sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

DEFENDEM O CLIMA ENQUANTO NOS PREPARAM O FIM DO MUNDO

Manlio Dinucci*

O discurso sobre o “aquecimento global” e o futuro do planeta contém em muitos casos enorme hipocrisia. A Itália e a Grã-Bretanha assumiram protagonismo na preparação da COP26 da ONU. Esses mesmos países, que manifestam tanta preocupação com o aquecimento global, contribuem activamente (junto com os EUA) na escalada armamentista que poderá conduzir a uma catástrofe nuclear. Se tal vier a suceder, seguir-se-á um inverno nuclear no qual poucas formas de vida sobreviverão.

No início de Outubro, a Itália acolheu a reunião preparatória da Conferência das Nações Unidas sobre Alteração Climática, COP26, que está agora a ocorrer em Glasgow.

Duas semanas depois, a Itália acolheu também outro evento internacional que, ao contrário do que sucedeu com o primeiro, o governo italiano preferiu realizar no maior silêncio: a manobra de guerra nuclear Steadfast Noon, organizada pela NATO nos céus do centro e do sul de Itália.

Sob as ordens dos Estados Unidos, as forças aéreas de 14 países membros da NATO participaram durante 7 dias nesta manobra, deslocando nas bases de Aviano e Ghedi (Itália), caças-bombardeiros capazes de transportar tanto armas convencionais como armamento atómico.

Aviano, na região italiana de Friuli, serve como base permanente para o 31º Esquadrão Aéreo dos Estados Unidos, que dispõe de caças-bombardeiros F-16C/D e de bombas nucleares (EUA) B61.

Portugal | Covid-19: Mais 12943 casos e 11 mortes nas últimas 24 horas

Relatório da DGS indica que há agora 864 internados devido à covid-19, menos 29 que ontem, dos quais 149 estão em unidades de cuidados intensivos, mais um.

Na véspera de Natal, Portugal reportou 12943 novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). Desde 29 de janeiro não existiam tantos casos, contudo os internamentos são agora muito mais baixos do que nessa altura. Estão agora 864 internados, menos 29 que no dia de ontem.

Há a registar mais 11 mortes associadas à infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, indica o relatório desta sexta-feira (24 de dezembro).

No que se refere à situação dos hospitais, há agora 864 internados (menos 29 do que no dia anterior), dos quais 149 estão em unidades de cuidados intensivos (mais um).

Portugal tem 118.640 casos em vigilância num total de 91 947 casos ativos.

O nível de incidência nacional é agora de 630,8 casos de infeção por 100 000 habitantes. Na quarta-feira, dia da última contagem era de 579 casos. Por sua vez, a incidência no Continente é agora de 633,1 casos de infeção por 100 000 habitantes, um crescimento em relação à contagem da passada quarta-feira, dia 22 de dezembro, em que os valores eram de 582,3.

O R(t) mantêm-se nos mesmos níveis da última quarta-feira: 1,07, quer a nível nacional como no Continente.

Portugal | O NOSSO “SQUID GAME”

AbrilAbril | editorial

Squid Game: série coreana, os ricos divertem-se com a situação dos pobres e, sendo os responsáveis por um sistema alimentado de desigualdades

Enquanto fomentam o ódio perante os excluídos, responsabilizando-os pelos males da nossa economia, desviam o foco dos responsáveis por alimentar desigualdades, permitindo que se continue a cavar o fosso.

Volta e meia, o discurso entranhado ganha voz, anima conversas de café, surgem exemplos de alguém que se conhece ou se ouviu falar nas notícias. Forjam-se teorias de que o País não vai para a frente por causa dos que vivem nas franjas, excluídos de um sistema onde nem todos têm lugar, porque essa é a matriz do sistema capitalista.

São «os do rendimento mínimo», os que «vivem à custa do Estado», os que «não querem trabalhar», os que «trabalham uns tempos para voltarem aos subsídios». No congresso do PSD do último fim-de-semana, Rui Rio, que faz propaganda afirmando-se ao centro, voltou a captar a atenção da extrema-direita com a retórica dos pobres que se alimentam do sistema. Para o presidente dos social-democratas, «não é racional manter apoios sociais a quem os usa para se furtar ao trabalho e dessa forma condicionar a própria expansão empresarial que cada vez mais se lamenta da falta de mão-de-obra disponível para trabalhar». 

O mesmo lamento tinha sido reproduzido dias antes por Ferraz da Costa, numa entrevista. No seu tom mordaz e bafiento, o presidente do Fórum para a Competitividade disse haver «muitas pessoas que não querem trabalhar e o sistema permite». O que o «sistema» permite é o trabalho barato e sem direitos, realidade em que Ferraz da Costa lamenta não se ter ido mais longe – «a legislação laboral deveria ter sido mais liberalizada do que foi».

Covid-19, portugueses corruptores e chicos-espertos 'atacam' enfermeiros

Covid-19: utentes que não querem ser vacinados tentam subornar enfermeiros para ter o carimbo da inoculação

Bastonária dos Enfermeiros pede aos profissionais que denunciem situações à Ordem dos Enfermeiros

Vários utentes já tentaram aliciar enfermeiros com dinheiro para terem o carimbo da vacina contra a covid-19 sem que a inoculação tenha sido feita. De acordo com o “Diário de Notícias”, os casos ocorreram num centro de vacinação da área da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT). A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, pede aos profissionais que denunciem estas práticas.

Um dos casos específicos aconteceu na quinta-feira passada (19 de dezembro). Um homem de 72 anos tentou aliciar com 200 euros um enfermeiro para que este carimbasse o documento de vacinação sem administrar a vacina. O enfermeiro recusou o pedido e o homem acabou por abandonar o local, tendo ficado registado na ficha de utente a tentativa de suborno.

Ana Rita Cavaco diz não conhecer nenhum caso destes. “Ainda não mandaram nada aqui para a Ordem. Desde o início da vacinação não recebemos nada desse género”, disse a bastonária. ​​"O que os enfermeiros devem fazer é enviar a informação para nós, identificando a pessoa, porque eles têm acesso à identificação e podem partilhá-la com a sua ordem profissional. E, a partir daí, nós faremos queixa ao Ministério Público. É o que nós entendemos que deve ser feito", aconselha.

Expresso

Portugal | NATAL, A ÚLTIMA ABSOLVIÇÃO

Miguel Guedes* |  Jornal de Notícias | opinião

Hoje, amanhã e - com sorte - no domingo. Três dias que são de paz, politicamente neutros, repletos de pequenos actos de armistício e pazes feitas, mas que, desde o rebentar da pandemia, são tudo menos irrelevantes. A partir de segunda-feira, teremos a contabilização das garfadas e facadas de Natal como se de espingardas a disparar entre trincheiras se tratassem. Tudo ao molho e com pouquíssima fé em Deus, a contar infectados, internados e intensivos. A contar as mortes. A apontar as culpas.

Negacionistas a negar que o maior número de internados em UCI são mesmo não vacinados, liberais a relativizar em direcção ao umbigo em nome da economia e da liberdade que apregoam, mesmo que a preguem com os pregos infantis de uma mão invisível. Santa quadra em que só revolucionários e conservadores parecem pensar em nós, todos nós, os filhos de Deus.

É perfeitamente possível que virologistas tenham que madrugar em dia feriado. Está por saber qual o comportamento que as famílias irão adoptar nesta noite de véspera, daqui a umas horas, divididas entre o cansaço das vagas que já tanto as afastaram e a responsabilidade de resistirem à tentação de uma ceia em grupo familiar alargado. Há um sentimento de desamparo e abandono no ar. Todos órfãos das boas indicações da DGS, no ano passado, que nos fazia sonhar com compotas trocadas entre vizinhos no vão de escada de um bairro ou condomínio ou em "visitas rápidas ao quintal". Este ano, sempre longe da teocracia ou da fantasia, o ar que se respira é tão mais tecnocrático.

A secura dos números ficou agora a falar por si. Só ontem, quase mais 9000 casos e um crescimento que se esperava desde que o Governo fingiu que podia acabar o ano com as medidas "light" que propôs há semanas. O endurecimento das medidas é um sinal de progresso para aqueles que acordam estupidamente optimistas. Há que cuidar das eleições no fim de Janeiro e o caminho faz-se apenas e só pelo que é estritamente necessário. Um combo de contenções e optimismos, condenado ao puro revisionismo.

O presente colectivo não se conjuga em nenhuma forma de verbo. Está cheio de nomes, adjectivos e admite impropérios a saldo. Acção, nenhuma. Ninguém sabe como agir para amanhã. Seremos todos reféns do cuidado e, se temor fosse crença, estes seriam os mais católicos dos natais. Tendemos quase todos à absolvição, parecendo que renascemos meninos.

*O autor escreve segundo a antiga ortografia

*Músico e jurista

TRICAS E FACADAS DE DOIS VIGARISTAS – BERARDO E RENDEIRO

"Mãe África": como João Rendeiro usou Joe Berardo para lhe abrir portas e este lhe deu (várias) facadas fatais

O polémico multimilionário, que fez fortuna com a venda de legumes e a comprar minas abandonadas na África do Sul, foi usado como passaporte para João Rendeiro entrar no continente africano, aquele a que chamava “placa giratória de negócios”, mas o madeirense traiu-o. Duas vezes. Uma sem efeito. A segunda pelas costas. Contamos a arrepiante história de dois homens que dão palmadinhas nas costas um do outro quando se vêem, mas que em privado se odeiam

Quando em 1996 o economista João Rendeiro, agora detido na África do Sul, comprou, por mais de oito milhões de euros, uma empresa financeira chamada Incofina ao BCP, o magnata madeirense Joe Berardo, que fez fortuna na África do Sul a vender hortaliças e a comprar minas desativadas, foi dos primeiros entusiastas a aderir e a investir no novo projeto de banca privada para gente rica.

O desejo do madeirense de ser dono de um banco era, já na altura, bastante grande, como se veio a perceber anos depois, com a sua tentativa de assalto ao Milenium/BCP.

João Rendeiro - que a princípio estava satisfeito com o núcleo central de grandes acionistas, como Berardo, que lhe dava jeito ter na lista para lhe abrir portas na África austral (recorde-se que chegou a ter cinco funcionários em permanência em Joanesburgo), que apelidou de: "uma plataforma giratória de negócios" - cedo percebeu a embrulhada em que se metera ao convidar Joe Berardo para entrar no capital do seu neófito banco.

Rendeiro teve mesmo problemas sérios para controlar o lobo camuflado com pele de cordeiro que meteu dentro da sua instituição bancária. O pior foi o dia em que o lobo mostrou as garras e os dentes… E se deparou com um Rendeiro que não envergava propriamente o fato de capuchinho vermelho. E o contra-atacou ferozmente.

Não demorou três anos até que o truculento multimilionário traísse o "amigo" Rendeiro. Recorde-se que, entretanto, Berardo já foi preso, interrogado na justiça e em comissões de inquérito no Parlamento, alegando, em ambas as entidades. ser apenas dono de uma singela garagem no Funchal, na ilha da Madeira, e que, por esse motivo, não tem como ressarcir a banca nacional das centenas de milhões de euros que esta lhe emprestou para comprar… o BCP). 

Berardo traiu a confiança do maquiavélico banqueiro e fê-lo várias vezes, e com várias peripécias malucas, como o ex-banqueiro, agora detido na África do Sul, relata, bastante magoado, na sua biografia "Testemunho de um Banqueiro", um livro da autoria da jornalista Myriam Gaspar.

Autoridade eleitoral propõe adiar eleições na Líbia para 24 de Janeiro

Na Líbia, as eleições foram adiadas, após o comité eleitoral ter sido dissolvido. O processo de paz liderado pela ONU deveria culminar em eleições a 24 de dezembro. Autoridade eleitoral propõe nova data a 24 de janeiro.

Na noite desta terça-feira (21.12), a Alta Comissão Eleitoral Nacional (HNEC) ordenou a dissolução dos comités eleitorais do país. O objetivo deste processo de paz liderado pela ONU seria de permitir eleições nacionais a 24 de dezembro. No entanto, estas já foram adiadas para 24 de janeiro.

A decisão foi proposta esta quarta-feira (22.12) pela HNEC, após um comité parlamentar ter concluído que era "impossível" realizar o escrutínio na sexta-feira (24.12), o que representa um duro golpe nos esforços internacionais para pôr fim a uma década de caos na Líbia.

Sami Hamdi, diretor da International Interest, "think-thank" com sede em Londres, lembra que já há alguns meses havia tentativas de adiar as eleições. "Os grupos que procuram adiá-las são todas as fações líbias. Na verdade, ninguém quer mesmo eleições. Conseguiram, de alguma forma, garantir que o ambiente não fosse propício", diz.

A realização destas eleições presidenciais foi proposta para ajudar a unificar o país após uma década de guerra civil, mas nas últimas semanas multiplicaram-se os apelos para um adiamento.

Logo após a decisão da comissão eleitoral Líbia, a missão de apoio da ONU no país alertou, numa declaração, que a atual mobilização de forças afiliadas a diferentes grupos cria mais tensão e aumenta o risco de confrontos no país.

Embora não se tenha confirmado oficialmente, a conselheira especial da ONU para a Líbia, While Stephanie Williams, deve encontrar-se com candidatos esta semana. No entanto, 17 deles disseram que esperavam que as eleições fossem "inevitavelmente” adiadas.

TRABALHO DOS JORNALISTAS AFRICANOS É CADA VEZ MAIS PERIGOSO

Em 2021, a liberdade de imprensa no continente africano recuou devido ao crescente autoritarismo e à insegurança, especialmente na África Oriental, a região mais hostil para jornalistas.

No seu balanço anual sobre os abusos contra jornalistas divulgado este mês, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) alerta para o número crescente de comunicadores detidos em todo o mundo - e África não é exceção.

"Assistimos a um número crescente de jornalistas presos. Mais de uma centena destes foram detidos arbitrariamente ao longo do último ano na África subsaariana. Só na última semana, quando divulgamos o relatório, 26 jornalistas foram detidos. A maioria dos casos acontece na Eritréia, Camarões, Benim, Etiópia, Nigéria, Uganda e Sudão", refere Arnaud Froger, membro da referida organização.

A instabilidade política, tal como os golpes de Estado de 2021 no Sudão, Mali, Guiné e Chade, levou a uma repressão generalizada dos trabalhadores dos meios de comunicação social.

Os jornalistas estão também a ser alvo tanto de governos como de grupos armados que procuram controlar o fluxo de informação em regiões devastadas pela violência e pelo conflito, tais como os Camarões, o Sahel, o Congo, a Etiópia e a Somália.

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