FP - Lusa
Bissau, 12 jul (Lusa) - O Governo de transição da Guiné-Bissau lamentou hoje "profundamente" ter ficado excluído da próxima cimeira da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) mas negou que o país pretende abandonar a organização.
"Lamentamos profundamente esta decisão da CPLP, que consideramos contraproducente e anti-diálogo, que não vai no sentido de resolver os problemas da Guiné-Bissau. Se a CPLP continuar nessa posição está a constituir-se um dos maiores obstáculos à resolução do problema da Guiné-Bissau e não parte da solução", disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de transição, Faustino Imbali.
No entanto, acrescentou, a Guiné-Bissau é membro de pleno direito da CPLP e não se coloca a questão de o país sair da organização.
"O problema do convite, de quem vai, de quem é legal, é problema da CPLP e não da Guiné-Bissau enquanto estado-membro nem deste Governo", disse Faustino Imbali, reafirmando que o atual governo da Guiné-Bissau é legal e não um produto do golpe de Estado mas sim "da comunidade internacional", embora não toda.
O responsável também reafirmou que o país não pode voltar à situação anterior ao golpe de Estado de 12 de abril passado, porque o Governo entende que isso seria "projetar o país para uma guerra civil".
Imbali questionou a legalidade de se impedir os dirigentes que estão no país de participarem na cimeira de Maputo, porque a CPLP não tem "competência estatutária para indigitar os representantes de um estado-membro numa cimeira".
A CPLP e grande parte da comunidade internacional não reconhecem o governo de transição da Guiné-Bissau e as novas autoridades não foram convidadas para participar na cimeira da organização que vai decorrer dia 20 em Maputo, Moçambique.
Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, afirmou que a representação da Guiné-Bissau na cimeira de Maputo "deve ser assegurada pelas autoridades que derivam do voto popular" e não "por quaisquer outras de natureza violenta pela forma como se instalaram no poder".
Faustino Imbali salientou que o Governo de transição tem muito o que fazer, disse que o povo espera muito deste governo, e acrescentou: "Não queremos ser distraídos por questões que pensamos que com o tempo se vão resolver".
Mas não deixou de reafirmar que a CPLP devia ser a instituição que devia mediar a situação entre a Guiné-Bissau e outras instituições. "Não é só uma organização da qual a Guiné-Bissau faz parte, sobretudo somos irmãos e conhecem melhor os nossos problemas", pelo que "estariam em melhor condição para arbitrar a questão da Guiné-Bissau".
Faustino Imbali disse que enviou já uma carta ao seu "homólogo de Moçambique para o felicitar" e manifestou nela a intenção de que com a presidência de Moçambique se possa "encontrar o caminho do diálogo".
Moçambique assume a presidência rotativa da CPLP na cimeira de dia 20, substituindo Angola.
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