SIMIÃO PONGOANE, Maputo – VOZ DA AMÉRICA
Joana Macie, do jornal Notícias, o diário de maior circulação em Moçambique, conta na primeira pessoa a humilhação sofrida no aeroporto de Luanda.
“Angola é dos angolanos” – escreveu o escritor angolano Wanhenga Xito, na decáda de 1960. O texto do escritor, de seu nome Agostinho Mendes de Carvalho, foi incorporado no livro da cadeira de português da décima classe em Moçambique, para os alunos moçambicanos. Mas, ninguém sabia que um dia, jornalistas moçambicanos podiam ser testemunhas do significado real do texto de Wanhenga Xito.
Aconteceu semana passada com dois jornalistas moçambicanos e diplomatas de alguns países da SADC à sua chegada a Luanda, capital angolana.
Joana Macie, do jornal Notícias, o diário de maior circulação em Moçambique, conta na primeira pessoa que, quando chegou ao Aeroporto de Luanda, foi imediatamente levada para uma sala, juntamente com outros passageiros, incluindo um jornalista do “Magazine Independente”, um semanário, publicado em Maputo. Algum tempo depois, o grupo foi encaminhado para autocarro e, depois, para o avião, rumo à África do Sul.
A sua mala de roupa ficou em Luanda. O grupo tentou protestar, exigindo explicação pela atitude da Polícia.
“Tentamos resistir, dizendo que éramos moçambicanos e membros da SADC. Uma senhora da emigração respondeu-nos que isso não era nada. Disse que ali estávamos em Angola e não na SADC e que devíamos entrar no autocarro pois, caso contrário, usar-se-ia a força” - lamentou Joana Macie.
Os jornalistas tinham sido convidados pelo Centro de Formação de Jornalistas de Angola, para um seminário sobre o Género no Jornalismo.
Em Maputo, a Embaixada de Angola diz que foi apanhada de surpresa pela atitude da polícia em Luanda, porque os vistos passados aos jornalistas são legais.
Até agora, ninguém sabe o que teria motivado a emigração angolana a recambiar os jornalistas moçambicanos e outras pessoas, alguns por sinal diplomatas, que iam participar na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC, que vai decorrer esta semana em Luanda.
A Polícia provou que Wanhenga Xito, aliás, Agostinho Mendes de Carvalho, tinha razão: “Angola é dos Angolanos”.
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