The Daily
Telegraph, The Guardian, Clarín – Presseurop
Foi realizado um referendo sobre o estatuto das
Ilhas Falkland (Malvinas) no arquipélago do Atlântico Sul, constituído por 2900
habitantes, que revelou que 99,8 por cento dos habitantes das Malvinas querem
que se mantenha a soberania britânica no território, em vez de pertencer à Argentina.
Este conflito sobre
a soberania do pequeno arquipélago, localizado a 500 quilómetros da costa
sudoeste da Argentina já dura há algum tempo e deu origem à guerra das Malvinas entre o Reino Unido e o
país da América do Sul em 1982.
Recentemente, a
Argentina tem vindo a pressionar cada vez mais o Reino Unido para que este
abandone os seus direitos sobre a ilha, que controla há mais de 150 anos. Para Neil Tweedie, redator do Daily
Telegraph,
"os resultados
marcaram a posição [do primeiro-ministro britânico] David Cameron, que
considerou que o referendo expressou claramente a vontade dos habitantes das
Malvinas, e denegriram Cristina Fernandez de Kirchner, Presidente da Argentina,
que declarou que este referendo não tem qualquer significado e é o fruto de uma
“população implantada”. [...] Esta tem utilizado o conflito para distrair os
seus compatriotas dos seus problemas económicos, tendo o país uma das maiores
taxas de inflação no mundo, mas esta iniciativa política acabou por se virar
fortemente contra ela."
No entanto, para o colunista Roy Greenslade do Guardian,
que se exprimiu antes da divulgação dos resultados, “o referendo pode ser visto
como um escrutínio manipulado”.
A resposta da
Argentina, segundo a qual o referendo não passa de uma manobra publicitária
insignificante, é sem dúvida correta (apesar de discordar da reclamação sobre o
território de Buenos Aires). E será encarada assim em todo o mundo, incluindo
nos Estados Unidos. [...] A melhor solução para a Argentina talvez seja
persuadir 1700 dos seus cidadãos a imigrar para a ilha na esperança de o Reino
Unido realizar um novo escrutínio dentro de sete anos.
Do lado argentino,
o diário Clarín realça que o contexto
internacional, “trinta anos após a guerra”, mudou:
"O conflito deixou
de ser bilateral e passou a ser regional. [...] Surgiu um terceiro ator, o
diferendo já não está limitado a Buenos Aires e Londres. Este terceiro ator é a
população do arquipélago, que se comporta de forma autónoma em relação ao
Governo britânico, e que se exprimiu através da sua autoridade política."
No mesmo
comprimento de onda, o jornal La Nación considera que, com este
referendo,
"cerca de 60% dos
eleitores definiram uma identidade: os insulares das Malvinas. Quer estejam
certos ou errados, pensam ter o poder de decisão sobre questões essenciais e
que dizem precisamente respeito à vida da comunidade. Também acham que o melhor
para eles é delegar as relações externas e a defesa. Preferem enganar-se assim,
e continuar a viver da mesma forma."
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