sexta-feira, 5 de agosto de 2011

José Eduardo dos Santos cria comissão para investigar dezenas de desmaios em todo o país




HB – NME - LUSA

Luanda, 04 jul (Lusa) - O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, criou hoje uma comissão multissetorial para investigar centenas de desmaios coletivos que se têm verificado em escolas de várias províncias do país.

Um comunicado da Casa Civil da Presidência, citado pela agência Angop, adianta que José Eduardo dos Santos criou hoje por decreto a comissão, que terá a missão de avaliar o fenómeno dos desmaios bem como os mecanismos para normalizar a situação, responder às ocorrências e dar instruções aos responsáveis das escolas.

O comunicado menciona também a mobilização de especialistas em medicina, psicologia clínica, psiquiatria e outras áreas do conhecimento para se investigar as causas dos desmaios e apoiar os docentes dos estabelecimentos de ensino e ainda interagir com os órgãos de comunicação social para se evitar o alarme público.

O ministro do Interior dirige a comissão hoje criada por José Eduardo dos Santos, e será composta também pelos ministros da Educação, Saúde, Ambiente, da Assistência e Reinserção Social e Comunicação Social.

Na terça-feira, a Polícia Nacional de Angola chamou os jornalistas para uma conferência de imprensa e reconheceu não terem sido ainda determinadas as origens de substâncias tóxicas que estarão na origem dos desmaios.

O segundo comandante da Polícia Nacional de Angola, comissário-chefe Paulo de Almeida, considerou o caso um "fenómeno estranho", que está a preocupar a polícia devido ao seu efeito multiplicador.

Segundo Paulo de Almeida, a situação tem criado "um certo pânico e agitação social" sobretudo nas camadas estudantis, entre os 11 e 22 anos, que se manifesta como desmaios coletivos nos estabelecimentos escolares, afetando principalmente pessoas do sexo feminino.

As amostras enviadas para laboratórios de Portugal com vista a detetar as causas de centenas de desmaios ocorridos, desde abril, em escolas de Angola, não conseguiram ainda esclarecer qual o tipo de produto tóxico.

No decorrer das investigações, de acordo com o comandante da PN, foram detidas algumas pessoas, que não ultrapassam a dezena, devido ao uso de gás lacrimogéneo, denominado aerossol anti-agressivo/70, em forma de bisnaga, em duas escolas de Luanda.

Contudo, depois das detenções os desmaios continuaram, segundo Paulo de Almeida, por "alegadas inalações de substâncias tóxicas", tendo chegado ao conhecimento da polícia 91 casos, cujos sintomas são o mal-estar, fraqueza, deficiências respiratórias, vómitos e desmaios.

O "fenómeno" foi-se alastrando a escolas de Cabinda, Cunene, Namibe, Malange, Huíla, Huambo e Lunda Sul, tendo o caso sido desvendado nesta última, onde a causa do problema que afetou mais de 60 crianças foi o uso de uma planta natural, causadora de irritações.

Segundo um balanço divulgado na segunda-feira, mais de 800 pessoas já desmaiaram por alegada inalação de substâncias tóxicas nas províncias de Luanda, Cabinda, Cunene, Huíla e Namibe.

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