segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Funcionários de Guantánamo violam correspondência de detentos, acusa advogado



João Novais – Opera Mundi

Defensor de acusados de organizar o 11 de Setembro culpa o comandante da base naval por irregularidade

O advogado Bryan Broyles acusou o almirante David Woods, comandante da base naval norte-americana de Guantánamo, em Cuba, de violar a correspondência entre defensores de detentos da polêmica prisão, localizada dentro do complexo militar, com seus clientes. A acusação de Broyles recebeu apoio da promotoria militar que acompanha o caso, que considerou o ato como uma violação da confidencialidade das comunicações entre presos e advogados. As informações são do jornal espanhol El Mundo.

Segundo Broyles, a irregularidade ocorreu contra os cinco acusados de organizarem os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 – defendidos por uma equipe de advogados em que ele participa. Os suspeitos começarão a ser julgados no primeiro trimestre de 2012. O juiz que presidirá as audiências ainda nem chegou a ser nomeado, o que torna impossível, segundo a promotoria, uma apelação contra a suposta irregularidade de Woods.

Ainda segundo o advogado, Woods ordenou a criação de uma equipe formada por funcionários do Pentágono para ler as correspondências dos acusados. Entretanto, proibiu os funcionários de informarem a promotoria sobre o conteúdo delas.

"As possibilidades de fugas de informação nesse caso são imensas. Ocorre uma clara violação ao princípio de comunicação que deve existir entre um advogado e seu cliente", disse Broyles. Ele explicou que o comandante da base não tem autoridade para tomar alguma decisão sobre o caso. "Cabe somente a um juiz decidir se nossa correspondência será lida. Ainda assim, isso não pode ocorrer como Woods fez. A correspondência só pode ser lida por funcionários judiciais, não militares”.

A Base Naval de Guantánamo se transformou no destino de centenas de presos suspeitos de terrorismo pelos EUA durante a guerra do Afeganistão. Em 2005, a prisão local chegou a abrigar mais de 500 pessoas, entre elas, seis menores. Até junho do ano passado, ainda restam 170 detentos.

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