sábado, 26 de fevereiro de 2022

'EUA e seus aliados minaram os acordos de Minsk por muito tempo' -- Henningsen

# Publicado em português do Brasil

Ponte Roberto * | Strategic Culture Foundation

Os países ocidentais sofrerão tanto quanto a Rússia, e possivelmente mais, considerando que a Rússia provou sua capacidade de resistir às sanções devido ao crescimento de sua base de produção doméstica.

Apesar de toda a conversa histérica sobre uma 'invasão russa' do território ucraniano, o presidente russo Vladimir Putin, usando nada mais perigoso do que uma caneta esferográfica, calmamente levou o impasse ucraniano à sua próxima fase lógica, que era reconhecer a independência do Donbass com o total apoio das forças de paz russas.

Se Kiev tivesse sido sincero em resolver o impasse e manter a parte oriental do país sob controle, teria demonstrado seu compromisso com o Protocolo de Minsk desde o início. Infelizmente, a prova dessa devoção nunca se materializou.

Na terça-feira, legisladores russos aprovaram por uma margem esmagadora um conjunto de acordos para iniciar o processo de apoio político e militar às repúblicas de Donetsk e Lugansk. Nesse mesmo dia, os parlamentos das duas regiões ratificaram o 'Tratado de Amizade e Cooperação com a Federação Russa'.

O analista de assuntos globais, Patrick Henningsen, concordou em discutir o movimento de Moscou para reconhecer a independência do Donbass, que se distanciou de Kiev após o levante Maidan de 2014, apoiado pelos EUA. Esse momento trágico na história europeia viu o governo democraticamente eleito do presidente Viktor Yanukovich varrido do poder.

A RÚSSIA NÃO ESTÁ ISOLADA NO SEU ATAQUE À UCRÂNIA

Estes são os seis países que estão solidários com Moscovo

Margarida Mota | Expresso

A condenação generalizada à invasão russa de território da Ucrânia não teve repercussão num conjunto de países. A maioria deles é castigada, há anos, por sanções económicas aplicadas pelos Estados Unidos

BIELORRÚSSIA

A entrada de tropas russas na Ucrânia concretizou-se por três frentes, uma das quais a partir de território bielorrusso. O país liderado por Aleksandr Lukashenko, que está no poder desde 1994 — longevidade que lhe vale o epíteto de “o último ditador da Europa” —, é um sólido aliado da Rússia.

Entre 10 e 20 de fevereiro, a realização de exercícios militares entre forças russas e bielorrussas contribuiu fortemente para a escalada da tensão na região. E com razão, já que no dia depois de terminarem, Moscovo reconheceu a independência das repúblicas separatistas ucranianas de Donetsk e Luhansk, ao que se seguiu a invasão da Ucrânia.

A permanência das tropas russas em território bielorrusso terminadas as manobras militares conjuntas indiciava o pior. A Bielorrússia deve lutar pela “sua independência” e contra a “ditadura”, apelou então a líder da oposição Svetlana Tikhanovskaya — tida pelo Ocidente como a vencedora das presidenciais de 2020 e que vive exilada —, considerando que a soberania do seu país estava ameaçada pela presença militar russa.

No próximo domingo, poderá ser dado mais um passo no crescente domínio de Moscovo sobre Minsk. Os bielorrussos estão convocados para se pronunciarem num referendo sobre alterações à Constituição e entre os assuntos em questão está a possibilidade de o Presidente Lukashenko autorizar a instalação de armas nucleares russas naquela antiga república soviética.

VENEZUELA

“A Venezuela está com Putin e com a Rússia, está com as causas corajosas e justas do mundo, e vamo-nos aliar cada vez mais”, reagiu, de forma inequívoca, Nicolás Maduro, às notícias da invasão russa da Ucrânia. O Presidente venezuelano acrescentou que a NATO e os Estados Unidos querem acabar militarmente com a Rússia por estarem “habituados a fazer o que querem no mundo”.

Na semana passada, quando da passagem por Caracas do vice-primeiro-ministro russo Yuri Borisov, os dois países assinaram um acordo de cooperação militar. Maduro defendeu que este compromisso “confirmou o caminho para uma poderosa cooperação militar entre Rússia e Venezuela para defender a paz e a soberania”.

As relações entre Moscovo e Caracas estreitaram-se sobretudo com Hugo Chávez, o antecessor de Maduro que ocupou o Palácio de Miraflores entre 1999 e 2013. Então, o venezuelano aproveitou o boom do petróleo, de que a Venezuela é produtora, e comprou aos russos centenas de milhões de dólares em armamento e equipamentos militares. 

Para a Venezuela, a Rússia é um mercado que permite contornar o efeito das sanções internacionais decretadas ao país. Este alinhamento entre os dois países já se fez sentir noutras crises. Em 2008, a Venezuela foi dos poucos países a reconhecer a independência das regiões da Abecásia e da Ossétia do Sul, em território da Geórgia.

ZELENSKY DETERMINA BANHO DE SANGUE E TROPAS RUSSAS AVANÇAM

# Publicado em português do Brasil

Ontem, a Rússia lançou a ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeio de alvos militares em várias cidades, que já deixaram mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU citou 100 mil deslocados no primeiro dia de combates.

Presidente da Ucrânia, o ex-comediante Volodymyr Zelensky determinou que todos os homens entre 13 e 60 anos, a maioria sem armamento suficiente para enfrentar o avanço das tropas russas, resistam à tomada da capital Kiev, neste sábado. Em vídeo publicado em suas redes sociais, Zelensky acredita que armas e equipamentos serão enviados por países amigos ao país, nas próximas horas. A decisão ucraniana significa um possível banho de sangue na região.

Alvos militares nos arredores da capital foram bombardeadas nesta madrugada. As forças ucranianas têm mostrado certa resistência às tropas russas. Previa-se uma noite difícil em Kiev e temia-se que as tropas russas entrassem no centro da cidade e tomassem os principais centros da capital, mas isso não ocorreu em face da ordem de Moscou para que as atividades bélicas cessassem, diante um pedido ucraniano para a negociação de um cessar-fogo.

Angola | A SEITA E O SEU PROFETA

Artur Queiroz*, Luanda

A Praia Morena tinha um bar simpático rodeado de bancos altos para quem gosta de beber ao balcão, à conversa com o barista e os vizinhos. Um senhor alemão do sisal, mal acostumado, sentou-se e pediu um uísque sem mais nada, porque se aquilo fosse bom com gelo e outras mixórdias, o fabricante tinha metido tudo na garrafa. Acontece que naquele altar só existia Sbel, o fabuloso uísque do Lobito. Servido generosamente num balão de vidro, o cliente emborcou uma golada e de imediato cuspiu tudo berrando guturalmente: Querem me matar! Não gostou da melhor bebida espirituosa do mundo, fabrico nacional.

Leio o editorial do Jornal de Angola e logo às primeiras palavras berro desalmadamente: Querem matar-me! A propósito da cimeira África-União Europeia leio isto: “Saudamos, por isso, o facto de a União Europeia ter fornecido  mais de 130 milhões de doses à África, tornando-se, claramente, num dos maiores doadores do continente”. Gostava de saber como é possível viver de cócoras vidas e vidas, anos após anos, séculos após séculos. Doadores? Os ladrões de ontem, os esclavagistas e colonialistas de séculos hoje são doadores? Tenham dó deste velho repórter a cair da tripeça.

- Kayila muntu mbizi, lumbu ki mosika dya yo, unlongi loa, se kadya lumbu yawonso. Tradução mais ou menos: Se oferecermos a alguém um peixe, ele tem garantida uma refeição. Mas se o ensinarmos a pescar, ele come todos os dias. Lá no Jornal de Angola sabem disso. Mas só no último parágrafo do editorial escrevem:  “Ao lado dos actos de solidariedade, das iniciativas para o reforço da cooperação e, muito particularmente nesta altura em que se impõe respostas precisas contra a Covid-19, faz todo o sentido que se pense e materialize o processo de produção de vacinas e de outros produtos médicos e farmacêuticos em África para satisfazer as necessidades básicas do continente”.

Isso mesmo. Os esclavagistas e colonialistas de ontem, os rapinadores e ocupantes de hoje que quebrem as patentes e instalem em todo o continente africano fábricas de produtos farmacêuticos, desde vacinas até medicamentos contra a malária. Se a cimeira África-União Europeia só serve para prolongar a dependência eternamente, não merece um editorial de cócoras do jornal de Angola.

Caso Cafunfo em Angola: Zecamutchima condenado a quatro anos de prisão

O líder do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, foi condenado esta tarde a quatro anos de prisão efetiva pelos crimes de associação criminosa e incitação à rebelião.

O líder do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe, José Mateus Zecamutchima, foi condenado na tarde deste sexta-feira (25.02) a quatro anos e seis meses de prisão efetiva pelos crimes de associação criminosa e incitação à rebelião. A decisão foi tornada pública no Tribunal da Comarca de Chitato, que ordena aos condenados o pagamento de uma taxa de justiça no valor de 500 mil Kzs (894 Euros).  

José Mateus Zecamutchima voltou para a prisão com mais outros quatro membros do Movimento Protetorado Lunda Tchokwe.  

Segundo a sentença lida pelo juiz da causa Baptista Nguenjo, também foram condenados cidadãos da República Democrática do Congo por infração migratória e permanência ilegal no território angolano. Os estrangeiros envolvidos no processo do caso Cafunfo vão ser repatriados para o país de origem.  

"Condenar os co-arguidos José Domingos Mateus Zecamutchima e Panga Chambangula com os demais sinais de identificação nos autos, na pena de quatro anos de prisão maior, quanto ao crime de associação de malfeitores", sentenciou o juiz.

Ministério da Defesa afirma ressurgimento da Junta Militar da RENAMO

MOÇAMBIQUE

Ministério da Defesa de Moçambique avançou ter conhecimento do ressurgimento da Junta Militar da RENAMO. Analista ouvido pela DW África diz que reagrupamento da junta pode ter impactos negativos no centro do país.

O grupo da Junta Militar da RENAMO terá reunido na semana passada e elegeu novos quadros, e um novo líder numa das suas bases, nas imediações da serra da Gorongosa, afirmou o diretor de operações no Estado maior das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, Chongo Vidigal.

A fonte do Governo moçambicano falava este final de semana, na Beira, durante a Cerimónia de abertura do "Ano Operacional e Desportivo Militar das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM)", na qual fez parte o ministro de Defesa, Cristóvão Chume.

"Nós temos a informação de que, recentemente, houve eleições internas", disse Vidigal, e que "foram nomeados, ou eleitos, novos dirigentes. Quer dizer que este grupo [a Junta Militar da RENAMO] para todos os efeitos, continua", disse.

CHEGAR A UM ACORDO COM OS RISCOS NUCLEARES DA GUERRA NA UCRÂNIA

Os EUA e a Rússia integraram armas apocalípticas em planos de guerra convencionais. O risco é baixo, mas não é zero.

Joe Cirincione | Responsible Statecraft

Se você está assustado com a atual crise na Ucrânia, está tendo uma resposta racional.

Estamos mais perto de uma guerra entre os dois maiores Estados com armas nucleares do que desde o início dos anos 1980. Os Estados Unidos e a Rússia não estão em combate direto, e o presidente Biden sabiamente descartou o envio de forças dos EUA para a Ucrânia. Nenhum dos dois estados lançaria intencionalmente um ataque nuclear “do nada”.

Mas os Estados Unidos e a Rússia estão em conflito. Enquanto estão escolhendo cuidadosamente quais instrumentos de coerção aplicar, ambos desenvolveram doutrinas de “dissuasão integrada” nos últimos 10 anos que integram as armas nucleares nas opções coercitivas que empregam.

Isso visa fortalecer a dissuasão – mas também obscurece o intervalo entre armas nucleares, cibernéticas, convencionais e econômicas. Qualquer erro de cálculo ou mal-entendido poderia, no calor da batalha ou à beira da derrota, resultar no uso de uma ou mais armas nucleares. Jogos de guerra conduzidos ao longo de décadas nos ensinam que não há um ponto final lógico quando a guerra nuclear começa.

Pelo menos alguns na Rússia também são a favor do uso de armas nucleares primeiro em um conflito e alguns são a favor de usá-las em uma estratégia conhecida como “escalar para diminuir”. Ou seja, se a Rússia está perdendo uma guerra convencional contra o Ocidente, usaria uma arma nuclear primeiro para sinalizar a gravidade da situação e forçar o Ocidente a recuar. Essa, é claro, provavelmente não será a resposta ocidental.

Ainda assim, mesmo considerando esses fatores, a chance de o conflito chegar ao nível nuclear é baixa. Mas não é nulo. Isso deve nos aterrorizar.

A GLOBALIZAÇÃO ESTÁ A MORRER?

Pedro Tadeu* | Diário de Notícias | opinião, em 23 Fevereiro 2022

Uma das promessas não cumpridas pela globalização foi a paz. Se pensarmos no Iraque, na Síria, na Líbia, no Afeganistão, na Al-Qaeda, no Estado islâmico, na Jugoslávia, na Chechénia, na Somália, em vários outros conflitos em África, mais alguns noutras paragens da Ásia, percebemos que o fim da Guerra Fria e a consequente disseminação do neoliberalismo económico não garantiu a paz no mundo, nada disso.

A argumentação, já teorizada há 40 anos, foi milhares de vezes replicada pela propaganda ideológica dominante desde o início deste século: dizia que com a interdependência económica entre as grandes nações, acelerada pela revolução tecnológica, as razões para sustentar guerras, fossem regionais, fossem planetárias, cairiam pela base face às consequências económicas desastrosas para todos os envolvidos.

As grandes empresas tecnológicas, transnacionais sem pátria, estariam sempre contra a guerra porque perderiam fortunas.

Os mercados financeiros, a grande banca com capitais em todo o lado, estariam sempre contra a guerra porque perderiam fortunas.

As grandes indústrias, que vendem produtos com componentes fabricados em vários pontos do planeta, estariam sempre contra a guerra porque perderiam fortunas.

A expansão do capitalismo, a quebra de barreiras alfandegárias, a internacionalização dos fluxos de capitais, a padronização ideológica, a uniformização cultural, tudo isso era um caminho para a paz... pelo menos as grandes potências não podiam guerrear-se entre si, pois os senhores do dinheiro não o permitiriam, jurava-se.

Portugal | Trabalhadores da Autoeuropa rejeitam segundo pré-acordo laboral

Pré-acordo garantia aumentos salariais de 2% em 2022 e 2023, com aumentos mínimos de 25 euros em 2022 e de 30 euros em 2023.

Os trabalhadores da Autoeuropa rejeitaram esta sexta-feira um segundo pré-acordo laboral, com 60% de votos contra e apenas 39,1% a favor, tal como já tinham chumbado o anterior, a 21 de maio do ano passado.

Na votação realizada nos últimos dois dias, quinta e sexta-feira, a maioria dos cerca de 5000 trabalhadores da Autoeuropa rejeitou o novo pré-acordo, com 2.433 votos (60%) contra e apenas 1583 a favor (39,1%). Os restantes são brancos e nulos.

O pré-acordo laboral que foi rejeitado garantia aumentos salariais de 2% em 2022 e 2023, com aumentos mínimos de 25 euros em 2022 e de 30 euros em 2023, a par da criação de mais um escalão - letra G -, que permitia aos trabalhadores que já estão no topo de carreira (letra F) beneficiarem de um aumento adicional de cerca de 2%.

Portugal | Menos internados e mais 28 mortos por covid-19 nas últimas 24 horas

De acordo com o boletim da DGS, nas últimas 24 horas foram declarados 28 mortos e registados mais 9 851 novos casos de covid-19. Há menos 123 internados.

O boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado este sábado indica que Portugal registou mais 28 mortes por covid-19 e mais 9851 novas infeções de covid-19.

Há agora 1 378 doentes internados (menos 123 do que na sexta-feira, dia 25), dos quais 101 em unidades de cuidados intensivos (mais três do que ontem).

A DGS registou também menos 9 932 casos ativos da doença e menos 12 161 contactos em vigilância. Há ainda 19 755 recuperados da covid-19

A região de Lisboa e Vale do Tejo é ainda a que apresenta maior número de casos, com 3 398 e nove mortos, seguida da do centro, com 2177 casos e três mortos e a do norte com 1881 e nove mortos.

No Alentejo verificaram-se mais 624 novos casos e um morto e na do Algarve 643 e quatro mortos. No arquipélago dos Açores há mais 694 doentes e dois mortos e na Madeira 434 e nenhum óbito.

DÉSPOTAS E FANTOCHES

Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

O som do medo no choro de uma criança ucraniana, ao assistir à queda de um míssil bem próximo da sua casa, coloca-nos no nosso ponto de rebuçado-zen para a análise do conflito russo-ucraniano: estamos à distância, na comodidade do sofá, a bater no teclado ou a debitar no ecrã, onde todos somos geoestrategas políticos natos, produtores exímios de comentários tendencialmente racionais, bem munidos da mais completa informação histórico-militar. Quase parece ciência.

Este é o fim do pós-guerra e o mais pesado início para a reconfiguração da nova ordem mundial que já se vislumbra, mas que ainda não tem vigência. A multipolaridade é um facto e uma nova bipolaridade entre blocos pode ser o reacender dos piores fantasmas. Imaginar um bloco ocidental (constituído pelos EUA/EU) e um bloco China/Rússia (com o "wild card" da Coreia do Norte em suspensão equívoca) convoca os piores receios. Estejamos preparados para as lições que os próximos tempos nos darão sobre como toda a comunidade internacional, sem excepção, tem tratado a soberania de alguns países e as legítimas aspirações à autodeterminação, à independência ou à autonomia dos povos. Não há heróis nem impolutos. Os que se indignam (e bem) com o ataque russo não queimaram pestanas pelo reiterado incumprimento do Tratado de Minsk. Ignoraram todos os sinais e atropelos de ambas as partes. Desprezaram a História e a personalidade de um déspota e a irrelevância de um fantoche. Agora somos (quase) todos ucranianos e anti-imperialistas, imersos em soluções que não resistem à memória da invasão do Iraque, da anexação da Crimeia. E sabemos que, chegados aqui, a única via é dar algo para receber.

A importância de atacar a oligarquia russa no sistema financeiro é crucial. Em Portugal, façamos a nossa parte. Congelamento dos seus interesses e activos financeiros, interdição dos vistos gold para cidadãos russos e uma investigação séria aos que já foram atribuídos para que se saiba se foram atribuídos a cidadãos internacionalmente sancionados. Receber refugiados e acompanhar as famílias de ucranianos e luso-ucranianos que se encontram em Portugal. E contribuir, à escala internacional, para um princípio de solução que nunca poderá deixar de passar pelo compromisso claro de que a Ucrânia não integrará a NATO. Avançar, agora, é permitir um recuo.

Os planos de guerra são traçados com meses largos de estratégia e de preparação, o que não impediu Putin de atacar a Ucrânia em plena reunião do Conselho de Segurança da ONU, enquanto António Guterres lhe dirigia palavras emocionais para que desse "uma hipótese à paz". Durante as últimas semanas, só Biden nos disse - com clareza e todas as letras - o que iria mesmo suceder e o que estava iminente. A Alemanha recuou na abordagem ao Nord Stream2 e a União Europeia comportou-se com a força que não tem, acordando (pelo menos) para a prontidão de um pacote de sanções sério e que promete fazer mossa na oligarquia russa. Agora, somos todos espectadores racionais com análises, justificações e estudos detalhados sobre a realidade, mas que não resistem um segundo ao choro de uma criança ucraniana. Mais uma vez, os humanistas não acreditaram no que os homens são mesmo capazes de fazer.

O autor escreve segundo a antiga ortografia

*Músico e jurista

COMO LUCRAR NA GUERRA?

# Publicado em português do Brasil

Veículos do capital ajudam a mão cada vez mais visível do mercado a transformar o sofrimento humano em lucro.

Na noite de quarta-feira, quando a invasão russa à Ucrânia já era uma certeza, assinantes da newsletter do InfoMoney receberam um email com o título: “Rússia x Ucrânia: como investir?”.

No dia 17, o próprio InfoMoney já havia falado no podcast Stock Pickers sobre o conflito. O apresentador Lucas Collazo disse logo na abertura: “não estamos torcendo por uma guerra, pelo amor de deus, mas existe o ônus e o bônus de tudo”. Henrique Esteter, companheiro de programa, respondeu com uma risadinha. 

Um dia depois, o canal MyNews abriu uma live no YouTube intitulada “Juros altos e tensão entre Rússia e Ucrânia: onde investir?”. 

O portal Exame se saiu com essa trinca na última quinta-feira, quando bombas russas já caíam em solo ucraniano: 

- Guerra na Ucrânia: o impacto na bolsa de valores

- Guerra na Ucrânia pode afetar o dólar? [O banco suíço] UBS aponta efeitos

- Fuga de US$ 150 bilhões: mercado cripto despenca após ataques da Rússia

Não sou ingênuo. É esperado que a abordagem de um veículo econômico seja o dinheiro – principalmente quando tem money até no nome –, mesmo diante das mortes e das tragédias humanitárias que acompanham qualquer guerra. As editorias e veículos do mercado operam a favor dele. Já trabalhei nesse espaço e conheço o meio. O capitalismo funciona assim: tudo é oportunidade. Se tem casa caindo, alguém vende tijolo. Com guerra, mortes e desalojados na Ucrânia, não seria diferente. Faltou sensibilidade nas manchetes? Faltou, e muita. 

Mas tem algo mais aí. 

Exame e InfoMoney não são meros veículos de informação. São empresas do mercado financeiro: os dois pertencem a gestoras de investimentos (a Exame é do BTG Pactual, e o InfoMoney é da XP). O MyNews é um canal que, como tantos outros, recebeu patrocínios relevantes de corretoras (no caso, da Genial Investimentos). 

A relação é conflituosa: a moralidade do megainvestidor não tem como ser a mesma do jornalista – que, segundo seu código de ética, deve “opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem”. Como um veículo subordinado ao grande capital se posicionaria no caso hipotético de um governante autoritário de péssima dicção e oratória que trabalha a favor dos lucros do mercado e contra os direitos humanos? Ele colocaria a humanidade à frente do dinheiro?

EM VEZ DE GUERRA PRECISAMOS DE PAZ E SERENIDADE NA VIDA E NO MUNDO


 ... E QUE NÃO FALTE JUSTIÇA E RESPEITO PARA E POR TODOS OS POVOS

O QUE É O BATALHÃO DE AZOV COM QUE O GOVERNO DE ZELENSKY PACTUA?

PUTIN TEM RAZÃO QUANDO “OLHA” PARA ZELENSKY E OS AZOV E ALEGA A NAZIFICAÇÃO DA UCRÂNIA

Basta ir à Wikipédia para nos inteirarmos com mais ou menos fiabilidade sobre a referida desnazificação da Ucrânia. País realmente democrático não deve admitir que organizações extremistas sejam consentidas e atuantes, muito menos que se formem em batalhão e façam parte de estruturas estatais/governamentais. Zelensky, presidente da Ucrânia, parece assobiar para o lado, deixa sérias dúvidas sobre a sua cumplicidade com aquele movimento e “milícias” nazis, obviamente que racistas e xenófobas, tão ao estilo de Hitler dos anos 30 e 40.

Sobre os Azov também se constata que o Ocidente dito democrático acompanha o presidente ucraniano. Dos EUA (pelo menos e antes da atual guerra Rússia-Ucrânia) têm sido recebidas pelos Azov armamento, fardamentos, etc. A própria UE sobre o facto nada refere e em nada se insurge, apesar de saber da propagação do nazismo na Europa que o Batalhão Azov opera.

Por tudo isso, em consciência, não existe razão para criticar Putin. Se é razão para decidir invadir a Ucrânia? Perguntemos também o que saberá sobre a nazificação da Ucrânia que os governos ocidentais não querem saber ou que fazem que não sabem? Quem é Zelensky e com que envolvimento pactua com os Azov? Porque se dizem os Azov partidários da NATO quando é suposto que a NATO seja contra a antidemocracia e contra extremismos, contra o racismo e xenofobias, contra o nazismo, etc. Será que é mesmo? E alguns dos governos ocidentais, será que são mesmo contra o nazismo? O grande capitalismo, esse, sabemos que não é. Provas não faltam na era de Hitler e presentemente. Sempre.

Da Wikipédia passamos o existente sobre o Batalhão Nazi Azov. Algo que não devia ter razão de existir tão impregnado no Estado e actual administração ucraniana presidida por Zelensky. E é aquela Ucrânia que será admitida na União Europeia e na NATO? E também noutras organizações ocidentais ditas democráticas? Caso para perguntar: Ocidente, afinal para onde caminhas? -- PG

ASSASSINOS. SIMPLESMENTE ASSASSINOS!


Famílias ucranianas, civis, em suas casas, homens, mulheres, crianças e animais domésticos, eventualmente, constatam que a Rússia invadiu a Ucrânia. Julgam que se protegem na segurança do lar, são ucranianos, são civis, presumem-se protegidos pelo povo irmão russo que incorpora as forças armadas invasoras. Lêem, vêem e ouvem os políticos e generais russos dizer que a invasão se destina a libertar o povo irmão da Ucrânia, a libertar os que estão a ser vitimas de genocídio às mãos de racistas e xenófobos fascistas. A Rússia invade a Ucrânia para a desnazificar, para sanear o país dos fascistas que pertencem ao Batalhão Azov e que estão ativos em importantes estruturas do Estado Ucraniano... E então, visto, ouvido e lido, imensas famílias sossegam, contando com um ou outro ligeiro percalço da guerra. Mas nunca contando que fossem atacados por um míssil russo na sua própria casa. Nem tão pouco contavam que por isso morreriam ou ficavam estropiados por "fogo amigo". E dirão os altos responsáveis da guerra que tal ocorreu por danos colaterais, como acontece em todas as guerras, em que morrem mais civis inocentes do que aqueles que detêm as armas que chacinam povos.

Também no Iraque e em outros teatros de guerra, em todos esses imensos teatros protagonizados pelos EUA, assim acontece - danos colaterais... Verdade? Acontece? Aconteceu? É sempre a mesma justificação. A mesma mentalidade, a mesma desumanidade. A merda dos exércitos, mais ou menos armados até aos dentes tanto faz serem dos EUA como da Rússia ou de qualquer outro país. A merda dos generais são sempre a mesma coisa. Os que sob as suas ordens ajem, estropiam e assassinam, mais parecem lataria sob forma humanoide telecomandada e desprovida de cérebros e sentimentos, incapazes de poupar todas as vidas - ao menos as dos civis. E também pouparem as deles. As de todos que por sentença e ações pensadas de políticos, militares, multimilionários, criminosos e etc. lhes ordenam mata-mata. Parabéns, ao agirem assim entraram para o quadro de honra dos criminosos mundiais. 

Que se lixem as famílias que foram vítimas de erros de cálculos ao programar os misseis, os morteiros, as metralhadoras... Bolas, aconteceu só por má pontaria. "Mais um bocadinho e não atingia aquela família, aquelas crianças, aqueles animais domésticos, nem sequer tínhamos beliscado o prédio" - pensam então os assassinos para se confortarem, sejam eles dos EUA (useiros e vezeiros na arte de matar povos), da Rússia ou de onde quer que existam sub-humanos às ordens de gente que é escória da humanidade, da política e das armas, dos galões e das estrelas aos ombros, do capital que lhes oferece migalhas em notas e noutros valores pindéricos. 

Assassinos, simplesmente assassinos.

 MM/PG

Imagem em: Pravda Ucrânia

A SITUAÇÃO NA UCRÂNIA | Títulos de hoje e de ontem no jornal ucraniano 112

Recorremos ao jornal ucraniano 112 para obter alguns vislumbres da guerra que decorre após a invasão russa àquele país. A mortandade de civis e a respetiva destruição de infraestruturas absolutamente civis e de utilidade pública é um facto repugnante que não há quem possa deixar de condenar. Afinal está a acontecer o contrário daquilo que foi declarado e difundido por altos responsáveis do governo russo, assim como de generais que chefiam as forças armadas russas. Certo é que a resistência por parte das forças ucranianas está ativa e a causar também baixas a soldados e armamento das forças armadas da Rússia. É a guerra, só que esta foi propalada como se desenrolasse com todo o respeito pelas populações civis... Claro que não é o que está a acontecer. Aliás, como acontece em todas as guerras. 

Convidamos a que acompanhe nos respetivos links os vislumbres do ponto de situação, quase ao minuto, insertos no jornal ucraniano 112.

HOJE, sábado - 26.02

10:20 35 cidadãos de Kiev feridos em combates noturnos, incluindo duas crianças

09:50 Tropas russas continuam a sofrer perdas, - Estado Maior

09:15 Vasylkiv sob controle de militares ucranianos, a luta acabou

08:31 Guerra na Ucrânia: Dois alvos inimigos abatidos, coluna destruída, aeronaves atacadas durante a noite

01:45 Caça da Força Aérea da Ucrânia derruba aeronave de transporte russa na região de Kiev

01:12 Esta noite será mais difícil que o dia - Zelensky

01:09 Lançador de foguete russo Grad é destruído em Kharkiv

00:41 Ucrânia e Rússia podem realizar negociações mediadas por Israel, - The New York Times

00:16 Rússia lança ataque com mísseis ao aeródromo de Starokostyantyniv, na Ucrânia

00:15 Tropas russas continuam um ataque brutal na região de Kharkiv

00:00 Ucrânia pronta para negociações com a Rússia, - secretário de imprensa de Zelensky

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