segunda-feira, 17 de março de 2025

GRÃ-BRETANHA TAMBÉM QUER OS MINERAIS DA UCRÂNIA

Não é só Trump. O Reino Unido vê os minerais críticos como uma prioridade do governo e quer abrir os vastos recursos da Ucrânia para as corporações britânicas.

MARK CURTIS* | Declassified | # Traduzido em português do Brasil

Quando autoridades do Reino Unido assinaram uma parceria de 100 anos com a Ucrânia em meados de janeiro, elas alegaram ser o “parceiro preferencial” da Ucrânia no desenvolvimento da “estratégia de minerais essenciais” do país.

No entanto, em um mês, Donald Trump apresentou uma proposta ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para acessar os vastos recursos minerais do país como "compensação" pelo apoio dos EUA à Ucrânia na guerra contra a Rússia.

Whitehall não ficou nada satisfeito com a intervenção de Washington. 

Quando o secretário de Relações Exteriores, David Lammy, se encontrou com Zelensky em Kiev no mês passado, ele teria levantado a questão dos minerais, "um sinal de que o governo de Starmer ainda está interessado em ter acesso às riquezas da Ucrânia", relatou o iPaper.

Lammy disse anteriormente, em um discurso no ano passado: “Olhe ao redor do mundo. Os países estão lutando para garantir minerais críticos, assim como as grandes potências uma vez correram para controlar o petróleo”.

DOWBOR: EIS A NOVA ESTRUTURA DO PODER GLOBAL

Após quatro décadas de retrocessos, 117 Titãs globais e seus fundos opacos manejam mais dinheiro que qualquer governo no Ocidente. E impõem lógicas que vão reduzir o planeta a um inferno social e ambiental – até que sejam detidos

Ladislau Dowbor* | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins1 | # Publicado em português do Brasil

O Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça,
onde o grupo é conhecido por se reunir anualmente,
para limpar sua reputação
Peter S. Goodman – O Homem de Davos, 2024

Esses Estados neoliberais abriram
cada território nacional para o saque corporativo
transnacional de recursos, mão de obra e mercados
William I. Robinson, 2016

Nossas atividades econômicas diárias geralmente são bem simples. A farmácia, as lojas, o supermercado, o ônibus, eventualmente um Uber, o posto de gasolina, levar as crianças para a escola e assim por diante. Parece bem local. Mas olhar para cima, em vez de obedecer ao filme Don’t Look Up, é o mais necessário, se quisermos entender por que os preços sobem, por que há tanto plástico e por que as prateleiras dos supermercados estão cheias de comida ultraprocessada. Sabemos que tudo isso é ruim, e as lojas também sabem. Tudo isso deveria ser regulado – mas se espalha, cada vez mais. Na verdade, quem está no comando?

Finalmente, muitos pesquisadores ousaram olharam para cima e aos poucos trouxeram luz à bagunça que temos e às formas estamos começando a distinguir. Um bom ponto de partida é a crise financeira global de 2007, que levou o ETH, o principal instituto público de pesquisa suíço, a apresentar em 2011 o primeiro estudo abrangente sobre a rede de controle corporativo global2. Os resultados foram impressionantes: 737 corporações controlam 80% do mundo corporativo global. Destas, 147 controlam 40% — e 70% delas são instituições financeiras. Este é o topo da pirâmide: basicamente, gestão de dinheiro.

O governador do Banco da Inglaterra comentou à época que o estudo mudava nossa visão sobre como a economia funciona. Os autores da pesquisa afirmavam no artigo: não havia como evitar a constatação de que estávamos diante do “clube dos ricos”. Igualmente impressionante é o fato, destacado por eles, de que este foi o primeiro estudo global sobre o poder corporativo, embora o processo de sua formação estivesse em andamento por décadas – basicamente desde que Margareth Thatcher e Ronald Reagan colocaram-se a serviço das corporações. Claramente, não havia interesse em jogar luz sobre o assunto. Mas agora temos uma imagem mais clara.

O FALSO CESSAR-FOGO

Sabendo com bastante antecedência que a Rússia o rejeitaria, os EUA e a Ucrânia anunciaram com alarde que seu acordo de cessar-fogo estava no "tribunal da Rússia", no que foi um exercício de puras relações públicas, escreve Joe Lauria.

Joe Lauria* | Especial para o Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Nada poderia ter sido mais claro do que as repetidas condições da Rússia para o fim permanente da guerra, em vez de um cessar-fogo temporário: a neutralidade da Ucrânia, sua desmilitarização e desnazificação, a inclusão de quatro oblasts de língua russa na Federação Russa e tratados estabelecendo uma nova arquitetura de segurança na Europa.

Igualmente clara foi a rejeição total dessas condições pela Ucrânia, exigindo, em vez disso, a devolução de cada centímetro de seu território, incluindo a Crimeia, e a adesão da Ucrânia à OTAN.

É a razão pela qual os dois lados ainda estão lutando uma guerra. É uma guerra, no entanto, que a Ucrânia está perdendo feio. Obscurecer esse fato é um objetivo importante da Ucrânia e de seus aliados europeus para manter seus públicos do lado. 

Mas não são apenas os cidadãos que precisam ser convencidos a continuar apoiando a Ucrânia , mas também o presidente dos Estados Unidos.

Portugal & Arredores: CURTO TARDIO APÓS ATAQUE AO PG. OS FILHOS DA UTA, POR FIM

Bom dia, boa tarde, boa semana, se conseguirem. A terra está em sangue. As guerras são mais que muitas. Para subsistirem esforcem-se ainda mais neste esclavagismo, exploração e resistência ao engano. Se necessário revoltem-se inteligentemente.

Os multimilionários e seus próximos agradecem. Os políticos dos governos que têm abundado em Portugal e na União Europeia (afinal por todo o mundo) nem agradecem mas arrecadam os lucros embrulhados em ganâncias malvadas carregadas de tratos de polé para os povos que massacram se lhes der nas ganas.

Adiante.

Este Curto é tardio. Lamentamos. Culpa nossa. Novo ataque ao PG assim ditou. Energúmenos atiram a nós como gatos a bofe. O costume. Lá por isso continuamos em acção e decidimos publicado nesta hora tardia. Vale o que vale.

Desembocando no Curto vai deparar com Trump. Ele sabe muito bem como dar a ‘paparoca’ aos órgãos de informação. Anda a merecer um boicote desde há muito. Aquele burgesso foi eleito por eleitores dos EUA que não devem ser muito melhores que ele e agora levamos nas ventas com aquele aborto recuperado inusitadamente em vez de ter ido para a pia. Avancemos.

Depois das referências do dito aborto, seus exageros e mentiras, vêm salientados como não querem a coisa os Crimes Contra a Humanidade praticados pela Rússia. Os mesmos crimes não são referidos nos acometimentos das práticas (não são poucas) à Ucrânia. Assim vai a desinformação. Assim vai a manipulação da opinião global. Um chiqueiro plantado pelo Ocidente pseudo-livre e pseudo-democrático. Assim seguem quase todos na convicção errónea que enganam os mais permeáveis. O costume, a este e a oeste. Uma pocilga gigantesca e putrefacta. Suspendam a respiração pela vossa saúde… e sobrevivência.

Já vamos longos neste Curto que queríamos aqui publicado a horas decentes e mais falado sobre Portugal. Qual quê. Temos políticos dignos do grupo mafioso de Al Capone. Nacionais e da União Europeia, assim como de quase todo o mundo. Líderes de Trampa em que muitos pouco se aproveitam a pugnar pelos importantes  e imprescindíveis interesses da Humanidade. São políticos rascas concentrados nos seus umbigos e nos seus interesses pessoais e das oligarquias. São gentalhas medíocres e muitas vezes inconpetentes, além de serem em larga escala vigaristas. Muitas vezes ladrões de milhões e de vidas. Enfim.

Sem mais passamos ao Expresso Curto com passagem por abordagem a Portugal, mas muitomais. É bom de se ler usando a liberdade de pensar, de acordo com o lema do Expresso. Por isso gostamos de o ler. Experimentem.

Boa tarde, com mais uma tempestade climatérica à maneira e a desperdiçar água que nos vai fazer muita falta futuramente. Há sempre quem ganhe com isso. Os filhos da Uta principalmente.

O Curto a seguir. Já. Vão ler. Finalmente.

António Veríssimo | Redação PG

Portugal | Luís Montenegro "arrebanhou o PSD" e deixou o partido "amordaçado"

No espaço de comentário na SIC Notícias, este domingo, Ana Gomes reconheceu que o "PSD sempre foi um partido bastante crítico e autocrítico", mas que de repente "está todo atrás do líder e o líder está a levá-lo para um caminho muito perigoso".

A antiga eurodeputada socialista Ana Gomes aponta responsabilidades a Luís Montenegro pelo regresso dos portugueses às urnas, para as eleições legislativas antecipadas marcadas para 18 de maio, e afirma que ele "nunca retirou a moção de confiança", que foi rejeitada no Parlamento e levou à posterior queda do Governo.

"Foi ele [primeiro-ministro] que apresentou a moção de confiança, podia ter retirado - até vimos aquelas 'jigajogas' do Partido Social Democrata (PSD) , parece que à última hora estava com hesitações e com arrependimento - mas, de facto, o primeiro-ministro nunca retirou a moção de confiança", diz a socialista.

No espaço de comentário na SIC Notícias, este domingo, Ana Gomes mostra preocupação pela forma como o primeiro-ministro "arrebanhou o PSD" e ainda como tem o partido "amordaçado".

"PSD sempre foi um partido bastante crítico e autocrítico e de repente está todo atrás do líder e o líder está a levá-lo para um caminho muito perigoso", reitera a socialista.

ANGOLA DESAMADA E DESCONHECIDA -- Artur Queiroz

<> Artur Queiroz*, Luanda ---

Mobutu recebeu Agostinho Neto em Kinshasa como um irmão. Na época ele era o patrão da OUA (hoje União Africana) e essa visita de Estado significou o reconhecimento definitivo e inequívoco da República Popular de Angola. Portugal já tinha tomado essa decisão a 22 de Dezembro 1976. As relações diplomáticas entre Lisboa e Luanda foram estabelecidas em 10 de Março 1977. Até Mário Soares, então primeiro-ministro português e ministro dos negócios estrangeiros, se rendeu à realidade. Muito à boleia de dois acontecimentos decisivos. 

No dia 12 de Fevereiro 1976, a OUA (União Africana) admitiu Angola como 46º membro. Em Dezembro a ONU também admitiu e reconheceu Angola. Nesse período, além dessas importantes vitórias diplomáticas (José Eduardo dos Santo era o ministro das Relações Exteriores), 80 países já tinham reconhecido República Popular de Angola. Entre eles, 40 dos 54 países africanos na época. Portugal e Mário Soares seguiram a corrente.

Mais difícil ainda. No ano de 1993 a Casa dos Brancos reconheceu e estabeleceu relações diplomáticas com o Governo de Angola. Bill Clinton era o presidente dos EUA.   Angola e África do Sul estabeleceram relações diplomáticas em 1994, na sequência do fim do regime de apartheid, derrotado com estrondo no Triângulo do Tumpo, em 23 de Março 1988 (Batalha do Cuito Cuanavale que tinha começado em Dezembro 1987). 

O criminoso de guerra Jonas Savimbi e os sicários da UNITA ficaram desempregados. O mau perder cegou-os e nunca foram capazes de seguir o exemplo dos donos. Mesmo quando o Presidente José Eduardo dos Santos lhe estendeu a mão no Acordo de Bicesse e depois no Protocolo de Lusaka. A UNITA até hoje não reconheceu Angola Independente!

Aumento dos salários não repõe poder de compra em Angola

Os funcionários públicos em Angola contam com um aumento salarial de 25% desde janeiro deste ano. Mas os reajustes não trouxeram nenhuma transformação económica face à inflação de 27,5%, queixam-se os trabalhadores.

Os funcionários públicos em Angola contam com um aumento salarial de 25% desde janeiro deste ano. Estes valores começaram a cair nas contas bancárias desta classe desde o mês passado. Mas esta força de trabalho diz que os reajustes não trouxeram nenhuma transformação económica nas suas vidas face à inflação.

Adão Dala é professor do sexto grau do ensino primário e secundário desde 2016 em Malanje. Até dezembro de 2024, auferia o salário de 260 mil kwanzas, o equivalente a 260 euros. Com o reajuste salarial de 25%, o ordenado mensal de Dala subiu para 325 mil kwanzas, equivalente a 325 euros.

Mas para este docente, o valor não teve um impacto positivo na transformação económica das famílias, face à subida galopante dos preços dos produtos da cesta básica em Angola. "E nós estamos a falar de professores, um número demográfico dentro do seu agregado familiar que não  se adequa aos 25%", diz.

Países da CPLP poderão ter restrições de viagens para os EUA

Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial são alguns dos 43 países cujos cidadãos podem vir a enfrentar restrições à entrada nos Estados Unidos, noticia o New York Times.

Um projeto de lista com 43 países está, segundo o jornal New York Times (NYT), a circular no seio da administração de Donald Trump e enumera três níveis de países cujos cidadãos podem enfrentar proibições ou restrições nas viagens para os Estados Unidos.

AngolaCabo VerdeSão Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial, quatro países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), surgem no grupo de nações às quais poderá vir a ser dado um prazo de 60 dias para corrigirem deficiências detetadas, sob pena de sofrerem restrições mais pesadas.

Citando “funcionários familiarizados com o tema”, o NYT avança que a administração norte-americana está a considerar visar os cidadãos de até 43 países como parte de uma nova proibição de viajar para os Estados Unidos mais ampla do que as restrições impostas durante o primeiro mandato do Presidente Trump.

Os funcionários, que falaram sob condição de anonimato, advertiram que a lista tinha sido desenvolvida pelo Departamento de Estado há várias semanas e que era provável que sofresse alterações quando chegasse à Casa Branca.

domingo, 16 de março de 2025

Um espectro assombra a Europa: o espectro do populismo de extrema-direita

Declan Hayes | Strategic Culture Foundation | Censurado em Google | use OPERA | # Traduzido em português do Brasil

O que falta à extrema-direita europeia que Musk ainda pode financiar, e que não tem desde 1848, é o lado libertário dos Estados Unidos.

Um espectro assombra a Europa — o espectro do comunismo. Todos os poderes da velha Europa entraram numa aliança sagrada para exorcizar este espectro.  ~ O Manifesto Comunista, 1848

Estamos de volta a 1848, quando os povos da Bélgica, Dinamarca, França, Galícia, Confederação Germânica, Grande Polónia, Monarquia dos Habsburgos, Hungria, Irlanda, Estados Italianos, Moldávia, Principados Romenos, Schleswig, Espanha, Suécia, Suíça e Valáquia se levantaram em sangrento protesto contra os seus aterrorizados senhores.

Embora os acontecimentos actuais em cada um destes pontos críticos mereçam os seus próprios artigos, vou concentrar-me na Alemanha de hoje e no  cordão sanitário  que "todas as potências da velha Europa" ergueram contra esta perigosa revolta ao direito divino de von der Leyen, Kallas e vagabundos semelhantes de extorquir o resto de nós.

E, já que Deus entrou em cena, onde melhor começar do que com  o relatório do Vaticano sobre a revolta alemã , que traz o bispo Georg Bätzing (presidente da Conferência Episcopal Alemã), a bispa Kirsten Fehrs (presidente do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha) e o cardeal Rainer Maria Woelki (arcebispo de Colónia), que felicitam o eleitorado alemão e os seus representantes eleitos por manterem a linha e formarem um  cordão sanitário alemão  contra a sua própria extrema-direita, que é, querem que acreditemos, a própria reencarnação da Wehrmacht de Hitler e que, num ápice, recuarão para a Polónia e todo o caminho até Moscovo e Estalinegrado se a "santa aliança" da Europa não os travar. Pois, não se enganem, a extrema-direita europeia é um grupo perigoso e não só faz o que Putin quer, como também alistou os presidentes Trump e Musk nas suas fileiras.

Filipinas | DUTERTE VOA PARA SER JULGADO NO TPI POR CRIMES CONTRA A HUMANIDADE

Ex-presidente filipino detido embarcou num avião para Haia, confirma advogado

O ex-presidente filipino, Rodrigo Duterte, detido ao abrigo de um mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes contra a humanidade, embarcou esta terça-feira num avião com destino a Haia, disse o seu advogado.

Duterte embarcou no Aeroporto Internacional de Manila com três outras pessoas cerca das 21:00 locais, disse Martin Delgra aos jornalistas, segundo a agência francesa AFP. “Não nos podemos aproximar do avião. O avião ainda está na pista com a porta aberta”, acrescentou na altura.

Desconhece-se se o avião já descolou de Manila com destino a Haia, sede do TPI, nos Países Baixos. O Supremo Tribunal das Filipinas tinha anunciado horas antes que iria examinar uma petição apresentada pelo advogado de Duterte para suspender a detenção do ex-presidente.

Duterte, 79 anos, foi detido hoje pela polícia filipina ao chegar a Manila proveniente de Hong Kong ao abrigo de um mandato do TPI, que o acusou de crimes contra a humanidade. Os alegados crimes terão sido cometidos durante a guerra antidroga da administração de Duterte (2016-2022), que vitimaram cerca de 6.000 pessoas, segundo a polícia.

Várias organizações não-governamentais afirmam que o número de vítimas será de 30.000 mortos em operações antidroga e execuções extrajudiciais.

Timor-Leste tenta combater grande prevalência de assédio sexual no ensino superior

A prevalência de assédio sexual no ensino superior de Timor-Leste é grande apesar da falta de dados e denúncias, segundo um relatório, mas o Ministério do Ensino Superior desenvolveu um programa para combater aquela forma de abuso.

"Apesar de não termos dados, considerando a prevalência alta de violência baseada no género em Timor-Leste, estima-se que há uma grande prevalência entre docentes e estudantes, por razões do diferencial do poder", afirmou à Lusa Bárbara Oliveira, codiretora da JU,S Jurídico Social, empresa social que elaborou um relatório sobre o tema no âmbito de um programa desenvolvido por aquele ministério timorense e a agência das Nações Unidas para as Mulheres. 

Mas, explicou Bárbara Oliveira, também se "entende que há muito assédio sexual entre estudantes", tendo em conta o desconhecimento da "necessidade de consentimento para a realização de atividade sexual" por falta do ensino nas escolas da disciplina de educação sexual.

Dados de 2022 da Comissão para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres, da ONU, indicam que em Timor-Leste mais de metade das mulheres entre os 15 e os 49 anos sofreram violência física ou sexual de um parceiro do sexo masculino.

Angola | A ÁGUA QUE MATOU ZITA – Artur Queiroz

<> Artur Queiroz*, Luanda ---

Oficialmente hoje é o dia da expansão da Luta Armada de Libertação Nacional. Para mim é o dia da Grande Insurreição Popular que varreu o Norte de Angola, de Sacandica aos Dembos. Na minha terra só existia escola primária e tive de ir estudar para a cidade do Uíje, no ensino secundário. Regime de internato. Tínhamos um líder, o Beto Martins, ao qual chamávamos, exactamente por ser um líder, Beto Lumumba. 

Naquele ano tínhamos exame e por isso não fomos a casa nas férias da Páscoa. Aulas de reforço, para não fazermos má figura e o colégio não ter “chumbos” no currículo.

Arlindo era o aluno mais velho do internato, 17 anos. Esteve vários anos sem estudar e retomou os estudos quando os pais puderam pagar-lhe o internato. 

No ano lectivo de 1960/1961 apareceu no internato um menino que ainda andava no ensino primário. Chamava-se Jorge Gonçalves e vinha de Sacandica, onde o pai era comerciante. Adoptado como nosso mascote. Todos o protegíamos. Muitos anos mais tarde ele foi presidente do Sporting Clube de Portugal. As voltas que o mundo dá!

No internato tínhamos um sapateiro que remendava os nossos sapatos. Veio do Cuanza Norte e o seu sonho era chamar a esposa e filhos À noite fazia de guarda. Aos fins de semana saltávamos a janela e íamos para as farras do Candombe. O guarda era conivente com os fugitivos. Um amigo do peito.

RODA DA FORTUNA

Vasco Gargalo, Portugal | Cartoon Movement

Após três anos de guerra, o futuro da Ucrânia está mais incerto do que nunca.

Porque a Europa se está armando contra um inimigo inexistente?

Manlio Dinucci* | Global Research | # Traduzido em português do Brasil 

“Vivemos numa era perigosa. Não há necessidade de descrever a natureza séria das ameaças que enfrentamos. Ou as consequências devastadoras que sofreremos se essas ameaças se materializarem. A verdadeira questão diante de nós é se a Europa está preparada para agir tão decisivamente quanto a situação exige. Nas várias reuniões das últimas semanas, a resposta das capitais europeias tem sido tão retumbante quanto clara. Estamos em uma era de rearmamento. E a Europa está pronta para aumentar maciçamente os gastos com defesa.”

Assim, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen , anunciou o plano de rearmamento da Europa para investir dinheiro público – subtraído dos gastos sociais – na ordem de 800 mil milhões de euros para tornar a Europa “segura e resiliente”. A Primeira-Ministra Meloni, agarrando-se a qualquer coisa depois de endossar o plano de Ursula von der Leyen, opôs-se:

“Rearmamento não é uma palavra adequada, corremos o risco de passar uma mensagem pouco clara”.

O presidente francês, Emmanuel Macron , está esclarecendo a situação:

“A atitude agressiva da Rússia parece não ter limites depois que invadiu a Ucrânia. A Rússia é uma ameaça à França e à Europa no momento em que falo com vocês e pelos próximos anos. Quem pode acreditar que a Rússia vai parar na Ucrânia? A Rússia se tornou uma ameaça à França e à Europa. Seria loucura permanecer como espectador em um mundo tão perigoso.”

A oferta de Macron: França e as ilusões da dissuasão nuclear

Macron então anunciou sua intenção de estender a dissuasão nuclear da França também aos países parceiros.

Parlamento Europeu confirmou centralidade da Polónia na estratégia de segurança oriental

<> Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil ---

A Polônia está em uma encruzilhada geoestratégica em meio à nascente "Nova Détente" Rússia-EUA, na qual pode permanecer como um forte aliado americano, apesar de suas dúvidas sobre a rápida reaproximação Rússia-EUA, confiar mais na França para equilibrar os EUA ou se afastar dos EUA em direção à França.

A maioria dos observadores perdeu a resolução do Parlamento Europeu da semana passada sobre o white paper sobre o futuro da defesa europeia, apesar de sua importância. O Artigo 15 “enfatiza que o Escudo Oriental e a Linha de Defesa do Báltico devem ser os principais projetos da UE para promover a dissuasão e superar potenciais ameaças do Leste”, ambos vinculados à Polônia, enquanto outros artigos afrouxam as restrições financeiras para investimentos em defesa. O Ministro da Defesa polonês Wladyslaw Kosiniak-Kamysz elogiou a resolução em ambos os aspectos.

Para quem não sabe, o Escudo Leste da Polônia e a Linha de Defesa do Báltico são projetos complementares que visam construir uma série de fortificações de alta tecnologia ao longo das fronteiras compartilhadas desses quatro países com a Rússia e a Bielorrússia, por isso são considerados por alguns como um único megaprojeto. Os planos de defesa de fronteira relacionados da Finlândia são frequentemente agrupados com eles para expandir seu senso de escala, indo do Ártico à Europa Central. Aqui estão quatro briefings de fundo para atualizar os leitores:

* 22 de janeiro de 2024: “ A 'Linha de Defesa do Báltico' visa acelerar o 'Schengen Militar' liderado pela Alemanha 

* 13 de maio de 2024: “ A construção de fortificações na fronteira da Polônia não tem nada a ver com percepções legítimas de ameaças 

* 25 de maio de 2024: “ Uma nova cortina de ferro está sendo construída do Ártico até a Europa Central 

* 28 de junho de 2024: “ A 'Linha de Defesa da UE' é o mais recente eufemismo para a nova Cortina de Ferro 

Portugal | Montenegro "atirou o país para debaixo do comboio que pôs em andamento" - PNS

Cláudia Monarca Almeida, jornalista | Expresso

​ "Eu cá não temo nada. Desejo boa sorte ao PSD e ao CDS para encontrarem casos no meu passado", disse socialista

Pedro Nuno Santos garantiu que não "teme nada" no "confronto" das próximas eleições, considerando-o até "bem-vindo. "Eu cá não temo nada. Desejo boa sorte ao PSD e ao CDS para encontrarem casos no meu passado", afirmou. Disse também que sempre prestou os esclarecimentos necessários para evitar transformar casos em "problemas políticos".

Já "os problemas do primeiro-ministro com a transparência já vêm de trás", nomeadamente do caso da casa em Espinho. Como o Expresso noticia na edição desta semana, Montenegro prometeu, mas não entregou faturas da casa deEspinho à Polícia Judiciária.

"Eu tive a felicidade de ser escrutinado como o atual primeiro-ministro não foi na campanha. Se tivesse, talvez não estivéssemos nesta situação", atirou o secretário-geral do PS à margem de uma visita à feira de turismo BTL, em Lisboa.

O socialista desvalorizou ainda a tentativa do PSD de culpar o PS pelas eleições antecipadas. "Toda a gente sabe porque vamos para eleições. Esse esforço do primeiro-ministro é inglório, porque infelizmente foi ele que nos arrastou para esta situação. E não só a nós portugueses, mas arrastou também o seu partido, a sua coligação e o seu Governo. [Luís Montenegro] Atirou o país para debaixo do comboio que pôs em andamento."

Sobre a campanha eleitoral, afirmou que o caso do primeiro-ministro "não vai ser o centro da campanha" porque será necessário "discutir os problemas do país e as soluções". "Mas obviamente que não nos esquecemos do que nos trouxe a estas eleições", acrescentou.

Ler/Ver em Expresso:

Portugal é o primeiro país da Europa a aprovar uma moratória sobre mineração em mar profundo, aplaudem ambientalistas

Portugal | CAMPANHA ELEITORAL COM ELEVAÇÃO

Henrique Monteiro | HenriCartoon

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Estamos em meados de março e a dois meses de dia de eleições antecipadas. Os portugueses irão, mais uma vez, ir às mesas de votação para escolher os deputados que ocuparão as 230 cadeiras na Assembleia da República.

Alguns dias depois, terão direito a show de Rui Veloso, junto às escadarias da AR, pelo módico preço de 140 mil euros. O contrato foi assinado às vésperas da queda do Governo de Montenegro e foi reconfirmado em reunião de Conferência de Líderes, presidida por Aguiar-Branco, amigo de longa data de Rui Veloso, com quem chegou a gravar um disco de edição restrita. Você pode ler tudo sobre esse caso na notícia ' Parlamento: Conferência de Líderes 'salva' show de 140 mileuros de Rui Veloso '. Por motivos ainda não esclarecidos, o cantor foi escolhido para dar o show parte das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.

Mas não são só os contribuintes que têm prejuízos. A Impresa, dona da SIC e do Expresso, anunciou que registou prejuízos de 66,2 milhões de euros em 2024 e admite vender, de novo, o seu edifício-sede em paço de Arcos. Desde 2018, o prédio-sede da Impresa está envolvido em negócios estranhos, sempre quando o grupo de mídia fundado por Pinto Balsemão apresenta dificuldades. Resta saber quem será, de novo, o bondoso banco ou o fundo financeiro a tirar o grupo de mídia do 'fundo do poço'. Você pode saber mais sobre esse tema na notícia ' Prédio-sede da Impresa servirá pela terceira vez como 'ativoespeculativo' '.

Ainda sobre o grupo de Balsemão, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social abriu processo de contra-ordenação por documentário com "linguagem forte". A multa pode chegar a R$ 150 mil: ' Documentário sobre comércio de sexo em tarde de domingo vale processo contra SIC Radical '.

É a guerra: Começam cortes no bem-estar e cortes na ajuda internacional...

O Partido Trabalhista cambaleou muito para a direita?

James Tapper Toby Helm Denis Campbell | The Guardian | # Traduzido em português do Brasil

Pessoas que recebem benefícios estão preocupadas e alguns parlamentares estão falando de "crueldade". O plano de Keir Starmer de cortar gastos públicos é uma traição aos valores de seu partido?

Toda a conversa é sobre cortes de benefícios na Yum, uma despensa comunitária em Armley, uma das partes mais pobres de Leeds. Fica no coração do distrito eleitoral de Rachel Reeves e a chanceler disse há três anos que bancos de alimentos como o Yum e bolsas de roupas como a Bundles, ambas administradas pela Armley Action Team, eram prova de que o aumento da pobreza durante a crise do custo de vida significava que os benefícios deveriam aumentar.

Agora, porém, Reeves está planejando cortá-los, incluindo dinheiro para pessoas com deficiência.

Pessoas que vêm ao Yum para obter um pacote gratuito de “leite, pão e pasta” e outros itens essenciais estão compreensivelmente preocupadas. Duas amigas, Wendy Halliday e Jacqueline Parker, apareceram – ambas assistentes de saúde que trabalhavam na mesma casa de repouso e foram forçadas a desistir do trabalho após 30 anos devido a problemas de saúde.

Parker, 65, tem fibromialgia, “como ter cãibras por todo o corpo 24 horas por dia”, enquanto Halliday tem 63 anos e tem problemas nas costas por anos levantando pacientes idosos sem a ajuda de um guincho. Ela costumava caminhar quilômetros nos pântanos; agora, ela precisa de um táxi para chegar ao banco de alimentos.

Ambos recebem pagamentos de independência pessoal (Pip), um benefício por incapacidade na mira de ministros que querem cortar a conta da assistência social em £ 5 bilhões.

COM GUERRA À ESPREITA, ALEMANHA BUSCA ARMAS NUCLEARES

Nina Werkhäuser | Deutsche Welle | # Publicado em português do Brasil

País ainda guarda ogivas americanas, mas procura novos parceiros após Donald Trump pôr em xeque domo da Otan que protege a Europa. Atenções, agora, se voltam para França e Reino Unido.

A Alemanha deixou Emmanuel Macron esperando por algum tempo. Em diversas ocasiões, o presidente francês quis conversar sobre uma oferta de armas nucleares da França para a dissuasão nuclear na Europa. Até recentemente, a ideia era rejeitada.

Mas isso está mudando. O líder conservador Friedrich Merz, que deve assumir o comando do governo alemão nas próximas semanas, está pronto para o diálogo. A situação mudou drasticamente diante das ameaças de Donald Trump de negar a proteção militar dos Estados Unidos a seus aliados europeus da Otan.

EUA têm armas nucleares estacionadas na Alemanha

Há décadas, a Alemanha vive sob a proteção do escudo nuclear americano. Há um número de até 20 bombas nucleares estacionadas em uma base aérea da Bundeswehr (as forças armadas alemãs) em Büchel, no estado da Renânia-Palatinado. Só o presidente dos EUA têm o código para liberá-las.

No entanto, em caso de emergência, caberia aos caças da Bundeswehr usá-las para bombardear alvos. Essa coordenação conjunta da dissuasão nuclear com os americanos é o que a Otan chama de "participação nuclear", e também vale para outros países europeus.

sábado, 15 de março de 2025

EUA | A GUERRA DE TRUMP CONTRA A EDUCAÇÃO -- Chris Hedges

Chris Hedges em ScheerPost | Consortium News | # Traduzido em português do Brasil

Os cortes do presidente dos EUA na educação sob o pretexto de combater o antissemitismo são um esforço para impor o totalitarismo nas mentes das gerações futuras. Perguntas não devem ser feitas, mitos devem ser impostos. 

Os ataques a faculdades e universidades — o governo de Donald Trump alertou cerca de 60 faculdades que elas poderiam perder dinheiro federal se não tornassem os campi seguros para estudantes judeus e já está retirando US$ 400 milhões da Universidade de Columbia — não têm nada a ver com o combate ao antissemitismo. 

O antissemitismo é uma cortina de fumaça, uma cobertura para uma agenda muito mais ampla e insidiosa. O objetivo, que inclui planos para abolir o Departamento de Educação e encerrar todos os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), é transformar o sistema educacional, do jardim de infância à pós-graduação, em uma máquina de doutrinação.

Regimes totalitários buscam controle absoluto sobre as instituições que reproduzem ideias, especialmente a mídia e a educação. Narrativas que desafiam os mitos usados ​​para legitimar o poder absoluto — no nosso caso, fatos históricos que mancham a santidade da supremacia masculina branca, do capitalismo e do fundamentalismo cristão — são apagadas.

Portugal | 'CONCERTOS' NA AR & NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

AGUIAR-BRANCO FOI COLEGA DE LICEU DO 'CHICO FININHO'

Parlamento: Conferência de Líderes ‘salva’ concerto de 140 mil euros de Rui Veloso

Aos 67 anos, Rui Veloso continua a ser bastante requisitado, mas saiu-lhe agora a 'sorte grande'. Por motivos ainda não esclarecidos, foi escolhido para abrilhantar um concerto em Maio nas escadarias do Parlamento, a preços muito acima dos praticados no mercado. O contrato com a Assembleia da República foi assinado na véspera da queda do Governo e, na passada quarta-feira, 'reconfirmado' em Conferência de Líderes, presidida por Aguiar-Branco, amigo de longa data de Rui Veloso, com quem até gravou um disco de edição restrita.

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Num cenário onde a repetição política se tem esvaído ao sabor dos conflitos de interesse e promiscuidades em torno da alteração da Lei dos Solos – com a possibilidade arbitrária de se transformar terrenos rurais pouco valorizados em áreas urbanizáveis ​​de elevado valor, criando-se mais-valias de um dia para o outro –, ontem aplicou-se, durante o debate da moção de censura do Chega, um adágio: “fala o roto do nu”.

Com efeito, depois do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, ter sido demitido após se saber que criara duas empresas imobiliárias; depois da revelação da existência de uma empresa familiar de consultadoria (a Spinumviva) de Luís Montenegro e dos seus terrenos rurais; depois do ministro da Coesão Territorial ter confessado que vendeu recentemente a sua quota de uma empresa imobiliária; e depois da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, e da ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, também entraram no lote de “governantes imobiliários”, eis que surgiu o contra-ataque: afinal, até no Chega havia deputados “promíscuos”. E logo quatro.

De entre as três empresas em que declaram participações, uma delas – a Portocovi – tem atividades no setor imobiliário. Com uma participação minoritária do social-democrata (38,97%), a Portocovi tem sede em Lisboa, um capital próprio de 29 mil euros e no seu objeto social é “a compra e venda de bens móveis e imóveis, locação, gestão de bens próprios ou alheios e prestação de serviços”.

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Portugal | DESENLAMEAR - o cartoon de António


Portugal | CONFIANÇA E DEMOCRACIA

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias, opinião

Esta semana foi rejeitada na Assembleia da República a moção de confiança apresentada pelo Governo e, no próximo dia 18 de maio, teremos de novo eleições. Mais do que uma situação circunstancial, temos em mãos uma potencial crise de confiança na democracia à escala nacional, que se justapõe a uma outra, bem manifesta, de escala global. Muito há a fazer para que os resultados não venham a ser desastrosos.

Atividades incompatíveis com o exercício de funções públicas, em particular naquelas de maior responsabilidade, levam as pessoas a desconfiar e desacreditar na democracia. O debate político, em grande medida, vai sendo feito entre ruído e ruínas, longe dos problemas da maior parte das pessoas, e carente de grandes ideias orientadas para a prosperidade partilhada e para o progresso.

As instituições definham. Tardam em revelar capacidade de se revitalizarem de forma afirmativa. A confiança dos cidadãos em serviços públicos fundamentais - na saúde, na justiça, na educação - está perigosamente degradada. Isso é fruto de um desinvestimento prolongado ao longo das últimas décadas e de campanhas permanentes contra a sua existência, com qualidade e com caráter universal e solidário. Os custos da habitação são criminosamente altos, bloqueando a organização de vida dos jovens. O trabalho e a proteção social, ancoradouros de direitos humanos e de fatores de realização das pessoas, nos planos individual e coletivo, têm sido maltratados. Os salários (e também as pensões de reforma) continuam muito baixos. As instituições centrais que os ancoram, como é o caso da contratação coletiva, estão fragilizadas.

No quadro internacional, também a confiança entre estados e nas instituições que regem as suas relações - nomeadamente o Direito Internacional - atravessam um período de enorme turbulência. Enquanto as facas dos “grandes líderes” se afiam, é fácil antecipar que será na pele dos mais frágeis que as lâminas se farão sentir. A velha lógica económica por detrás da guerra é hoje declarada sem reservas nem vergonha.

Esta semana, discutiu-se um hipotético cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia, mas os dedos teimam em não largar o gatilho. E a União Europeia avança para um enorme esforço de rearmamento, ao arrepio de “sagradas” regras orçamentais: afinal estas são apenas simples escolhas políticas. A rigidez das regras impõe-se quando tratamos da promoção da coesão social e da modernização do tecido socioeconómico, mas deixa-se cair para atender a outras prioridades. Num caso “não pode ser”, no outro “tem de ser”.

As eleições de 18 de maio exigem forte sentido de responsabilidade. Sermos exigentes com o debate político e com os seus protagonistas, reclamando o confronto de ideias e exigindo políticas capazes de nos devolver a confiança num futuro próspero e justo. Depois, façamos do voto uma oportunidade para reconstruir a confiança na democracia.  

* Investigador e professor universitário

Portugal | Operação Marquês: Da detenção no aeroporto ao início do julgamento

A juíza que vai presidir ao coletivo do julgamento da Operação Marquês decide na segunda-feira quando José Sócrates e os restantes arguidos se sentarão no banco dos réus, mais de uma década depois de conhecida a investigação.

A juíza Susana Seca, do Tribunal Central Criminal de Lisboa, vai presidir ao coletivo de julgamento do processo que pela primeira vez vai sentar um ex-primeiro-ministro no banco dos réus.

Da detenção na noite de 21 de novembro de 2014, no aeroporto de Lisboa quando chegava de Paris, até hoje passou uma década sobre um dos processos mais mediáticos de sempre em Portugal.

O arrastar do processo nos tribunais sem que haja sequer uma data para o início de julgamento motivou críticas à justiça, e da justiça, à morosidade que sucessivos recursos podem impor, com pedidos de reflexão, propostas de alteração e mais críticas a tudo isso.

Depois de anos de inquérito, de uma acusação que pela primeira vez acusou um antigo líder de Governo de corrupção, e da fase de instrução, o momento mais marcante foi a decisão instrutória, que deitou por terra a acusação do Ministério Público.

A acusação imputava 189 crimes a 28 arguidos, num processo de suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal que envolviam, não só o Governo e o Estado, pela alegada participação de um ex-primeiro-ministro, mas grupos de construção civil, o maior banco português na altura, o BES, uma das empresas nacionais de maior dimensão, a Portugal Telecom, entre outros.

Uma decisão de janeiro de 2024 do Tribunal da Relação voltaria a devolver à vida a acusação inicial, recuperando-a quase na íntegra, com críticas de "candura e ingenuidade" ao juiz de instrução Ivo Rosa, mas só no final do ano o processo seria enviado para julgamento, ultrapassada uma última bateria de recursos pendentes que o poderiam evitar.

Paz sustentável russa VS cessar-fogo temporário ucraniano

South Front | em OPERA | # Traduzido em português do Brasil

Depois de Kiev e Washington terem concordado com o regime de cessar-fogo temporário, um representante dos EUA correu para Moscovo para levar a bola para o campo russo. O presidente Vladimir Putin falou com o representante especial dos EUA, Steven Witkoff, mas não foram revelados quaisquer detalhes das negociações. O norte-americano declarou o seu otimismo cauteloso sobre o possível regime de cessar-fogo na Ucrânia.

De referir que Putin também ligou ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, que é mediador nas negociações sobre a Ucrânia.

Para destacar mais uma vez a posição russa, Putin realizou uma conferência de imprensa juntamente com o seu homólogo bielorrusso Lukashenko. Foi declarado que Moscovo concorda com as propostas de cessar as hostilidades, mas o regime de cessar-fogo deve conduzir à paz a longo prazo e eliminar as causas da crise. A Rússia procura uma paz sustentável, não um cessar-fogo temporário. Não há necessidade de medidas que imitem ações pacíficas.

Os ucranianos deveriam ter cessado o fogo há muito tempo e sentar-se à mesa das negociações. Quando Kiev regressar às negociações três anos após o frustrado acordo de Istambul, deverão compreender que a situação mudou, incluindo nos campos de batalha.

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Kiev está a tentar jogar o jogo da nobreza quando o seu exército disperso não consegue parar de recuar em todas as linhas da frente, e as suas unidades estão bloqueadas na região de Kursk. As tropas russas assumiram o controlo de toda a aglomeração em redor de Sudzha. Os soldados ucranianos já não têm fortalezas para defesa e são obrigados a recuar do solo russo a pé, sob fogo intenso.

As posições ucranianas não são melhores no Donbass. O ritmo do avanço russo continua elevado na direção sul de Donetsk. As tentativas ucranianas de contra-ataque perto de Pokrovsk não deram resultado. As tropas russas estão a aproximar-se de Seversk e cercam Kupyansk numa ampla frente. As operações ofensivas russas foram retomadas nas linhas da frente do sul de Zaporozhie e do norte de Kharkiv. A Ucrânia aguarda também um ataque russo na região fronteiriça de Sumy após o fim das operações de limpeza em Kursk.

Moscovo compreende claramente que a trégua de 30 dias só se transformará num período de descanso para os militares ucranianos. Kiev espera usá-lo para obter mais armas e intensificar a mobilização em curso.

Além disso, há ainda a questão do controlo da implementação de um regime de cessar-fogo. O lado russo nega, obviamente, o destacamento de quaisquer forças militares ocidentais em território ucraniano; enquanto as instituições internacionais, incluindo a OSCE, a IEAE e até a ONU, se desacreditaram ou confirmaram a sua completa impotência.

Enquanto Zelensky está a fazer de rainha do drama, atuando na Casa Branca e depois concordando em cessar fogo depois de o seu exército ter sido destruído e todo o país ter sido vendido, a posição de Moscovo continua a ser difícil. A Rússia está pronta para continuar as suas operações militares, estando aberta a um diálogo significativo que vise uma paz sustentável, sem sacrificar os seus interesses e a segurança.

Ler/Ver em South Front: (use OPERA em vez de Google)

Cenouras e mocas: fluxo de armas dos EUA para a Ucrânia cresce no meio de negociações

Vitória em Sudzha faz balançar o pêndulo da guerra a favor da Rússia

Exército russo libertou Sudzha na região de Kursk (18+)

Exército russo assumiu o controlo de Dneproenergiya no sul do Donbass

A conversa da Polónia sobre a obtenção de armas nucleares é provavelmente uma tática...

... de negociação equivocada com os EUA

<> Andrew Korybko * | Substack | opinião | # Traduzido em português do Brasil ---

A última coisa que Trump quer é que os EUA sejam arrastados de volta para outra guerra com a Rússia depois de "retornar à Ásia", muito menos uma guerra direta em vez da guerra por procuração que eles resolveram encerrar recentemente, mas as chances de isso acontecer aumentariam se a Polônia obtivesse suas próprias armas nucleares.

O primeiro-ministro polonês Tusk declarou recentemente que “Devemos estar cientes de que a Polônia deve alcançar as capacidades mais modernas também relacionadas a armas nucleares e armas não convencionais modernas”. Isso ocorreu após a proposta do presidente francês Macron de estender o guarda-chuva nuclear de seu país sobre seus aliados continentais. A insinuação inconfundível é que o aliado francês histórico da Polônia pode ajudar a Polônia a desenvolver suas próprias armas, violando o Tratado de Não Proliferação Nuclear.

A coalizão liberal-globalista governante da Polônia criticou anteriormente o pedido do presidente conservador de saída para hospedar armas nucleares dos EUA com base no fato de que seu país não seria capaz de usá-las independentemente, mas agora o líder dessa mesma coalizão quer ir ainda mais longe desenvolvendo armas nucleares. Tusk abordou indiretamente sua reversão na questão nuclear mencionando o quanto mudou recentemente em uma alusão à suspensão da ajuda militar e de inteligência de Trump à Ucrânia, o que provocou pânico entre a elite da UE.

BOCA GRANDE

Muzaffar Yulchiboev, Uzbequistão | Cartoon Movement

Táticas de intimidação.

REPÓRTER MORREU PELA BOCA -- Artur Queiroz

<> Artur Queiroz*, Luanda ---

No início de Janeiro 1975 fui cobrir a Cimeira de Mombaça. Saí de Luanda manhã cedo num voo da SAA (companhia de bandeira sul-africana) rumo a Joanesburgo. O destino final era Nairobi mas só ia viajar ao fim da tarde. Pedi ao oficial da polícia de fronteira que me permitisse sair do aeroporto para fazer um apontamento de reportagem. 

O senhor respondeu: “Impossível. Se não fosse jornalista e quisesse ir visitar a cidade, tinha uma autorização temporária. Mas como quer fazer uma reportagem, não pode nem sequer circular na zona comercial da aerogare.” Fui enviado para uma sala onde, de vez em quando, uma senhora me ia perguntar se precisava de alguma coisa. Deram-me água e sanduiches. Ligava pelo telefone interno quando queria ir à casa de banho. 

O repórter morreu pela boca, como o bagre. Devia ter dito que queria ir a um bordel. Punham logo um carimbo no passaporte autorizando a minha entrada na cidade de Joanesburgo. Também podia ter dito que era amigo do João Soares e do Alcides Sakala, que se passeavam pelas avenidas do regime de apartheid, com guarda de honra. Os karkamanos tratavam bem a criadagem. O filho do padrasto da democracia portuguesa teve um acidente na Jamba e puseram-lhe os ossos todos no sítio, num hospital de Pretória, com ala especial só para a capoeira do Galo Negro. É a diferença entre um bagre repórter e um criado às ordens.

De repente surgiu um alarido de boçal. Dois antigos Chefes de Estado foram barrados no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, quando estavam em trânsito para a cidade de Benguela, onde iam participar numa conferência da Internacional Democrata Cristã. A UNITA avançou em força com o barulho habitual. O Bloco Democrático reagiu como no tempo em que alguns dos seus dirigentes eram maoistas de faca na boca. Agora eleitoralmente valem zero vírgula zero. Fiquei perplexo.

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