segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Guebuza apela aos moçambicanos a regressar para apoiar no desenvolvimento do país




Gustavo Mavie, da AIM, em Lisboa – Rádio Moçambique

O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, instou os concidadãos residentes em Lisboa que concluíram a formação em várias universidades portuguesas a voltarem ao país de origem, para dar o seu contributo no processo de desenvolvimento do país.

Segundo Guebuza, os quadros que têm estado a ser formados nas cerca de 30 instituições de ensino superior, criadas nos últimos 36 anos de independência de Moçambique, não têm sido suficientes para preencher todas as vagas.

O Chefe de Estado, que falava domingo com os moçambicanos residentes em terras lusas, num encontro que juntou centenas de concidadãos na capital lisboeta, sublinhou que a demanda de quadros com o grau académico superior superou a oferta devido às descobertas de recursos minerais que têm estado a ser feitas em algumas regiões do país.

O presidente, que deverá tomar parte a partir de hoje numa cimeira entre os dois países, destacou que as reservas de carvão em Tete e de gás em Cabo Delgado exacerbaram a procura de quadros no país, havendo indicações de que só para a área de carvão precisar-se-á de pouco mais de 2000 engenheiros, especialmente geólogos.

'Moçambique tem estado no centro das atenções das bolsas de valores no mundo, em resultado das recentes descobertas de carvão e gás. Um dos maiores desafios que as descobertas nos colocam, tem a ver com a disponibilidade de técnicos moçambicanos para trabalharem nestes empreendimentos. As nossas instituições de ensino superior estão a formar muitos técnicos. Mesmo no estrangeiro, incluindo aqui em Portugal, esta formação está a ser feita', disse Guebuza.

Porem, 'os números não correspondem à demanda, daí a necessidade de muitos mais técnicos', disse o estadista moçambicano dirigindo-se a comunidade moçambicana na diáspora, que o saudou com canções de boas vindas que fizeram da sala do encontro um 'pedaço de Moçambique'.

O acontecimento levou Guebuza a afirmar que se sentia em sua própria casa ou em Moçambique, tudo porque as canções eram entoadas em línguas moçambicanas como o changana.

'Queremos saudar a forma calorosa e hospitaleira como nos receberam aqui neste local…Sentimo-nos em Moçambique, fora de Moçambique, porque estamos entre Moçambicanos', disse Guebuza.

'Ontem (sábado) estava em casa e, por incrível que pareça, me sinto ainda em casa aqui onde estou convosco, graças à maneira tão especialmente moçambicana com que nos estão tratando eu e a minha comitiva aqui', sublinhou o presidente suscitando gargalhadas e aplausos da comunidade moçambicana.

Guebuza enalteceu o pacifismo e a honestidade que caracterizam as comunidades moçambicanas nos países onde estiverem a viver porque, segundo afirmou, tem granjeado a admiração e respeito dos povos anfitriões, incluindo em Portugal onde têm sido 'embaixadores informais' que prestigiam Moçambique.

Comunidade moçambicana pronta a dar a sua contribuição em prol do desenvolvimento do país

Como tem sido prática da liderança de Guebuza, depois de falar aos compatriotas dá-lhes a oportunidade de também falarem. Aí seguiu-se uma oratória em que se falou de tudo, incluindo de política e de alguns conceitos políticos.

Entre os que falaram, há os que manifestaram prontidão em voltar ao país para dar o seu máximo no desenvolvimento, bem como outros que espelharam as dificuldades que passam, especialmente os estudantes bolseiros que se queixaram de serem exíguos os valores das bolsas, com a agravante de nem sempre chegarem a tempo.

A maioria dos estudantes moçambicanos está a frequentar cursos de licenciatura e mestrados, mas existem outros a doutorar, a semelhança de um concidadão que chegou a Portugal e publicou um livro versando sobre a moçambicanidade, cujo um dos exemplares foi oferecido ao Presidente Guebuza e ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi.

No final das intervenções, Guebuza teceu algumas considerações e mostrou-se satisfeito com a abertura e espontaneidade dos que falaram, porquanto revelaram que eram mesmo moçambicanos.

Guebuza dissipa conceitos errados sobre alternância política

Dentre os que falaram no encontro, importa destacar uma intervenção feita por um único moçambicano que além de se queixar de um alegado mau atendimento prestado a comunidade moçambicana no Consulado em Lisboa, lamentou que em Moçambique não se esteja a observar o que chamou de falta de aplicação da regra de alternância política.

O falante alega que devido a não observância da alternância política, o que acontece é que a Frelimo está no poder desde a independência, facto que no seu entender periga a estabilidade política do país.

Em resposta a estas afirmações, Guebuza disse não conhecer nenhuma lei política cujo conteúdo dita que um partido deve partilhar ou alternar com os outros a governação de um país, vincando que quem tem o poder de determinar quem deve governar é o povo que elege o partido da sua preferência.

'A alternância política não se faz como se de um jogo de ‘ping-pong’ se tratasse, em que a bola está com este e aquele jogador. O povo é quem diz na boca das urnas qual é o partido que o deve governar em função do programa que esse partido apresenta', explicou Guebuza.

'Não é por vontade dos próprios partidos que se chega ao poder ou que nele se mantém. Essa vontade é do povo e é da vontade do povo que faz com que a Frelimo esteja no poder desde a independência', vincou Guebuza.

(RM/AIM)

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