Serifo Nhamadjo,
presidente dos militares golpistas que tomaram o poder
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FP – VM -
Lusa
Bissau, 09 jan
(Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, defendeu
hoje que só com a união de todos, "sem oportunismos e tentativas de
aproveitamento político", é possível escolher o melhor caminho para a paz
no país.
Numa cerimónia na
Assembleia Nacional Popular (ANP) sobre o primeiro aniversário da morte do
Presidente da República eleito, Malam Bacai Sanhá, o Presidente interino
salientou que só com a paz e a estabilidade a Guiné-Bissau pode falar do
futuro, do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar.
Malam Bacai Sanhá
foi eleito Presidente da República da Guiné-Bissau em 2009 mas morreu a 09 de
janeiro de 2012, por motivo de doença, quando estava a ser tratado em França. A
morte do Presidente sem concluir o mandato levou a eleições antecipadas, que
foram ganhas na primeira volta pelo então primeiro-ministro, Carlos Gomes
Júnior.
Um golpe de Estado
feito pelos militares levou a que não se concretizasse a segunda volta e Carlos
Gomes Júnior vive deste então em Portugal. O país mergulhou numa crise e as
autoridades de transição não são reconhecidas pela grande maioria da comunidade
internacional.
A morte prematura
de Malam Bacai Sanhá "colocou a Guiné-Bissau numa encruzilhada que exige
dos guineenses um apelo ao sentimento patriótico genuíno, para que possamos
todos encontrar a melhor via para a solução dos problemas e desafios que se
colocam presentemente à nossa sociedade", disse Serifo Nhamadjo, na
abertura de um programa que assinala a efeméride denominado "Bacai ka
muri" (Bacai não morre).
Malam Bacai Sanhá,
disse Serifo Nhamadjo, partiu sem poder concretizar o sonho de ver o país com
paz, progresso, justiça social e bem-estar para todos.
"Exorto a
todos para que nos ajudem a concretizar este sonho. A melhor homenagem que hoje
podemos prestar a Malam Bacai Sanhá é continuar a trabalhar afincada e
patrioticamente para que a Guiné-Bissau possa encontrar um novo rumo, sem as
convulsões cíclicas que têm caraterizado o seu passado recente, que nos permita
restituir ao nosso país a sua identidade e imagem de credibilidade", disse.
Um discurso
emocionado de Serifo Nhamadjo, que chorou ao lembrar o antigo Presidente, a
quem já tinha homenageado na manhã de hoje, depositando uma coroa de flores na
campa de Malam Bacai Sanhá, no forte de Amura, onde fica também o Estado-Maior
das Forças Armadas.
Serifo Nhamadjo e a
mulher, a viúva de Malam Bacai Sanhá e o chefe do Estado-Maior das Forças
Armadas, António Indjai, prestaram homenagem ao antigo Presidente em Amura, mas
a sessão na ANP foi feita sem a presença dos militares. Também o Governo não
esteve presente, de acordo com os organizadores porque ao mesmo tempo estaria a
decorrer a reunião do Conselho de Ministros.
As homenagens a
Malam Bacai Sanhá continuam na parte da tarde no sul da Guiné-Bissau, de onde
era originário o antigo Presidente, cuja fotografia é ainda ostentada nos
edifícios públicos da Guiné-Bissau.
Nascido a 05 de
maio de 1947, Malam Bacai Sanhá formou-se em Ciência Sociais e Políticas na
antiga República Democrática da Alemanha. Combateu pela independência, foi
quadro do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), foi
ministro e presidente da ANP.
Depois de duas
derrotas eleitorais concretizou em 2009 o sonho de ser Presidente, interrompido
a 09 janeiro do ano passado no hospital Val de Grâce, em Paris, onde estava
internado havia mais de um mês.
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