MMT – APN - Lusa
Maputo, 03 mai
(Lusa) - A Renamo, principal partido da oposição moçambicana, considerou hoje
"provocação grosseira à estabilidade do país" o desarmamento de 15
ex-guerrilheiros quando escoltavam o seu secretário-geral, argumentando que têm
estatuto de polícias.
Na quinta-feira, a
polícia moçambicana desarmou os ex-guerrilheiros afetos à guarda presidencial
do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, qualificando de "tarefas
desviadas" a proteção ao secretário-geral do partido, Manuel Bissopo, em
Manica, no centro do país.
Em declarações hoje
aos jornalistas, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, contestou a atuação
da polícia, lembrando que "o Acordo Geral de Paz no capítulo V, ponto
três, número oito" prevê que "a Renamo será responsável pela
segurança pessoal imediata dos mais altos dirigentes" do partido.
O comandante
provincial da polícia em Manica, Francisco Almeida, disse que o Acordo Geral de
Paz determina que os guardas são para "exclusiva proteção" do líder
da oposição da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), pelo que estavam a
ser "usados" fora do previsto ao acompanharem Manuel Bissopo.
"Decorreu a
operação de desarmamento dos homens da Renamo, armados e uniformizados, que
circulavam sob alegação de estar a proteger o secretário-geral do partido. O
que está preconizado é que a única figura que tem por obrigação andar com os
seus homens armados é o líder Afonso Dhlakama, dai que tivemos que repor a
ordem", disse Francisco Almeida, garantido não ter havido resistência e
troca de tiros.
Contudo, para Fernando
Mazanga, o Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de conflito armado no
país, refere que "o Governo da República de Moçambique concederá estatuto
de polícia aos elementos da Renamo encarregados de garantir aquela
segurança".
"Os
pronunciamentos e atitudes do comandante provincial só podem demonstrar que a
polícia, ou ele, está ao serviço do partido governamental e tem ódio da
Renamo", disse Fernando Mazanga.
Em contacto hoje
com a Lusa, Raul Domingos, ex-número dois e negociador chefe do Acordo Geral de
Paz da parte da Renamo, considerou legítima a reclamação do maior partido da
oposição moçambicana relativa ao documento assinado na capital italiana, Roma.
"Reconheço o
que a Renamo diz, é um dos pontos que não foi posto em prática e agora querem
dizer que já está ultrapassado", afirmou Raul Domingos.
A Renamo
insurgiu-se também contra as declarações do governo de Moçambique que, nas
conversações de quinta-feira, solicitou o partido da oposição a encontrar
advogados para libertar os ex-militares detidos em Muxungué, Gôndola e Nampula.
"Ficamos mais
preocupados ainda quando o governo deu ordens para a polícia prender os
militantes da Renamo, reunidos na sua sede, a tratarem assuntos da Renamo em
Muxungué, e quando exigimos a sua libertação, o Governo, na voz do ministro
(José) Pacheco, chefe da delegação do governo às negociações com a Renamo, nos
remete para advogados, como se se tratasse de crime", disse Fernando
Mazanga.
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