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Lusa
Luanda, 25 abr
(Lusa) - As "elites corruptas e ignorantes de Lisboa" voltam a estar
hoje sob a mira do único diário de Angola, o estatal Jornal de Angola, num
editorial intitulado "Um Abril sem festa".
Depois de saudar o
Movimento das Forças Armadas, que faz hoje 39 anos que derrubaram a ditadura
portuguesa, o Jornal de Angola destaca que "os angolanos não vão esquecer
nunca" que os militares portugueses se juntaram aos três movimentos de
libertação, MPLA, FNLA e UNITA "na luta pela liberdade, pela Independência
Nacional e pela democracia".
Em seguida,
partindo da tese da "aliança fraterna" entre a luta dos movimentos de
libertação e do MFA, que "resgatou a dignidade e a liberdade" dos
povos angolano e português, o editorial garante que "por muitos ventos
contrários que soprem de Lisboa, por muitas punhaladas que as elites ignorantes
e corruptas portuguesas desfiram nos nossos Povos, jamais conseguirão pôr-nos
de costas voltadas".
Segundo o Jornal de
Angola, as "elites ignorantes e corruptas de Lisboa (...) preferem dar as
mãos a gente de baixa categoria, que vive da mentira, da difamação e do
embuste".
Essa opção tem um
preço, e o Jornal de Angola destaca-o: "Com isso é a cooperação bilateral
que sai prejudicada e não é de estranhar que seja em Madrid, e não em Lisboa,
que hoje se realiza um grande fórum de investidores europeus interessados em
Angola".
Com efeito, a
manchete do jornal destaca que "Espanha afasta Portugal na corrida para
Angola" e assinala a realização em Madrid de uma "grande reunião de
investidores".
O editorial refere
ainda que "muitos homens de negócios da Europa começam a ver que a falta
de visão de Lisboa está a atrasar e prejudicar os seus investimentos em
Angola".
E referindo-se às
cerimónias oficiais que decorrem hoje na Assembleia da República, em Lisboa, o
diário angolano lamenta a ausência dos heróis do 25 de Abril de 1974 e de
dirigentes nacionalistas das ex-colónias africanas portuguesas.
O editorial de hoje
é publicado quatro dias depois de, também em editorial, o diretor do Jornal de
Angola, José Ribeiro ter criticado duramente a recente condenação de Maria
Eugénia Neto, viúva do primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto, no
Tribunal Criminal de Lisboa pelo crime de difamação.
Maria Eugénia Neto
foi condenada por difamação agravada contra a queixosa Dalila Mateus, co-autora
do livro Purga em Angola.
O livro refere-se a
acontecimentos ocorridos no dia 27 de maio de 1977 e nos anos que se seguiram
ao movimento liderado por Nito Alves, opositor de Agostinho Neto, contra o rumo
que o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) então seguia.
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