Nicolau Santos – Expresso, opinião
O secretário de
Estado do Tesouro, se não é tolinho, tem feito esse papel na perfeição.
Primeiro, durante a
sua patética prestação no briefing semanal do Conselho de Ministros, disse que
nada tinha a ver com a concepção, elaboração e negociação dos swaps que o
Citigroup tentava vender a Governos e empresas, o que será verdade.
Disse que
"exercia o papel de importador de ideias, planos e programas que os meus
colegas desenvolviam", o que também será seguramente verdade.
Bem como também
será verdade que "não tinha responsabilidades directas na venda de
produtos derivados".
Joaquim Pais Jorge
tinha apenas como funções as suas relações com os clientes do banco e terá
participado em dezenas ou mesmo centenas de reuniões nessa qualidade, como
admitiu.
Contudo, pelos
vistos, não fazia a mínima ideia do que os seus colegas tentavam vender a
empresas e Governos.
Então a pergunta é:
o que fazia Joaquim Pais Jorge nessas reuniões? Abanicava-se? Mostrava a sua
classe? O fato de bom corte? Era o amuleto da sorte das negociações? Para que
raio é que o Citigroup pagava, provavelmente bem, a um quadro seu que,
aparentemente, desconhecia o negócio, embora fosse responsável pela relação com
os clientes? E nessa qualidade o que fazia o atual secretário de Estado?
Contava anedotas? Bebia uns uísques e fumava uns charutos para dispor bem os
clientes?
Mas Joaquim Pais
Jorge disse mais. Disse que tinha participado em dezenas, se não centenas de
reuniões, mas não se lembrava que tivesse estado em nenhuma em Sâo Bento com
altos responsáveis do Governo Sócrates, quando o Citigroup tentou vender um
swap para ocultar parte da dívida portuguesa aos olhos de Bruxelas.
Agora, após o
esclarecimento de que participou em três dessas reuniões, lá se lembrou. Mas,
mais uma vez, estava a fazer de candeeiro. Ou de jarra. Nas ditas reuniões não
fez nada, não disse nada, não sabia o que se estava a passar.
A primeira
conclusão é que, portanto, o Governo escolheu para secretário de Estado do
Tesouro um senhor que é manifestamente tolinho ou completamente incompetente. A
segunda é que, ainda por cima, o senhor sofre de amnésia prolongada, o que não
é compatível com as funções que exerce. O terceiro é que se as anteriores
afirmações não são verdadeiras, então Joaquim Pais Jorge mente. O que também
não o aconselha para as ditas funções. Embora, claro, esse seja o seu pecado
menor, face aos exemplos que vêm de cima.
Sem comentários:
Enviar um comentário