Alexis Tsipras,
chefe da oposição grega e presidente do partido de esquerda Syriza, propôs em
Bruxelas a realização de uma conferência europeia sobre a dívida para debater
tudo o que está em causa na situação atual, incluindo moratórias, juros,
prazos, emprego e crescimento econômico. "O problema não é da Grécia, é um
problema europeu e a solução não é a austeridade”, defendeu o líder da esquerda
grega que descreveu a “paisagem de devastação social” existente no seu país
como uma “catástrofe humanitária”.
Esquerda.net - Carta Maior
Lisboa - “Pedimos
mais uma vez aos dirigentes das instituições europeias que digam a verdade aos
europeus, que reconheçam que o problema não é da Grécia, é um problema europeu
e a solução não é a austeridade”, declarou Tsipras durante uma conferência
realizada nas instalações do Parlamento Europeu, em Bruxelas, a convite do
grupo da Esquerda Unitária (GUE/NGL).
Durante a reunião, o presidente do Syriza descreveu a “paisagem de devastação social” existente no seu país, que enfrenta uma “catástrofe humanitária”. O desemprego atingiu os 30% e já chega aos 60% entre os jovens até aos 25 anos, um terço da população vive abaixo do limiar de pobreza, explicou. No entanto, a dívida soberana grega, que era de 110% do PIB no início da intervenção da troika, está agora em 170%, a Grécia vive o quinto ano consecutivo de recessão e “nada nos faz prever” que a economia venha a crescer.
“Três anos de intervenção da troika e vários anos de políticas neoliberais na Europa não levaram a nada”, denunciou Alexis Tsipras. “O programa não está atingir nenhum dos objetivos propostos e se o continuarmos a aplicar significa que iremos correr grandes riscos não só na Grécia como em toda a EU”. Por isso, acrescentou “é altura de os dirigentes europeus tomarem decisões” assumindo que a política de austeridade fracassou. “A solução passa pela democracia europeia e pela coesão social”, disse. “As escolhas têm sido feitas contra a democracia e aplicadas por organismos não eleitos”, acrescentou Tsipras citando o exemplo da marginalização do Parlamento Europeu, “que tem sido um espectador e tem um papel a desempenhar”.
O dirigente grego foi apresentado aos presentes pela presidente do GUE/NGL, a eurodeputada alemã Gabi Zimmer, que considerou “absurdo que se fale em pagar as dívidas enquanto o povo luta para sobreviver”. Primeiro que tudo, acrescentou, “há que criar condições que permitam ao povo viver com dignidade” porque, além do mais, “o caos social tem permitido o crescimento da extrema direita”.
Também o desenvolvimento das forças fascistas e nazis não é apenas um problema da Grécia, com o Aurora Dourada, mas de toda a União Europeia, considerou Alexis Tsipras. A propósito de uma intervenção de um jornalista sobre paralelismos históricos lembrou que a ascensão do nazismo na Europa nos anos trinta do século passado, após a grande depressão, foi resultado “da aplicação de políticas económicas selvagens, tal como acontece hoje”, pelo que os atuais dirigentes europeus deveriam ter presente essa realidade de uma forma muito clara.
O chefe da oposição grega abordou a questão específica do Aurora Dourada, considerando que se trata de mais do que um partido fascista: “é desde 1997 uma organização criminosa” que conseguiu “infiltrar o aparelho policial e judicial”, explicou. Qualificou as recentes prisões de dirigentes do grupo como “uma vitória do movimento antifascista na Europa”, mas encarou com muita cautela os desenvolvimentos do processo. “O nazismo tem de ser derrotado política, ideológica e moralmente”, advertiu o dirigente do Syriza. “A melhor arma contra o fascismo é a própria democracia”. Por isso, acrescentou, “chegou a hora de combater as políticas de austeridade na Europa, que conduzem o povo a uma situação de barbárie”.
Alexis Tsipras declarou que “não há que esperar grande coisa” da próxima presidência grega da União Europeia, se for protagonizada pelo atual governo, uma aliança de bloco central entre direita e socialistas. Afirmou, no entanto, que o Syriza trabalha na possibilidade de haver eleições antecipadas e de um governo de esquerda a assumir a presidência, o que seria uma situação absolutamente nova no quadro existente.
“A Grécia tem sido usada como uma cobaia para a aplicação de políticas neoliberais de barbárie”, disse. “Devemos interrogar-nos se queremos uma União Europeia de coesão social e democracia ou uma Europa de crueldade”. Pela nossa parte, acrescentou, “queremos respirar uma vida nova na Europa, pelo que uma vasta quantia de dívida nominal deve ser apagada”
(*) Artigo publicado no site do grupo parlamentar europeu do Bloco de Esquerda
Durante a reunião, o presidente do Syriza descreveu a “paisagem de devastação social” existente no seu país, que enfrenta uma “catástrofe humanitária”. O desemprego atingiu os 30% e já chega aos 60% entre os jovens até aos 25 anos, um terço da população vive abaixo do limiar de pobreza, explicou. No entanto, a dívida soberana grega, que era de 110% do PIB no início da intervenção da troika, está agora em 170%, a Grécia vive o quinto ano consecutivo de recessão e “nada nos faz prever” que a economia venha a crescer.
“Três anos de intervenção da troika e vários anos de políticas neoliberais na Europa não levaram a nada”, denunciou Alexis Tsipras. “O programa não está atingir nenhum dos objetivos propostos e se o continuarmos a aplicar significa que iremos correr grandes riscos não só na Grécia como em toda a EU”. Por isso, acrescentou “é altura de os dirigentes europeus tomarem decisões” assumindo que a política de austeridade fracassou. “A solução passa pela democracia europeia e pela coesão social”, disse. “As escolhas têm sido feitas contra a democracia e aplicadas por organismos não eleitos”, acrescentou Tsipras citando o exemplo da marginalização do Parlamento Europeu, “que tem sido um espectador e tem um papel a desempenhar”.
O dirigente grego foi apresentado aos presentes pela presidente do GUE/NGL, a eurodeputada alemã Gabi Zimmer, que considerou “absurdo que se fale em pagar as dívidas enquanto o povo luta para sobreviver”. Primeiro que tudo, acrescentou, “há que criar condições que permitam ao povo viver com dignidade” porque, além do mais, “o caos social tem permitido o crescimento da extrema direita”.
Também o desenvolvimento das forças fascistas e nazis não é apenas um problema da Grécia, com o Aurora Dourada, mas de toda a União Europeia, considerou Alexis Tsipras. A propósito de uma intervenção de um jornalista sobre paralelismos históricos lembrou que a ascensão do nazismo na Europa nos anos trinta do século passado, após a grande depressão, foi resultado “da aplicação de políticas económicas selvagens, tal como acontece hoje”, pelo que os atuais dirigentes europeus deveriam ter presente essa realidade de uma forma muito clara.
O chefe da oposição grega abordou a questão específica do Aurora Dourada, considerando que se trata de mais do que um partido fascista: “é desde 1997 uma organização criminosa” que conseguiu “infiltrar o aparelho policial e judicial”, explicou. Qualificou as recentes prisões de dirigentes do grupo como “uma vitória do movimento antifascista na Europa”, mas encarou com muita cautela os desenvolvimentos do processo. “O nazismo tem de ser derrotado política, ideológica e moralmente”, advertiu o dirigente do Syriza. “A melhor arma contra o fascismo é a própria democracia”. Por isso, acrescentou, “chegou a hora de combater as políticas de austeridade na Europa, que conduzem o povo a uma situação de barbárie”.
Alexis Tsipras declarou que “não há que esperar grande coisa” da próxima presidência grega da União Europeia, se for protagonizada pelo atual governo, uma aliança de bloco central entre direita e socialistas. Afirmou, no entanto, que o Syriza trabalha na possibilidade de haver eleições antecipadas e de um governo de esquerda a assumir a presidência, o que seria uma situação absolutamente nova no quadro existente.
“A Grécia tem sido usada como uma cobaia para a aplicação de políticas neoliberais de barbárie”, disse. “Devemos interrogar-nos se queremos uma União Europeia de coesão social e democracia ou uma Europa de crueldade”. Pela nossa parte, acrescentou, “queremos respirar uma vida nova na Europa, pelo que uma vasta quantia de dívida nominal deve ser apagada”
(*) Artigo publicado no site do grupo parlamentar europeu do Bloco de Esquerda
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