Henrique Raposo – Expresso, opinião, em Blogues
Há dias, quando me
disseram que o governo ia extinguir 30 ou 40 fundações, pensei que estavam a
brincar comigo. Era mesmo uma boa piada: num país com o Estado falido e com a
sociedade sodomizada pelo fisco assim ao estilo Pulp Fiction, existe um
universo de 600 fundações atreladas ao Orçamento de Estado, logo, faz todo o
sentido extinguir apenas 30 ou 40. Parecia piada, mas era a verdade-verdadinha. Pior: muitas
destas 40 fundações importantíssimas nem sequer serão extintas, porque dependem
do poder local, que começou logo a bater o pezinho. Ora, este episódio foi
assim uma espécie de gota de água simbólica para a minha pobre cabeça. Parece
que estou a viver dentro de uma comédia. Uma comédia involuntária, mas uma
comédia. Depois de tudo o que se passou nos últimos tempos, este governo tem o
descaramento de informar o país que vai extinguir três ou quatro gatos pingados
e impor um mísero corte de cabelo nos restantes. Mas Passos e Gaspar entraram
no negócio do humor, e não avisaram a malta? Será isso?
No meio da Sodoma fiscal pré-anunciada em Setembro e confirmada
ontem, o governo não percebeu que é ofensivo aparecer em público para dizer
que, ui, ui, vamos fechar duas ou três fundações. Isto é ofensivo para quem
paga impostos, para quem está farto de sustentar uma despesa pública que este
governo não tem coragem para domar. Não por acaso, Gaspar começa a comportar-se
como Teixeira dos Santos, ou seja, julga que o meu dinheiro é dele. Em vez de
andar a fechar fundações, institutos e repartições, em vez de andar a despedir
funcionários excedentários, este génio do humor entra diariamente na minha
carteira. Já vi este filme. Portanto, para poupar tempo e conferências de
imprensa tão chatas como o futebol do Barcelona, volto a colocar a seguinte
pergunta: sr. ministro, quer já o pin da minha conta?
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