FP - Lusa
Bissau, 26 mar (Lusa) - Os cinco candidatos às eleições presidências da Guiné-Bissau de dia 18, que querem a anulação do escrutínio, apelaram hoje "à calma e serenidade" do povo guineense perante os "discursos retrógrados e incendiários" do "regime de Carlos Gomes Júnior".
Nas eleições de dia 18 Carlos Gomes Júnior, líder do maior partido (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC) e até agora primeiro-ministro, saiu vencedor, com Kumba Ialá, do segundo maior partido (Partido da Renovação Social, PRS) a ficar em segundo lugar.
Kumba Ialá recusou-se a ir a uma segunda volta nas eleições. Com mais quatro candidatos (Serifo Nhamadjo, Henrique Rosa, Afonso Té e Serifo Baldé) exigiu a anulação do escrutínio e denunciou uma fraude generalizada nas eleições. Na última sexta-feira, os cinco apresentaram as alegadas provas junto da CNE - Comissão Nacional de Eleições.
Hoje, em conferência de imprensa, representantes dos cinco candidatos acusaram a diretoria de campanha de Carlos Gomes Júnior de sistematicamente "fazer recurso à lógica do medo, através das rádios e da televisão, nacionais e estrangeiras, para criar um clima de terror junto das populações, a fim de desviar as atenções das suas responsabilidades na máquina fraudulenta que implantaram no processo de votação".
O governo de Carlos Gomes Júnior tem responsabilidades nesse processo, disse Victor Pereira, do PRS, explicando que foi um organismo do Ministério da Administração Territorial que organizou o processo.
E "de forma premeditada e fraudulenta orientou os administradores setoriais e respetivos secretários na emissão de dois modelos diferentes de novos cartões de eleitor e adulterou os cadernos eleitorais, como também procedeu à atualização dos cartões fora do prazo estipulado, inclusive no próprio dia da votação", afirmou.
O responsável negou também que tenham sido os partidos os responsáveis pela marcação das eleições para dia 18, uma prerrogativa apenas do Presidente interino, e acusou Carlos Gomes Júnior de "confundir e privilegiar relações pessoais com Angola e Portugal".
"Como tem sido hábito do primeiro-ministro/candidato Carlos Gomes Júnior e do seu governo, o recurso à violência é uma constante, aliás provada nos assassínios de 2009 nas pessoas de Tagmé Na Way, Nino Vieira, Hélder Proença e Baciro Dabó, na execução do major Iaia Dabó, e mais recentemente na morte bárbara e violenta do major Samba Djaló, personagem chave para esclarecimento dos assassínios políticos de 2009", disse.
Leia mais sobre Guiné-Bissau - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos
Sem comentários:
Enviar um comentário