A LUTA CONTINUA!
Martinho Júnior,
Luanda
1 – Entre o 25 de
Abril de 1974 e o de 2013, um turbilhão de emoções, sentimentos e pensamentos
nos têm assaltado.
Na charneira dessa
vivência está um povo referência, alvo da ditadura de então e da ditadura de
hoje, do colonialismo de ontem e do colonialismo de hoje, um povo que não parou
no espaço e no tempo, na busca da liberdade, na busca de dignidade, na busca de
solidariedade, na busca de equilíbrio e de coerência, um povo que não está só,
por que outros povos irmãos, alguns deles, para além da língua, para além de
tanta identidade histórica e cultural comum, irmãos até nas rotas de
infortúnio, têm todos os motivos e legitimidade para alimentar a esperança num
futuro melhor!
2 – Entre o
fascismo de então e a ditadura do capital de carácter neo liberal de hoje, há
um ensinamento essencial à lógica com sentido de vida: o povo português nada
conseguirá construir em prol da sua dignidade, da sua liberdade, soberania e
independência sem luta, sem solidariedade, sem paz, sem aprofundamento da
democracia e sem vocação internacionalista!
3 – A democracia
está aí e há que a aprofundar no sentido popular, pois as novas tecnologias
permitem reduzir o campo pernicioso da representatividade que tanto espaço cede
à especulação, à ingerência, à manipulação e ao terrorismo financeiro, a ponto
de se abrir subserviente, nos seus mecanismos de poder, à ditadura duma
envenenada Nova Ordem Global!
4 – Derrubaram-se
os muros da velha ditadura, derrubou-se o muro de Berlim, não para que outros
muros, os muros do capitalismo neo liberal, fossem erguidos por dentro das
instituições, por dentro das sociedades, por dentro até das comunidades,
subjugando as mais legítimas aspirações dos povos identificados com a paz, com
a dignidade, com a democracia!...
5 – Na democracia
popular as classes trabalhadoras, os militares, os desempregados têm voz activa
em fóruns próprios, institucionalmente identificados, para além dos partidos e
sindicatos de referência nacional que com eles historicamente se identificam,
para além da disponibilidade da rua, quantas vezes a rua onde são expressas as
suas velhas amarguras.
É essa a coerência
vital, que a representatividade não tem e ignora, (por que os fantoches ou não
sabem, ou não querem saber e por isso jamais poderão sonhar), a coerência vital
que hoje está tão visível com a crise a ponto de ser tão esclarecida a
fronteira: confesso que neste 25 de Abril de 2013, tudo está de novo mais
transparente e sensível quantas vezes por que tal como em 1974 faz parte
intrínseca da identidade popular enquanto afirmação assumida na rua!
6 – Um dia houve um
saudosista do fascismo que afirmou que o 25 de Abril era um mero “episódio do
projecto global”…
O povo português em
relação a esse anátema tem tido sempre uma palavra decisiva a dizer, pois a
luta não ficou parada no tempo, nem no espaço e o processo dialéctico está hoje
de novo bem vinculado ao presente e ao futuro!
7 – A experiência e
a resistência dos povos, é isso que o povo português também nos ensina nas
experiências marcantes de cada 25 de Abril, contra os novos muros que a lógica
do capitalismo neo liberal vai disseminando de forma aberta ou dissimulada, são
factores decisivos para a construção substantiva da liberdade e a via essencial
para a esperança sadia e sustentável no futuro do homem e do planeta!
Referência a “25 de
Abril episódios do projecto global” (Fernando Pacheco de Amorim) – http://macua.blogs.com/files/25abril_episodiodoprojectoglobal.pdf
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