MMT – JMR - Lusa
Maputo, 03 mai
(Lusa) - A Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) vai solicitar às Nações Unidas
a devolução das suas armas, entregues ao governo moçambicano após o fim do
conflito armado em 1992, disse hoje o porta-voz da força política.
Fernando Mazanga
disse, em declarações a jornalistas, que "estão a correr os trâmites
legais para entregar a carta à ONU", uma forma de pressão para busca de
uma solução ao conflito político-militar que se vive em Moçambique.
A Renamo acusa o
governo de Maputo de estar a usar as armas devolvidas contra militantes do
principal partido da oposição moçambicana.
"As armas da
Renamo foram entregues às Nações Unidas. As Nações Unidas entregaram estas
armas à Frelimo e são estas que nos estão a combater. Já que as coisas estão
neste pé de sermos combatidos por aquelas armas que foram nossas, exigimos às
Nações Unidas que nos devolvam as nossas armas também para nos
defendermos", disse Fernando Mazanga.
Na quinta-feira, a
polícia moçambicana desarmou, em Manica, centro de Moçambique, 15
ex-guerrilheiros afetos à "guarda presidencial" do líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, que exerciam funções de proteção do secretário-geral do
partido, Manuel Bissopo.
A Renamo considerou
a ação da polícia uma "provocação grosseira à estabilidade do país",
lembrando que o Acordo Geral de Paz, assinado na capital italiana, Roma,
concedeu estatuto de polícia àqueles homens.
O comandante
provincial da polícia em Manica, Francisco Almeida, disse que o Acordo Geral de
Paz determina que os guardas são para "exclusiva proteção" do líder
da oposição da Resistência Nacional de Moçambique", pelo que estavam a ser
"usados" fora do previsto ao acompanharem Manuel Bissopo.
Citado hoje pela
imprensa moçambicana, Manuel Bissopo considerou que "a Renamo está em
desvantagem desde o Acordo de Roma", pois, entregou todas as armas que
usava durante o conflito armado de 16 anos, ficando "apenas com 150
armas".
"Mas as mesmas
armas estão a ser usadas pela polícia para hostilizar a Renamo, então estamos
em conversações com a ONU para que nos devolva as armas", precisou Manuel
Bissopo.
Na quinta-feira, o
Governo de Moçambique e a Renamo retomaram a ronda negocial sobre a situação
político-militar no país, com o maior partido da oposição moçambicana a exigir
a presença de facilitadores internacionais, nomeadamente os da União Europeia,
para mediarem o conflito.
O próximo encontro
ainda não foi agendado.
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