Ângelo Correia – Correio da Manhã, opinião – 26.08.12
A normalidade democrática parece estar instalada em Timor. As recentes eleições comprovam-no. Talvez por isso, se tenha já declarado não se justificar mais a monitorização daquele Estado pela ONU. É altura de os timorenses ficarem ainda mais dependentes de si próprios.
Tal é excelente e Portugal muito contribuiu para isso, só que tínhamos a obrigação de ir mais longe. A nossa missão não era apenas posicionar Timor no contexto internacional como um Estado Soberano; era também começar a defender interesses portugueses na região.
Nesse âmbito, a última década é quase frustrante. Com excepção da GNR, os nossos interesses económicos e financeiros estão cada vez mais ausentes, e os da Indonésia e China cada vez mais presentes.
Parcerias, colaboração com empresas locais públicas ou privadas é algo que nos parece estranho.
Visitas de governantes e altos dignatários do Estado são muitas. Resultados não se vêem. Passeios esses sim!
É altura de perceber que no Oriente se joga parte do futuro de Portugal, e Timor é um dos pivot desse teatro de operações.
Parece que Portugal se esqueceu disso.
ÂNGELO, EMPRESÁRIO QUE FALA-FALA MAS NÃO APOSTA EM TIMOR-LESTE – opinião PG
A tendência é colonial, está no título. Timor, em vez de Timor-Leste. Não se destina a abreviar, a simplificar, mas sim porque no subconsciente mora lá o espírito colonialista, seja ele dos colonialistas ou dos colonizados. É quase o mesmo que agora chamar Lourenço Marques a Maputo ou Guiné à Guiné-Bissau, sabendo que afinal é a última que está certa. É Timor-Leste, sem favor.
Timor-Leste. É um país que com base em muito sofrimento e muita luta obteve a independência do jugo colonialista de portugueses como certos e incertos Ângelos passados, presentes e futuros. E mais ainda de uma ocupação selvática, com muita traição de portugueses à mistura, protagonizada pelo ditador indonésio, pelo presidente dos EUA e pelo governo australiano em 1975. São todos esses que foram coniventes com extermínio de mais de 200 mil timorenses.
Ângelo Correia, um mentor de Passos Coelho, fala-fala, escreve-escreve, mas como grande empresário que é não investe em Timor-Leste, que se saiba, um único euro das suas empresas, das empresas em que tem influências. Nem, que se saiba, leva as suas amizades monárquicas das arábias a fazerem-no, a investirem a sério em Timor-Leste. Como diz num comentário do Correio da Manhã a esta amostra de prosa de Ângelo: “Comentário feito por: J. Rodrigues - 26 Agosto 2012 - A. Correia: vc é administrador de muitas empresas. Porque é que não dá o exemplo com 1 ou 2 delas e estabelece parcerias e negócios em Timor? Está à espera de quê?”
É verdade. Aqui só nos limitamos a repetir com maior ênfase. Com “amigos” destes Timor-Leste não vai longe. Amigos do cuspo. Ângelo Correia, como já fazia em tempos bem distantes faz-que-vai-mas-não-vai… e fica à coca. Não é um Chico mas sim um Ângelo-esperto. Já agora registe-se: ao contrário daquilo que diz Ângelo logo no primeiro parágrafo do seu douto parecer, em que afirma que a "normalidade democrática parece estar instalada em Timor" (Leste), não parece coisa nenhuma, a ilegalidade, a corrupção, etc., prevalece em Timor-Leste. A violência está somente adormecida e de vez em quando demonstra isso mesmo. Deixemos que a ONU se retire, a UNMIT, a GNR e quem mais por lá está... Vejamos se Taur Matan Ruak sobrevive a querer ser um PR ao serviço dos reais interesses do povo timorense e do país. Saber esperar é uma virtude, senhor Ângelo. Escrever por escrever (de borla?) não vale. Independentemente de ter todo o direito a veícular a sua opinião. Mas, de preferência, escreva frente a um espelho e a olhar com olhos de bom observador. Será que Ângelo considera que existe democracia em Portugal? Certamente que sim, a dele e dos seus. Em Timor-Leste existe democracia para Xanana e para os de Xanana... Pouco mais. Sem justiça não há democracia, senhores Ângelos.
1 comentário:
Oh PG,
Os Timorenses têm roubado tanto o povo Timorense e nenhum lá investe nada, investimentos produtivos não existem em Timor.
Se os Timorenses não acreditam no seu próprio povo e país, como querem que os outros lá invistam??
Quem tenta investir a sério em Timor, sai sempre de mãos a abanar e com a carteira mais vazia.
Beijinhos da Querida Lucrécia
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