Vítor Matos – Sábado, com fotos e vídeos no original
O Partido Social Democrata (PSD) aceitou a filiação de militantes falsos em 2009, validados pela secção i, um dos antigos núcleos da distrital de Lisboa. Um grupo de estudantes do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) denuncia o caso à SÁBADO através de depoimentos gravados em vídeo. Os cartões falsos eram depois usados por outras pessoas, que não eram militantes do PSD, nas eleições internas do partido. Nas directas de Março de 2010, o beneficiado com o esquema foi Pedro Passos Coelho, que ganhou a eleição por larga margem contra Paulo Rangel e José Pedro Aguiar-Branco. O processo está a ser apreciado pelo Conselho de Jurisdição da JSD e há uma queixa na polícia.
Gonçalo Almeida, estudante de Economia de 21 anos, pediu para ser militante do PSD em Outubro de 2009 a Nuno Firmo, um colega de faculdade, que era presidente da Mesa da Assembleia da Associação de Estudantes do ISEG e presidente da Juventude Social Democrata (JSD) da secção i de Lisboa. Quando consultou o seu processo na sede nacional do PSD, verificou que todos os dados da sua ficha eram falsos. Até o cartão de estudante era de outra faculdade, de um pólo da Universidade Lusófona, que ficava na área de jurisdição da secção i, que abrangia toda a zona da Baixa de Lisboa. João Matias, estudante de Matemática Aplicada à Gestão também era militante do PSD sem saber. É natural da Marinha Grande e toda a sua família é simpatizante do PCP. Todos os dados da sua ficha, à excepção do nome eram falsos. Os estudantes suspeitam que os seus bilhetes de identidade foram copiados na Associação de Estudantes do ISEG depois de se terem inscrito na equipa de futebol do núcleo de desporto.
(Ver depoimento de Gonçalo Almeida em vídeo nas páginas seguintes da Sábado).
A morada que constava na ficha a que a SÁBADO teve acesso, na Rua do Sol ao Rato, pertencia a outro colega do ISEG, Diogo Perestrelo, natural da Madeira. Este estudante confirmou à SÁBADO que o dirigente da JSD Nuno Firmo lhe pediu para receber correspondência do partido na sua caixa do correio, embora não tivesse percebido quais eram os objectivos do social-democrata. Era lá que Firmo ia recolher o correio enviado em nome das fichas falsas. Nuno Firmo nega as acusações.
A morada que constava na ficha a que a SÁBADO teve acesso, na Rua do Sol ao Rato, pertencia a outro colega do ISEG, Diogo Perestrelo, natural da Madeira. Este estudante confirmou à SÁBADO que o dirigente da JSD Nuno Firmo lhe pediu para receber correspondência do partido na sua caixa do correio, embora não tivesse percebido quais eram os objectivos do social-democrata. Era lá que Firmo ia recolher o correio enviado em nome das fichas falsas. Nuno Firmo nega as acusações.
(Ouvir depoimento de Nuno Firmo em áudio, nas páginas seguintes)
Os cartões eram depois utilizados por estudantes universitários arregimentados para votar por militantes do PSD que não imaginavam que estavam filiados no partido. Jorge Ferreira, também estudante de Economia do ISEG, assume que votou na secção i com cartões de militantes de outras pessoas e nunca chegou a ser filiado no partido. Acusa o líder da JSD da secção i e o seu braço direito, Carlos Martins (que a SÁBADO não conseguiu contactar), de promoverem as votações fraudulentas.
Os cartões eram depois utilizados por estudantes universitários arregimentados para votar por militantes do PSD que não imaginavam que estavam filiados no partido. Jorge Ferreira, também estudante de Economia do ISEG, assume que votou na secção i com cartões de militantes de outras pessoas e nunca chegou a ser filiado no partido. Acusa o líder da JSD da secção i e o seu braço direito, Carlos Martins (que a SÁBADO não conseguiu contactar), de promoverem as votações fraudulentas.
(Ver depoimento de Jorge Ferreira em vídeo nas páginas seguintes)
Carlos Ramos, outro estudante do ISEG, diz que também foi convidado a participar nas votações da secção i, mas recusou sempre participar.
Carlos Ramos, outro estudante do ISEG, diz que também foi convidado a participar nas votações da secção i, mas recusou sempre participar.
(Ver depoimento de Carlos Ramos em vídeo nas páginas seguintes)
O líder da JSD Duarte Marques afasta responsabilidades no alegado comportamento dos jovens sociais-democratas da antiga secção da Baixa de Lisboa. “Tive conhecimento do caso e reenviei-o para os órgãos próprios que devem tomar decisões e analisar as situações menos correctas”, explica à SÁBADO. “Deve-se fazer justiça, doa a quem doer”. Ricardo Sousa, presidente do Conselho de Jurisdição Nacional da JSD, confirma à SÁBADO que “o processo está a ser analisado em sede de primeira instância”. Quanto à demora na apreciação do caso, diz que “o tempo que está a demorar tem a ver com o procedimento que é adoptado para todos os processos”.
Sérgio Azevedo, 30 anos, deputado na Assembleia da República desde as últimas eleições e antigo dirigente da JSD foi presidente da secção i até à extinção das secções de Lisboa no fim de 2010. Contactado pela SÁBADO, Sérgio Azevedo diz que nunca teve conhecimento de um caso de falsificação de militantes e que nunca ouviu falar nisso. “Não tenho conhecimento de nenhuma queixa”, acrescenta. “Tenho muita dificuldade em acreditar nisso”.
O líder da JSD Duarte Marques afasta responsabilidades no alegado comportamento dos jovens sociais-democratas da antiga secção da Baixa de Lisboa. “Tive conhecimento do caso e reenviei-o para os órgãos próprios que devem tomar decisões e analisar as situações menos correctas”, explica à SÁBADO. “Deve-se fazer justiça, doa a quem doer”. Ricardo Sousa, presidente do Conselho de Jurisdição Nacional da JSD, confirma à SÁBADO que “o processo está a ser analisado em sede de primeira instância”. Quanto à demora na apreciação do caso, diz que “o tempo que está a demorar tem a ver com o procedimento que é adoptado para todos os processos”.
Sérgio Azevedo, 30 anos, deputado na Assembleia da República desde as últimas eleições e antigo dirigente da JSD foi presidente da secção i até à extinção das secções de Lisboa no fim de 2010. Contactado pela SÁBADO, Sérgio Azevedo diz que nunca teve conhecimento de um caso de falsificação de militantes e que nunca ouviu falar nisso. “Não tenho conhecimento de nenhuma queixa”, acrescenta. “Tenho muita dificuldade em acreditar nisso”.
(Ouvir depoimento de Sérgio Azevedo em áudio nas páginas seguintes)
O actual secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, diz à SÁBADO desconhecer as fichas falsificadas. “Não chegou nada ao nosso conhecimento. Não foi feita queixa nenhuma”. Miguel Relvas, hoje ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, também afirma à SÁBADO: “Nunca ouvi falar disso. Quando fui secretário-geral, fiz a limpeza de todos os militantes que não pagavam quotas há mais de dois anos.” Assume, porém, a dificuldade em identificar os falsos militantes: “É muito difícil detectar. Os processos chegam das secções, com as cópias dos bilhetes de identidade”. Luís Marques Guedes, actual secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros que era o secretário-geral do PSD na época em que as fichas em causa entraram no partido, também não sabia de nada: “Desconheço totalmente”, afirmou.
O actual secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, diz à SÁBADO desconhecer as fichas falsificadas. “Não chegou nada ao nosso conhecimento. Não foi feita queixa nenhuma”. Miguel Relvas, hoje ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, também afirma à SÁBADO: “Nunca ouvi falar disso. Quando fui secretário-geral, fiz a limpeza de todos os militantes que não pagavam quotas há mais de dois anos.” Assume, porém, a dificuldade em identificar os falsos militantes: “É muito difícil detectar. Os processos chegam das secções, com as cópias dos bilhetes de identidade”. Luís Marques Guedes, actual secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros que era o secretário-geral do PSD na época em que as fichas em causa entraram no partido, também não sabia de nada: “Desconheço totalmente”, afirmou.
*Título alterado por PG
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