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Luanda, 22 mar (Lusa) - O cidadão português morto a tiro na quarta-feira em Luanda foi vítima de tentativa frustrada de assalto e não de uma ação premeditada, alegadamente relacionada com atividades empresariais em Luanda, disse hoje à Lusa fonte da empresa onde trabalhava a vítima.
Segundo João Vitoriano, diretor da parte tecnológica da Cormar Portugal, empresa de que a vítima, Rui Pinto, era administrador, a tentativa de assalto ocorreu no Largo do Patriota, a sul de Luanda, e não na zona da Sagrada Família, na capital angolana, que dista cerca de 25 quilómetros.
A morte a tiro do cidadão português foi noticiada na edição de hoje do Diário de Notícias, e citava fontes não identificadas da empresa que situavam o sucedido na Sagrada Família, explicado que o crime foi premeditado e relacionado com atividades da firma em Luanda.
"O assalto, que não foi premeditado nem tinha a ver com atividades da empresa, ocorreu quando a viatura do Rui, um Range Rover avariou, e se aguardava a chegada do mecânico da empresa. Quando este chegou, um desconhecido agarrou o mecânico e exigiu que este lhe desse a carteira e o telemóvel", relatou João Vitoriano à Lusa.
Ao mesmo tempo, um segundo assaltante, este armado, aproximou-se do lugar do condutor, onde se encontrava a vítima e tentou forçar a abertura da porta, que já estava trancada, tendo em resultado disparado somente um tiro, à queima-roupa sobre Rui Pinto, atingindo-o lateralmente no peito.
"A bala atingiu o telemóvel do Rui, que ficou completamente destruído, e alojou-se no peito. O Rui, ao perceber o estilhaçar do vidro, colocou o carro em marcha e a viatura percorreu cerca de 400 a 500 metros", acrescentou João Vitoriano.
Entretanto, os dois assaltantes entraram para a viatura do mecânico e puseram-se em fuga, por um caminho arenoso que provocou a imobilização do carro, atascado na areia, fugindo a pé, encontrando-se ainda a monte.
"Entretanto, o Rui e a pessoa que seguia com ele no Range Rover trocaram de lugares e o Rui, apercebendo-se do ferimento, disse-lhe que tinha sido atingido", adiantou a fonte da Lusa.
A viatura dirigiu-se depois para a Clínica Sagrada Esperança, onde foram ministrados os primeiros socorros a Rui Pinto, tentando estancar o sangue.
Dada a inexistência de condições para tratar devidamente o ferimento, Rui Pinto foi enviado de ambulância para a Clínica Multiperfil, onde chegou ainda com vida e consciente, segundo João Vitoriano, mas acabou por sucumbir ao ferimento sofrido.
A Lusa apurou que agentes da Polícia Judiciária portuguesa que se encontram em Luanda a dar formação, estão a acompanhar as investigações do crime, a cabo das autoridades angolanas.
As duas viaturas já foram entregues à Direção Nacional de Investigação Criminal, de Angola, para aprofundar as investigações, dada a existência de múltiplas impressões digitais dos assaltantes, quer na porta do Range Rover quer na viatura do mecânico.
O crime ocorreu cerca das 16:00 (15:00 de Lisboa).
Rui Pinto, 32 anos, era um dos dois sócios-gerentes da Cormar Angola e residia no país desde 2008, acompanhado da mulher.
A mulher e o filho menor que se encontram em Portugal tinham previsto o regresso a Luanda no próximo fim de semana, mas anularam a viagem e aguardam agora a trasladação do corpo, ainda sem data prevista.
Em declarações à Lusa em Lisboa, Miguel Guedes, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, disse que o Governo está a acompanhar o caso, mantendo-se em contacto com as autoridades policiais e com os familiares da vítima.
"O assunto está a ser acompanhado através do consulado-geral em Luanda que está em contacto com as autoridades policiais e com familiares para ver como decorre depois todo o processo de transladação", disse à agência Lusa
A Cormar é uma empresa de mobiliário de Cortegaça, Ovar.
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