quarta-feira, 7 de setembro de 2011

António Arnaut: “GASTA-SE DEMASIADO EM MEDICAMENTOS”





Em entrevista ao Dinheiro Vivo, António Arnaut, o "pai" do Serviço Nacional de Saúde diz que universalidade do SNS foi posta em causa.

É conhecido como o "pai" do Serviço Nacional de Saúde e é com preocupação assumida que assiste ao plano de cortes de cerca de 800 milhões de euros definido pelo Governo. António Arnaut, 75 anos, acredita que é possível reduzir o orçamento da Saúde em 500 milhões atacando apenas nas gorduras e sem pôr em causa o SNS.
  
Cortar 810 milhões de euros no orçamento da saúde é exequível ou põe em risco o Serviço Nacional de Saúde?

O Governo quer cortar 800 milhões, quando a “troika”, depois de ter estudado tudo muito bem, lhe exigiu um corte de 500 milhões. Não se compreende que tenha querido ultrapassar a "troika" num sector tão sensível. Esses 500 milhões podiam ser reduzidos sem pôr em causa o Serviço Nacional de Saúde e cortando apenas no supérfluo, nas gorduras. Mas cortar mais 300 milhões já não é possível.

Que gorduras são essas que pesam tantos milhões de euros?

Há muitos desperdícios na saúde. Esse dinheiro mal gasto está no excesso de medicação, na própria medicação que é receitada, no excesso de meios auxiliares de diagnóstico, no excesso de horas extraordinárias. Mas quando falo em horas extraordinárias não estou a referir as que são necessárias, mas nas muitas que são pagas e não são feitas. Mas as gorduras, que podiam ser cortadas, estão ainda no excesso de alguns administradores e na falta de aproveitamento das capacidades dos meios. Um exemplo disto são os blocos operatórios. Havia, por isso, muito espaço de manobra para cortar 500 milhões de euros sem afectar a universalidade e gratuitidade do SNS.

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