quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

"Abrir portas" da Europa a lusófonos pode ser "exercício complicado" para Portugal - CPLP



CFF - Lusa

Lisboa, 02 fev (Lusa) - O secretário-executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, considera que Portugal continua a ter "potencial" para "abrir as portas" da Europa aos países lusófonos, mas admite que, no atual contexto de fragilidade económica, este é um exercício "complicado".

"Portugal tem esse potencial. Se consegue os mecanismos para dele se servir e promover é uma questão que deve ser colocada não só a Portugal, mas ao conjunto dos países. (...) Pode ser um exercício complicado (no atual contexto)", disse Domingos Simões Pereira.

O secretário-executivo da CPLP respondia desta forma quando questionado pela agência Lusa sobre se, numa altura em que se discute a eventual perda de soberania dos países sob supervisão financeira, Portugal tem condições para promover os interesses da CPLP na Europa.

"Portugal é um ator muito importante dentro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), é quem deve abrir as portas do espaço europeu para os restantes países e é quem deve representar-nos a todos no espaço europeu", acrescentou.

O responsável adiantou que os interesses dos países lusófonos não passam "pela ajuda pura e dura" do bloco europeu, mas por potenciar investimentos e criar espaços de oportunidade nestes países.

Lembrou que da cimeira União Europeia/África, realizada em 2007, em Lisboa, "saíram indicações muito importantes que poderiam liderar a nova redescoberta que a Europa poderia fazer em relação a África. Não no sentido colonial, mas a redescoberta de uma parceria hoje mais atual e atuante e que permita transformar esses espaços de potencialidade em ganhos reais."

O secretário-executivo da CPLP, que em junho termina o seu segundo e último mandato, acredita que a solução para a crise europeia passa por encontrar produtos e mercados alternativos em outras geografias.

"A Europa precisa ser orientada noutro sentido e países com conhecimento de geografias como África, América Latina e Ásia, que ainda estão num estádio de desenvolvimento médio e emergente, precisavam ser tidos em conta", disse, lamentando que a atual liderança europeia tenha "pouco conhecimento desses espaços" e trate "quem tem conhecimento como países periféricos".

Domingos Simões Pereira admitiu que a CPLP tem falhado como comunidade económica, sublinhando a importância de um estudo sobre cooperação económica nos oito países lusófonos que está a ser elaborado por um conjunto de peritos.

"Queremos discutir a crise numa perspetiva positiva, perceber o que é que a CPLP pode representar para cada um dos Estados-membros como espaço de oportunidade. Por isso, convidámos técnicos dos vários países para refletirem em conjunto e apresentarem propostas", disse.

Essas propostas serão analisadas pelo Conselho de Ministros Extraordinário, que decorrerá em Lisboa, a 06 de fevereiro, integrado no programa de inauguração da nova sede da organização.

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