MpD diz que
“situação gravíssima” do país é da responsabilidade do PAICV
A Semana - 12 Abril
2013
O presidente do MpD
considerou esta sexta-feira, 12, que a “situação gravíssima” a que o país
chegou é da inteira e exclusiva responsabilidade do Governo e do PAICV. Carlos
Veiga diz que são precisas reformas institucionais e económicas estratégicas
urgentes e desafia o Executivo a falar a verdade aos cabo-verdianos sobre a
real situação económica e financeira do país.
Em conferência de
imprensa esta sexta-feira de manhã para falar da degradação da situação
económica e financeira de Cabo Verde, Carlos Veiga começou por dizer que as
empresas, as famílias e a maioria dos cabo-verdianos já sentem os efeitos do
desemprego, congelamento dos salários, aumento do custo de vida, subida dos
preços dos bens essenciais, pobreza, cortes no fornecimento de água e energia,
aumento da carga fiscal, não devolução do IVA, etc.
Por causa desse
estado de coisas, o líder do partido da oposição diz que a realidade não pode
ser escondida. “O Estado não tem dinheiro para pagar as suas despesas e já não
tem facilidades para obter esse dinheiro nem pela via do financiamento externo,
nem pela do financiamento interno”, lamenta Veiga, dizendo que o mercado
internacional deixou de acreditar e tenderá a cada vez menos na capacidade do
país em honrar os seus compromissos.
“E bem elucidativas
são as razões invocadas pela Fitch, que acha que o país está a gastar cada vez
mais do que pode e sem retorno económico e financeiro e não acredita que a
febre despesista do Governo pare, que o ratio entre a dívida pública real e o
PIB é mais elevado do que o anteriormente estimada e que a dívida já se tornou
insustentável e continua a crescer”, critica Carlos Veiga, recordando que o seu
partido vem alertando sobre estes factos, mas sem ser ouvido.
Por isso, “o MpD
está muito, muito preocupado: pelo país, pelas pessoas e famílias e pelas
empresas nacionais, com o presente e com o futuro próximo e mais distante”.
“Mas estamos de consciência tranquila: ao longo de anos avisamos, alertamos e
denunciamos, cumprindo o nosso papel de oposição responsável e patriótica”,
recorda Veiga, dizendo que mesmo assim o seu partido vai continuar aberto ao
diálogo para o bem do país.
“O Governo terá de
mudar de políticas e do seu modo de fazer política. E, por isso, também lhe
exigimos e ao PAICV que digam aos cabo-verdianos, de forma clara e sem
subterfúgios, o que vão fazer para tirar Cabo Verde do buraco em que meteram o
país, as famílias e as empresas”, termina, não sem antes dizer que o pedido de
José Maria Neves para Barack Obama interferir junto do FMI e do BM é a "confissão
implícita de desequilíbrios macroeconómicos e de má governação”.
JMN: “Cabo Verde
está disponível para fazer o seu trabalho de casa”
A Semana - 12 Abril
2013
O Primeiro-ministro
mostrou-se satisfeito com o percurso de Cabo Verde e assume que é preciso acelerar
o passo para atingir a meta de 0,740 no Índice Desenvolvimento Humano. Falando
na manhã desta sexta-feira, 12, durante o lançamento do Relatório Mundial do
Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), José Maria Neves regozija-se ainda pelo facto de o estudo apontar dados
nos domínios da educação, saúde e do Desenvolvimento Humano com incidência do
desempenho positivo de muitos países do sul em particular de países africanos.
Para o
Primeiro-ministro “o crescimento económico não traduz necessariamente o
crescimento humano, pois são precisos além dos investimentos, melhorar a
equidade incluindo a do género, alargar a participação dos cidadãos,
principalmente a dos jovens, resistir as pressões ambientes e gerir as
alternativas demográficas”.
“Uma das questões
fundamentais e desafios que se coloca hoje a África é a construção de estados
capazes de gerir o pluralismo social e políticos existentes nos diferentes
países, de construir uma visão de desenvolvimento, de garantir os enormes
riscos que se colocam a humanidade neste momento”, defende Neves, dizendo que
Cabo Verde deve fazer um esforço para cumprir as metas estabelecidas.
“Nós teremos desde
já, no quadro das reflexões que as Nações Unidas estão a fazer, começar a
pensar para além de 2015. Neste âmbito já consideramos novos horizontes para
podermos fixar metas a nós mesmo. São metas ambiciosas em que podemos não
realizá-las completamente, mas serão sempre elementos de tensão e objectivos
para em torno deles mobilizarmos os cabo-verdianos e deste modo queremos no
horizonte de 2030 ser um país de desenvolvimento avançado e poder ter um
rendimento per capta de cerca de 12 mil dólares e poder ter um IDH assentado em
0,740”, perspectiva.
Por isso defende
que todos os cabo-verdianos devem ser mobilizados para que estas metas sejam
cumpridas. “Os factores subjectivos são fundamentais para o nosso crescimento.
A autoconfiança, a autoestima, o pensamento positivo, a ambição a ideia de
querer mais para esse nosso Cabo Verde são os elementos da dinâmica de
crescimento”.
José Maria Neves
diz ainda que podemos constatar que desde 2000 o país tem crescido em termos de
Índice e Desenvolvimento Humano. “Éramos 0,523 e hoje somos 0,568. Portanto
fizemos esse percurso mas, não podemos estar satisfeitos. Temos de acelerar o
passo no grupo de países de desenvolvimento humano, embora estando um pouquinho
a mais de que os países da África Subsariana onde a média é 0,465”, avalia o
Primeiro-ministro.
José Maria Neves
aproveitou ainda para tranquilizar os cabo-verdianos pelo facto de alguns
analistas estarem a falar da "troika" em Cabo Verde e que o país
poderá ser obrigado a ter um acordo com o Banco Mundial e a FMI.
“Cabo Verde desde
1975 tem acordos com o Banco Mundial e com o FMI e anualmente recebemos ajuda
orçamental do Banco Mundial e do Banco Africano para Desenvolvimento. Portanto,
se continuarmos com acordos no sentido de continuar a dar-nos ajuda orçamental
não sei se será troika, ou o que será. E alguns desses analistas são
professores universitários, e temo pela qualidade das aulas que dão”, critica o
Primeiro-ministro, garantido que Cabo Verde continuará a manter relações
normais com estas instituições financeiras internacionais.
“O importante é
começar a criar ideias novas em Cabo Verde e não imitar o que os outros dizem.
O relatório alerta para a necessidade de gerarmos ideias novas e é isso que
recomendo aos nossos comentaristas quando falam em relação a Cabo Verde e ao
seu futuro”, aconselha o Chefe do Governo.
Geremias S. Furtado
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