sábado, 14 de abril de 2012

Guiné-Bissau: CEMGFA ameaçou 2 semanas antes do golpe atacar tropas angolanas…




… estacionadas em Bissau - Inforpress

JSD - Lusa

Cidade da Praia, 14 abr (Lusa) - Cabo Verde estava a par desde o dia 05 deste mês da possibilidade de, em breve, eclodir uma nova crise político-militar na Guiné-Bissau, depois de António Indjai ter ameaçado, nesse dia, atacar as tropas angolanas em Bissau.

A informação é avançada hoje pela agência noticiosa cabo-verdiana Inforpress, que cita um relatório das Forças Armadas de Cabo Verde, a que teve acesso, sobre a reunião de emergência da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), realizada nesse dia em Abidjan.

Na reunião esteve também o representante residente da União Europeia (UE) na Costa do Marfim, enquanto Cabo Verde participou com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, coronel Alberto Fernandes, acompanhado por mais duas altas patentes cabo-verdianas.

O documento relata a preocupação relativa à presença de militares angolanos na Guiné-Bissau manifestada nessa reunião pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) guineenses, António Indjai.

A reunião, em que participaram os CEMGFA ou seus representantes dos países da CEDEAO, exceto do Mali e da Serra Leoa, fora convocada, entre outras questões, para debater a segurança do processo eleitoral na Guiné-Bissau.

Citado no documento, António Indjai, que o Comando Militar revoltoso disse ter detido na sexta-feira à noite, referiu que as forças angolanas estacionadas na Guiné-Bissau possuíam armamento pesado, indicando a presença de 14 tanques de guerra e de outros tantos jipes com metralhadoras pesadas.

Segundo o relato do documento militar, Indjai, cuja detenção foi considerada hoje "uma farsa" pelo chefe da diplomacia guineense, Mamadu Djaló Pires, manifestou o descontentamento pela situação criada, referindo que no país existiam dois exércitos, tendo ainda questionado o interesse de Bissau em manter duas forças no território.

O documento indica também que Indjai, já acusado por Angola de ser o responsável pelo golpe de Estado, chegou a ameaçar "atacar as tropas angolanas" caso encontrasse o armamento em causa assim que regressasse a Bissau.

Indjai defendeu na ocasião que a Força em Alerta da CEDEAO deveria preparar-se para ir não só ao Mali, país que também foi alvo de um golpe de Estado, mas também à Guiné-Bissau, acrescenta-se no documento.

Na quinta-feira à noite, um grupo de militares guineenses atacou a residência do primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, e ocupou vários pontos estratégicos da capital da Guiné-Bissau.

A ação foi justificada na sexta-feira por um autodenominado Comando Militar, cuja composição se desconhece, visando defender as Forças Armadas de uma alegada agressão de militares angolanos, que teria sido autorizada pelos chefes do Estado interino, Raimundo Pereira, e do Governo, Carlos Gomes Júnior, entretanto detidos pelos militares, que garantiram a segurança de ambos.

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