quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Presidente de transição da Guiné-Bissau apela à união, um ano depois da morte do PR eleito


Serifo Nhamadjo, presidente dos militares golpistas que tomaram o poder

FP – VM - Lusa 

Bissau, 09 jan (Lusa) - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, defendeu hoje que só com a união de todos, "sem oportunismos e tentativas de aproveitamento político", é possível escolher o melhor caminho para a paz no país.

Numa cerimónia na Assembleia Nacional Popular (ANP) sobre o primeiro aniversário da morte do Presidente da República eleito, Malam Bacai Sanhá, o Presidente interino salientou que só com a paz e a estabilidade a Guiné-Bissau pode falar do futuro, do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar.

Malam Bacai Sanhá foi eleito Presidente da República da Guiné-Bissau em 2009 mas morreu a 09 de janeiro de 2012, por motivo de doença, quando estava a ser tratado em França. A morte do Presidente sem concluir o mandato levou a eleições antecipadas, que foram ganhas na primeira volta pelo então primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior.

Um golpe de Estado feito pelos militares levou a que não se concretizasse a segunda volta e Carlos Gomes Júnior vive deste então em Portugal. O país mergulhou numa crise e as autoridades de transição não são reconhecidas pela grande maioria da comunidade internacional.

A morte prematura de Malam Bacai Sanhá "colocou a Guiné-Bissau numa encruzilhada que exige dos guineenses um apelo ao sentimento patriótico genuíno, para que possamos todos encontrar a melhor via para a solução dos problemas e desafios que se colocam presentemente à nossa sociedade", disse Serifo Nhamadjo, na abertura de um programa que assinala a efeméride denominado "Bacai ka muri" (Bacai não morre).

Malam Bacai Sanhá, disse Serifo Nhamadjo, partiu sem poder concretizar o sonho de ver o país com paz, progresso, justiça social e bem-estar para todos.

"Exorto a todos para que nos ajudem a concretizar este sonho. A melhor homenagem que hoje podemos prestar a Malam Bacai Sanhá é continuar a trabalhar afincada e patrioticamente para que a Guiné-Bissau possa encontrar um novo rumo, sem as convulsões cíclicas que têm caraterizado o seu passado recente, que nos permita restituir ao nosso país a sua identidade e imagem de credibilidade", disse.

Um discurso emocionado de Serifo Nhamadjo, que chorou ao lembrar o antigo Presidente, a quem já tinha homenageado na manhã de hoje, depositando uma coroa de flores na campa de Malam Bacai Sanhá, no forte de Amura, onde fica também o Estado-Maior das Forças Armadas.

Serifo Nhamadjo e a mulher, a viúva de Malam Bacai Sanhá e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, António Indjai, prestaram homenagem ao antigo Presidente em Amura, mas a sessão na ANP foi feita sem a presença dos militares. Também o Governo não esteve presente, de acordo com os organizadores porque ao mesmo tempo estaria a decorrer a reunião do Conselho de Ministros.

As homenagens a Malam Bacai Sanhá continuam na parte da tarde no sul da Guiné-Bissau, de onde era originário o antigo Presidente, cuja fotografia é ainda ostentada nos edifícios públicos da Guiné-Bissau.

Nascido a 05 de maio de 1947, Malam Bacai Sanhá formou-se em Ciência Sociais e Políticas na antiga República Democrática da Alemanha. Combateu pela independência, foi quadro do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), foi ministro e presidente da ANP.

Depois de duas derrotas eleitorais concretizou em 2009 o sonho de ser Presidente, interrompido a 09 janeiro do ano passado no hospital Val de Grâce, em Paris, onde estava internado havia mais de um mês.

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