Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*
E, tal como no tempo de Salazar, Passos Coelho avisou que o Governo não permitirá o direito à indignação aos “que pensam que podem incendiar as ruas" e trazer "o tumulto".
Cá para mim é caso para enaltecer o contributo decisivo dado pelo ministro Miguel Relvas e, é claro, por Fernando Lima, consultor político do Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, e seu ex-assessor de imprensa, para quem "uma informação não domesticada constitui uma ameaça com a qual nem sempre se sabe lidar".
A ser verdade que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia, a dita está, no reino lusitano de Pedro Miguel Passos Relvas Coelho coxa. Muito coxa, embora os donos dos jornalistas e os donos dos donos digam o contrário.
Ouçam, por exemplo, as mais impolutas figuras do Governo lusitano, nesta como em todas as outras matérias: Passos Coelho e Miguel Relvas.
Passos Coelho, enquanto primeiro-ministro, chegou ao sector da comunicação social e conseguiu, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, fazer com que os seus mercenários, chefes de posto ou sipaios, titulares, ou não, de Carteira Profissional de Jornalista, fizessem da imprensa o tapete do poder.
Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
Passos Coelho/Miguel Relvas chegaram e, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, transformaram os jornalistas em criados de luxo do poder vigente. Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
Em Portugal, Passos Coelho/Miguel Relvas chegaram e, sem grande esforço e em muitos casos apenas por um prato de lentilhas, garantiram que esses criados regressarão mais tarde ou mais cedo (muitos já lá estão) para lugares de direcção, de administração etc.. Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
Passos Coelho/Miguel Relvas chegaram e deram carácter não só legal como nobre à promiscuidade do jornalismo com a política (sobram os exemplos de jornalistas-assessores e de assessores-jornalistas). Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
Passos Coelho/Miguel Relvas chegaram e deram carácter não só legal como nobre ao facto de que quem aceita ser enxovalhado pode a curto prazo – basta olhar para muitas das Redacções - ser director ou administrador. Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
Passos Coelho/Miguel Relvas chegaram e deram carácter não só legal como nobre ao facto de a ética jornalística se ter tornado na regra fundamental que aparece a seguir à última... quando aparece. Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
Em Portugal, Passos Coelho/Miguel Relvas chegaram e deram carácter não só legal como nobre ao facto de o servilismo ser regra para bons empregos, garantindo que esses servos vão estar depois a assessorar partidos, empresas ou políticos. Sempre, é claro, levando em conta que uma imprensa livre é um dos grandes pilares da democracia.
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
Título anterior do autor, compilado em Página Global: AS ARMAS SÃO FEITAS MESMO PARA ISSO
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