Mural recente numa rua de Lisboa - clicar para ampliar |
Em síntese: o
governo e o grupo parlamentar do PSD servem “quem lhes paga” e quem lhes paga,
no seu retorcido entendimento, é a “troika” e a senhora Merkel. Está tudo dito
Quero acreditar que
o episódio da bandeira nacional ter sido hasteada ao contrário, na comemoração
oficial da Implantação da República, nos Paços do Concelho de Lisboa, tenha
sido o resultado de um acto deliberado de protesto e não uma mera desatenção.
Esse acto, como rebeldia, honra a memória dos republicanos que, representados por
José Relvas, ali proclamaram a liberdade e a democracia. Não só porque este
governo inculto, em nome do dinheiro, acabou com a dignidade nacional que
aquela data nos merece (e, também com o 1º de Dezembro, outra data que alicerça
a nossa identidade enquanto portugueses) mas, também, porque é um governo de
“estranhos” – um governo que actua permanentemente contra os portugueses e
contra Portugal, em obediência cega, a interesses económicos e financeiros da
Alemanha e aos interesses eleitorais da senhora Merkel. Por isso, neste
momento, nada mais simbólico, do que inverter a Bandeira Nacional, enquanto
acto de resistência.
O carácter
antipatriótico deste governo não é mera retórica. Na quinta-feira, 4 de
Outubro, aquando da discussão das moções de censura apresentadas pelo BE e PCP,
na Assembleia da República, uma deputada, vice-presidente da bancada
parlamentar do PSD, o principal partido que sustenta este governo, de nome
Teresa Leal Coelho, disse com profunda convicção: “este debate está a ser pago,
está financiado pela troika que financia os vencimentos de quem aqui falou”. E
não foi uma voz isolada. Os seus companheiros de bancada aplaudiram a
descabelada intervenção da senhora deputada ou sorriram satisfeitos com tamanha
atoarda. Esta curta frase, proferida no Parlamento, um órgão de soberania
eleito democraticamente, por um dos seus membros, concentra todo o programa e
actuação do governo contra a maioria dos portugueses. Quando o partido que
governa Portugal entende que os órgãos de soberania do Estado, desde o
Presidente da República aos tribunais, passando pelo governo (deve-se concluir
que não são só os deputados), “são pagos” pela “troika”, e não pelos
portugueses, compreende-se melhor o que vai na cabeça do primeiro-ministro e
dos seus ministros, sobretudo o ministro das Finanças. Em síntese: o governo e
o grupo parlamentar do PSD servem “quem lhes paga” e quem lhes paga, no seu
retorcido entendimento, é a troika e a senhora Merkel. Está tudo dito. E nem
vale a pena lembrar-lhes que se fosse a troika a pagar não era necessário o
brutal aumento dos impostos que atiram para a pobreza a maioria dos
portugueses. São os portugueses que pagam e com juros elevados, mas o governo e
o PSD não entendem o elementar.
A senhora deputada
do PSD fez o favor de, num momento de sinceridade, dizer tudo sobre este
governo de “estranhos” e as suas políticas contra os portugueses e contra
Portugal. Chegados a este ponto de degradação política, naturalmente os
portugueses massacrados desencantam-se não só com este governo, mas com a
actividade política em geral, se não mesmo com a democracia. É o próprio regime
democrático que está em causa. Para sairmos deste poço em que caímos, mais do
mesmo não chega. Precisamos de uma onda de desassossego democrático, de
inconformismo libertário, tarefa a cargo dos cidadãos. Do mesmo modo que
precisamos de uma renovação que mobilize os portugueses, de novo, para a
liberdade e a democracia, colocando o Estado ao serviço dos cidadãos e da
cidadania, tarefa a cargo dos partidos políticos. Se isso não acontecer, este
regime moribundo fina-se definitivamente.
PS. 1 – O PCP, na
sua moção de censura, a leste do que se passa, define este caminho: “uma
política alternativa patriótica e de esquerda, que retome os valores de Abril e
dê corpo ao projecto de progresso que a Constituição consagra”. O que é que
isto quer dizer na situação em que vivemos?
PS. 2 – O BE sonha
em tomar o lugar eleitoral do PS: “basta olhar para o desaparecimento do PASOK
na Grécia e nas sondagens já surge em 5º lugar, atrás da direita nazi e do
PKK.” Este é o seu principal objectivo.
PS. 3 – O PS tem a
tentação de esperar pelo dia em que o poder lhe cairá nas mãos, por esgotamento
deste governo, sem cuidar de se transformar na força motriz de uma renovação do
regime democrático. Assim, irá na água do banho.
PS. 4 - E os
portugueses, senhor, porque lhes dais tanta dor? Porque padecem assim?
Jurista. Escreve à
segunda-feira
2 comentários:
ENTRE IGUAIS!!!
"ESTRANHOS"?
NÃO O SÃO TANTO ASSIM!
Há mais de 30 anos que estão com eles e só agora parecem perceber que estes "estranhos" não passam de mercenários?
Se "estranhamente" subsistem tantos anos é por que estão entre iguais!!!
MENTECAPTOS!!!
Na Venezuela, com pouco mais de 200 anos de independência e tão poucos de efectiva democracia, o eleitorado venezuelano percebe o que o eleitorado português, com quase 900 anos de independência, tarda em perceber!
Se os portugueses não são mentecaptos, como se vivessem ainda sob o jugo da Santa Inquisição, é por que são masoquistas!!!
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