David North, presidente do Conselho Editorial Internacional do WSWS e do Partido Socialista pela Igualdade nos Estados Unidos. Ele foi acompanhado por três historiadores ilustres: David Abraham, professor emérito de direito da Universidade de Miami e autor de The Collapse of the Weimar Republic: Political Economy and Crisis [O Colapso da República de Weimar: Economia Política e Crise]; Jacques Pauwels, historiador canadense e autor de Big Business and Hitler [O Grande Capital e Hitler, em tradução livre]; e Mario Kessler, pesquisador sênior do Centro de História Contemporânea em Potsdam, na Alemanha, cujos estudos se concentram no Partido Comunista Alemão e nos movimentos operários europeus.

O webinário começou com North relatando a campanha acadêmica cruel que destruiu a carreira de Abraham como historiador na década de 1980. Depois de publicar sua análise marxista de como os conflitos dentro do capitalismo alemão facilitaram a ascensão de Hitler, Abraham enfrentou ataques dos historiadores conservadores Gerald Feldman e Henry Ashby Turner, que o acusaram de fraude. Abraham explicou que o ataque decorreu de “ animosidade ideológica, ressentimento pessoal e ignorância intelectual”.

Na discussão, Jacques Pauwels atacou a alegação de que a ascensão de Hitler foi acidental ou não estava relacionada aos interesses capitalistas. “A chamada tomada do poder por Hitler foi apenas uma transferência ou rendição do poder”, afirmou. “Sem o apoio financeiro e outros tipos de apoio da indústria e das finanças, ou seja, do grande capital, do resto da elite do poder alemã, Hitler nunca teria conseguido chegado ao poder”. Pauwels descreveu o fascismo como “o bastão do capitalismo, que não deve ser usado em todas as ocasiões, mas que certamente está sempre pronto atrás da porta”.

Mario Kessler abordou a mobilização da classe média por Hitler, ao mesmo tempo em que impedia sua radicalização de esquerda em direção ao socialismo. Ele observou que o Partido Nazista “nunca conseguiu avançar de forma consistente na classe trabalhadora” e “nunca alcançou a maioria absoluta dos votos” em nenhuma eleição de Weimar. A função de Hitler era “reunir os votos dos desempregados, o ressentimento de todos aqueles que se consideravam perdedores do que era chamado de sistema”. Kessler enfatizou que “antes que Hitler e os fascistas alemães pudessem aniquilar os judeus, eles precisavam destruir o movimento operário alemão e europeu”.

Pauwels desmontou o mito de que Hitler melhorou as condições de vida dos trabalhadores, documentando como “os salários reais dos trabalhadores alemães caíram drasticamente sob o regime nazista, enquanto os lucros corporativos dispararam”. Ele revelou que os acidentes de trabalho e as doenças aumentaram de 930.000 casos em 1933 para 2,2 milhões em 1939, chamando a política nazista de “uma política de altos lucros e baixos salários”. O primeiro campo de concentração em Dachau foi criado não principalmente para judeus, mas porque “as prisões comuns estavam cheias de presos políticos, em sua maioria socialdemocratas e comunistas”.

A discussão então se voltou para paralelos contemporâneos. North traçou conexões explícitas entre o colapso de Weimar e a trajetória atual dos Estados Unidos sob o governo fascista de Trump, observando que o aumento do preço do ouro de US$ 35 por onça em 1971 para mais de US$ 4.000 hoje é uma “indicação objetiva de uma crise real do sistema econômico americano”. Abraham descreveu a aliança emergente entre “velhos direitistas da indústria de combustíveis fósseis” e “anarco-libertários” do Vale do Silício, observando que Peter Thiel recentemente deu palestras invocando Carl Schmitt, o teórico jurídico nazista, enquanto identificava trabalhadores, esquerdistas, minorias e ambientalistas como um “bloqueio” à civilização, que Abraham descreveu como “uma espécie de novos judeu-bolcheviques”.

North colocou uma questão crítica: “As condições objetivas criam a possibilidade de uma orientação revolucionária? O fascismo é inevitável?” Ele argumentou que as mesmas contradições que impulsionam a reação também criam potencial revolucionário, citando como a Primeira Guerra Mundial produziu tanto a catástrofe quanto a Revolução de Outubro.

Christoph Vandreier, presidente do Sozialistische Gleichheitspartei (Partido Socialista pela Igualdade) na Alemanha, abordou a reabilitação de Hitler e dos nazistas na academia alemã. Ele descreveu como o historiador Jörg Baberowski declarou na revista Der Spiegel que “Hitler não era cruel” e “não era um psicopata”, alegando que o Holocausto “não era essencialmente diferente dos fuzilamentos durante a guerra civil na Rússia”. Vandreier observou que “Baberowski foi apoiado por quase toda a academia na Alemanha” e que tais posições “fazem parte da corrente dominante” hoje, coincidindo com o programa de rearmamento de trilhões de euros da Alemanha.

Os historiadores concordaram que a luta contra a falsificação histórica é inseparável da luta política. Pauwels enfatizou que “a história é subversiva” e que “os poderes constituídos não querem realmente que saibamos como chegamos a esta situação”. Abraham observou um modesto renascimento dos estudos de economia política após décadas em que “a direita conquistou Washington e a esquerda conquistou o departamento de inglês”.

North concluiu enfatizando a persistência das mesmas contradições fundamentais: “Não estamos falando apenas do passado, mas discutindo realmente o presente. As mesmas questões, as mesmas forças sociais estão presentes hoje”. Ele previu uma “virada explosiva da classe trabalhadora e dos setores mais avançados da juventude e dos trabalhadores em direção ao marxismo, que é o único quadro teórico pelo qual se pode compreender a realidade objetiva e, com base nisso, construir um movimento

Ler/Ver em WSWS:

A conspiração fascista de Trump e como combatê-la: Uma estratégia socialista

Uma entrevista com David North sobre o fascismo, Trump e as lições da história

O que é fascismo?

O Chanceler Merz planeia estabelecer a "República dos Tanques da Alemanha"

Johannes Stern | Strategic Culture Foundation, em OPERA | # Traduzido em português do Brasil | Artigo original: wsws

Numa entrevista detalhada ao  Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung  no passado fim de semana, o chanceler alemão Friedrich Merz (Democratas-Cristãos, CDU) delineou o programa de guerra e a política de grandes potências da classe dominante. Segundo Merz, a Alemanha precisa de construir "o exército convencional mais forte da Europa", superar as metas da NATO e preparar-se para um período em que "a lei do mais forte" voltará a vigorar. A era de uma "ordem baseada em regras e no direito internacional" acabou, disse, acrescentando que o que importa agora é a "força".

Estas declarações não são mais do que uma declaração aberta de guerra e de rearmamento irrestrito. Merz apelou à Alemanha para que volte a ser a potência militar dominante no continente — se necessário, independentemente de Washington. Embora tenha sublinhado que deseja manter a aliança nuclear com os EUA, que concede à Alemanha a capacidade de participar conjuntamente com os EUA no lançamento de armas nucleares, explicou que, devido às crescentes tensões transatlânticas, uma aliança europeia conjunta com a França em armas nucleares também poderá ser necessária no futuro.

Ao mesmo tempo, não descartou explicitamente o armamento nuclear da Alemanha caso a cooperação nuclear com a França não se concretizasse. Limitou-se a afirmar que ainda não é o momento propício para tal discussão e salientou que pelo menos dois tratados — o Tratado Dois Mais Quatro e o Tratado de Não Proliferação Nuclear — "impedem" de facto este caminho. Quando pressionado pelo  FAZ  de que "o maior país da União Europeia não poderá evitar uma discussão honesta sobre esta questão em algum momento", respondeu: "O momento não é propício para isso. A minha preocupação agora é a defesa convencional."

Esta declaração é um aviso: o governo federal está inicialmente a modernizar massivamente as suas armas convencionais e, quando chegar a altura "certa", não se esquivará ao armamento nuclear. Comentários provocatórios a pedir uma "bomba alemã" aparecem repetidamente nos grandes meios de comunicação. Em Agosto, o  Handelsblatt  observou num artigo intitulado "Estranho... precisamos de aprender a amar a bomba?": "A tecnologia não é o problema. A decisão a favor ou contra uma força nuclear europeia e, em última análise, alemã é uma questão política."

sábado, 25 de outubro de 2025

ESTAMOS TRAMADOS

– A histeria sobre a ameaça russa à Europa permite à burocracia europeia destinar mais fundos à defesa e, em última análise, desenvolver uma narrativa que pode conduzir a um ponto sem retorno.

Major-General Carlos Branco [*]

São imensos os casos na história de operações de falsa bandeira para justificar guerras. Ficaram célebres o afundamento do Maine (1898), o incêndio do Reichstag (1933), o incêndio da baía de Tonquim (1964), o bombardeamento do Mercado de Sarajevo (1995), o dito massacre de Račak (1999), entre outros. Eric Frattini escreveu em 2017 um livro sobre o tema com o título Manipulação da Verdade. Com estas operações procura-se culpar o adversário de algo inaceitável e ter assim um pretexto para o atacar preparando, simultaneamente, a opinião pública para apoiar a guerra. É, portanto, uma prática antiquíssima e frequente. Quando posteriormente se prova a falsidade dos factos é tarde, porque os efeitos pretendidos já foram atingidos. É impossível reverter a história.

O clima de insegurança que se vive na Europa provocado pelos alegados drones russos tem contornos que se assemelham aos de operações de falsa bandeira. Fazia sentido tentar confrontar diplomaticamente os russos com provas, o que infelizmente não tem acontecido. No seguimento dos 19 drones (19 setembro) que entraram e caíram ou foram abatidos em território polaco, Moscovo disponibilizou-se para falar com Varsóvia sobre essas ocorrências, mas as autoridades polacas recusaram fazê-lo, sem explicarem o motivo da recusa. O mesmo se aplica às aeronaves russas que terão violado o espaço aéreo da Estónia. As provas são exíguas ou mesmo inexistentes.

Num outro acontecimento, a Polónia prendeu um provocador responsável pelo lançamento de um drone sobre edifícios governamentais, que por coincidência era ucraniano. Entretanto, prosseguiram as “violações do espaço aéreo” em várias capitais europeias provocadas por drones. Os aeroportos em Copenhague, Oslo e Munique foram fechados ao tráfego aéreo durante várias horas. A Noruega, Dinamarca, Suécia e Alemanha relataram a entrada de “drones não identificados” no seu espaço aéreo. Apesar do frenesim acusatório apontar para a Rússia, a Noruega acabou por prender três alemães por lançarem um drone numa área restrita perto do aeroporto.

A Roménia suspendeu temporariamente as operações no Aeroporto de Bucareste por causa de um drone civil próximo da pista (13 setembro). Posteriormente, foi suspenso o tráfego aéreo no aeroporto de Vilnius devido ao aparecimento de…balões de ar quente não identificados (5 de outubro).

TRAVAR O DEFINHAMENTO MORAL

Manuel Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias, opinião

Relembrei-me, de imediato, que uma das grandes questões que marcam a era em que estamos é a degradação da relação metabólica homem/sociedade/natureza. Temos mais conhecimento sobre o mal que os estilos de vida "mais avançados" estão a provocar, mas respeitamos muito pouco os recursos do planeta, a natureza, os animais, as árvores e outros elementos indispensáveis para a nossa existência.

Surgiu-me logo outra interrogação. Se os outdoors são eficazes para despertar consciências, por que razão não temos as ruas cheias deles abordando - com fotografias que incomodem - grandes problemas como os custos da habitação que não param de se agravar, o preocupante abandono do Ensino Superior, a persistência da pobreza, os salários baixíssimos? Concluí que não temos (por agora) porque era preciso outra predisposição cidadã.

As pessoas andam cansadas de imagens e mensagens aterrorizadoras vindas dos conflitos e guerras, dos pretensos impactos negativos dos avanços científicos e tecnológicos, dos bloqueios criados pela financeirização da economia. As respostas aos grandes problemas exigem empenho sério na sua análise e muito trabalho coletivo na sociedade. Ora, hoje está instituído que tudo se resolve no plano individual.

Somos muito acomodados, "fofinhos", com os poderes que nos impõem irracionalidades, injustiças, sofrimento e guerras, ao mesmo tempo que vamos correndo o risco de indiferença perante horrores humanos apresentados como longínquos. Os maiores exploradores são aceites como símbolos e heróis. Os conceitos que utilizam para explorar a esmagadora maioria dos cidadãos são tomados acriticamente pelos explorados. Nos planos económico, social, cultural e político parece que a nossa sensibilidade só consegue despertar para temas e questões de círculos muito próximos e momentâneos.

São necessárias ruturas para se travar o definhamento moral em que estamos mergulhados. O funcionamento do mercado é indiferente ao sofrimento humano e não garante relações pacíficas para além de espaços micro. No final do século XIX e no início do século XX, foram muito dolorosas para países e povos de todo o Mundo as interações entre povos pela via do mercado livre.

Há muitos milhões de seres humanos abandonados e também no nosso país. Os que não têm casa e vivem na rua, os que não têm acesso à saúde quando precisam, os que têm baixíssimos salários e pensões de reforma, os desempregados sem acesso a subsídio de desemprego, muitos imigrantes, os jovens empurrados para a emigração ou os que não conseguem estar no Ensino Superior por falta de condições das suas famílias.

* Investigador e professor universitário

Portugal & Arredores | A HORA MUDA NA MADRUGADA DE DOMINGO

Domingo marca o primeiro dia do horário de inverno, numa altura em que Bruxelas retoma o debate antigo sobre o fim ao acerto sazonal dos relógios na primavera e outono.

Portugal continental e as regiões autónomas da Madeira e Açores vão atrasar os relógios uma hora na madrugada de domingo, 26 de outubro, numa altura em que a União Europeia reacende o debate sobre a mudança da hora.

Na madrugada de domingo, em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, quando forem 02:00 os relógios devem ser atrasados 60 minutos, passando para a 01:00.

Na Região Autónoma dos Açores, a mudança será feita à 01:00 da madrugada de domingo, passando para as 00:00.

A hora legal voltará depois a mudar a 29 de março 2026, para o regime de verão.

Por todos os estados-membros da União Europeia, domingo marca o primeiro dia do horário de inverno, numa altura em que Bruxelas retoma o debate antigo sobre o fim ao acerto sazonal dos relógios na primavera e outono.

Depois de o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ter anunciado, na segunda-feira, que Espanha irá propor à União Europeia o fim definitivo da mudança de hora na Europa, a Comissão e o Parlamento europeus fizeram um apelo aos estados-membros no mesmo sentido.

Durante um debate sobre o tema, todos os grupos políticos manifestaram-se a favor do fim da mudança da hora, sublinhando os impactos negativos na saúde, e o comissário dos Transportes Sustentáveis e Turismo argumentou que a prática “já não serve qualquer propósito”.

“É um sistema que nos afeta a todos, que frustra a maioria e que prejudica até as pessoas”, defendeu Apostolos Tzitzikostas.

O atual regime de mudança da hora é regulado por uma diretiva (lei comunitária) de 2000, que prevê que todos os anos os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão.

O debate sobre o acerto sazonal não é novo. Em 2019, o Parlamento Europeu votou a favor do fim da mudança horária até 2021, na sequência de uma consulta pública da Comissão Europeia, em que 84% dos 4,6 milhões de inquiridos manifestaram-se essa posição.

No entanto, a medida nunca avançou por falta de consenso no Conselho da União Europeia, onde os ministros dos estados-membros não concordaram num posição comum própria para responder à proposta legislativa.

Diário de Notícias | Lusa

Ler/ver em DN:

É mesmo preciso mudar a hora? Da Rússia ao Japão, há países que o recusam fazer

Ler/ver em Sábado:

Europa pode acabar com a mudança de hora. "Espero que na primavera já não mude" --- A neurologista Teresa Paiva concorda que nos devemos manter sempre no horário de inverno porque "é aquele em que estamos mais alinhados com as horas de luz natural”.

Portugal & ARREDORES | MUDANÇA DA HORA

Henrique Monteiro | HenriCartoon

O relatório do relator da ONU destaca que o genocídio em Gaza "é um crime coletivo"...

... e aponta o dedo para os países ocidentais

Olga Rodríguez | Rebelion

Em seu novo relatório, a Relatora Especial da ONU sobre a Palestina detalha como estados "principalmente ocidentais" permitiram o genocídio israelense com "cumplicidade direta ou indireta" por meio de ação, apoio ou omissão.

A Relatora Especial das Nações Unidas para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, apresentará seu novo relatório, intitulado "Genocídio em Gaza: Um Crime Coletivo", no dia 28. Uma prévia do relatório já foi publicada no site da ONU , na qual ela destaca que "o genocídio em curso em Gaza é um crime coletivo", sustentado pela "cumplicidade de terceiros Estados influentes", que permitiram "violações prolongadas e sistemáticas do direito internacional" por Israel.

Nesta quarta-feira, nas redes sociais, o relator abordou a questão da seguinte forma: “Meu novo relatório foi publicado. Por meio de suas ações e omissões, Estados terceiros permitiram a opressão do povo palestino e seu genocídio. Esses Estados têm a obrigação de pôr fim à sua cumplicidade e fazer justiça. E nós, o povo, devemos fazer com que isso aconteça.”

O relatório enfatiza que o genocídio em Gaza não foi cometido isoladamente, "mas como parte de um sistema global de cumplicidade". Ao longo de suas páginas, ele explica como muitos países continuaram a oferecer "apoio militar, diplomático, econômico e ideológico" a Israel enquanto este "usava a fome e a ajuda humanitária como armas" de guerra e, portanto, "podem e devem ser responsabilizados por auxiliar, auxiliar ou participar conjuntamente" desses e de outros crimes israelenses.

Em suas conclusões, destaca como operam "narrativas coloniais que desumanizam o povo palestino", facilitando "essa atrocidade transmitida ao vivo" por meio de "apoio direto, ajuda material, proteção diplomática e, em alguns casos, participação ativa" desses Estados. Também destaca "um abismo sem precedentes entre os povos e seus governos, traindo a confiança na qual se baseiam a paz e a segurança globais".

"O mundo está agora à beira do colapso do Estado de Direito internacional ou da esperança de sua renovação", alerta ele, lembrando a obrigação dos países de suspender todas as "relações militares, diplomáticas e econômicas" com Israel para evitar "cumplicidade direta ou indireta nesses crimes" e para detê-los.

"A renovação só será possível se a cumplicidade for confrontada, as responsabilidades forem assumidas e a justiça for mantida", acrescentou, criticando "os flagrantes padrões duplos". Ele também enfatizou a obrigação de garantir a responsabilização não apenas por meio de julgamentos criminais, mas também por meio de "reparações, restituição, compensação e garantias de não repetição", tanto por parte de Israel quanto "dos Estados que apoiaram seus crimes".

Gaza e a Nudez do Imperador: Uma Reflexão sobre a 'Paz'

Jeremy Salt* | Palestine Chronicle, opinião | # Traduzido em português do Brasil

Israel reivindica o "direito" de existir. Na verdade, Estados não existem por direito, e Israel reivindicar o direito de existir é um pouco exagerado, visto que fez o possível nos últimos 80 anos para garantir que a Palestina não existisse.

O Imperador passa em sua carruagem, completamente nu, acenando para a multidão. A multidão aplaude e acena de volta. Todos podem ver que o Imperador está nu, mas ninguém vai dizer nada.

O Imperador decapita qualquer um que seja corajoso ou estúpido o suficiente para dizer a verdade, mas uma criança pequena ao fundo, pequena demais para saber de algo, grita: "Olha! Ele não está usando roupa nenhuma!"

E assim acontece com as soluções de um Estado e dois Estados. São as fantasias que vestem a nudez do Imperador.

Desde 1967, Israel tem deliberadamente lotado a Cisjordânia e Jerusalém Oriental com 750.000 a 800.000 colonos para impedir a ascensão de um Estado Palestino. Um Estado supremacista judaico não é solução, mas um convite a mais guerras. Um Estado no qual judeus, muçulmanos, cristãos e outros vivam com base na igualdade de direitos pode surgir um dia, num futuro distante, mas não há esperança para isso neste momento.

Iémen descobre enorme rede de espionagem da CIA e do Mossad incorporada em ONGs

Ahmed Abdulkareem* | MintPress News | # Traduzido em português do Brasil

Embora o Iémen geralmente evoque imagens de conflitos com Israel e a coalizão liderada pela Arábia Saudita, uma nova dimensão do complexo país e de seu povo emergiu: a guerra secreta de espiões no Iêmen. O MintPress News investiga a maior célula de espionagem da CIA já descoberta no Iémen, revelando uma grande operação de segurança que prendeu seus membros e expôs atividades de espionagem americana, alterando drasticamente nossa compreensão do complexo campo de batalha do Iêmen.

Em junho, a MintPress revelou como o governo de Sanaa, liderado pelo Ansar Allah, havia desmantelado uma célula de espionagem – a Força 400 – supostamente a serviço dos Estados Unidos e de Israel, detalhando os membros da célula e suas atividades. Washington respondeu exigindo a libertação de indivíduos que, segundo ela, eram funcionários das Nações Unidas, de órgãos diplomáticos e de ONGs, rotulando-os como reféns mantidos pelos Houthis, um termo pejorativo frequentemente usado por autoridades ocidentais para descrever o movimento político e militar conhecido como Ansar Allah.

O correspondente da MintPress News, Ahmed AbdulKareem, obteve acesso sem precedentes aos supostos espiões. Além disso, uma série de documentos ultrassecretos foi fornecida à MintPress, corroborando os depoimentos de muitos dos detidos prestados durante essas entrevistas. A MintPress também analisou horas de filmagens mostrando interrogatórios conduzidos por agentes de segurança iemenitas, que confirmaram os detalhes das alegações contra os detidos, fornecidos à MintPress durante entrevistas com autoridades de segurança de alto escalão do Ansar Allah.

Embora as prisões relacionadas à vasta célula de espionagem tenham começado para valer em 2021, autoridades tanto dos Estados Unidos quanto do Iêmen permaneceram em segredo sobre a descoberta. No entanto, autoridades do Ansar Allah disseram à MintPress que Washington estava ciente das prisões e iniciou uma série de negociações secretas para a libertação dos detidos logo em seguida. Essas negociações fracassaram e detalhes começaram a vazar na imprensa árabe. Isso levou autoridades iemenitas a divulgar publicamente a descoberta da rede de espionagem e, eventualmente, reativar as negociações entre as duas partes em Mascate, Omã.

Em uma investigação inovadora, a MintPress News revela o funcionamento interno de uma das maiores redes de espionagem já expostas no Iêmen, esclarecendo como agências de inteligência americanas e israelenses se infiltraram secretamente na sociedade iemenita. Por meio de operações clandestinas, elas manipularam a dinâmica local, explorando divisões religiosas e semeando a normalização com Israel. O objetivo final: coletar informações para ataques aéreos sauditas contra alvos militares.

O acesso exclusivo a documentos ultrassecretos, depoimentos de detentos e imagens de interrogatórios revela uma narrativa angustiante de espionagem. Espiões foram recrutados por meio de manipulação psicológica, chantagem sexual e tortura, destacando até que ponto agentes americanos e israelenses violaram os limites morais para garantir cooperação.

Esta investigação oferece um vislumbre perturbador da guerra oculta travada no Iêmen — alimentada pela exploração e coerção. Marca o início de uma série contínua que revelará novas camadas dessa operação secreta em relatórios futuros.

Eles dizem-nos para temer os muçulmanos enquanto o império dos EUA aterroriza o mundo

Caitlin Johnstone* | Caitlin Johnstone.com.au | Áudio por Tim Foley, em inglês | # Traduzido em português do Brasi

Outro dia publiquei um ensaio intitulado “Sionistas promovem a islamofobia porque é mais fácil do que fazer as pessoas gostarem de Israel ”, baseado na sobreposição flagrante entre apoiadores virulentos de Israel e pessoas que promovem o ódio aos muçulmanos.

O que eu não sabia na época, até os leitores me alertarem, era que o Drop Site News havia publicado um artigo no mês passado sobre um relatório de pesquisa vazado, encomendado pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel, que na verdade concluiu que promover a islamofobia é a maneira mais eficaz de combater a forma como a opinião pública mundial está se voltando contra Israel.

“A melhor tática de Israel para combater isso, segundo o estudo, é fomentar o medo do 'islamismo radical' e do 'jihadismo', que permanecem altos”, escreve Ryan Grim, do Drop Site. “Ao destacar o apoio israelense aos direitos das mulheres e dos gays, ao mesmo tempo em que eleva as preocupações de que o Hamas quer 'destruir todos os judeus e disseminar o jihadismo', o apoio israelense se recuperou em uma média de mais de 20 pontos em cada país.”

Portanto, esta é uma tática real e planejada. O ataque estridente que temos visto ultimamente sobre o islamismo e os muçulmanos está sendo deliberada e sistematicamente fomentado como uma estratégia calculada.

Uma das coisas mais idiotas sobre essa última onda de histeria islamofóbica é que os EUA, Israel e seus aliados são muito mais assassinos e tirânicos do que todo o mundo muçulmano combinado.

O governo Trump está atualmente enviando o maior porta-aviões do mundo e vários navios de guerra para as águas da América Latina, onde vêm travando uma nova e falsa guerra contra o terrorismo, com ataques cada vez mais frequentes a barcos que transportam supostos "narcoterroristas". Eles nem sequer disfarçam o fato de que, na verdade, se trata de preparar um intervencionismo para mudança de regime na Venezuela, um governo que Washington há muito busca derrubar devido às suas enormes reservas de petróleo e à sua inconformidade com a ordem mundial capitalista.

A aliança de poder dos EUA está constantemente fazendo coisas assim . Travando guerras, bombardeando países, impondo sanções à fome, organizando golpes, apoiando conflitos por procuração, interferindo em eleições estrangeiras — tudo com o objetivo de dominação planetária total. É aceito como a norma básica e a imprensa ocidental muitas vezes mal noticia seus abusos (você sabia que Trump bombardeou a Somália mais de 80 vezes este ano?), mas isso não a torna menos assassina e tirânica.

E nos dizem dia após dia que todos nós precisamos ter medo dos muçulmanos, que mesmo com uma população mundial de dois bilhões ainda conseguem ser muito, muito menos violentos e destrutivos do que a aliança de poder centralizada dos EUA.

Ora, os Estados muçulmanos mais abusivos são parceiros dos EUA no crime, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, cuja carnificina genocida no Iêmen foi apoiada pelos EUA e seus aliados de 2015 a 2022. Os Emirados Árabes Unidos estão financiando atrocidades genocidas no Sudão neste exato momento. O império centralizado pelos EUA é a estrutura de poder mais destrutiva do planeta , e os Estados muçulmanos mais destrutivos são apoiados por essa mesma estrutura de poder ocidental.

O império sob o qual vivemos é tudo o que fomos treinados a temer. Nossos próprios governantes são os assassinos. Nossos próprios governantes são os terroristas. Nossos próprios governantes são os tiranos. Nossos próprios governantes são o problema.

Nossos governantes querem que sacudamos os punhos para muçulmanos, imigrantes, governos desobedientes e membros de outros partidos políticos tradicionais, para que não comecemos a sacudir os punhos para eles.

* O trabalho de Caitlin Johnstone é  totalmente financiado por leitores , então se você gostou deste artigo, por favor, compartilhe, siga-a no  Facebook ,  Twitter ,  Soundcloud ,  YouTube ou coloque algum dinheiro em sua caixa de gorjetas no  Ko-fi ,  Patreon  ou  Paypal . Se você quiser ler mais, pode  comprar os livros dela . A melhor maneira de garantir que você veja o que ela publica é se inscrever na lista de e-mails em  seu site  ou  no Substack , que lhe enviará uma notificação por e-mail sobre tudo o que ela publicar. Para mais informações sobre quem ela é, sua posição e o que ela está tentando fazer com sua plataforma,  clique aqui . Todos os trabalhos são coautorados com seu marido americano, Tim Foley.

Este artigo é do  Caitlin Johnstone.com.au  e republicado com permissão.

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