quarta-feira, 7 de julho de 2021

ANGOLA, RUPTURA, LIBERTAÇÃO E VIDA – IV

A CONSUMAÇÃO DO PROGRAMA MÍNIMO DO MPLA É UMA PORTA DE AUTODETERMINAÇÃO ABERTA AOS DESAFIOS VITAIS QUE SE COLOCAM A ANGOLA

 Martinho Júnior, Luanda

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA DAS RAZÕES PORQUE “A LUTA CONTINUA” DESDE A SAGA ANTICOLONIAL, AO ANTIIMPERIALISMO INTERNACIONALISTA DE NOSSOS DIAS

Durante a 1ª metade da década de 70 do século passado, as contradições secundárias ganharam expressão, quer na tese colonial-fascista, quer na antítese, em resultado não só das doutrinas seguidas, mas também do jogo de inteligências implicadas nas disputas.

Em Angola como nas outras colónias portuguesas, o colonialismo estava desgastado e a africanização da guerra produziu um campo de manobra suplementar para o movimento de libertação que lutava de armas na mão.

O MPLA sofria fraccionismos por onde quer que passasse: em Kinshasa (Viriato da Cruz), em Brazzaville (Revolta Activa), em Lusaka (rebelião do leste e Chipenda) e escapou em Dar es Salam, também porque ali se estava longe das fronteiras…

Para o império (“hegemon” em formação) e seus vassalos (onde se incluíam o colonialismo e o “apartheid”) era intolerável a formação duma vanguarda rebelde, pelos que os serviços de inteligência conjugavam seus esforços contra ela a fim de a neutralizar e moldar aos termos de sua conveniência.

Entre todas as organizações rebeldes, a vanguarda constituída em MPLA era o alvo principal a abater.

A capacidade da vanguarda cultivada pelo MPLA em torno do Presidente Agostinho Neto, tornou-se assim eminentemente anti-imperialista, o que se viria a reflectir na Proclamação de Independência a 11 de Novembro de 1975!...

Desse modo, com a derrota sucessiva dos fraccionismos até à concretização do Programa Mínimo, a favor dos processos dominantes haveria que provocar mais um fraccionismo quando foi proclamada a República Popular de Angola e nada melhor que deitar mão a um projecto com indícios etno-nacionalistas ainda em formação, dividindo e mobilizando os do “interior” contra os do “exterior”, conforme à ideologia de Eduardo Artur Santana Valentim, Juca Valentim, recorrendo a mobilizações sobretudo em círculos repescados nas prisões, integrantes de alguns comités clandestinos da capital e de alguns outros que viveram a saga da asfixia da Iª Região Político Militar…  

Na zona cinzenta do colonial-fascismo podiam-se produzir esse tipo de envenenados frutos, para o que desse e viesse…

Mais lidas da semana