Rosa Ramos – Jornal
i
O presidente da
Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade diz que Portugal perdeu
soberania
O padre Lino Maia,
presidente da Confederação Nacional da Instituições de Solidariedade (CNIS),
diz-se preocupado com o diagnóstico e as recomendações traçadas pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI). “É totalmente inoportuno que seja o FMI a
apontar um novo programa de austeridade para Portugal. Já sabíamos que o país
tinha perdido a sua soberania, mas ainda somos uma nação”, sublinha o padre.
Lino Maia
acrescenta que os possíveis cortes não são mais do que “persistir num erro que
já foi comprovado enquanto tal”, além de constituírem um “ataque ao Estado
social”.
Para o presidente
do CNIS, o futuro do país e a refundação do Estado não poderão passar ao lado
de uma “verdadeira reactivação da Economia”. “Mas aquilo que vemos no relatório
do FMI é uma elencagem de medidas sem que tenha havido, previamente, um grande
debate sobre que direitos salvaguardar e sem que tenha sido redigida uma carta
de direitos sociais inalienáveis”. Lino Maia acrescenta que é “grave” que se
perca de vista a necessidade de preservar os direitos sociais. “Se o Estado
social não serve para ser social, então não precisamos de Estado para nada”,
considera. “É importante definir que direitos sociais não podem ser alienados,
como a Educação ou a prevenção da Saúde”, acrescenta.
O CNIS acredita,
por outro lado, que o relatório do FMI leva a que os portugueses “comecem a
olhar seriamente com desconfiança para o governo” e apela ao diálogo. “Existem
áreas que deverão estar sempre sujeitas ao diálogo”, avisa Lino Maia, que
acrescenta: “É preciso olhar para os mais pobres e promover uma maior equidade
social e nada disto está a ser salvaguardado.”
O vice-presidente
da confederação que reúne as instituições de solidariedade lamenta ainda as
consequências que as medidas elencadas pelo FMI terão na vida das pessoas.
“Isto é atirar os portugueses para um túnel de angústia e para a miséria”. As
repercussões deverão fazer-se sentir, também, no trabalho das próprias
instituições, que têm sido “uma verdadeira almofada social” e que já estão a
trabalhar, neste momento, “debaixo de grandes dificuldades”.
Sem comentários:
Enviar um comentário