domingo, 2 de setembro de 2012

ANGOLANOS VOTAM E FAZEM HISTÓRIA

 


Filomeno Manaças – Jornal de Angola, opinião - 02 de Setembro, 2012

Os angolanos estão a fazer história. Com a realização na sexta-feira, de forma ordeira e com elevado grau de civismo, das eleições gerais, os angolanos mostraram uma vez mais ao mundo que estão a escrever com determinação a sua própria história de consolidação da democracia e da estabilidade política nacional.

A grande maioria dos eleitores foi às urnas e a análise que se pode fazer dos primeiros resultados provisórios das eleições gerais é que os angolanos querem continuar a manter o país na senda do desenvolvimento económico e social, consolidar a paz e aprofundar a democracia.

Como disse o candidato José Eduardo dos Santos na sexta-feira, momentos depois de exercer o seu direito de voto, “a democracia é o poder do povo e hoje o povo tem o poder nas suas mãos para escolher os dirigentes que vão governar Angola nos próximos cinco anos”.

Em democracia os processos eleitorais são os únicos meios legítimos de conquista do poder e depois das eleições de 2008 Angola dá agora, quatro anos depois, um grande passo em frente.

A Comissão Nacional Eleitoral e os angolanos, em geral, estão de parabéns porque o processo de votação decorreu dentro da normalidade. A CNE merece elogios porque em termos gerais o sistema organizacional montado permitiu superar de forma incomparável os constrangimentos registados nas eleições de 2008. É evidente e é bom frisar que para a obtenção desta esplêndida eficácia organizativa foi fundamental o laborioso esforço desenvolvido pelo Ministério da Administração do Território nas fases de actualização e reconfirmação dos dados por parte dos eleitores. Estamos a falar da fase do registo eleitoral, em que os votantes foram chamados a confirmar os seus dados e, em particular e não menos importante, a escolher o local de exercício do voto. Foi esse processo que permitiu ganhos substanciais na organização, com a elaboração dos cadernos eleitorais com os votantes devidamente identificados e a afixação nas diferentes assembleias de voto da lista de eleitores. É por isso indiscutível a racionalização de gastos conseguida no que diz respeito aos meios empregues e à logística mobilizada.

Angola está a avançar no que concerne à organização de eleições e o pleito de 2012 vai de certeza constituir um marco no salto qualitativo dado, que se junta a outros que o país tem somado nos mais variados domínios.

Estas eleições acontecem dez anos depois da conquista da paz e é com orgulho que se pode dizer que os angolanos estão a fazer história.

Fizeram história quando conquistaram a independência nacional a 11 de Novembro de 1975. Fizeram história com a conquista da paz a 4 de Abril de 2002 e que pôs fim a três décadas de guerra fratricida. Foi num feito alcançado sem a ajuda de forças externas. Fizeram igualmente história quando seis anos depois realizaram as primeiras eleições pós conflito militar. Fizeram ainda história com a aprovação, em 2010, de uma Constituição que dá garantias efectivas de se poder prosseguir o processo de desenvolvimento económico de forma acelerada; que afasta a hipótese de intermitências políticas poderem atrapalhar o curso da recuperação da economia, que assegura ao mesmo tempo a vitalidade da democracia e lhe reserva um espaço fundamental na realização do conceito de cidadania, de nação e reforço do Estado de Direito.

Ao designarem num só acto eleitoral o Presidente da República, o Vice-Presidente da República e os deputados à Assembleia Nacional os angolanos economizam em despesas que poderiam ter com a organização de eleições separadas e que podem ser canalizadas para outros fins mais úteis à sociedade. Ao fazerem coincidir a eleição do Presidente da República com a dos deputados ao Parlamento os angolanos têm a possibilidade de escolher cenários políticos claros e evitarem caminhar de incerteza em incerteza, situação que tem constituído entrave ao progresso de muitos países onde a democracia ainda não amadureceu e os poderes presidenciais estão em choque permanente com os de um executivo de cor política diferente. Trata-se de uma realidade que atrasa o progresso, pois perde-se tempo em querelas e quando os políticos dão conta já o tempo passou e nada foi feito.

Os angolanos estão a fazer história por terem posto em marcha um processo de reconstrução nacional com vários resultados positivos obtidos em tempo recorde e não querem perder a dinâmica já alcançada. A vontade popular expressa nas urnas – e aqui estamos a referir a tendência de voto constatada nos resultados provisórios do escrutínio apresentados até ontem à noite pela CNE -, confere claramente ao candidato José Eduardo dos Santos e ao MPLA uma maioria para continuarem a governar e darem prosseguimento à grande tarefa de desenvolver o país, de consolidar a recuperação económica que está inclusive a surpreender o mundo.

Os resultados provisórios até ontem divulgados pela CNE permitem à UNITA manter o estatuto de maior partido da oposição, enquanto a coligação CASA-CE surge como terceira força política, remetendo o partido de Eduardo Kwangana (PRS) para o terceiro lugar. A FNLA é quarta classificada em termos de resultados e a Nova Democracia quedou-se na quinta posição, depois de em 2008 ter sido a grande revelação.

A maturidade política do eleitor angolano confere às eleições gerais a credibilidade que os detractores de uma Angola renovada depois da guerra sempre quiseram negar, torcendo para que o processo não fosse avante.

Mais uma vez Angola e os angolanos saem a ganhar. Cabe aos partidos políticos e coligações de partidos políticos uma grande responsabilidade: continuar a dar corpo e a trabalhar para o reforço da democracia angolana.

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