terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

A importância do Ano Novo Chinês

David Chan* | Plataforma | opinião

Segundo o calendário lunar e o zodíaco chinês, o ano de 2021 é o Ano do Boi. A última semana marcou o início de mais um ano e Festival da Primavera, mostrando a importância desta época para a China. O Ano Novo chinês tem um impacto reconhecido por toda a comunidade internacional.

Na véspera, o presidente norte-americano, Joe Biden, enviou por telefone votos de ano novo, prosperidade e felicidade ao povo chinês. Muitos outros líderes internacionais fizeram o mesmo e enviaram mensagens de ano novo à China e à população.

Já em 2017, o antigo presidente Donald Trump tinha enviado a filha Ivanka Trump, e a neta, à embaixada chinesa em Washington para participar nas celebrações de ano novo. Durante a gala esta cantou algumas canções chinesas e desejou um bom ano a todos os chineses.

Muitos residentes de Hong Kong e Macau com certeza ainda se lembram dos tempos em que as duas cidades estavam sob administração inglesa e portuguesa, altura em que os respetivos governadores enviavam mensagens de bom ano para a população chinesa das duas cidades, as quais terminavam sempre com a expressão chinesa “Gong Xi Fa Cai” (votos de felicidade e prosperidade).

No passado, a imagem da China na mente de muitos estrangeiros resumia-se ao “Made in China” e à economia, mas agora a cultura chinesa está a demonstrar a respetiva força. Ao longo dos seus mais de 5.000 anos de história, o Festival da Primavera nunca foi esquecido.

Se a China continuar como uma potência forte, haverá um dia em que o Festival da Primavera será celebrado a nível mundial. Na verdade, já é um feriado em vários países, mas é celebrado maioritariamente por chineses. Porém, acredito que no futuro este dia será celebrado em todo o mundo por chineses e não chineses.

Por detrás deste festival está o amor à nação chinesa. O país ainda não desenvolveu suficientemente o seu soft power, sendo esta a principal razão que faz com que receba críticas da comunidade internacional mesmo após ter resolvido os problemas de pobreza e fome. A promoção do soft power não depende de slogans, mas sim de respeito, dados científicos, sabedoria e estratégia. Cada vez mais nacionais e globais, confiantes e abertos. Para nos cultivar moralmente, para cooperar com aliados internacionais, mantendo os próximos felizes, e atraindo outros. Através de uma administração lógica e de um povo em harmonia, a população conseguirá encontrar felicidade e a China será finalmente um país influente e confiante.

*Este artigo está disponível em: 繁體中文

Suspenso julgamento de ex-padre acusado de abuso de crianças em Timor-Leste

Julgamento adiado para março

O julgamento de um ex-padre acusado de abuso sexual de crianças, pornografia infantil e violência doméstica foi hoje suspenso para ser retomado em 22 de março, altura em que serão ouvidas as primeiras alegadas vítimas.

Fontes judiciais confirmaram à Lusa que hoje, durante a primeira sessão do julgamento, que decorre à porta fechada dada natureza dos crimes, foi lida a acusação do Ministério Público contra Richard Daschbach, 84 anos.

Posteriormente, foi ouvido o arguido, tendo a defesa solicitado que o julgamento continuasse mais tarde, dado que a equipa de defesa tinha de regressar a Díli para acompanhar outros processos em curso.

Nesse sentido, e segundo as mesmas fontes, o coletivo de juízes suspendeu o julgamento, que vai ser retomado em 22 de março, durante pelo menos dois dias, altura em que se espera que comecem a depor as 14 vítimas dos alegados crimes.

Morte de Daviz Simango é "momento difícil para a democracia" de Moçambique

Para o diretor do Centro para Democracia e Desenvolvimento, a morte de Daviz Simango fragiliza a democracia. Adriano Nuvunga diz que o líder do MDM contribuiu para a desmilitarização da política em Moçambique.

Após a morte de Daviz Simango na segunda-feira (22.02), declarações públicas em tom de homenagem e a salientar a contribuição do líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) para o cenário político do país ressoam entre personalidades, nas redes sociais e nos média moçambicanos. 

Nesta entrevista à DW África, o Professor Adriano Nuvunga procura dimensionar o quanto a política moçambicana perde por não contar mais com Daviz Simango entre as suas vozes de maior destaque. 

"A morte de Daviz Simango fragiliza a democracia no país porque ele tinha a espinha no lugar", avalia.

O diretor do Centro para Democracia e Desenvolvimento vê o antigo líder do MDM como uma personalidade pública que ajudou a "desmilitarizar" a política em Moçambique.

"Luanda Leaks" e a fortuna de Isabel dos Santos

Revelações de consórcio de jornalistas mostram como a empresária Isabel dos Santos e o marido, Sindika Dokolo, terão desviado uma fortuna do Estado angolano. Ambos negam as acusações e queixam-se de perseguição política.

A empresária angolana Isabel dos Santos e o marido, Sindika Dokolo, são acusados de engendrarem esquemas financeiros para desviar dinheiro do Estado angolano. 

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou transações suspeitas, incluindo um alegado desvio de 90 milhões de euros da petrolífera estatal angolana, a Sonangol. 

O ICIJ baseia a investigação "Luanda Leaks" em 715 mil documentos. Contudo, Isabel dos Santos afirma que os documentos são "falsos". A empresária e o marido denunciam um "ataque político".

Deutsche Welle

Cabo Verde entre primeiros países africanos a receber vacinas da Covax

Cabo Verde será um dos primeiros países africanos a receber vacinas contra a Covid-19 através da plataforma internacional Covax, que contribuirá para a imunização de 35% da população do arquipélago, anunciou a ONU.

"A nossa equipa no país está orgulhosa em informar que Cabo Verde foi confirmado como um dos primeiros países africanos a receber o primeiro lote [de vacinas] pela Covax", disse esta segunda-feira (22.02) Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Nas próximas semanas, Cabo Verde vai poder comprar e administrar vacinas para cerca de 200 mil pessoas, o que representa 35% da população", acrescentou Dujarric.

Este anúncio resulta de quatro meses de trabalho da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com a liderança da coordenadora residente do sistema da ONU em Cabo Verde, Ana Patrícia Graça, para "apoiar o Governo a desenvolver um plano nacional de vacinação e fazer parte da Covax".

Covax é uma iniciativa conjunta da OMS e da Aliança para o Acesso às Vacinas (GAVI) para fornecer vacinas contra a Covid-19 a países de médio e baixo rendimento, num esforço de dar acesso e distribuir vacinas em todo o mundo.

Apoio do Banco Mundial

Cabo Verde foi o primeiro país africano a receber apoio económico do Banco Mundial para comprar vacinas, com a aprovação de um financiamento adicional de cinco milhões de dólares (cerca de 4,1 milhões de euros) em 11 de fevereiro.

"Foi a primeira operação financiada pelo Banco Mundial em África a apoiar um plano de imunização à Covid-19 e a ajudar a comprar e distribuir vacinas através da Covax", disse o porta-voz do secretário-geral da ONU.

O financiamento adicional será usado para comprar 400 mil doses de vacinas e equipamentos de proteção individual, inclusive máscaras.

No início de fevereiro, a Covax previa a distribuição de cerca de 337 milhões de vacinas a 145 países, incluindo sete países lusófonos - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor-Leste - que no conjunto terão acesso a cerca de 14 milhões de doses na primeira fase de distribuição. 

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.466.453 mortos no mundo, resultantes de mais de 111 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Deutsche Welle | Lusa

Guiné-Bissau | O que significam as trocas nas Forças Armadas?

Analistas acreditam que há um mal-estar que torna impossível dar a volta à instabilidade política. Alegados rumores de golpe e mudanças em cargos militares geram receio de que a crise no Governo possa estar a agravar-se.

O clima político-militar na Guiné-Bissau gerou apreensão depois dos rumores sobre um alegado golpe de Estado que estaria em fase de planeamento e das substituições nas Forças Armadas na semana passada.

A 12 de fevereiro, o Presidente Umaro Sissoco Embaló denunciou rumores sobre um possível golpe de Estado. Dias depois, o chefe de Estado procedeu a algumas mudanças nas Forças Armadas do país.

Para o analista político Luís Vaz Martins, há um mal-estar evidente na Guiné-Bissau e tais mudanças em cargos militares confirmam a existência de uma crise que vem assombrando as instituições do país.

"Há mal-estar. As declarações e atuações de Umaro Sissoco Embaló não confortam a esmagadora maioria dos guineenses e os seus aliados, aqueles que o ajudaram a assumir o poder", observa Martins.

Vacinas | Os amigos, os conhecidos e os pobres do mundo

Fernando Alves | TSF “Sinais

O jornal que antigamente se chamava i e agora se chama Inevitável revela hoje a convicção expressa por um sindicato da PSP de que a prioridade da vacinação está a ser dada "aos amigos e conhecidos". Começamos a ficar vacinados contra a avulsa vista grossa à regra e essa imunização deveria deixar-nos inquietos.

Quando os dirigentes do G7 se reuniram, há dias, virtualmente, Durão Barroso escreveu no DN, na qualidade de presidente da Aliança das Vacinas criada pela Fundação Bill e Melinda Gates, um texto apelando à solidariedade vacinal. Nesse texto, referia a "existência de vacinas prontas para serem distribuídas pelos países mais pobres do mundo". Durão Barroso sublinhava a evidência de que "as vacinas estão a ter um impacto mais profundo sobre esta pandemia do que qualquer estímulo fiscal ou monetário", não só por permitirem salvar vidas e proteger pessoas, "mas também por abrirem um caminho para a recuperação económica". Por isso, insistia em que as pessoas de todos os países deveriam poder "aceder-lhes de forma rápida, justa e equitativa". Daí o título do artigo: "Solidariedade vacinal, já". Esta urgência de uma palavra de ordem não dispensa a reflexão sobre de que é que falamos quando falamos de solidariedade. Tantas vezes ouvimos declarações de solidariedade institucional e sabemos que essa é outra maneira de dizer paz podre. Manejamos muitas vezes a ideia de solidariedade do mesmo modo que proclamamos a de tolerância, acomodados a um padrão de bem-estar que amacia a má consciência. Afinal, deveríamos, simplesmente, reclamar justiça. É justo reconhecer que o presidente da Aliança das Vacinas a reclamou, neste texto em que pediu apoio global à acção da Covax.

Foi isso no mesmo dia em que António Guterres criticou a distribuição "extremamente desigual e injusta" das vacinas contra a actual pandemia. O secretário geral das Nações Unidas pôs o dedo numa das feridas maiores destes dias: mais de 75% das vacinas estão nas mãos de 10 países. Guterres foi claro: "Mais de três quartos das doses de vacinas foram administradas em apenas 10 países, enquanto mais de 130 nações ainda não receberam uma única dose".

Percebe-se que a Amnistia Internacional considere um eventual fracasso do proclamado acesso global às vacinas "uma falha moral abjecta".

*Crónica de Fernando Alves em “Sinais” -- Os "Sinais" nas manhãs da TSF, com a sua marca de água de sempre: anotação pessoalíssima do andar dos dias, dos seus paradoxos, das suas mais perturbadoras singularidades. Todas as manhãs, num minuto, Fernando Alves continua um combate corpo a corpo com as imagens, as palavras, as ideias, os rumores que dão vento à actualidade.
De segunda a sexta, às 08h55 e 14h10

O negócio das vacinas

AbrilAbril | editorial

A UE financiou a produção de vacinas, comprou-as antecipadamente, mas abdicou de quaisquer direitos de propriedade, deixando nas mãos das multinacionais farmacêuticas a gestão integral do processo.

No âmbito do combate à pandemia de Covid-19, a vacinação é essencial para salvar vidas e também um elemento estruturante da retoma da actividade económica e social, num quadro em que se exige que as vacinas cheguem a todos os países, sem exclusões.

Portugal é uma das vítimas da falta de vacinas na União Europeia (UE), resultante dos constrangimentos na produção anunciados pelas farmacêuticas.

Recorde-se, a UE não só financiou a investigação e a produção de vacinas, como também as comprou antecipadamente, embora abdicando de quaisquer direitos de propriedade e deixando nas mãos das multinacionais farmacêuticas a gestão integral do processo de produção e comercialização, ao sabor dos seus interesses comerciais. Aliás, não será por acaso que a Comissão Europeia se tem recusado a divulgar todos os elementos dos contratos que assinou com as multinacionais farmacêuticas.

Os países, nomeadamente Portugal, não podem ficar prisioneiros dos interesses das multinacionais farmacêuticas, que, em contraponto com a lentidão no fornecimento de vacinas, continuam a aumentar os seus lucros milionários.

O G7 dá o poder a Bill Gates contra a Covid e relança a globalização

O G7 reuniu-se por videoconferência, em 19 de Fevereiro de 2021, a nível de chefes de Estado. O Presidente Biden participou nela pela primeira vez.

O comunicado final [1], num tom ultra-voluntarista, apenas contêm dois anúncios concretos:

-- O G7 participará na “ COVAX facility ” para garantir a distribuição mundial equitativa de vacinas anti-covid;
-- O G7 relança a globalização no seu melhor: agora ela será «equitativa».

Para compreender o que se esconde por trás deste dilúvio de boas intenções, é preciso saber:

A «COVAX facility» é a parte vacinas da ACT-A; uma iniciativa do G20 (24 de Abril de 2020). Trata-se de um grupo multilateral que coordena:

-- governos
-- A OMS, que é uma organização intergovernamental
-- a Coligação (Coalizão-br) para as Inovações em matéria de Preparação para Epidemias (CEPI), que é uma empresa privada;
-- a Gavi – Aliança de Vacinas, que é uma parceria de sectores público e privado;
-- finalmente a Fundação Bill e Melinda Gates, que é uma empresa privada.

A expressão « COVAX facility » é mentirosamente traduzida por «facilidade COVAX» na versão francesa do comunicado final do G7. Ela designa, na realidade, a capacidade de produzir vacinas e de as homologar, de uma penada, para o mundo inteiro. Para os governos que não dispõem de autoridades de homologação (credenciamento-br), esta coordenação deve permitir ganhar tempo. Para o sector privado, ela é suposta de «abrir os mercados».

Esta coordenação não será presidida por Estados, mas pelo Gavi, quer dizer, na prática, pela Fundação Bill e Melinda Gates, a qual está na sua origem e a controla. Ela não tem, pois, nenhuma legitimidade democrática. Foi a razão pela qual o Presidente Trump recusou que os Estados Unidos nela participassem.

Não existe nenhum meio de verificar para que servirá exactamente o dinheiro público entregue à “ COVAX facility ”. Assiste-se, portanto, ao estabelecimento de um gigantesco sistema de corrupção, como sempre sob o pretexto da urgência.

As opiniões públicas temem que a epidemia seja utilizada por grandes laboratórios para enriquecer de maneira desproporcionada, mas, no entanto, estes grandes laboratórios participarão na tomadas de decisão dentro de uma coordenação deliberadamente opaca.

De momento, a « COVAX facility » só trabalha com dois laboratórios (AstraZeneca e Pfizer); duas empresas que violaram já os seus contratos com a União Europeia.

-- Na sequência desta decisão, o G7 afirmou a sua linha multilateralista e globalizante.

-- O « multilateralismo » distingue-se aqui do « intergovernamental » por se basear em parcerias público/privado. O G7 toma nota da evolução sociológica ocorrida no decurso da crise de saúde. Agora, os financeiros detêm fortunas superiores ao orçamento anual de muitos Estados. Os Executivos do mundo Ocidental reconhecem-no decidem assim partilhar a sua autoridade democrática com a destes multi-bilionários.

-- No plano económico, a globalização é uma livre circulação de produtos e de capitais. É o que o G7 acaba de por em prática para as vacinas anti-Covid: estas já não necessitarão de ser autenticadas por cada Estado, mas poderão sê-lo, globalmente, para todos por uma autoridade privada englobando os Estados.

O reverso da globalização é o desaparecimento da classe média, um pouco por todo o lado, no Ocidente e os tumultos que se têm seguido. Ora, O G7 também anuncia uma globalização «equitativa» (sic). No entanto, ninguém é capaz de dizer o que este doce oxímoro encobre.

Voltairenet.org | Tradução Alva

Nota:

[1] «Comunicado final de los dirigentes del G7‎», Red Voltaire, 19 de febrero de 2021.

Biden e a exploração da mão de obra chinesa

Thierry Meyssan*

A Administração Biden está animada por uma ideologia fanática copiada de grupúsculos de crentes da esquerda. Ela é apoiada por dois poderosos lóbis: o complexo militar-industrial, por um lado, e as transnacionais produzindo na China por outro. Thierry Meyssan apresenta-nos este lóbi desconhecido.

Administração Biden só adoptará uma estratégia definitiva face ao seu rival chinês em Junho. Nessa altura, uma comissão ad hoc do Pentágono deverá apresentar propostas à Casa Branca.

Sob o comando do Presidente Xi Jinping, a China começou a expansão para fora das suas fronteiras. Ela colocou já 3. 000 soldados no seio das Forças das Nações Unidas, de seguida inaugurou uma base em Djibuti. Muito logicamente, deverá, como na época da histórica Rota da Seda, instalar postos militares ao longo das rotas que está em vias de construir para garantir a segurança do seu comércio internacional. Finalmente e acima de tudo, ela reinstala-se nas ilhotas que havia abandonado no século XIX no Mar da China.

A China pensa primeiro recuperar o seu espaço vital, do qual fora espoliada pelos colonos ocidentais. Ela está convencida do seu direito e considera que todos os golpes lhe são permitidos a fim de tomar a sua desforra.

No entanto, de acordo com a estratégia exposta em 1999 pelo General Qiao Liang e o Coronel Wang Xiangsui [1], a China entende evitar qualquer confronto militar directo com os Estados Unidos. Ela prefere contornar o seu adversário e assim meteu-se em guerras não-declaradas no plano comercial, económico, financeiro, psicológico, mediático etc.

O irredentismo chinês supõe expulsar os Ocidentais que ocupam desde há um século e meio o Extremo-Oriente. Isso deve ser distinguido da estratégia de desenvolvimento chinês, a qual conseguiu, em alguns anos, fazer sair da pobreza centenas de milhões dos seus cidadãos.

A estratégia económica da Nova China começou em 1978 sob direcção de Deng Xiaoping, mas ela só mostrou verdadeiramente os seus frutos a partir de 1994. Nessa altura a União Soviética tinha desaparecido ; o exército dos EUA tinha sido largamente desmobilizado ; o Presidente Bush Sr havia declarado que o momento de ganhar dinheiro tinha chegado e as grandes companhias haviam solicitado ao seu sucessor, o Presidente Clinton, que abrisse o mercado de trabalho chinês. Com efeito, um operário chinês, é certo sem formação, custava cerca de 20 vezes menos que um operário dos EUA.

O Presidente Clinton vai, pois, separar as negociações sobre os Direitos do Homem (no sentido anglo-saxão) das questões comerciais. Depois, vai fazer entrar a China na Organização Mundial do Comércio (OMC). Em alguns anos, as grandes empresas vão transferir as suas fábricas (usinas-br) de produção para junto da costa chinesa em proveito dos consumidores e em detrimento dos operários dos EUA.

Duas décadas mais tarde, os Norte-Americanos estão a consumir maciçamente produtos chineses, enquanto as suas grandes empresas, que se tornaram transnacionais, viram os seus lucros crescer exponencialmente. Mas simultaneamente, as fábricas de bens de consumo dos EUA foram deslocalizadas ou fecharam à medida que o desemprego se espalhou. A repartição de riqueza foi modificada de tal modo que agora, já não há quase classe média, antes, sobretudo, pobres e alguns ultra-bilionários.

Este fenómeno começa a tocar a Europa quando os eleitores norte-americanos escolhem Donald Trump como presidente. Este tenta, primeiro, resolver de forma amigável a questão da balança de pagamentos com a China (Border-adjustment tax), mas é impedido disso pelos Democratas e por uma parte dos Republicanos. Não conseguindo promover um bloqueio limitado das fronteiras, ele lança-se numa guerra de tarifas alfandegárias na qual o Congresso não tem voz.

Em 2021, oficialmente, sucede-lhe o Presidente Biden. É apoiado pelas transnacionais que tiram os seus imensos proveitos da globalização económica. De imediato, ele declara querer normalizar as relações americano-chinesas. Telefona ao Presidente Xi Jinping para lhe falar da situação dos Uigures, de Hong Kong, mas admite de imediato que o Tibete e Taiwan são chinesas, o que o seu predecessor parcialmente contestava. Acima de tudo, durante uma conferência de imprensa, declarou que cada país têm as suas «próprias normas » e que as posições políticas da China e dos Estados Unidos tinham cada uma a sua lógica. Assim, uma vez na Casa Branca, pode dizer que « compreendia » a repressão chinesa do terrorismo uígur, quando algumas semanas antes acusava a China de « genocídio » do povo uigur sob a capa de repressão do terrorismo.

Nos próximos quatro anos, a Administração Biden deverá, portanto, prosseguir a obra dos Presidentes Clinton, Bush Jr. e Obama, em proveito dos multimilionários e em detrimento do seu povo. Ele irá apoiar-se numa classe dirigente que tira benefícios pessoais deste sistema.

De maneira a compreender este dispositivo, recapitulamos as oito principais figuras que apoiam a aliança comercial americano-chinesa. Primeiro no plano político : uma das principais ícones Democratas e o Chefe dos Republicanos no Senado; depois, no plano económico, os dois maiores distribuidores de bens de consumo; e, por fim, no plano governamental, os decisores na Administração Biden.

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