Ana Sá Lopes e Luís Claro – i online
Ex-Presidente acha
“indecente” recusa de Cavaco de comemorar o 5 de Outubro no seu local histórico
O ex-Presidente da
República Mário Soares não vai estar hoje presente nas comemorações oficiais do
5 de Outubro, em protesto contra o facto de a Câmara Municipal ter decidido
abandonar a Praça do Município, por motivos de segurança.
“Não vou ao 5 de
Outubro porque acho indecente a recusa de um Presidente da República de ir a um
sítio histórico. Não faz sentido deslocar as comemorações para um sítio
escondido por medo de se ser apupado”, disse ontem Mário Soares ao i. “Parece
que se vive numa espécie de clandestinidade”, acrescentou o ex-Presidente,
invocando que se está a romper uma tradição das comemorações do 5 de Outubro
que nem durante o salazarismo deixaram de ser realizadas na Praça do Município.
“A tradição é comemorar o 5 de Outubro na Praça do Município. Metem-se num
pátio para fugir.” Mário Soares participará, no entanto, num jantar em
Alenquer, promovido por republicanos da região Oeste, que se realiza todos os
anos desde 1910. Seguro também estará presente
As comemorações
oficiais do dia 5 de Outubro não vão ser realizadas, pela primeira vez desde
1910, na Praça do Município, transitando para um recinto fechado chamado Pátio
da Galé.
O Presidente da
República, Cavaco Silva, segundo apurou o i, pediu ao Presidente da Câmara de
Lisboa, António Costa, que alterasse o local das comemorações, invocando o
risco de manifestações populares e decidiu não abrir este ano os jardins do
Palácio de Belém ao público.
Belém argumenta que
vai fechar as portas do palácio por “razões de contenção de custos” e remete
uma explicação sobre a mudança dos discursos para o Pátio da Galé para a Câmara
de Lisboa, que organiza as comemorações.
Também António
Costa apresenta publicamente o argumento económico para justificar a alteração
do local das comemorações. Segundo o presidente da CML, “sai mais caro”
organizar as comemorações na Praça do Município, devido à “infra-estrutura que
se tem de montar” do que no Pátio da Galé. António Costa negou que a passagem
dos discursos para aquele local se deva a receios de manifestações, afirmando
que “as manifestações são normais em democracia”. Outra das originalidades
destas comemorações é a ausência do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. O
ministro da Defesa, Aguiar-Branco, vai representar o chefe do governo. Passos
Coelho vai estar ausente por se encontrar em Bratislava, capital da Eslováquia,
a participar num encontro do grupo Amigos da Coesão. Este grupo é constituído
pela Bulgária, pela República Checa, pela Estónia, pela Grécia, pela Espanha,
pela Hungria, pela Letónia, pela Lituânia, pela Polónia, pela Roménia, pela
Eslovénia, pela Eslováquia, pela Espanha e por Portugal.
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