ANTÓNIO TOZZI, Miami – DIRETO DA REDAÇÃO
Miami (EUA) - Aproveitando o clima da Primavera Árabe, o Brasil deveria também fazer sua própria revolução. Se ainda faltava algum motivo, agora não falta mais: a absolvição de Jacqueline Roriz por seus pares no Congresso Nacional acabou com qualquer resquício de esperança nos políticos brasileiros.
Aliás, já está marcada uma manifestação, no dia 20 de setembro, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em outras cidades contra a corrupção que se instaurou na sociedade brasileira e não dá mostra de que irá refluir, a não ser que os brasileiros demonstrem claramente que estão insatisfeitos com o atual nível de descaso e descalabro dos governantes brasileiros em todos os níveis – federal, estadual e municipal, legislativo e judiciário.
Quando comparamos com o nível de seriedade e solidariedade demonstrado pela sociedade japonesa no episódio da tragédia causada pela combinação de terremoto com tsunami no início deste ano, só podemos sentir vergonha. Depois de ter boa parte do país destruído pela natureza, as pessoas montaram um mutirão para reconstrução nacional e, hoje, a infraestrutura está ainda melhor do que antes.
O mais surpreendente foi o fato de pessoas terem encontrado dinheiro e jóias que pertenciam às famílilas de pescadores – muitas delas sequer tinham conta bancária – e devolver tudo à polícia. Neste caso, as duas coisas causam espanto: primeiro, alguém se preocupar em procurar o legítimo dono de um bem que foi achado, no melhor estilo “achado não é roubado”; segundo, procurar a polícia para ser guardiã dos bens e incumbida de encontrar os verdadeiros proprietários. Dá para imaginar isto no Brasil?
Entretanto, como temos fé de que o povo, em sua grande maioria, é formado por pessoas honestas e de bem é chegada a hora de acreditar que um movimento de conscientização nacional possa mexer com os brios da sociedade e obrigar os aproveitadores a conter seus impulsos – isto vale tanto do lado dos corruptos como dos corruptores.
Porém, isto tem de partir da própria sociedade civil, porque grupos que antes lideravam este tipo de manifestação estão completamente domados e – pior ainda – coniventes com a atual situação. O que se pode esperar dos sindicatos dos trabalhadores de hoje que estão muito mais preocupados com benesses públicas e cargos nos governos do que em defender os direitos das categorias profissionais?
E a UNE então? A União Nacional dos Estudantes sempre se caracterizou por ser combativa e tentar melhorar a sociedade para um futuro melhor dos cidadãos, uma vez que os estudantes seriam os novos líderes da nação. Hoje, o que vemos é uma entidade amorfa, passiva e bajuladora do governo. Recentemente, tivemos um espetáculo deprimente no qual receberam o ex-presidente e, em vez de aproveitar a oportunidade para cobrar uma melhoria no precário sistema educacional brasileiro, ficaram cantando jingles e aplaudindo um político que integra o poder, portanto, responsável pela má qualidade de ensino no país.
O que anima um pouco é que já houve outros movimentos de luta no país durante os 511 anos de existência do Brasil. Sem entrar no mérito deles, podemos citar Guerra dos Farrapos, Revolução de 32, a Cabanada, o Tenentismo, a Marcha com Deus pela Liberdade, o Movimento pelas Diretas Já e os Caras Pintadas. Ou seja, há dentro da sociedade brasileira o desejo de lutar por algo melhor. O que falta hoje é uma organização que faça com que este anseio seja bem canalizado e produza os efeitos que todos esperam: a moralização do Brasil!
*Foi repórter do Jornal da Tarde e do Estado de São Paulo. Vive nos Estados Unidos desde 1996, onde foi editor da CBS Telenotícias Brasil, do canal de esportes PSN, da revista Latin Trade e do jornal AcheiUSA
1 comentário:
... Ó Tozi : CHAMA A NATO !!! ...
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