Margarida Bon de
Sousa – Jornal i
Defensores da saída
do euro invocam o caso da Islândia. E dizem que a recuperação será mais rápida
Há cada vez mais
vozes a defenderem a saída de Portugal do euro. A receita troika aplicada pelo
executivo mergulhou o país numa espiral recessiva onde não há fim à vista, pese
o optimismo invocado em sucessivas projecções económicas que nunca vêem a luz
do dia. Mais. As últimas projecções da Comissão Europeia apontam para uma
contracção da economia na zona euro de 0,3% e um modesto crescimento de 0,1% em
toda a União, um cenário que reforça o pessimismo.
Da esquerda à
direita, está pelo menos aberta a obrigatoriedade do debate. Octávio Teixeira,
João Ferreira do Amaral, João Rodrigues e Jorge Bateira são as vozes de
esquerda a assumirem abertamente a saída, em prole do controlo da moeda.
Octávio Teixeira preconiza mesmo um regresso anterior ao euro, quando o ecu
permitia a cada estado uma banda de desvalorização da sua moeda relativamente
ao euro, como aliás hoje acontece nos países da União Europeia que não
pertencem à zona euro.
À direita, é mais
difícil encontrar quem defenda abertamente a posição. Pedro Arroja é uma
excepção, tendo assumido há muitos anos que a moeda única não serve ao país. O
ex-assessor do governo liderado por Durão Barroso, Bráz Teixeira, partilha do
mesmo princípio e considera o fim do euro uma evidência. Entre os defensores do
fim do euro, todos concordam que Portugal vai sofrer menos e recuperar mais
depressa do que se continuar a seguir a política imposta pela troika. Last, but
not least, o crescimento das exportações através da desvalorização da moeda vai
permitir um rápido aquecimento da economia e mais emprego.
João Duque e Silva
Peneda, também contactados pelo i, acreditam menos na bondade destes
argumentos, embora reconhecendo que a situação actual é muito complexa e de
desfecho imprevisível. Silva Peneda defende que se não forem feitas as reformas
na Europa, não será apenas Portugal a sair do euro, mas também outros países.
“Uma moeda única num espaço onde há diferentes níveis de competitividade deve
ir no sentido de reforçar a competitividade dos mais fracos e não o contrário”,
defende, relembrando que o princípio da solidariedade que esteve na origem da
União Europeia está em vias de extinção. “Estamos perante uma crise que é
federal, mas onde não existem nem instrumentos nem soluções federais”, conclui.
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