domingo, 6 de novembro de 2022

Portugal | SALÁRIOS MAUS COM 4 OU 5 DIAS DE TRABALHO

Manuel Molinos* | Jornal de Notícias | opinião

Quando os governos não sabem gerir os seus próprios recursos humanos e essa fragilidade é experienciada, por exemplo, pelos profissionais da Educação, pelos estudantes e pelas famílias, é difícil prever que o projeto-piloto para a semana de trabalho de quatro dias possa correr bem.

Mas se pelo menos for posto a correr, independentemente dos resultados alcançados, até já nem é mau. A memória dos portugueses é curta, é verdade, mas não o suficiente para esquecer que o teletrabalho não chegou em força, nem veio para ficar. Serviu como uma tentativa de evitar a propagação da covid, serviu para ter uma lei, mas a sua aplicação nunca foi pacífica. O momento para as empresas e seus funcionários encontrarem boas soluções para ambos ainda não aconteceu.

E enquanto se espera por uma "avaliação sobre as decisões que foram tomadas", conforme referiu a ministra Mariana Vieira da Silva durante a discussão do Orçamento, eis que há nova música para os ouvidos dos trabalhadores. A semana de quatro dias.

O Governo já apresentou a proposta aos parceiros sociais. Ficámos a saber que o teste começa em junho e terá a duração de seis meses. Será aberto a todas as empresas privadas, o que não deixa de ser interessante e revelador da aparente incapacidade do Governo em fazer as suas experiências e avaliação com os seus trabalhadores. Diz o Estado que dará suporte técnico e administrativo para apoiar a transição. Uma frase bonita, mas vazia de sentido prático.

Ninguém tem dúvidas de que a semana de trabalho de quatro dias é uma ideia interessante. Mas é sobretudo um tema sexy e apelativo, tal como o dos nómadas digitais, para os governantes exibirem a sua modernidade nas websummits desta vida.

Mas a realidade é outra. Em Portugal, os salários continuam a ser dos piores da Europa e em média os portugueses trabalham mais horas do que prevê a lei. Não são seis, cinco ou quatro dias que irão mudar o cenário.

*Diretor-adjunto

Portugal | Mudança de Secretário-Geral do PCP. Sai Jerónimo, avança Paulo Raimundo


"Afetos" e "solidez ideológica" marcaram 18 anos de liderança. Jerónimo também "não vai continuar" como deputado do PCP

Jerónimo de Sousa adiantou, este domingo, que "não vai continuar" como deputado do PCP. Em conferência de imprensa esta manhã, o líder cessante dos comunistas afirmou que "houve uma alteração qualitativa" das suas capacidades.

"Gostaria aqui de reafirmar de viva voz que como seguimento de uma avaliação própria, resultante de uma reflexão sobre as minhas condições de saúde e as exigências correspondentes às responsabilidades que tenho vindo a assumir como secretário-geral do PCP, coloquei a minha substituição nestas funções", sustentou.

"Há uma alteração qualitativa das minhas capacidades, que não se compadece com ausências, e temos uma solução capaz de dar mais força e dinâmica ao grupo parlamentar", explicou.

O antigo deputado e jovem dirigente comunista Duarte Alves é o nome seguinte na lista de candidatos à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Lisboa, por onde Jerónimo de Sousa foi eleito. Sem referir o nome de Duarte Alves, o líder cessante referiu: "Posso afirmar que estamos em condições de avançar com uma solução dinâmica."

Questionado sobre quando será a sua última intervenção parlamentar, Jerónimo afirmou que "tem de ser no ritmo certo", admitindo não fazer mais nenhuma intervenção. "Se não estiver lá eu estará outro deputado."

Jerónimo de Sousa abordou a situação económica e social do país e do aumento do custo de vida. "O país assistiu à total inércia do Governo", afirmou, sublinhando que "as medidas do Governo fogem ao essencial".

Com a "redução do rendimento das famílias num quadro continuado aumento dos juros" e relembrando as políticas seguidas pelo atual Governo, Jerónimo de Sousa considerou que há "um risco de empurrar rapidamente o país para a recessão económica".

Para o PCP, o Orçamento do Estado não dá resposta aos problemas dos trabalhos e da população: "O Orçamento agrava a injustiça fiscal", disse.

"Portugal precisa de política alternativa", sustentou Jerónimo de Sousa, apontando como prioridades do partido a defesa dos serviços públicos e dos salários e a importância da produção nacional.

"O PCP está munido de um programa alternativo para o país", disse, acrescentando: "É com confiança que encaramos o futuro."

ZELENSKY: O “HERÓI DA DEMOCRACIA”, DA EXTREMA-DIREITA E DA CORRUPÇÃO

Francisco Norega*

Enquanto preparamos um artigo de fundo para ajudar a compreender o que se está a passar na Ucrânia, como cá chegámos e como podíamos daqui sair, convidamo-vos a uma visita à ascensão ao poder de Zelensky, esse líder do bastião da “democracia e liberdade” que é a Ucrânia. Nesta viagem, encontraremos também os seus principais aliados e as suas ligações com a extrema-direita, corrupção, offshores e nepotismo.

Como veremos, nada mais errado do que as ideias de que a extrema-direita ucraniana é um mito inventado por Putin, ou que tem apenas um deputado. Os media podem repetir uma mentira mil vezes, mas isso não a torna verdade.

A invasão russa da Ucrânia, iniciada na semana passada, é indefensável e viola de forma gritante o direito internacional, com consequências trágicas para o povo ucraniano. Falar da Ucrânia, da extrema-direita e de Zelensky não justifica nem desculpa as acções da Rússia, nem faz de Putin menos autocrata. Assim como Putin ser autocrata e ter ordenado a invasão da Ucrânia não pode ser uma carta branca para branquear a imagem de um estado refém de oligarcas e da extrema-direita.

Em nome da decência, sentimo-nos obrigados a responder à violenta campanha de desinformação veiculada pelos media, que tenta passar Zelensky por aquilo que não é e fazer dele um herói mundial. 

Na guerra, uma das primeiras vítimas é a verdade. Vamos aos factos.

Servo do Povo?

Depois de três anos a fazer o papel de presidente fofinho numa série televisiva no segundo maior canal ucraniano, Zelensky foi catapultado para a posição de Presidente da Ucrânia. Candidato pelo partido com o mesmo nome da série, o “Servo do Povo”, conseguiu uma vitória esmagadora nas presidenciais de 2019 através de uma campanha centrada em 3 promessas: acabar com a guerra; fazer frente aos oligarcas para lutar contra a corrupção nas esferas mais altas do governo ucraniano; e processar o seu predecessor, Petro Poroshenko, por crimes de natureza política e económica. Até hoje, nenhuma foi cumprida.

A ascensão “surpresa” de Zelensky, sem experiência prévia na política, faz lembrar fenómenos como Beppe Grillo e Donald Trump, e teria que estar obviamente ligada a algum grande grupo económico ou mediático – neste caso, ambos. Zelensky tem uma relação íntima com Ihor Kolomoisky, um dos maiores oligarcas da Ucrânia e, entre muitas outras coisas, o accionista maioritário do 1+1, um dos maiores conglomerados de media ucranianos, de que faz parte o canal que transmitiu as três temporadas do “Servo do Povo”, entre outros 7 canais televisivos e várias plataformas online de notícias.

A produtora da série, a “Kvartal-95” Studio, foi fundada em 2003 pelo próprio Zelensky e pelos irmãos Shefir Serhiy e Shefir Boris, e produz vários materiais para as televisões do oligarca desde 2012. Por sua vez, em 2017, pouco depois de o partido ter sido registado e quando a candidatura de Zelensky ainda nem estava anunciada, a liderança do partido Servant of the People era composta integralmente por pessoas ligadas ao Kvartal-95, sendo Ivan Bakanov simultaneamente CEO do Kvartal-95 e líder do partido. Foi também o conglomerado 1+1 que impulsionou e financiou desde o primeiro momento a candidatura de Zelensky.

E, como continuaremos a ver, o papel de Kolomoisky não acaba aqui.

FORTUNA DE VOLODYMYR ZELENSKY EM OFFSHORES E PRÉDIOS A VALER MILHÕES

Zelensky no Pandora Papers: a fortuna do presidente da Ucrânia em rede de offshores

Muito se fala sobre Putin ser uma das pessoas mais ricas do mundo, mas consórcio revelou que Zelensky e seus sócios compraram apartamentos milionários através de offshores

A investigação Pandora Papers revelou que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que criticava políticos do país que usaram empresas secretas para esconder sua riqueza no exterior, teve sua própria rede de offshores, usadas pelos seus sócios para comprar imóveis milionários em Londres.

Segundo os documentos, Zelensky e seus parceiros na produtora de televisão Kvartal 95 montaram uma rede de offshores que remonta a 2012, ano em que a empresa começou a fazer conteúdo regular para emissoras de TV pertencentes a Ihor Kolomoisky, um oligarca perseguido por alegações de fraude multibilionária.

Dois dos sócios do presidente da Ucrânia, que também faziam parte da produtora de TV, agora ocupam cargos de poder. Serhiy Shefir é o principal assessor presidencial de Zelensky, enquanto Ivan Bakanov chefia o Serviço de Segurança da Ucrânia. 

Segundo a Pandora Papers, pouco antes de ser eleito, Zelensky doou sua participação em uma das offshores, a Maltex Multicapital Corp., registrada nas Ilhas Virgens Britânicas, para Shefir. No entanto, apesar de desistir das ações, os documentos mostram que foi feito um acordo que permitiu que a offshore continuasse pagando dividendos a uma empresa que agora pertence à sua esposa.

Os documentos da investigação mostram, ainda, que parte da rede foi gerenciada com a ajuda da Fidelity Corporate Services, uma consultoria offshore que foi uma das 14 empresas cujos documentos fazem parte do vazamento da Pandora Papers. Segundo a investigação, Zelensky e seus parceiros usaram empresas sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, Belize e Chipre.

Prédios milionários no centro de Londres

Um dos apartamentos, localizado na Glentworth Street, foi comprado por 1,58 milhão de libras (US$ 2,28 milhões) em 2016 por uma empresa de Belize que pertencia a Shefir, a SHSN Limited. Já outro, um imóvel de dois quartos nas proximidades do edifício Chalfont Court, na Baker Street, foi adquirido por 2,2 milhões de libras (US$ 3,5 milhões) em 2014, e também foi transferido para a SHSN Limited, em 2018.

Os documentos também mostram que outro acionista da Kvartal 95, Andrii Iakovlev, comprou um apartamento de cerca de 1,5 milhão de libras (US$ 2,3 milhões) no edifício Westminster Palace Gardens, perto das Casas do Parlamento, em 2015, depois que sua empresa BVI comprou outra companhia que possuía a propriedade.

De comediante a presidente

Comediante e ator famoso desde os anos 2000, Zelensky começou sua ascensão política alguns anos depois de assumir um papel de protagonista na sátira política “Servant of the People”, que começou a ser exibida na rede de Kolomoisky em 2015.

No programa, Zelensky é um humilde professor de história cujo discurso anticorrupção em sala de aula é filmado por um aluno, se torna viral e lhe rende um cargo nacional. Apesar três anos depois, ele foi eleito presidente da Ucrânia, com mais de 73% dos votos.

Revista Fórum br

AS VICISSITUDES DA GUERRA NA UCRÂNIA QUE O OCIDENTE TANTO ESCAMOTEIA

Kiev vai evacuar todos os civis em caso de apagão total

Carmen Guilherme | Notícias ao Minuto

As autoridades de Kiev terão começado a planear a evacuação dos três milhões de moradores da capital, em caso de apagão total, segundo avança o New York Times.

Num altura em que as forças russas continuam um ataque generalizado contra as infraestruturas de energia do país, funcionário municipais começaram a montar 1.000 abrigos, ao mesmo tempo que engenheiros tentam consertar as estações que foram danificadas ou destruídas sem os equipamentos necessários.

"Se não houver energia, não haverá água nem esgoto. É por isso que o governo e a administração da cidade estão a tomar todas as medidas possíveis para proteger o nosso sistema de fornecimento de energia", disse Roman Tkachuk, diretor de segurança do governo municipal de Kyiv.

O responsável admite que a capital poderá perder "todo o sistema elétrico" se a Rússia continuar os ataques. As autoridades serão informadas de uma possível falha na rede com pelo menos 12 horas de aviso, altura em que começarão "a informar as pessoas e pedir que saiam".

"A cada dia está-se a tornar cada vez mais difícil sobreviver" em Bakhmut

Carmen Guilherme | Notícias ao Minuto

Os residentes da cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, estão a viver em péssimas condições, com registo de civis mortos ou feridos diariamente, segundo revelou o vice-autarca,  Oleksandr Marchenko. 

"A cada dia está-se a tornar cada vez mais difícil sobreviver nesta cidade", disse Oleksandr Marchenko, citado pela Reuters, acrescentando que mais de 120 civis foram mortos desde o início da invasão, em fevereiro.

Segundo o responsável, não é sabido o número exato de pessoas mortas em alguns dos distritos, uma vez que há combates ativos ou algumas localidades já ocupadas pelas forças russas.

Ao mesmo tempo, as tropas ucranianas estão a "segurar firmemente a linha da frente".

Sublinhe-se que Bakhmut tem sido um alvo importante para os militares russos no seu avanço pela região de Donetsk, um dos territórios que Moscovo diz ter anexado, e tem testemunhado intensos combates. Há quase dois meses que Bakhmut não tem eletricidade, gás e água.

A OTAN NA ESCALADA DA GUERRA (de novo) E NÃO CONSEGUE NADA (de novo)

The Saker

Acho que devemos começar essa visão geral do que está acontecendo atualmente, que é que o Ocidente unido, também conhecido como Hegemonia Anglo-Sionista, está desesperado e, diretamente a esse desespero, está fazendo todo tipo de coisas muito tolas e claramente perigosas. Todos nós sabemos sobre os Três

#Traduzido em português do Brasil

Grandes tolices:

- O ataque a NS1/NS2

- O ataque à Ponte da Crimeia (CB)

- O ataque à base da Frota do Mar Negro (BSF) em Sebastopol

Verdade seja dita, estes são três eventos completamente diferentes.

Um é puro ato de terrorismo internacional , tanto na escolha do alvo (um importante objeto de infraestrutura civil de propriedade de vários países e entidades corporativas) quanto no modo de execução (o uso de bombas operadas remotamente). Mais criticamente, embora sob o direito internacional os danos colaterais não sejam proibidos , o alvo de um ataque deve ser militar e os danos colaterais minimizados ao mínimo absoluto.

O segundo é um ataque diversionista . Esse é um ataque realizado por meios não convencionais, mas cujo alvo é pelo menos parcialmente militar, o que a Ponte da Crimeia definitivamente é. Pode-se até argumentar que o número real de mortos (4 se bem me lembro) e o pequeno inconveniente para os civis (o tráfego foi parcialmente restabelecido em menos de 24 horas, para não mencionar as alternativas existentes, como balsas) tornam esse alvo legítimo por si próprio. Nesse caso, é o modo de execução – o uso de um caminhão cheio de explosivos conduzido por um homem-bomba ou por um civil desavisado – que levanta muitas questões de direito internacional e direito da guerra.

O terceiro ataque foi puramente militar . O alvo pretendido era a Frota Russa do Mar Negro e os métodos utilizados (drones submarinos, de superfície e aéreos) são todos, na minha opinião, legítimos.

CHECOS EXIGEM SAÍDA DA NATO E DA UE

Em Praga e outras cidades do país, milhares de cidadãos checos exigiram dia 28/Setembro a saída da NATO e da União Europeia, bem como o restabelecimento de relações amistosas a Rússia. Notícias como esta não aparecem nos media corporativos que desinformam o público português.

Resistir.info - 29/Setembro/2022

BERLIM VAI A PEQUIM: O VERDADEIRO NEGÓCIO

– A caravana de Scholz foi a Pequim a fim de dar os passos preparatórios para estabelecer um acordo de paz com a Rússia, com a China como mensageiro privilegiado

Pepe Escobar [*]

Com o seu talento inimitável para a análise económica impregnada de profundidade histórica, o mais recente ensaio do Professor Michael Hudson, originalmente escrito para um público alemão, apresenta um paralelo espantoso entre as Cruzadas e a atual "ordem internacional baseada em regras" imposta pelo Hegemon.

O Professor Hudson pormenoriza como o Papado em Roma conseguiu bloquear o controlo unipolar sobre os reinos seculares (diz-lhe alguma coisa?) quando o jogo era todo sobre a precedência papal sobre os reis, sobretudo sobre os Imperadores Alemães do Sacro Império Romano. Como sabemos, meio a brincar, o Império não era exatamente Sacro, nem alemão (talvez um pouco romano) e nem mesmo um Império.

Uma cláusula dos Ditames Papais dava-lhe autoridade para excomungar quem "não estivesse em paz com a Igreja Romana". Hudson observa agudamente como as sanções dos EUA são o equivalente moderno da excomunhão.

Possivelmente há duas datas importantes em todo o processo.

A primeira seria o Terceiro Concílio Ecuménico de 435: isto é quando só a Roma (itálico meu) era atribuída autoridade universal (itálico meu). Alexandria e Antioquia, por exemplo, estavam limitadas a autoridades regionais dentro do Império Romano.

A outra data importante é 1054 – quando Roma e Constantinopla se separaram definitivamente. Ou seja, a Igreja Católica Romana separou-se da Ortodoxia, o que nos leva à Rússia e Moscovo como A Terceira Roma – e a animosidade secular do "Ocidente" contra a Rússia.

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