quinta-feira, 22 de março de 2012

Guiné-Bissau/Eleições: Kumba Ialá recusa participação na segunda volta



FP - Lusa

Bissau, 22 mar (Lusa) - Kumba Ialá, segundo candidato mais votado nas eleições da Guiné-Bissau de domingo passado, garantiu hoje que não estará na segunda volta do escrutínio.

"Não há segunda volta nem terceira volta, porque não reconhecemos o resultado", disse hoje Kumba Ialá, um dia depois de a Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter divulgado os resultados provisórios das eleições, colocando como vencedor Carlos Gomes Júnior e em segundo lugar Kumba Ialá.

Kumba Ialá falava em conferência de imprensa conjunta com os também candidatos Serifo Nhamadjo, Henrique Rosa, Afonso Té e Serifo Balde. Os cindo já tinham dito na terça-feira que as eleições foram fraudulentas e que não iriam reconhecer qualquer resultado.

Na mesma altura responsabilizaram também a CNE sobre as consequências da publicação dos resultados "de um processo fraudulento".

Hoje, os cinco candidatos voltaram a juntar-se para reafirmar que não reconhecem qualquer resultado eleitoral presidencial. "Não reconhecemos qualquer resultado fraudulento saído das urnas nas últimas eleições de dia 18, queremos que as eleições sejam transparentes e não fraudulentas", disse Kumba Ialá.

O candidato disse que "há montanhas de provas" de fraude e os detalhes serão levados a partir de sexta-feira a tribunal.

"O que queremos é que haja paz na Guiné, que haja estabilidade, que não haja perturbações porque alguém quer ser Presidente da República a todo o custo, mesmo que não tenha preparação para tal", disse Kumba Ialá, referindo-se a Carlos Gomes Júnior: "Ser um Chefe de Estado não é dirigir uma taberna."

"Estas eleições são fraudulentas, não reconhecemos e não reconheceremos qualquer tipo de Presidente da República fraudulentamente eleito na Guiné-Bissau. Esta é a posição da nossa equipa", disse o candidato, afirmando que não há "segunda nem terceira volta" porque os cinco não reconhecem o resultado.

Questionado sobre se a posição dos cinco não poderá por em causa a paz e a estabilidade, tema forte na campanha de todos, Kumba Ialá respondeu: "O que poderá pôr em causa a estabilidade é o senhor Carlos Gomes Júnior."

Kumba Ialá não contabilizou o número de fraudes que terão existido mas disse que se houvesse só num círculo já era uma fraude que não permitiria que as eleições fossem legítimas. E explicou que o que existiu foi nomeadamente a duplicação de cartões de eleitores, o que permitiu que várias pessoas votassem com o mesmo título.

O candidato admitiu que os observadores internacionais (que foram unânimes em considerar as eleições livres e justas) "têm o seu papel" mas que, por não conhecerem o país, "não podem saber o que se passa".

Serifo Nhamadjo disse também aos jornalistas que os cinco tinham proposto a não publicação dos resultados e pedido prudência por temer que "a precipitação pudesse causar problemas", e acusou a CNE.

"As consequências dessa precipitação será responsabilidade dos que a fizeram", disse, justificando a saída dos representantes dos cinco candidatos da CNE, hoje anunciada, com a "não convocação das plenárias da CNE", pelo que "as pessoas estavam lá inutilmente".

Leia mais sobre Guiné-Bissau - use os símbolos da barra lateral para se ligar aos países lusófonos pretendidos

Sem comentários:

Mais lidas da semana